terça-feira, 23 de outubro de 2012

Comparar e avaliar gestões sempre foram papéis essenciais do jornalismo político


A informação falsa para a análise política vazia


Oct 22nd, 2012 by Marco Aurélio Weissheimer. no RS Urgente



Por Guilherme Gomes (*)

Comparar e avaliar gestões sempre foram papéis essenciais do jornalismo político. Porém, nos últimos anos, a banalização da análise sem fundamentos de fato causou uma superficialização política. Atualmente, são poucos os jornalistas que se propõem a identificar as características dos governos e os que diferenciam uns dos outros.

Nesta segunda-feira (22), no texto “Reposicionamento ao centro”, publicado na Página 10 do jornal Zero Hora, acompanhamos mais um caso de análises e comparações superficiais que não têm nenhum nexo com a realidade. Apesar disso, por defender o bom e civilizado debate político, apresento, ponto a ponto, argumentos que que contropõem a opinião do jornalista:

1- A afirmação de que o atual governo está “afastando o PT da esquerda” é falsa: Ao manter no centro do governo os partidos da esquerda – PT,PSB, PC do B, originários da vitória eleitoral – e ampliando para outros partidos do campo de esquerda e do centro democrático, o governo reforçou-se claramente como um governo de esquerda que governa com alianças;

2- Também é falsa a afirmação de que o governo está “promovendo uma centralização da gestão”: oO funcionamento pleno do CDES propondo e instituindo projetos estratégicos para o Governo, as vinte e uma interiorizações já realizadas – além dos “Encontros para o Desenvolvimento” realizados em todas as regiões-, o funcionamento do Conselho Político de Governo, composto por todos os partidos da Unidade Popular Pelo Rio Grande, e a “transversalidade” dos projetos estratégicos mostram que há, isto sim, unidade política, centralizações da execução das decisões estratégicas na Sala de Gestão e descentralização das decisões governamentais, que abrangem as esferas do Estado e a sociedade civil;

3- Igualmente absurdo é considerar “emblemático” o episódio do “tatu-bola” para sutentar a tese de que o governo compactua com “abuso de força e autoridade”: Ao contrário das práticas adotadas pelo governo que o jornalista refere, os incidentes do “tatu-bola” estão sendo investigados pelo governo, com o apoio explícito do Comando da BM e do Comandante da Capital, para avaliar a existência de violência e ações desnecessárias e ilegais de quadros da Corporação, inclusive com a chamada, pelo governo, dos jovens que denunciaram publicamente os abusos, para que deponham na Ouvidoria da Secretaria de Segurança e,inclusive, junto ao próprio gabinete do governador. Além disso, os movimentos sociais, MST, CUT, Centrais Sindicais, jovens do campo e da cidade tem se manifestado, com amparo da própria Brigada Militar na organização dos atos, entrando no Palácio e sendo recebidos, em muitos casos pelo governador, para encaminhar as suas demandas. É por isso que não tem ocorrido confrontos no Estado, que o jornalista parece estar com saudade para fazer matérias “espetaculares”.

4- Afirmar que “Tarso não paga o piso” é, mais uma vez, falsear a verdade: nenhum professor no Estado recebe menos que o piso do Fundeb e os salários dos professores serão reajustados novamente em novembro deste a ano e fevereiro de 2013. O que o governo persegue, atualmente, é o ajuste do piso no quadro de carreira. A própria CNTE, órgão nacional dos professores, já aceita que o “piso-Fundeb” deve ser reduzido e combinado com o INPC. Além do mais, é evidente a inconstitucionalidade desta forma de reajuste que interfere na autonomia dos entes federados e que irá gerar um passivo impagável aos estados e prefeituras, como, outrora, admitido pela titular da referida coluna.

5- Mais um exemplo da superficialização da comparação de gestão é buscar semelhanças no processo de distribuição de alunos nas salas de aula do ensino público gaúcho: a atual governo estabeleceu critérios claros de controle do número de alunos por turma. Além disso, realizou concurso público para a contratação de milhares de professores que estarão lecionando já a partir de 2013. Não houve “enturmação” para poupar a contratação de professores, mas racionalização das classes com mais professores.

6- Outro argumento falso para comparar gestões é o da contratação da consultoria Dynatest-SD: a empresa, que passou pelo processo licitatório, foi contratada para colaborar com o governo no processo de NÃO PRORROGAÇÃO dos atuais contratos de concessão de rodovias. Na gestão anterior, a intenção era renovar os contratos. Também foi criada a Empresa Gaúcha de Rodovias, que irá garantir a gestão PÚBLICA e TRANSPARENTE das rodovias pedagiadas. As ponderações apontadas pelo Ministério Público já foram respondidas e são públicas, portanto, deveriam ter sido expostas no texto.

Por fim, a avaliação feita na coluna é tão superficial que o jornalista não percebe que a “principal diferença” entre os governos, apontada por ele, não é uma mera diferença. Trata-de de uma diferença substancial, que demonstra os caminhos escolhido por cada gestor. O governo Tarso fortaleceu e qualificou a estrutura estatal e buscou recursos para melhorar a prestação dos serviços públicos aos cidadãos. O que o referido texto pretende é dar uma orientação para a oposição, que pode constatar a mediocridade dos argumentos.

Lembro quando entidades representantivas dos grandes veículos de comunicação disseram que fariam oposição ao Governo Lula, dizendo que os partidos no Congresso Nacional não tinham capacidade. Porém, a oposição aqui no Rio Grande do Sul sabe o que fazer e tem trabalhado muito para defender seus projetos e/ou pontos de vista na Assembleia Legislativa.

(*) Assessor de Imprensa do Governador do Estado do Rio Grande do Sul.

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