quinta-feira, 4 de novembro de 2010

contraponto

Eu e Lula


Contraponto
 
O ano era 2002. A primeira eleição presidencial que eu “acompanhei” (entenda por conhecer os candidatos). Era pequeno, então não me lembro de detalhes. Não lembro da Carta aos Brasileiros, nem da Regina Duarte. Mas lembro claramente da verdadeira “onda vermelha” que tomou conta das crianças na época: todos só gostavam do Lula.


Algumas pessoas argumentavam que ele já tinha sido preso, ou que não tinha completado o colégio (é claro que crianças não iam falar da estabilidade econômica), mas nós tínhamos respostas prontas. Tinha que ser o Lula, não tinha outra opção.

Lembro da minha decepção ao ver o presidente, supostamente um homem honrado, dizendo que apoiava o Serra.

Lembro de usar feliz o adesivo do PT no peito.

E lembro do meu pai anunciando, orgulhoso, que um operário tinha sido eleito presidente.

Não lembro as reações iniciais ao governo. Mas em 2005 eu comecei a “ler” (ver a capa e folhear) a Veja, então eu fui pego em cheio pela crise do “mensalão”.


Eu não lia todas as matérias, nem entendia completamente o que estava acontecendo, mas o bombardeio midiático era tão grande que eu fui facilmente tomado por aquele espírito de indignação. Repetia as manchetes e os bordões da Veja, pedia o impeachment do presidente.

Foi assim que eu cheguei à eleição, agarrado aos ideais da mídia. Bradava contra o mensalão, os sanguessugas, Palloci, os aloprados.







Lembro de ficar indignado com quem votava no Lula. Como podiam ignorar tudo aquilo? Alckmin era o homem certo, não tinha dúvidas.


Fui votar com meu pai. Digitei no número 13, só pra poder digitar “corrige” e depois votar no Alckmin. Me sentia no ápice do processo democrático.

Quando a vitória, considerada certa, não veio, não lembro como reagi. Acho que senti raiva, vendo aquelas pessoas sendo enganadas.

Continuei assim por um tempo. Lembro de “apoiar” os candidatos da mídia (Kassab e Gabeira) nas eleições municipais de 2008. Acho que cheguei a falar que ia votar no Serra, pra impedir a vitória da Dilma.

Mas tudo mudou quando conheci o site Vi o Mundo, no final do ano passado. “O que você nunca pode ver na TV”, dizia. Achei exagerado, mas passei a ler. Era um ponto de vista diferente do que eu estava acostumado, mostrava o outro lado.

Rapidamente, comecei a acompanhar vários blogs da dita “blogosfera independente”. Comecei a ver quem eram realmente Serra e a sua turma; mas ainda tinha certa resistência ao apoio que eles davam a Lula e Dilma, não conseguia esquecer anos de ódio ao governo petista.

Com o tempo eu percebi como a grande mídia distorce os fatos de acordo com seus interesses (as vezes inventa mesmo); como eu tinha sido manipulado durante esses anos.

É um golpismo, claro e explícito, que você percebe lendo sites como o Vi o Mundo, o Blog da Cidadania, Blog do Jorge Furtado, Carta Maior, Tijolaço, entre outros, além da revista Carta Capital.

Em alguns meses, mudei radicalmente minhas opiniões políticas: quem odiava o presidente logo se viu defendendo ele em discussões na escola.

Hoje não visto a camisa de nenhum partido ou candidato, o que precisa ficar claro. Mas, partindo do ponto que nenhum governo é perfeito, apoio o governo Lula, por acreditar que ele apresentou uma série de avanços, com suas políticas sociais, o fim do alinhamento automático com os EUA na política externa, valorização do Estado na economia, entre várias outras mudanças.

Também fico indignado com a manipulação e o golpismo da mídia, principalmente porque eu já fui atingido por esse crime.

E admiro muito a trajetória de vida desse homem, inigualável.



Não posso deixar de comentar: será que daqui há uns anos mudarei de ideia de novo? Será que vou lembrar dessa eleição e me arrependerei de meu voto? Não descarto essa possibilidade.


"O tempo é o senhor da razão", dizem. Nos vemos em 2014, então.

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