quinta-feira, 21 de junho de 2012

o futebol nem é tão importante, mas os personaGens...


Dorival Junior está com o prazo de validade vencido


Milton Ribeiro

Participo há anos de algumas listas e grupos (antes, no falecido Orkut, eram comunidades) de torcedores do Internacional. Há listas mais e menos qualificadas, há as mais equilibradas e as decididamente malucas, há as que incluem conselheiros do clube e as só de torcedores. Não leio tudo e já sei de quem eu gosto: gosto daqueles caras que assistem aos treinos. Não é pouca gente, não. E não são apenas aposentados, estudantes ou desocupados: quem vai a treino é o pessoal que trabalha à noite. Dormem em algum horário do dia e têm como diversão ver os treinos de seus times. Desta forma, mesmo sem passar manhãs ou tardes no Beira-Rio, conheço o estilo de trabalho de cada treinador. Para não falar de todos, vamos nos deter em três bons e três ruins.

Sem dúvida, Muricy Ramalho é o melhor que passou pelo Beira-Rio. Trabalha muito, é atento e amigo dos jogadores. Durante os jogos, faz substituições consequentes. Abel vem logo depois, disputando o primeiro posto com Muricy, Também amigo dos jogadores e muito trabalhador, é menos angustiado, mas é muito mais teimoso. Inventa coisas que quer ver funcionar de qualquer jeito, mesmo que a prática demonstre o contrário. E insiste. O principal é que os times destes dois treinadores trabalham tanto que o fundamento do passe e do deslocamento sempre é bem feito. E esqueçam, vocês nunca verão uma equipe treinada por eles chegar perto de uma segunda divisão ou mesmo de um mau campeonato. Os caras são dedicados mesmo. No terceiro posto, viria o uruguaio Jorge Fossati. Este parece trabalhar por objetivos. Em semanas de jogos pouco importantes, é capaz de suspender treinos para contar histórias e transforma as atividades táticas em palhaçadas. Mas é muito bom técnico, o líder tabagista Fossati.

Daí para baixo a coisa piora muito. Roth ofende os jogadores. Descontrola-se com facilidade e é retranqueiro. É treinador para as horas difíceis, quando consegue falar ao amor-próprio dos boleiros. Já Dorival Junior é o preguiçoso da turma. Prefere jogadores disciplinados e treina mesmo é a diretoria, com quem costuma se relacionar muito bem — mas dele falo mais depois. E Falcão é o pior de todos, pois não consegue repassar seu enorme conhecimento ao grupo de trabalho. É o Rei das Entrevistas, mas os boleiros não o compreendem, apesar de Falcão ter sido um deles. Várias vezes li meus correspondentes dizerem: ele pede uma coisa, insiste, os caras fazem outra.

Hoje estamos sob o “comando” de Dorival. O Genetal Dorrival não gosta de indisciplina. Fala publicamente mal de que o contesta, estabelece punições. Porém, na hora do treino, deixa a coisa rolar e fica conversando. O resultado óbvio da falta de trabalho é que o time não tem dinâmica, é inconsistente do ponto de vista tático, deixa espaços ao adversário e, fundamentalmente e faz aquilo que nenhum time do trio Muricy-Abel-Fossati comete: ERRA PASSES E MAIS PASSES. A partida contra o Botafogo deixou tudo claro: o grupo passou uma semana “treinando” com Dorival — na verdade, eram coletivos mal e mal vistos pelo treinador — e, no final de semana sofreu uma derrota indiscutível contra um adversário bem melhor do que os reservas. Estratégias, jogadas ensaiadas? Não, nada, nunca.

Além disso, uma nova característica uniu-se às citadas: seu comportamento sem convicções e pusilânime durante os jogos. No sábado, o Inter vencia por 1 a 0. Era um milagre, porque o Fogão nos massacrava. Então saiu o gol de empate. Contrariando seu estilo dito “ofensivista”, Dorival chamou Elton, uma de suas ovelhas mais disciplinadas e sem sal, para entrar em campo. Como jogador, Elton é um péssimo volante. A ideia era a de fechar o meio-de-campo… Foi vaiado e chamado de burro COM RAZÃO pela torcida. Quando já estava todo baratinado, olhando para todos os lados, ocorreu o fato que o salvou e enterrou de vez o time: o Bota fez o segundo gol e ele desistiu de Elton.

Eu ouvi o jogo pelo rádio, mas como vejo muito o Inter, sabia o que estava acontecendo. Os comentaristas das três emissoras diziam o mesmo. O Botafogo tem cinco no meio-de-campo, está em maioria contra os quatro do Inter. Como solução, Dorival deveria avançar Fabrício e/ou Nei para o meio a fim de tentar equilibrar a briga pela bola. Afinal, lá atrás tínhamos quatro jogadores contra um do Fogão, Herrera.

Ou Dorival não se apercebeu do fato ou os jogadores nunca tinham treinado aquele movimento. Mas o pior da falta de treinos não é nem a impossibilidade de mudar taticamente, é o time não manter a bola consigo, errando passes lamentavelmente. Como disse Andrade — e esse aí entende da coisa — , quem não tem a bola corre o dobro. Está na hora da troca, novamente. Já deu para ver que Dorival não vai funcionar e sua relação com o grupo — vide Fabrício — vai de mal a pior. Sua saída será um alívio para os jogadores e a torcida. Minha sugestão? O caríssimo Dunga ou o barato e bom Paulo Porto.




Dorival Junior dirigindo-se a um treino: animação contagiante

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