terça-feira, 11 de junho de 2013

Preconceito X Promotoria


Promotor Zagallo já afirmou em documentos que “ladrão tem de ir para o inferno” e que os homossexuais são abertos a ‘experiências ardentes’

junho 10th, 2013 by mariafro


É longa a ficha corrida do promotor que fala demais por não ter nada a dizer: na sexta a noite ele sugeriu, no Facebook, que a tropa de choque da PM atirasse para matar manifestantes do Movimento Passe Livre que ele arquivaria inquérito!

Em 2011 ele lamentava a mira do policial que não matou o ladrão já que este tem de “ir para o inferno”. Como se não bastasse o discurso da violência nos documentos oficiais de um profissional cujo trabalho é promover a Justiça em outro documento judicial o promotor ironiza homossexuais, reforçando estereótipos sobre comportamento promíscuo dos gays que segundo ele são: pessoas “modernas e abertas a novas experiências, sobretudo aquelas ardentes capazes de ruborizar aos mais indiferentes moais da Ilha de Páscoa.”

“Bugios”… “moais”, “abichornar”, ”iniciativa do penetrante”, “meu tribunal”… o promotor que já sofreu uma investigação em 2011, agora é alvo de outra tanto na Corregedoria do MP Paulista como na do Conselho Nacional do MP.

A matéria a seguir foi sugerida por Cy Garcia via Facebook



Promotor ironiza gays em documento

Após afirmar que ladrão tem de ir pro inferno, Zagallo diz que homossexuais são abertos a experiências ardentes

Denúncia foi feita em processo de homicídio; procurado, promotor não quis se pronunciar

AFONSO BENITES, DE SÃO PAULO, Cotidiano


02/10/2011

Após escrever em uma denúncia que um policial civil deveria melhorar sua mira e mandar um ladrão para o inferno, o promotor Rogério Leão Zagallo, do 5º Tribunal do Júri de São Paulo, cunhou novas expressões polêmicas.
Agora, a denúncia de homicídio envolve dois homossexuais. O réu é o segurança Fábio Luiz dos Santos, 29. A vítima, o agente de modelos Jefferson Garbeline, 34, o Jeff.

Conforme o documento assinado por Zagallo, os dois se conheceram em uma boate frequentada por pessoas “modernas e abertas a novas experiências, sobretudo aquelas ardentes e capazes de ruborizar aos mais indiferentes moais da Ilha de Páscoa”.

A denúncia, aceita pela Justiça, foi feita em abril deste ano e o crime ocorreu em março do ano passado.

O promotor escreveu ainda que Jeff era um “homossexual cheio de entusiasmo, de ardor e de vivacidade” e que levou o segurança para sua casa porque queria ser “penetrado” por ele.

ABICHORNAR

Segundo as investigações, o motivo do crime foi que o segurança não conseguiu ter ereção para transar com a vítima. Na interpretação de Zagallo, o segurança decepcionou a vítima que “queria, a todo custo, praticar a sodomia com seu algoz”.

“Irresignado com a malsucedida iniciativa do penetrante denunciado, Jeff não se abichornou [acovardou] e, assumindo uma postura viril, começou a cobrar-lhe empenho para a reversão da derrocada”, escreveu Zagallo.

Santos confessou o crime, mas alegou que agiu em legítima defesa porque fora atacado com uma faca.

DIRETO
Para Beto de Jesus, diretor da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), o promotor poderia ser direto em seus argumentos sem desrespeitar os dois envolvidos no crime.

“Essa atitude me causa escárnio. Se ele quiser fazer deleite para si mesmo, que escreva um livro, não faça isso em um documento judicial.”
Para o diretor, o promotor zombou dos homossexuais e de sua prática sexual.

A coordenadora do Centro de Referência da Diversidade, Irina Bacci, afirma que para avaliar o posicionamento do promotor Zagallo, seria necessário analisar todo o processo judicial do qual essa denúncia faz parte.

“Ele pode ter querido criar uma licença poética ou ter agido de uma forma estúpida colocando cinismo e sarcasmo em seu texto só porque os dois envolvidos no crime eram homossexuais”, disse.

OUTRO LADO

Procurado anteontem, Zagallo não quis se manifestar. A assessoria de imprensa do Ministério Público informou que o promotor já está sendo investigado pela Corregedoria da instituição.

A investigação começou na semana retrasada, depois de a Folha revelar que o promotor sugeriu para um policial melhorar sua mira para mandar bandido para o inferno. Nesse caso, o policial foi assaltado por dois homens armados e, ao reagir a disparos, matou um dos ladrões.

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