A indignação da imprensa portuguesa
Sul21
Franklin Cunha
“Quem poupa empresta, quem deve pede emprestado. A China e alguns asiáticos são, hoje em dia, os maiores aforradores do mundo. A China detém as maiores reservas de dólares do Mundo, comprando praticamente metade da dívida dos Estados Unidos, um dos países mais endividados do mundo. Comprar aqui pela Europa mais uns milhões são amendoins para eles…”.
A indignação da imprensa portuguesa se justifica devido ao novo fenômeno que está a acontecer na economia mundial. A China tem reservas de cerca de dois e meio trilhões de dólares e tem pressa em empregá-los antes que a moeda americana derreta ainda mais.
Como lemos na imprensa mundial (e muito pouco na brasileira), os chineses estão se propondo a comprar as dívidas públicas de Portugal, Espanha, Grécia e até da Itália. As negociações estão adiantadas, eis que os emissários do governo chinês acabam de visitar Portugal e Espanha. Já propuseram a compra dos 50 bilhões de dólares da dívida portuguesa em troca de um aumento substancial do comércio bilateral sino-português. Já estão a fechar o mesmo tipo de negócios com a Espanha que, junto com seus vizinhos ibéricos, irá pagar ditas dívidas com seus melhores e principais produtos: vinhos, frutas, azeitonas, azeites, carnes. Tudo o que os chineses querem para alimentar seu bilhão e trezentos milhões de compatriotas. Detalhe é que com a Espanha, os negócios estenderão aos investimentos espanhóis na América Latina, tais como empresas de petróleo, de telefonia, de produção de energia eólica e de bancos.
Na realidade, o que não está sendo noticiado, mas que pode se inferir, é que a China está comendo o mingau pelas beiras, onde ele está mais frio, isto é, Portugal e Espanha se constituirão na porta de entrada dos capitais chineses na União Europeia. É mesmo possivel que a outra jogada dos amarelinhos é que os bancos, que são credores de Portugal e Espanha têm justos temores de não receber o que estes dois países lhes devem, aceitem em zerar, por exemplo, a dívida de Portugal de 50 bilhões de dólares, por 40 bilhões ou menos, o que será, diante das perspectivas da economia portuguesa, um bom negócio para Portugal, para a China e para os bancos intenacionais. E assim, todos dormirão em paz.
* Médico
franklincunha@terra.com.br
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