quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Escola pública brasileira é um sucesso. Além do Tietê tem mais do que mato


    Vladimir viu o mato comer a onça


    Vamos supor que o desempenho dos alunos de escolas públicas federais no ENEM valesse para todos os alunos brasileiros.

    Só considerar as notas dos alunos de escolas públicas federais, no ENEM, que usa o sistema PISA de verificação de conhecimento, o mesmo dos países da OCDE.

    (Só no Brasil o PiG (*) tentou desmoralizar o PISA.)

    Se isso fosse feito, o estudante brasileiro teria notas que o colocariam entre os dez melhores estudantes do mundo.

    Atenção, amigo navegante, entre os DEZ MELHORES DO MUNDO !

    O aluno de escola pública tem um desempenho superior ao do aluno de escola particular.

    Os índices brasileiros desabam quando se leva em consideração a nota dos alunos de escolas públicas estaduais e municipais.

    Isso é o que se deduz do resultado do último ENEM, que o PiG (*), de novo, tentou detonar.

    Clique aqui para ler “por que o PiG é contra o ENEM: é porque o ENEM leva o pobre à universidade”.

    Essas informações saíram da entrevista que este ordinário blogueiro fez com o professor de filosofia da USP, Vladimir Safatle.

    Essa entrevista vai ao ar nesta terça-feira, às 21h30, na RecordNews.

    (Será precedida de entrevista com o professor Fábio Comparato sobre as novas responsabilidades do Brasil, depois que a Corte de Direitos Humanos da OEA condenou de forma inapelável a Lei da Anistia brasileira. Clique para ler o que Comparato escreveu neste ordinário blog sobre essa derrota brasileira, liderada pela brilhante defesa que Sepúlveda Pertence fez da Lei da Anistia).

    Safatle escreveu brilhante artigo na Carta Capital desta semana, com o titulo “Paradoxo nativo – fala-se muito no ensino para dar a falsa impressão à maioria dos brasileiros de que os problemas são profundamente complexos” – e não são.

    Safatle recomenda persistência e dinheiro.

    Persistência e dinheiro para fazer três coisas, simples: valorizar a carreira do professor; avaliação contínua da qualidade por meio de inspetorias; e escola em tempo integral.

    Aí, ele se lembra da obra pioneira de Darcy Ribeiro, no Rio, os Brizolões – a melhor experiência que já se fez sobre Educação, no Brasil.

    A tese de Safatle também ajuda a condenar de forma enfática a política privatista do Governo do Farol de Alexandria, que teve no Ministério da Educação – depois Ministro da Educação de Padim Pade Cerra – o arquiteto do desmanche da escola pública, Paulo Renato de Souza

    A má qualidade da escola pública municipal e estadual deriva, também, de uma filosofa neoliberal, que esvaziou os cofres públicos em nome da “eficiência” e do “choque de gestão”.

    Foi o que, nos Estados Unidos, fez Ronald  Reagan, que desconstruiu a escola pública americana, aquela que Roosevelt tinha montado.

    Reagan seguia a filosofia de um notável pensador republicano: é preciso reduzir o Estado a tal tamanho que seja possível afogá-lo numa banheira.

    Souza e FHC quase conseguiram afogá-lo.

    FHC, o Príncipe dos Sociólogos, como costuma lembrar Mino Carta, que dele fez irretocável obituário, teve a ousadia de boicotar a inclusão das cadeiras de Filosofia  e Sociologia nos currículos das escolas públicas.

    Com o argumento de que não tinha professor de Filosofia suficiente.

    E sugeriu dissolver a filosofia e a sociologia em outras matérias.

    Esse ordinário blogueiro lembrou, por exemplo, que se poderia estudar Filosofia Grega na aula de Ginástica.

    É como se o FHC e o Paulo Renato dissessem, nas palavras de Safatle: “além do Tietê só tem mato”.

    Para que o Pará precisa estudar Filosofia, pensam os neoliberais da elite branca (e separatista, no caso de São Paulo).

    Gilberto Freyre, como se sabe, foi notável sociólogo, porque nasceu na Móoca.

    Pois é, amigo navegante, “além do Tietê só tem mato”.

    Só que o mato comeu a onça.

    Clique aqui para ler “Salários do Rio são maiores do que os de São Paulo: 16 anos de tucanato !”.


    Paulo Henrique Amorim


    (*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

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