o único post deste domingo... o Malcom X, lembra(?) o sujeito ao lado

As qualidades sobrenaturais da Economia

Diário Gauche

Na capa do jornal Zero Hora de hoje, 17/4, há uma chamada fantasmagórica: “Economia multiplica oportunidades, transforma famílias e redesenha as relações de trabalho, como conta série de reportagens de hoje a sexta-feira”.

A Economia rebessiana é um ente mágico, fantasmático, com capacidade de modificar o país, a ponto de ZH apontar que estamos diante de uma “nova sociedade”, uma “vida de pleno emprego”.

O sujeito da oração, para ZH, é a Economia. Ponto. Como se essa Economia (sim, com letra maiúscula) fosse algo autônomo em relação à Política, como se a Economia fosse orientada por deuses ocultos e inexpugnáveis.

A leitura da tal reportagem de ZH não dá nenhuma pista sobre o possível sujeito oculto que manobra com tão mágica Economia. Não cita Lula, não menciona Dilma, esquece que o país sofreu cerca de três décadas de hegemonia do capital financeiro, quando era proibido pensar em desenvolvimento econômico. Pleno emprego era palavrão. E o grupo RBS esteve de acordo com aquele estado de coisas.

Agora esquecem este detalhe. O grupo RBS é uma empresa midiática de esquecidos. Preferem atribuir à Economia propriedades mágicas, fetichistas, autonomistas.

Já sabemos, causa menos embaraço ao seu próprio passado, além de uma vantagem marginal: fazer jornalismo ficcional – lidando com elementos de magia e ilusão - é mais confortável do que contar a verdade dos fatos.   

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BAITASAR

O Professor é um amigo do blog do baitasar (estAVA em vias de se aposentar, não sabIA bem quando, mas ERA num destes anos que vêm por aí) administrava o blog do mauro (um nome fictício para um blog real), acha que precisa de mais tempo para se dedicar as suas memórias (na verdade, não anda escrevendo nada, não tem conseguido lembrar de muita coisa, lhe ocorrem os rostos e esquece os nomes, assim, tem sobrado ao Professor mais um tempinho para o tradicional chimarrão no parque)

"bom dia baitasar, não tenho ido aos parques..."

Continuo em silêncio, esperando o hombre completar-se

"o aro do pneu trasseiro da bicicleta entortou."

Pergunto se foi alguma queda

"antes fosse algo tão simples e temporário, mas é o meu peso que chegou aos 114 e mais um pouquinho."

Aconselho ao hombre cuidado com o que come

"a comida é o meu deus, nem tão oculto, mas para minha vontade está inexpugnável."

Lembro que o problema dos deuses pra lá e pra cá é que viram instituição do imaginário e aí, não tem mais jeito

"concordo, guri, lembre o caso do Jesus que virou o Cristo, instituição das igrejas; o lucro é condição basilar do capitalismo; marxismo é unha e carne do comunismo; a verdade disfarçada em mentira e a mentira dissimulada na metamorfose da verdade, se transformaram em instituição dos meios de comunicação das elites."

Pergunto qual seria instiuição do povão

"a fome, baitasar, aquele que tirar o povão da fome vira deus."

Arrisco uma pergunta direta: Pra sempre

"não... depois vem o sonho de ser elite."

Repito ao Professor que quanto mais leio ouço vejo, os jornais rádios televisões, mais me parecem divinos... tão encantadores da serpente

"é isso, guri, e nunca esqueça que o oprimido de hoje, pode se transformar no opressor de amanhã."

Então, não temos saída, nunca terminará a exploração dos homens mulheres pelos homens mulheres

"a mesma humanidade que mata pode nos salvar, depende das escolhas que são feitas, não pela Economia, mas pelas decisões dos Homens e Mulheres na Política."

Votar é a nossa chance coletiva de Humanidade

"pense, baitasar... pense."

Tô pensando, Professor

"baitasar, aprenda a ler além das notícias dos sorrisos falsos das vozes monótonas dos livros de auto-ajuda. Faça a escolha da humanidade que você procura deseja sonha. Ela pode estar denunciada nos livros de Saramago, nas metáforas de Lobo Antunes, nas delicadezas vicerais de Mia Couto, nos sonhos de utopia de Pepetela, nas letras do Chico, U2, Led Zeppelin, Pink Floyd, Zeca Pagodinho, Pixinguinha, sei lá, mas larga essa gentititi. Eles te levam ao abismo."

E como se faz isso

"pensa, guri... pensa."

Não vou ler ouvir ver, jornais rádios televisões

"não é assim, guri, aprende a entender o que não foi escrito não foi dito não foi mostrado... vai além dessa gentititi. Tudo são interesses, inclusive os teus e os meus."