quarta-feira, 3 de novembro de 2010

felicidade sem ilusão

Vitória de Dilma: felicidade sem ilusão

Chapéu do Sol

À nossa próxima representante: sorte e luta ideológica

Ninguém que aqui escreve votou 13 no primeiro turno. A nossa visão acerca de governo e sociedade é orquestrada mais à esquerda. Embora resquícios dessa esquerda ainda estejam, vamos admitir, bastante vivos dentro dos ideiais petistas ou, pelo menos, em alguma parte da sua militância, Dilma Rousseff (ou, mais propriamente, o PT) não contempla tudo isso de uma maneira geral. Temos um pouco o que comemorar, apesar. A derrota da direita troglodita – representada pelo tucano José Serra e seus amigos dos partidos que apoiaram a ditadura militar -, a melhora na politização da população como um todo e o fracasso da grande mídia em eleger o seu candidato favorito são exemplos. Este último, então, é extraordinário.

Durante os meses de campanha, travou-se um duelo onde saímos vencedores. O Chapéu do Sol, ainda franguinho, não intrometeu-se com afinco e nem era esse o seu objetivo. Apesar de alguns artigos denunciarem o nosso lado, nossa participação restringiu-se a explanações de pensamentos que iam de encontro à grande mídia golpista, apenas. Coube a espaços como o Cloaca News fazer frente nessa luta diária e, enfim, serem recompensados com a vitória do 13 nas urnas. Vencemos, portanto, porque a grande mídia perdeu (como escreveu Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa); vencemos, portanto, porque o povo saiu valorizado.

Todos que aqui escrevem cravaram no um e no três no segundo turno. Acontece que não nos iludimos. As questões da reforma agrária, da união civil homossexual, da descriminalização do aborto e das drogas ficarão estagnadas – com a ajuda desse sistema político conservador que impede esses avanços e, por óbvio, do grande PIG (Partido da Imprensa Golpista), que não se preocupa com esses assuntos mesmo quando eles estão em pauta no governo. Não se preocupa pois a população não é o interesse; o interesse é o lucro. É por isso que jornalismo de verdade não se encontra em qualquer jornaleco do tipo Zero Hora.

Apesar dos pesares, temos consciência que o governo de Dilma Rousseff vai continuar as boas políticas lulistas. Torceremos, agora, para que seja mais ágil nessas questões cruciais. Dilma deve favorecer a politização do povo, e não a estagnação cultural dele. Falta mais diálogo, mais participação popular. O engessamento dos movimentos sociais deve ser quebrado. Tem gente trabalhando por isso em Brasília e Dilma Rousseff precisa agitar a sua verdadeira bandeira – defender as suas ideias e não ser manipulada por estratégia partidária (como foi durante a campanha, quando, por exemplo, estranhamente abraçou uma causa religiosa retrógrada).

Por fim, os quatro parágrafos acima sintetizam o pensamento desse veículo. Uma tentativa de continuação tornar-se-ia enfadonha. O fato é que desejamos boa sorte ao novo governo – com mais luta ideológica e sem amarelar pra direita. E, falando em “amarelar”, o último parágrafo do último artigo do portal fabicano Amarelo Tráfico, escrito por André Araujo, vem bem a calhar:

  • a dilma ganhou, mas nem por isso deixo de me sentir mal. estou eufórico, claro, por dezenas de outras vitórias que vieram junto nessa eleição: mídias independentes, povo politizado, morte do conservadorismo arcaico. mas junto com essas vitórias, muitas derrotas vieram de carona, e é nelas que devemos deter nosso olhar nos próximos quatro anos. pelo menos é o que eu farei, com o pouco que tenho em mãos. espero que meus amigos jornalistas, que estiveram comigo nessa pseudo-campanha que organizamos aqui no amarelo, dividam dessa opinião e que consigamos manter o amarelo como o veículo totalmente INDEPENDENTE que ele sempre foi. é isso, um abraço.

Posted in: Editorial

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