BAITASAR
O Baitasar é um ajudante rezingão (por ora, se resolveu que está sob as ordens de ninguém) do blog do mauro (continua pensativo, o queixo apoiado nas mãos), sem salário ou qualquer pagamento de serviço prestado (hoje, quase descobri qual serviço ele pode prestar, claro, enquanto tomávamos um chopinho no redor dos espetos com costelinha de pig), é inconformado com essas coisas de desrepeito com as pessoas.
Pergunto se não consegue esquecer, ele me responde que o desacatamento com a verdade sobre as pessoas é má fé bem pensada. Retruco que não entendi
"Guri, toma mais um gole deste chopinho e presta bem tua atenção."
Ergo a caneca suada e faço da ordem dele a minha vontade
"Isso, agora me escuta. Eu posso dizer do privilégio que foi estar vivo no tempo do Pelé e Lula ou Lula e Pelé. Tenho orgulho de ter visto o negão jogar, com esses olhos que o fogo vai queimar, no vivo do estádio, ali, respirando o mesmo ar, sentido o mesmo cheiro daquela grama verdinha, ouvindo seu gritos de pedir a bola (artefato de piada para uns e de guerra para tantos outros) e ver o jeito de alívio da pelota respirando nos pés do negão. Eu sabia que o coração da gorduchinha se acalmava e obedecia a trajetória determinada pelos chutes ou passes do homem encantado. Eu posso dizer que assisti o rei jogar."
Ergo a caneca e proponho um brinde ao rei do futebol
"Viva o Pelé, sua majestade!"
O chopp desceu redondinho. Fecho os olhos e vejo o negão ali, no gramado, matando a bola no peito, deixando escorregar pelo seu corpo até o chão verde e chutar com o peito do pé. Gooool
"É isso, foi lindo de ver. E tenho mais orgulho de viver esse tempo, com um homem que vai ser sempre lembrado pelo seu povo, como uma criança que saiu lá de dentro das Vidas Secas do Graciliano Ramos para redimir seu povo da miséria. Antes do Lula, os infelizes tinham caminhado descalços, sangrando quinhentos anos inteiros, estavam cansados e famintos. A caatinga estendia-se de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas, quando resolveram de supetão aproveitá-lo (papagaio) como alimento... os miudinhos, perdidos no deserto queimado, os fugitivos agarraram-se, somaram as suas desgraças e os seus pavores. Ali, por quinhentos anos só existiu injustiça social, miséria, fome, desigualdade, seca, o que me remete a idéia de que o homem se animalizou acima das condições sub-humanas de sobrevivência dos seus semelhantes."
Também vi, ouvi e participei desta mudança. Ergo a caneca e proponho um brinde ao cara
"Viva o Lula, nosso Presidente!"
O chopinho está delicioso, desce redondo, redondinho. Fecho os olhos e ali está o cara sendo aplaudido de pé, por Presidentes e Reis, pelo seu povo... Baitasar, por que essas grandes corporações de mídia fazem tanta campanha de ódio, o cara é tão amado pelo povo como o Pelé, reverenciado e respeitado no mundo
Ficamos em silêncio, até que ele pega o seu bloco de notas e lápis, deixa o choppinho sobre a mesa, dá um longo e demorado suspiro. Estala os beiços, esfrega os olhos e joga os ombros pra trás, fica todo ereto. Empurro a conversa na sua direção... Baitasar, tanto o Lula como o Pelé fizeram essa gente ganhar muito dinheiro, um jogando bola e o outro governando esse País
"É simples, guri. O Pelé continua o negão do futebol, o maior e o melhor jogador de bola, o rei num campo com um gol em cada uma das extremidades, e cujo objetivo é fazer entrar a bola dentro do gol defendido pelo adversário. Toda vez que saiu do seu papel de chutador foi referenciado assim, 'Pelé, calado, é um poeta'. O Lula? Esse cara ousou sair do seu papel, nordestino desfiado nas páginas de Graciliano Ramos, metalúrgico e líder sindical. Mostrou que os miseráveis só são miseráveis por causa dos seus governantes."
É simples assim, Baitasar...
"Esse mundo sempre foi apodrecido."
De qualquer jeito, disse que coloco, embaixo desta nossa conversa, o CLIQUE do nosso Presidente, aplaudido por Presidentes e o Rei de Espanha, todos em pé.
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