Só para deixar claro: Porque não critico o governo do PT
André Lux no Tudo em Cima
Ao invés de ficar respondendo a cada ataque da turminha da ultra-esquerda e dos paus mandados da direita travestidos de ultra-esquerdistas que resolveram me pegar pra cristo, vou explicar porque não critico o governo Lula, embora ele mereça sim várias críticas.
Para expressar meu ponto de vista vou contar uma experiência que tive exercendo o “poder”. Há alguns anos, fui síndico do meu condomínio. Ele havia acabado de ficar pronto e, como na época trabalhava em casa e o prédio não teria porteiro nem zelador, achei ingenuamente que seria a pessoa ideal para tomar conta do espaço.
No começo, as coisas correram tranquilamente e todo mundo era meu amigo. Administrava com o maior cuidado, procurando informar em boletins tudo que estava sendo feito, sempre com riqueza de detalhes e total transparência. Marcava reuniões constantes para debater os problemas e buscar soluções democráticas.
Mas, foi só acontecer um problema para que tudo mudasse. Um morador recebeu a conta do condomínio depois da data de vencimento e me ligou, acusando a administradora de não querer resolver o problema dele. Tomei as dores do vizinho e liguei para o responsável a fim de entender o que acontecia. Para minha surpresa, era o contrário do que a pessoa havia me dito. A administradora ofereceu várias alternativas para o morador, sem cobrar qualquer juro, mas ele, raivoso e agressivo, não aceitava nenhuma delas e também não dizia o que seria então melhor para ele.
Novamente de maneira ingênua, liguei para o morador e tentei intermediar, dizendo que a administradora havia oferecido tais e tais soluções. Para quê? A pessoa começou a gritar comigo, me ofender e ameaçar. Não entendi nada. Estava tentando ajudá-la, por que tanta fúria? Depois de tanto ouvir gritos e ofensas, como não tinha visão política de longo prazo, comecei a responder no mesmo tom. A ligação foi encerrada de maneira pouco amistosa.
Aí é que começou o meu inferno. Na reunião seguinte, essa pessoa tomou uma posição totalmente contrária a qualquer coisa que eu, como síndico, tinha que fazer para cuidar do bom funcionamento do prédio. Por puro rancor e desejo de vingança. Tínhamos problema com segurança, por exemplo, e havia a necessidade de tomar alguma providência, como contratar um vigia para a noite ou instalar alarmes e sistemas de vigilância.
Só que essa pessoa da “oposição” dominava mais dois outros moradores (que eram familiares e amigos dele) e, unidos, acabam tendo mais votos que o resto que comparecia às reuniões (vocês sabem como são essas fatídicas reuniões de condomínio, na maioria das vezes aparecem um ou dois gatos pingados, ainda mais num prédio de apenas 16 apartamentos).
Assim, nada que tinha de ser feito e precisava da aprovação da maioria, passava. Fiquei de mãos atadas, limitando-me a fazer o que era possível sem precisar levar a votação. Mas, no final, nem isso conseguia mais, pois a turma da “oposição” ficava reclamando o tempo todo na administradora, passando abaixo-assinados contra minhas decisões, jogando os outros moradores contra mim. Ou seja, só para me ferrar eles prejudicavam a si próprios, pois imaginem a condição que ficou o condomínio na época...
Chegaram o cúmulo de mandar dois advogados a uma das reuniões, os quais ficaram o tempo todo me questionando e ameaçando de processos. Meu saco explodiu e mandei tudo aquilo à merda. Pedi “demissão” e coloquei o cargo à disposição, inclusive dos chefes da “oposição”. Aí, vejam que bonito, NINGUÉM queria ser Síndico! O condomínio ficou sem liderança por quase dois meses, entregue às moscas, pois demissionário eu me limitava a assinar cheques para pagar as contas.
Depois, a turma da “oposição” convenceu um morador que nunca havia participado de nenhuma reunião a assumir o cargo, prometendo alhos e bugalhos. Nem preciso dizer que foi um desastre. Desmandos, incompetência, abandono, caos. Mas tudo bem, como era da patota, ninguém reclamava! Aí fui obrigado a começar a exigir, por meio de cartas, que o regulamento do condomínio fosse seguido e que as manutenções fossem realizadas. Algumas vitórias consegui, outras não. E não havia mais nada que eu pudesse fazer, pois as reuniões passaram a ser feitas na casa do síndico, a portas fechadas!
Para agravar a situação, começaram a aparecer rachaduras em todos os apartamentos e também por fora do edifício (nem preciso dizer que a construtora é de uma família ligada ao PSDB da cidade, que está no poder há 20 anos). Mas, ao invés de ir atrás de alguém para investigar esse problema, os responsáveis pelo condomínio simplesmente aceitavam as “explicações” da construtora (que dizia na maior cara de pau que todas aquelas rachaduras eram “normais”) e continuavam tocando aos trancos e barrancos, gastando rios de dinheiro com obras inúteis como reforma dos jardins e do parquinho de diversões!
Para encurtar a história, depois que eu enviei uma carta a todos os moradores denunciando os desmandos e o problema das rachaduras (pelo que novamente fui ameaçado de processo pelos valentões), outro morador, que é engenheiro e estava preocupado com a situação do condomínio, me procurou para ver o que podíamos fazer para resolver a grave situação.
Bem, começamos a procurar outros moradores que não eram dominados pela “oposição”, mas nunca participavam das reuniões e eram alienados a tudo, e tentar fazer um “lobby” em favor da eleição do engenheiro como síndico, que era uma pessoa bem mais política e serena do que eu. Mas tudo tinha que ser feito às escondidas, para que não desconfiassem que eu estava apoiando ele, pois muitos dos alienados tinham ódio de mim por influência da “oposição”!
No dia da reunião, na qual seria apenas renovado o mandato do atual síndico para depois serem aprovadas as novas obras inúteis, apareceram mais moradores que o normal graças à nossa iniciativa. E, para surpresa daquela administração, o engenheiro se lançou candidato ao cargo, obrigando uma votação. Amigos e amigas... por UM mísero voto a nossa chapa foi eleita, deixando a turma da “situação” mais perdida que barata tonta.
Empossado no cargo, o novo síndico anunciou a suspensão da pauta e iniciou a explicação sobre a grave situação das rachaduras do prédio, afirmando a necessidade de contratação de um especialista para analisar os danos. Enfim, assustados com a gravidade da situação e sem saber que o antigo síndico anti-cristo (eu) estava também por trás daquilo, todos aprovaram a pauta (inclusive os da “oposição”).
O perigo de falha estrutural provocado pela utilização de materiais de baixa qualidade na construção foi constatado (padrão ISO/PSDB 9001) e vários processos contra a construtora dos tucanos correm na Justiça. A administração voltou a ser feita de maneira transparente e várias obras necessárias conseguiram ser realizadas, inclusive as de segurança – e tudo isso agora com o apoio da antiga turma da “oposição” raivosa, que é levada na base da política de boa vizinhança pelo atual síndico.
Existem problemas, fatores dignos de críticas e reclamações na atual administração? Sim, muitos. Alguns chegam a me tirar do sério! Mas eu sou louco de ir lá bater de frente com o síndico atual, que está fazendo o que pode com os recursos que tem e com o tipo de reclamação ridícula que tem que agüentar de outros moradores todos os dias? Justo eu, que me empenhei tanto em elegê-lo e tirar do poder os incompetentes e mal-intencionados que dominavam antes, vou começar a atacá-lo por causa de picuinhas ou de coisas que eu acho que faria melhor se fosse eu o síndico? Negativo. No máximo, o procuro reservadamente para apontar alguns problemas, ao mesmo tempo em que ofereço ajuda para solucioná-los.
Primeiro, porque foi a minha falta de capacidade de ser político que aviltou e provocou uma “oposição” irracional à minha administração. E, segundo, porque eu sei o que é ver no poder, cuidando do que é meu também, pessoas despreparadas e que, pior, administram as coisas da comunidade apenas para satisfazer suas necessidades e desejos mesquinhos, sem qualquer democracia ou prestação de contas.
Bom... será que preciso dizer algo mais? Ou a analogia ficou clara?
Qualquer coisa, estamos aí!
Nenhum comentário:
Postar um comentário