quarta-feira, 6 de abril de 2011

A rua Fernando Machado

Esquina da Rua do Arvoredo

Borges de Medeiros esquina com Fernando Machado - Foto: Cesar Cardia
A Rua do Arvoredo, que deu origem à Coronel Fernando Machado, ganhou notoriedade por um episódio insólito: o crime do século XIX, história macabra de um açougueiro que, auxiliado por sua mulher, esquartejava corpos humanos transformando-os em lingüiça. O crime foi desvendado pelo cachorro farejador de um menino, vítima do açougueiro. O historiador Décio Freitas tratou do tema escrevendo o livro “O Maior Crime da Terra – O Açougue Humano da Rua do Arvoredo”.

Com a designação de Rua do Arvoredo, foi uma das primeiras ruas dos tempos da vila de Porto Alegre. Em 1788 encontra-se registrada a escritura pública de compra e venda, relativa a uma “casa e cozinha de palha”, fazendo frente “para a rua direita que sai da Matriz” e “fundos para a rua do Arvoredo”, fato que assinala a existência de moradores, de condição modesta, já no século XVIII.

Em 1843, os vereadores determinaram a execução de calçadas aos proprietários da Rua do Arvoredo. Em 1851, a Câmara autorizou seu procurador a fazer um cano de tábuas nos fundos do quintal do Palácio para canalizar as águas que desciam do morro, ali colocando de 20 a 40 carroçadas de aterro, “a fim de dar trânsito àquele lugar”. Dois anos depois, obras são realizadas na Rua do Arvoredo, desde a Rua de Belas (atual General Auto), até o Alto da Bronze (atual Praça General Osório), “onde proximamente se acabou de abrir a dita rua”. Embora constando aberta até a Rua General Vasco Alves na planta oficial de 1839, o trecho imediato ao Alto da Bronze talvez se conservasse ainda irregular e intransitável.

A inauguração da Fonte dos Pobres, em 1857, atrás do palácio do Governo, determinou a realização de algumas obras complementares. Os proprietários dos terrenos localizados em frente ao chafariz foram intimados a construírem um muro, para que fosse possível executar o nivelamento e aterro daquele trecho da rua.

Em 1865, foi iniciada a construção do Seminário Diocesano (hoje Cúria Metropolitana), na esquina da Rua Espírito Santo. Nesta época a Câmara concedeu licença ao tambeiro Propício de Abreu para manter vacas de leite em seu curral à Rua do Arvoredo.

Em 1870, a Câmara Municipal mudou o nome de Rua do Arvoredo para Coronel Fernando Machado, em homenagem a Fernando Machado de Souza, coronel no combate de Itororó, em 1868, na Guerra do Paraguai.

Estatística Predial de 1892 registrava a existência de 234 prédios. No fim do século, havia um trecho da rua que concentrava um grande número de prostíbulos: o famigerado Beco do Céu, que movimentava os plantões policiais…

Em 1894, a Intendência adquiriu um terreno para “desobstrução da Rua Cel. Fernando Machado, entre General Paranhos e Marechal Floriano”, evidenciando a existência de estreitamentos que impediam a implantação do alinhamento projetado.

Segundo o Intendente José Montaury o calçamento foi executado em 1906. A urbanização da Praça General Osório (Alto da Bronze), a construção da escadaria de acesso à Rua General João Manoel, a abertura da Avenida Borges de Medeiros e o ajardinamento dos fundos do Palácio do Governo foram fatores relevantes na melhoria da Rua Coronel Fernando Machado.

Referências:

Franco, Sérgio da Costa. Guia Histórico de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da Universidade (UFRGS)/Prefeitura Municipal, 1992

Sobre os Crimes da Rua do Arvoredo na Wikipédia:

Crimes da Rua do Arvoredo é um episódio que ocorreu em 1864 na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Um sujeito chamado José Ramos, que era na verdade um inspetor de polícia de Santa Catarina, teria comprado (ou alugado) uma casa na antiga Rua do Arvoredo (atual Rua Fernando Machado)[1], de um sujeito chamado Carlos Klaussner, antigo dono de um açougue que funcionava no mesmo endereço.

Consta que o tal homem gostava de música, frequentava o recém-inaugurado Theatro São Pedro, andava bem vestido, enfim, era, como se dizia na época, um boa-vida. Tempos depois ele conheceu Catarina Palsen, com quem passou a viver, e a praticar os tais crimes. Ao que tudo indica, ela, Catarina, de origem húngara, e de grande beleza, “atraía” as vítimas para a tal casa-açougue, para que fossem mortas por José Ramos, esquartejadas e, com a carne, eram fabricadas linguiças, vendidas no comércio de Porto Alegre, e que tinham, por sinal, muito boa “aceitação”. Nesse ponto “inicia-se a lenda”, pois os processos criminais a que José Ramos respondeu, existem, mas neles não consta que as vítimas eram transformadas em linguiça.

Segundo o historiador Décio Freitas, autor do livro O Maior Crime da Terra, os processos estão incompletos, faltam folhas, é todo manuscrito em português arcaico de difícil leitura, e se realmente a história é verdadeira, nunca se saberá, pois somente as folhas faltantes nos autos é que poderiam dar algum indício sobre a veracidade das tais linguiças, ou não. O fato é que hoje existe o crime porém as provas sobre as linguiças fabricadas com carne humana foram consumidas no decorrer do processo e o passar dos tempos.

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