PT volta ao governo do RS
Somos andando
Na terceira vez que vi Lula se candidatar à Presidência, em 1998, ele não se elegeu de novo, mas comemoraramos a vitória do PT no Rio Grande do Sul.
Em Porto Alegre, a Frente Popular já era quase um consenso nesta época. Em 98 já eram dez anos de Prefeitura. Quatro eleições seguidas alçaram o PT ao Paço Municipal, e o sucesso do Orçamento Participativo era quase imbatível.
Mas nem tudo eram flores e, com 16 anos de governo municipal, a mídia já tinha feito seu trabalho. Não deixou de bater nos governos de esquerda um dia sequer.
Quando Olívio se tornou governador, naquela vitória de 1998, o cerco foi implacável. A disputa no reino simbólico foi duríssima. Quatro anos depois, perdemos.
Em 2003, o PMDB voltou ao Piratini. Quatro anos depois, o fraco PSD
B do RS correu por fora e levou ao governo do estado uma dos piores representantes que já tivemos em nossa história gaúcha de democracia.
Na Prefeitura, a Frente Popular, praticamente isolada, não conseguiu se eleger para o quinto mandato. O antipetismo crescera como capim, gestado pela nossa imprensa monopolista e neoliberal.
Lembro claramente de ficar indignada, em algum momento daqueles anos de governo Olívio no RS, entre meus 12 e meus 16 anos, ao ver a criminalização dos índios, dos trabalhadores sem-terra, dos profissionais sindicalizados. Cada manifestação era reprimida nos programas de TV, execrada nas páginas de jornal. Junto com ela, era criticada a “cumplicidade” do governo do estado. Olívio era criticado por não usar a força, por conivência, ou seja, por respeitar as manifestações de quem tem como único recurso a liberdade de se manifestar. Seu secretário de Segurança Pública, José Paulo Bisol, foi um dos mais atacados no período. Ainda hoje, oito anos depois do fim do governo, quando algo dá errado já vem logo a piada de que é “culpa do Bisol”, em alusão à perseguição sofrida por ele.
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Hoje o cenário é outro. No RS, pela primeira vez um governador é eleito no primeiro turno. Nunca antes na história desse estado…
Tarso Genro é petista e prova que a mídia não manipula para sempre, mostra que as pessoas pensam por si. Que a campanha implacável de décadas fracassou.
Tarso tomou posse hoje pela manhã. À tarde, assistiu a cerimônia que fez de Dilma Rousseff a primeira presidenta da nossa história. O compromisso com a mudança, com a inclusão social, com a redução das desigualdades e com a democracia plena – aquela que inclui o povo em todas as esferas de decisão e participação – chega ao governo do meu estado e do meu país ai mesmo tempo.
Assisti a posse de Tarso pessoalmente. Sei que a expectativa sobre seu governo está enorme, o que aumenta a responsabilidade. Não vai ser nada fácil, mas as condições são melhores que aquelas enfrentadas por Olívio.
As propostas apresentadas por Tarso foram construidas a partir de uma ampla discussão com a sociedade, têm um forte respaldo popular. Delas, as que mais chamam a atenção de uma jornalista como eu são as relativas à comunicação e sua democratização, com o aproveitamento das novas tecnologias, das redes sociais na internet, para favorecer a participação e aumentar a democracia.
Aqui e lá, as promessas são boas. Lula garantiu aquilo de que Dilma não falou muito: disse que a prioridade do Ministério das Comunicações será estabelecer um marco regulatório, coisa que não fez nos oito anos de seu governo.
Se tudo se encaminhar como parece que vai, 2011 há de ser um baita ano. Um ano de começo de mudanças no setor. De continuação da transformação social no Brasil, de retomada do desenvolvimento com distribuição de renda no RS.
Que venha.
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Foto: Genaro Joner/Zero Hora
Em Porto Alegre, a Frente Popular já era quase um consenso nesta época. Em 98 já eram dez anos de Prefeitura. Quatro eleições seguidas alçaram o PT ao Paço Municipal, e o sucesso do Orçamento Participativo era quase imbatível.
Mas nem tudo eram flores e, com 16 anos de governo municipal, a mídia já tinha feito seu trabalho. Não deixou de bater nos governos de esquerda um dia sequer.
Quando Olívio se tornou governador, naquela vitória de 1998, o cerco foi implacável. A disputa no reino simbólico foi duríssima. Quatro anos depois, perdemos.
Em 2003, o PMDB voltou ao Piratini. Quatro anos depois, o fraco PSD
B do RS correu por fora e levou ao governo do estado uma dos piores representantes que já tivemos em nossa história gaúcha de democracia.
Na Prefeitura, a Frente Popular, praticamente isolada, não conseguiu se eleger para o quinto mandato. O antipetismo crescera como capim, gestado pela nossa imprensa monopolista e neoliberal.
Lembro claramente de ficar indignada, em algum momento daqueles anos de governo Olívio no RS, entre meus 12 e meus 16 anos, ao ver a criminalização dos índios, dos trabalhadores sem-terra, dos profissionais sindicalizados. Cada manifestação era reprimida nos programas de TV, execrada nas páginas de jornal. Junto com ela, era criticada a “cumplicidade” do governo do estado. Olívio era criticado por não usar a força, por conivência, ou seja, por respeitar as manifestações de quem tem como único recurso a liberdade de se manifestar. Seu secretário de Segurança Pública, José Paulo Bisol, foi um dos mais atacados no período. Ainda hoje, oito anos depois do fim do governo, quando algo dá errado já vem logo a piada de que é “culpa do Bisol”, em alusão à perseguição sofrida por ele.
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Hoje o cenário é outro. No RS, pela primeira vez um governador é eleito no primeiro turno. Nunca antes na história desse estado…
Tarso Genro é petista e prova que a mídia não manipula para sempre, mostra que as pessoas pensam por si. Que a campanha implacável de décadas fracassou.
Tarso tomou posse hoje pela manhã. À tarde, assistiu a cerimônia que fez de Dilma Rousseff a primeira presidenta da nossa história. O compromisso com a mudança, com a inclusão social, com a redução das desigualdades e com a democracia plena – aquela que inclui o povo em todas as esferas de decisão e participação – chega ao governo do meu estado e do meu país ai mesmo tempo.
Assisti a posse de Tarso pessoalmente. Sei que a expectativa sobre seu governo está enorme, o que aumenta a responsabilidade. Não vai ser nada fácil, mas as condições são melhores que aquelas enfrentadas por Olívio.
As propostas apresentadas por Tarso foram construidas a partir de uma ampla discussão com a sociedade, têm um forte respaldo popular. Delas, as que mais chamam a atenção de uma jornalista como eu são as relativas à comunicação e sua democratização, com o aproveitamento das novas tecnologias, das redes sociais na internet, para favorecer a participação e aumentar a democracia.
Aqui e lá, as promessas são boas. Lula garantiu aquilo de que Dilma não falou muito: disse que a prioridade do Ministério das Comunicações será estabelecer um marco regulatório, coisa que não fez nos oito anos de seu governo.
Se tudo se encaminhar como parece que vai, 2011 há de ser um baita ano. Um ano de começo de mudanças no setor. De continuação da transformação social no Brasil, de retomada do desenvolvimento com distribuição de renda no RS.
Que venha.
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Foto: Genaro Joner/Zero Hora