Vereadores do PDT dizem que Projovem foi alvo de quadrilha…de pedetistas
A vereadora Juliana Brizola e o vereador Mauro Zacher, do PDT, trocaram pesadas acusações na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. O motivo da briga: as denúncias de irregularidades envolvendo o funcionamento do Projovem na prefeitura da capital. Juliana Brizola e Mauro Zacher ocuparam a Secretaria Municipal da Juventude no governo Fo-Fo (Fogaça-Fortunati) e suas gestões estão sendo investigadas. A neta de Brizola acusou o grupo político de Zacher de estar por trás das denúncias contra sua gestão. Ela afirmou:
O que eu quero dizer para vocês e que é muito importante aqui retratar é o que está por trás dessas denúncias. Denúncias que vêm mascarar o verdadeiro período em que esta Secretária, sim, foi alvo de uma quadrilha. Quadrilha essa que foi denunciada pela Polícia Federal – por formação de quadrilha e enriquecimento ilícito. Foram nove pessoas indiciadas. Não é uma denúncia, não é mais uma investigação; foram nove indiciados.
Talvez, para esse grupo isso não tenha muita importância, porque eles caminham por aí, pelos corredores, fazem política como se nada tivessem nas costas. Realmente para eles não deve ser nada, porque muitos desses nove, que estão indiciados pela Polícia Federal, têm um homicídio nas costas, já foram processados por um homicídio! O que esperar dessa gente? Vejam com quem eu estou me metendo!
(…) Quero dizer para vocês que não tenho medo da verdade. Abram as minhas contas, abram as minhas linhas telefônicas, investiguem a minha vida, conheçam a minha família, saibam de onde vim e o que aprendi. (…) Estou entrando aqui com um Requerimento de instauração de CPI na Secretaria Municipal da Juventude. Tenho certeza, Ver. João Antonio Dib, de que o senhor compreende a minha questão, como Líder do Governo que é. Tenho certeza de que o Prefeito Fortunati, para o bem do seu Governo e para limpar essa gente sórdida que permeia o PDT, também vai apoiar essa CPI.
Zacher respondeu as acusações dizendo que também assinaria o pedido de CPI e que há gravações sérias de corrupção envolvendo a gestão de Juliana Brizola:
Não fui eu que quis isso. As denúncias são graves, a imprensa está cobrindo, mas também está amordaçada, porque nós sabemos que houve influência de pessoas que não deixaram sair tudo o que deveria sair. Mas que bom, o nosso Partido tem que sair fortalecido disso. Agora, se V. Exa. está pedindo uma CPI, não ache que nós não estaremos dentro. Nós estaremos dentro, porque queremos também a verdade! O que há, sim, o que acompanhamos pela imprensa, é uma outra operação, chamada de Operação Açorianos, onde há gravações sérias de corrupção, onde há denúncias de propinas, onde há devolução de dinheiro de CCs! Mas o que é isso? (…) A quadrilha que a senhora coordena quase matou um assessor meu na campanha eleitoral.
Eu quero dizer a V. Exa. que vou também assinar essa CPI, porque quero escutar cada um cada um daqueles servidores; porque quero ir também a esse Promotor e saber quem foi que devolveu dinheiro – doa a quem doer, Ver. Thiago!
Em outubro de 2009, a Polícia Federal indiciou nove pessoas por envolvimento em irregularidades no contrato de execução do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem) em Porto Alegre. O inquérito da Polícia Federal resultou de informações e documentos apreendidos na Operação Rodin, que apurou fraudes no Detran. Segundo as investigações, o contrato do Projovem, que deveria ser executado pela Fundae (também envolvida na fraude no Detran), foi repassado a uma empresa privada, caracterizando fraude em licitação. O valor do contrato foi de cerca de 11 milhões de reais entre os anos de 2005 e 2007.
Segundo o MPF anunciou na época, do total desses R$$ 11 milhões que a prefeitura recebeu do governo federal, cerca de R$ 10 milhões teriam sido repassados a Fundae, contratada sem licitação para operá-lo. A Fundae, por sua vez, teria contratado a Pensant Consultoria, de modo similar ao que ocorreu no Detran. Na época, o responsável pela aplicação dos recursos do Projovem em Porto Alegre era Mauro Zacher, secretário da Juventude na prefeitura da capital. Após as denúncias de irregularidades na execução do programa, Zacher deixou a Secretaria da Juventude e reassumiu sua cadeira na Câmara de Vereadores de Porto Alegre.
Ao todo, a Secretaria Municipal da Juventude está sendo alvo de quatro investigações por diferentes órgãos dos ministérios públicos Estadual e Federal, envolvendo as gestões de Mauro Zacher, Juliana Brizola e Alexandre Rambo, marido de Juliana e secretário até hoje (deve ser afastado). A denúncia mais recente – de desvio de recursos – partiu da ex-secretária-adjunta de Juliana, Adriane Rodrigues, que integra o Diretório Nacional do PDT. A troca de acusações em público deve resultar na instalação de uma CPI na Câmara Municipal para investigar as denúncias envolvendo o Projovem. Na tarde desta segunda-feira, 16 vereadores já tinham assinado o pedido para instalar a comissão (seis a mais do que o necessário).
Foto: Vereadora Juliana Brizola (PDT) entrega pedido de abertura de CPI ao vereador Bernardino Vendruscolo (Mariana Fontoura/CMPA)
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