quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Lula desconversou indicando que não tinha interesse sobre o assunto

ALCA: Quem remou em defesa de Washington

Viomundo

Estratégia do Itamaraty foi atacada em contatos com os EUA, mostram telegramas

RICARDO BALTHAZAR, na Folha de S. Paulo

DE SÃO PAULO

Wikileaks Críticos da estratégia comercial adotada pelo Ministério das Relações Exteriores após a chegada do PT ao poder expressaram com frequência sua insatisfação em contatos com funcionários americanos, contribuindo para minar a credibilidade dos negociadores brasileiros.

Até diplomatas contrariados com as orientações recebidas da cúpula do Itamaraty expuseram suas divergências aos americanos, conforme telegramas diplomáticos dos Estados Unidos obtidos pela organização WikiLeaks.

Os documentos iluminam os bastidores das negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), ambicioso projeto lançado pelos EUA em 1994 e que naufragou uma década mais tarde.

Em maio de 2003, quando o embaixador Clodoaldo Hugueney foi afastado do comando das negociações, um dos seus assessores atribuiu a mudança à opinião favorável que o chefe tinha da Alca e criticou seus superiores.

Em outubro do mesmo ano, um funcionário do Ministério da Agricultura disse aos americanos que os negociadores do Itamaraty eram “paranoicos” e “mentiam” nos relatos feitos ao então presidente Lula sobre as negociações.

Os informes são parte do pacote de milhares de despachos diplomáticos que o WikiLeaks começou a divulgar em novembro. A Folha e outras seis publicações têm acesso ao material antes da divulgação no site da organização (http://www.wikileaks.ch/).

Defensores da Alca acenaram aos EUA com a possibilidade de reativar as negociações em 2005, quando o então ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho, aproveitou um encontro do presidente Lula com o secretário do Tesouro dos EUA, John Snow, para debater a ideia.

Segundo os americanos, Palocci “se ofereceu para liderar um esforço para dar novo impulso às negociações” e levar o Itamaraty a “uma postura mais proativa”. Mas Lula simplesmente “desconversou”, indicando que não tinha interesse no assunto.

Colaborou FERNANDO RODRIGUES, de Brasília

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