Caso Battisti: Lula fecha governo de forma louvável
Battisti é um ex-ativista, como também é Tarso Genro – responsável pelo início de todo esse caso, na época que era Ministro da Justiça do governo de Lula – e a mais nova presidente, Dilma Rousseff. Homens e mulheres que, como tantos outros – muitos mortos e torturados de verdade – lutaram veementemente em prol da população e da democracia, ao sair pelas ruas em protestos, passeatas, atos, ou até mesmo assaltos a bancos, ou o caralho a quatro. Responsáveis pelo resquício de democracia existente na nossa política; ou então ao fim das torturas, toques de recolher, grampos, covardias. Responsáveis pelo mínimo da liberdade que temos.
Lula, o melhor presidente que já passou por essas bandas (embora pudesse ir bem mais adiante), não decepcionou no dia 31 de dezembro. Com atraso, mas enfim feito, aqui vai breve comentário sobre o fechamento do seu governo. Mesmo que tenha decepcionado aqui ou ali, no último dia como presidente confirmou a não extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti. Nada mais justo. Li em algum lugar, em tom de brincadeira do autor, que “neste momento, Prof. Ungaretti regojiza em algum bar do Mercado Público de Porto Alegre”. Perfeito. É bom imaginar a inconformidade dos reaças – quase tão interessante quanto a própria decisão do “comunista” Lula.Tarso e Dilma seguiram a vida na política – mais o primeiro que a segunda. Além deles, uma multidão de pessoas seguem no anonimato, trabalhando como professores, no serviço público, como jornalistas, médicos, sociólogos ou o que for. Outra multidão segue desaparecida, desde a página infeliz da nossa história. Verdadeiras vítimas, cujos familiares todavia não receberam sequer uma indenização. Enquanto isso, a grande e conservadora mídia alardeia por uma verdadeira palhaçada, que é cogitar a hipótese de mandar Battisti de volta para a Itália. Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante do centro de tortura mais temido do país na época da ditadura militar, continua tranquilo na companhia da sua esposa na sua residência na capital federal – e isso ninguém fala, só a Caros Amigos. Cesare Battisti está preso desde 2007.
A grande mídia parece ser adepta, de fato, ao absurdo. Jornal da Globo e Jornal da Band escancaram o seu rosto alinhavado ao neofascismo à lá Berlusconi. Nenhuma novidade: mídia cúmplice da ditadura entre o período 64-85, agora usa e abusa da liberdade que os ditos “terroristas” para ela conseguiram. No Jornal da Globo, âncora faz cara de mau, começa dizendo que “sem motivos claros, Lula não extradita Battisti”, além de outras mentiras descaradas. Na Band, o ex-integrante do CCC (Comando de Caça aos Comunistas), o fascista Boris Casoy, defende a classe ao questionar: “um comunista ficou no Brasil, e se fosse um neofascista? Seria extraditado no dia seguinte”.
Na Globo, o único entrevistado, um fulano de tal que nunca ouvi falar e que nem lembro do nome, classificado na legenda da tevê como “professor de Relações Internacionais”, diz com toda a autoridade do mundo que o Brasil agiu mal, pois seria melhor sacrificar o homem do que a grande e feliz relação diplomática com a Itália. Fala isso como se o embaixador italiano não estivesse na posse de Dilma, bem faceiro, e como se isso de fato fosse acontecer já que a economia do Brasil está muito boa. Na medida que escrevo esse texto murrinha, o Excelentíssimo Sr. Jornal Nacional, o soberano JN, do demagogo (mas excelente apresentador) William Bonner, anuncia onda de protestos na itália. Que grande manipulação. Meia dúzia de partidões de direita fazendo barulho e colocam na tevê como se fosse uma manifestação popular.
Embora o dado artigo opinativo esteja bastante desatualizado, já que novos casos surgiram (como a decisão de não soltar Battisti imediatamente), temos como acabado e justiça feita pelo governo Lula. Esperemos mais definições, agora, com Dilma. O italiano fica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário