Padilha e as vísceras do PMDB

O péssimo resultado de José Fogaça na eleição estadual era o argumento que faltava à base partidária para justificar um levante há muito abafado pela liderança monárquica e débil do senador Pedro Simon. Insuflado por uma boa votação na eleição estadual e sabe-se lá por quem mais, o deputado Marco Alba aproveitou a revolta das bases com o caciquismo que domina o partido há decadas e lançou uma chapa ao diretório estadual. Perdeu a eleição, mas os 40% que sua chapa abocanhou dos votos internos, obrigam os vencedores a negociar com ele a composição do novo diretório. Seja quem for o novo presidente do PMDB gaúcho, ou o nome agrada Alba, ou o racha permanecerá. E o preço pode ser um novo fiasco eleitoral e o esfrangalhamento da sigla.
Alba, isso até os últimos peixes do poluído rio Gravataí sabem, é afilhado político de Eliseu Padilha. E um incauto que olhasse a composição das chapas em disputa no último domingo, pensaria que os dois estão rompidos, afinal a criatura estava de um lado e o criador do outro. Mas quem conhece o PMDB gaúcho sabe que o único nome capaz de peitar uma chapa apoiada por Simon, Fogaça e Rigotto seria… Eliseu Padilha. Daí que não imaginar um dedo dele na candidatura Alba seria como acreditar em Papai Noel. A hipótese de que Padilha tenha urdido uma chapa de oposição ficando, ele próprio, na situação, é tão provável que só quem não conhece a política (ou Padilha), poderia descartá-la. E a explicação é singela: fosse quem fosse o vencedor, Padilha estaria entre eles. Alba, contudo, nega esta hipótese. Mas como que pego num ato falho, ressalta: “Padilha é meu irmão”. Talvez fosse mais verdadeiro se houvesse dito “é meu pai”.
O fato é que dificilmente Alba teria conseguido, sozinho, catalizar tantos apoios a ponto de garantir 40% dos votos da convenção. É um percentual que, se não dá a ele o direito de indicar o novo presidente, ao menos confere o direito de veto a quem não lhe convier. Padilha, o irmão/pai, por óbvio, o convém. Tanto que a imprensa já especulou esta possibilidade. Descobriu, não por ele que ninguém ainda tratou de ouvir diretamente, mas pelo próprio Alba e pelo deputado Osmar Terra, que Padilha estaria interessado em comandar, sim o PMDB, mas o PMDB nacional. Faz sentido, afinal, a imagem dele junto à direção nacional é melhor do que a que defruta aqui. Ainda estão presentes nos ouvidos gaúchos as escutas da Operação Solidária que flagraram conversas suspeitíssimas de Padilha com empresários e agentes do governo Yeda. Os diálogos renderam, inclusive, um indiciamento por corrupção pelo Ministério Público Federal e até mesmo a sua não reeleição como deputado federal pode ser creditada ao desgaste causado pelas descobertas.
Mas depois do resultado da convenção do último domingo, de uma coisa ninguém mais discorda: o novo presidente do hoje esviscerado PMDB gaúcho, se não for o próprio Padilha, será alguém que não tenha o veto de seu irmão/filho Marco Alba. Ou seja, será um amigo da família. (Maneco)
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