segunda-feira, 6 de junho de 2011

o baitasar também recomenda a leitura do artigo de Michael Hudson... pensar, nem pensar!

Michael Hudson: golpe de estado financeiro ameaça a democracia europeia

Recomendo fortemente a leitura de artigo de Michael Hudson, publicado hoje na Carta Maior. Ex-economista de Wall Street, atualmente pesquisador e professor na Universidade de Missouri, Hudson vê no recente discurso do presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, o programa de um verdadeiro golpe de estado financeiro contra a democracia europeia. O que está em questão, segundo ele, é se Grécia, Irlanda, Espanha, Portugal e o resto da Europa terminarão por destruir o reformismo democrático e derivar para uma oligarquia financeira:

“O objetivo financeiro é evitar os parlamentos para exigir um “consenso” que dê prioridade aos credores estrangeiros a custo do conjunto da economia. Exige-se dos parlamentos que abdiquem de seu poder político legislativo. O significado do “mercado livre”, neste momento, é planificação central nas mãos dos banqueiros centrais. Essa é a nova via rumo à servidão pela dívida a que estão levando os “mercados livres” financeirizados: mercados “livres” para que os privatizadores cobrem preços monopolistas por serviços básicos “livres” de regulações de preços e de regulações antioligopólicas, “livres” de limitações ao crédito para proteger os devedores e, sobretudo, “livres” de interferências por parte dos parlamentos eleitos. Em uma perversão da linguagem, chama-se de “alternativa” à servidão ao processo de fixação de preços para os monopólios naturais – transporte, comunicação, loterias – retirados do domínio público. Na verdade, é o caminho da servidão pela dívida rumo a um verdadeiro neofeudalismo financeirizado, que é o que está se desenhando no horizonte do futuro”.

Ou, no cuidadoso resumo que o Wall Street Journal fez do discurso de Trichet:

“se um país resgatado não se adequa ao programa de ajuste fiscal, então poderia se exigir dele uma ‘segunda etapa’, que possivelmente envolveria dar às autoridades da eurozona uma capacidade de decisão muito mais profunda e autorizada na formação das políticas econômicas do país (…) As autoridades da eurozona – singularmente, suas instituições financeiras, não as instituições democráticas voltadas à proteção dos trabalhadores e dos consumidores, à melhoria da qualidade de vida, etc. – poderiam chegar a ter, sob tal regime, direito de veto sobre certas decisões de política econômicas. Em particular, poderiam vetar grandes gastos públicos e elementos essenciais para a competitividade do país”.

(Leia aqui a íntegra do artigo de Michael Hudson)

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