terça-feira, 11 de janeiro de 2011

como estamos no alemão(?)

UM DIA NA FAVELA DO ALEMÃO: O QUE A MÍDIA NÃO MOSTROU


Artigo retirado de: Revista Brasil


Diferente do dia-a-dia de uma favela, que sempre está lotada de gente, com crianças brincando pelas calçadas, alegria e música ao ar livre, trabalhadores e trabalhadoras voltanddo de seus trabalhos, e estudantes voltando de seus colégios, encontramos nas Favelas do Alemão, pouquíssimas ruas com movimentação. O Alemão é um conjunto de 13 favelas, com aproximadamente 400 mil moradores (segundo informações das associações de moradores), localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Na verdade, a movimentação que eu e meus amigos fotógrafos encontramos pelas ruas era a forte presença do Exército, da Polícia Civil e Militar. E a “ocupação” ou “invasão” estava desde a pista de entrada das favelas até as casas e lajes dos moradores.

 

No meio da favela o trator blindado do BOPE derrubava muros em frente a uma casa com uma bandeira branca hasteada. Bati na porta do morador, que me atendeu com uma olhar meio assustado e desconfiado. Perguntei para ele o que significava aquela bandeira. Ele respondeu “É paz moça. Quero dizer que sou de paz. É só isso?”, perguntou já mostrando que não queria ter o direito de “ficar na dele”.

Nas andanças pelas ruas, vielas, becos e naquelas subidas e descidas de ladeiras, o que víamos eram  diversas casas com um pequeno aviso na porta:

  

“Por favor, não invada a nossa casa, ela já foi revistada. Se quiser entrar, a chave está ao lado, na casa do vizinho”.  O mesmo aviso encontrei na região conhecida como “Zona do Medo”. Diversas casa traziam o recado: “Volto logo. Por favor não quebre mais a minha casa”. Ao lado da porta, na entrada, uma televisão de 26 polegas de LCD com a tela rachada – fiquei imaginando quantas prestações aquele morador pagou por aquele bem ou quantas ainda tenha que pagar. Essas situações descrevem mesmo em um simples papel, a verdade daqueles moradores, a verdade do sofrimento, da ação violenta da polícia, a invasão de casas que visitei com diversas estruturas quebradas: teto, parede, pia, descarga. Em algumas, houve até pichação. “Comando Azul”.  Outras sumiu tudo. Até a geladeira e o fogão foram levados, além de roupas e tênis.




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