quinta-feira, 17 de maio de 2012

Só a Mayara?


Mayara condenada por racismo. Só ela?



Por Altamiro Borges

A estudante de direito Mayara Petruso, que postou várias mensagens preconceituosas no twitter em 2010 – entre elas, uma que pregava: “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado” –, finalmente foi punida. A Justiça Federal de São Paulo a condenou por crime de discriminação. A pena é de um ano, cinco meses e 15 dias de reclusão, mas foi convertida em prestação de serviços comunitários e pagamento de multa – de apenas R$ 500,00.


Para a juíza Mônica Aparecida Bonavina Camargo, da 9ª Vara Federal Criminal em São Paulo, Mayara estimulou o preconceito e o ódio. “A Constituição proíbe tais condutas a fim de que o preconceito – fato social – seja um dia passado e deixe de existir... É importante que a sociedade seja conscientizada quanto à neutralidade que as questões de diferenças entre as pessoas devem envolver, não sendo a origem, a religião, o gênero, a cor de pele, a condição física, a idade etc. motivo para atitudes agressivas”.

Cadê os outros racistas?

Em sua defesa, Mayara alegou que suas mensagens racistas foram motivadas pelo clima da eleição para a presidência da República. Juntamente com outros direitistas, ela fez campanha contra Dilma Rousseff e culpou os “nordestinos” pela derrota do tucano José Serra. Ela também disse que não é preconceituosa e que não esperava que suas postagens tivessem tanta repercussão na internet. Depois do episódio, Mayara perdeu o emprego e teve de abandonar a faculdade e mudar de cidade com medo das represálias.

Diante da decisão da Justiça, fica a pergunta: só ela merecia ser condenada? Afinal, Mayara entrou no clima de ódio cultivado por setores que militaram na campanha de Serra. Saudosistas da ditadura militar, fascistas do Opus Dei, fundamentalistas religiosos e outras seitas destilaram todo o tipo de preconceito durante a batalha eleitoral. Alguns veículos da imprensa, em especial a revista Veja, também difundiram mensagens rancorosas. A Justiça não deveria investigar também os que deformaram a cabeça da jovem Mayara?

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