terça-feira, 7 de dezembro de 2010

estamos trocando um domingo pelo outro(?)... só o controle remoto não resolve(!)

Record e SBT mais próximos podem enfraquecer Globo

Jornalismo B


Já há mais de ano começou a ser construído um novo império da comunicação no Brasil: o grupo Record. O empresário Edir Macedo resolveu transformar sua empresa de mídia em um gigante, proporcional ao tamanho de sua empresa religiosa, a Igreja Universal. A Record começou a desafiar a Rede Globo, às vezes abertamente, e passou a disputar com os Marinho a hegemonia da comunicação brasileira, desde a transmissão de eventos esportivos até a produção de entretenimento e programas jornalísticos.

Na campanha eleitoral deste ano, a Record esteve, junto com o SBT, próxima à campanha de Dilma Rousseff (PT), embora não em campanha quase aberta como a Globo esteve em relação ao outro candidato, José Serra (PSDB). Fato é que as duas gigantes estiveram novamente em lados opostos, e que Dilma venceu. No meio de tudo isso, o Banco Panamericano, de propriedade de Silvio Santos, quase quebrou, e começou a ser salvo ao mesmo tempo em que o SBT ajudava o PT a desmascarar a famosa “farsa da bolinha de papel”, montada por Serra e pela Globo.

Distantes nos últimos anos, Record e SBT têm se reaproximado. Vale lembrar que Edir Macedo assumiu sua emissora comprando 50% dela de Silvio Santos. Agora, com a proximidade do aniversário de 80 anos de Silvio, o Domingo Espetacular, um dos programas de maior audiência na emissora do bispo, faz uma homenagem de 47 minutos ao dono do SBT.

Veiculada em um programa jornalístico, a matéria conduzida por Marcelo Rezende pouco tem de reportagem, passando pouco de uma homenagem. Mesmo as polêmicas envolvendo o “homem do baú” chegam a conclusões totalmente favoráveis a ele, invariavelmente. Uma ou outra entrevista elogiosa (como Wagner Montes, Raul Gil e Sérgio Mallandro), uma pequena propaganda de A Fazendo 4, algumas críticas a Globo. Além de um texto que resume a vida profissional de Silvio Santos e muitas imagens de arquivo, é a isso que se resumem os 47 minutos. O caso do Banco Panamericano é abordado de leve, mas a abertura da homenagem pergunta: “O que é um banco pra quem tem um império e o coração de todos os brasileiros?”. O encerramento, depois dos 47 minutos, repete: “Silvio sempre esteve e eternamente estará no coração de todos os brasileiro”. O personagem é, sem dúvida, interessante, mas porque isso tudo agora e desse jeito?

Ao mesmo tempo em que a matéria é produzida e veiculada, a Record compra a TV Brasil, até então afiliada do SBT em Campinas. Além disso, uma colunista da Folha de S. Paulo noticiou recentemente que Silvio teria recebido propostas de igrejas para a compra de horários no SBT. É difícil precisar em que direção apontam essas movimentações, mas o fato é que a aproximação súbita entre Record e SBT começa a montar uma parceria ainda mais forte para suplantar a hegemonia da Rede Globo. A audiência do Domingo Espetacular chegou a bater a do Fantástico, e foi transferida em parte para o SBT após o término do programa.

O problema é que trocar um domínio por outro não é a solução para a televisão brasileira. Tampouco democratiza efetivamente o espectro televisivo ter duas emissoras privadas dominando a quase totalidade da audiência. Em meio à briga entre Record e Globo,e a movimentações que agora envolvem também o SBT, é fundamental não perder de vista a necessidade de repensar a televisão brasileira.

Postado por Alexandre Haubrich

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