Crise da oposição já era visível em 2010. Agora é debandada em busca da sobrevivência

Houve até quem preferisse chamar a atenção para o fato de que 54% dos brasileiros não gostam de nenhum partido como se esta fosse, também, uma novidade. Ou quem sabe, culpa do PT…
Pois nem a acachapante superioridade petista sobre as demais siglas, nem o desinteresse dos brasileiros pelos partidos e muito menos a crise da oposição, são novidades.
Voltemos algumas poucas páginas… Na última campanha eleitoral, já sabendo que seu discurso tradicional não convenceria ninguém, o candidato da oposição (Serra) entrou em tal desespero que sua campanha tentou rotular Dilma como uma assassina. Isso por ela ter lutado contra a ditadura e considerar o aborto uma alternativa. Serra sempre soube, até porque também esteve na oposição aos militares, que Dilma ofereceu seu corpo à tortura em nome da liberdade; e que isto é uma virtude de sua biografia. E depois se soube, também, que sua esposa Mônica, num momento difícil, teria optado, ela sim, pelo aborto.
Ora, quando a oposição lança mão de temas tão conservadores quanto enganosos e desprezíveis para tentar ganhar a eleição, é porque, neste momento, já está em crise, já abandonou o seu próprio discurso. Mas, de novo, ao final do pleito, os formadores de opinião preferiram analisar o percentual do candidato Serra ressaltando seu “bom” resultado eleitoral em lugar de chamar a atenção para o que era mais evidente e nítido: que o PSDB sepultava ali, sua própria história de partido moderno, laico portanto, forjado em premissas democráticas.
Se só hoje, muito tardiamente, as manchetes identificam uma crise na oposição, é porque se negaram, por miopia política ou conivência, a enxergá-la quando ela realmente ocorria. Não, o que está acontecendo agora não é mais a crise, apenas sua conseqüência inevitável, a sua fase agônica, a debandada natural em nome da sobrevivência eleitoral de alguns poucos que ainda têm vergonha na cara e de outros muitos que não sabem fazer outra coisa senão lambuzar a si e aos seus com dinheiro público.
Mas nos deixemos enganar: os mesmos que tentaram proteger os tucanos sonegando do grande público a evidência de que há muito eles vinham voando para a morte, tentam agora disfarçar sua cumplicidade e/ou incompetência incluindo em suas análises sobre a “crise”, uma crítica: o PSDB não consegue encontrar um discurso. Nada disso! O PSDB tem, sim, um discurso, e ele foi aplicado ao tempo em que FHC governou o Brasil e, mais recentemente, ao tempo em que Yeda comandou o Rio Grande. O fato, então, não é que os tucanos perderam o discurso; o fato é que discurso deles, não convence mais ninguém (nem Bresser, nem Feldmann). Há muito tempo. (Maneco)
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