domingo, 27 de abril de 2014

ocê credita em coincidência? a polícia lê Veja


Intimado pela Polícia, humorista Rafucko depõe vestido de Willian Bonner e de meia-calça


O Dia


Artista fenômeno da internet prestou esclarecimentos na sede da Polícia Civil sobre a atuação em protestos, em processo disciplinar contra delegado do caso Amarildo



Humorista protestou contra intimação após depoimento na sede da Polícia Civil. Foto: Felipe Martins


A Corregedoria da Polícia Civil ouviu na tarde desta quinta-feira o humorista e ativista LGBT Rafael Puetter, o Rafucko. Fenômeno da internet com mais de um milhão de acessos de seus vídeos no Youtube, ele foi intimado a prestar esclarecimentos sobre a participação em um protesto artístico realizado em novembro do ano passado no Centro do Rio. Para ironizar a intimação, Rafucko compareceu à sede da Civil vestido de Wiliam Bonner da cintura para cima e uma meia-calça arrastão.

O humorista depôs como testemunha em um processo disciplinar da Polícia Civil contra o delegado Orlando Zaconne. Então titular da 15ª DP(Gávea), ele foi o responsável por desmontar a versão de que o pedreiro Amarildo, morto na Rocinha, teria ligação com o tráfico. Em novembro do ano passado, Rafucko comandou uma manifestação artística assistida por Zaconne cujo ‘ponto alto foi a premiação do manequim da Toulon como maior ato de vandalismo’, conforme o artista escreveu em seu site. A loja da grife foi depredada meses antes, em julho do ano passado, durante manifestação contra o então governador Sérgio Cabral.

O articulista Reinaldo Azevedo, da revista Veja, acusou Rafucko de ter usado manequim roubado da Toulon na apresentação. Azevedo acusou o delegado de praticar o crime de prevaricação, por não prender o artista que estaria usando peça roubada da loja de roupas.

Ao sair da sede da Civil, Rafucko contou que se recusou a responder às perguntas do delegado Felipe Bittencourt do Valle e negou ter usado objeto fruto de roubo na manifestação: “Eu me recusei a explicar uma performance artística. Quem é Reinaldo Azevedo? Eles tinham que investigar é se ele toma tarja preta antes de me chamar aqui. Baseado em que ele pode afirmar que eu usei algo roubado? Acho perigoso a polícia se basear nele para investigar qualquer coisa”, declarou.

Rafucko justificou o traje usado para ir à sede da Polícia Civil: “Eu prefiro achar que tudo isso é uma grande piada. Eu já faço uma sátira ao William Bonner nos meus vídeos, então aproveitei para vir aqui com o personagem que é uma crítica, uma ridicularização da mídia”, disse.



Ao sair da delegacia, Rafucko discursa contra a atuação do governo para integrantes da mídia alternativa e fãs. Foto: Felipe Martins


“É bem assustador que eu tenha que perder uma tarde aqui. Deve ter algo mais importante para ser investigado. Tem uma coisa muito ruim, muito estranha e muito circense acontecendo. A sensação é de que estamos numa democracia muito frágil, se é que estamos numa democracia”, completou.

Não é a primeira vez que Rafucko presta esclarecimentos à polícia. Durante mais uma manifestação no mês de julho do ano passado, acabou detido por policiais militares. Em um vídeo divulgado no Youtube dias após o protesto, o humorista afirma que foi preso pelos PMs com provas falsas. Segundo Rafucko, os policiais colocaram pedras portuguesas dentro da camisa que ele usava para forjar o crime de depredação de patrimônio público. Ele foi levado à 14ª DP (Leblon) e liberado ainda no mesmo dia.

Em seus últimos vídeos, ele vem criticando de forma ferina a atuação da polícia nos protestos que ocorrem na cidade desde junho do ano passado, as respostas do ex-governador do Rio Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes às reivindicações dos manifestantes e a forma como os protestos são noticiados nos veículos de comunicação.

Procurada pela reportagem do BLOG LGBT, a Polícia Civil informou que houve um erro material na expedição do documento enviado ao artista, que deveria ser um convite e não uma intimação.

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