PIG: contagem regressiva
Terror do Nordeste
Você se considera-se antenado? Reconhece que a mídia manipula a informação de acordo com seus interesses ou de grupos a ela associados? Certo… Isso não é mais novidade para muita gente. Mesmo assim, não estamos imunes à manipulação, pois nem sempre reconhecemos sua sutileza.
Não fosse o cinegrafista do SBT e a edição correta do episódio “bolinha de papel”, iria prevalecer a versão de que Serra fôra vítima do “ódio petista”. O ataque “mortal” ao candidato teria sido atestado pelos médicos e pela reportagem fajuta do Jornal Nacional, onde o “perito” Ricardo Molina “provou o crime”. Sua campanha plantaria a violência usando camisetas do PT nos comícios e tudo seria distribuído ao público na TV e nas manchetes das bancas de jornal. Os marqueteiros trariam à tona as mentiras associando o PT ao narcotráfico e às Farc, associando Dilma a assassinatos na época da luta contra a ditadura… e assim por diante.
Na Copa de 86, o gol de mão de Maradona contra a Inglaterra levou a Argentina às finais e ao título. As TVs viram o que o juiz não viu. E apesar do gol ter sido validado, Maradona ficou marcado para sempre por ter fraudado o lance.
A farsa de Serra que só o SBT denunciou e o gol de mão de Maradona que só o juiz não viu, mostraram a verdade dos fatos e decidiram destinos. Estamos sempre dependendo da versão de quem nos transmite (ou omite) a imagem e o texto dos fatos. Isso acontece o tempo todo. As vezes em favor da verdade. Noutras, da mentira.
O poder da mídia é imensurável. Fez as bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki parecerem autodefesa – quando, na verdade, a Segunda Guerra Mundial já havia terminado e o Japão já estava derrotado. Morreram mais de 250 mil civis no “teste” e outros milhões em consequência da radiação nuclear.
No Brasil, os governos e a mídia sempre viveram uma doce lua de mel. Folha, Estadão e Globo criaram o ambiente para o golpe de estado em 64 e apoiaram todos os governos que se seguiram. A partir de Lula, tudo mudou: seu governo era indesejado pelas elites e foi combatido desde o primeiro dia. Lula não os enfrentou no início porque não tinha a força da aprovação popular. E não os enfrentou no final porque tinha aprovação de sobra!
Dilma Rousseff nem tomou posse ainda. Mas continua a ser agredida e desrespeitada pelo PIG. O “jornalista” Josias de Souza, da Folha de S. Paulo, já mostrou que uma das frentes de ataques contra a presidenta será de ordem machista. Previsível, o blogueiro já havia dado demonstrações de sua “virilidade” quando publicou a charge do Nani.
Outro exemplo de como o governo Dilma será tratado pela imprensa foi a invenção de uma crise por causa do erro de impressão em 0,05% das provas do Enem. É um problema minúsculo e simples de resolver. Não merecia mais do que uma nota de rodapé. Mas como não perdem uma única chance de desqualificar o governo petista (neste caso o Ministério da Educação) – amplificaram o fato e o mantém nas manchetes já há duas semanas. Querem que o exame seja cancelado ou refeito a todo custo. Imaginem o que seria por em risco o trabalho de um ano de 4 milhões de estudantes? Um belo estrago para um começo de governo Dilma. Certo?
Estas ações que tentam forjar crises, criar factoides, alimentar o ódio e preconceitos não terão fim se o governo Dilma não enfrentar o problema desde o primeiro dia. Caberá dar nome aos bois e iniciar os processos do marco regulatório dos meios de comunicação. Também deve investir pesado em novos veículos de mídia. Deve impor limites ao monopólio imoral que vem sendo praticado e seu uso político contra os interesses da maioria povo brasileiro. Deve implantar o direito de resposta, na mesma medida, para as mentiras, calúnias e difamações produzidas ou veiculadas na mídia.
O governo deve lembrar e esclarecer a quem nunca soube, que o funcionamento das rádios e TVs é concessão pública com finalidades educativas, culturais e informativas. Ou seja, permissão concedida pelo governo à empresa de comunicação para atuar no Brasil. E a concessão, como nos países mais desenvolvidos do mundo, não é eterna e está sujeita a um conjunto de regras, podendo até ser suspensa. As regras estão na Constituição Brasileira. Precisam virar LEI. E antes de mais nada, essas Leis estão a anos-luz de distância de caracterizarem-se como censura.
Por outro lado, há uma tendência irreversível de convergência dos meios de comunicação eletrônicos digitais. É uma questão de tempo para que rádios e TVs se integrem à Internet da mesma forma que o computador e o celular. O fluxo de informação, cultura e entretenimento terá múltiplas vias e as ferramentas de produção e transmissão de conteúdos deverão ser acessíveis a um espectro maior e mais diverso da sociedade. PNBL – Plano Nacional de Banda Larga – será realidade, garantindo acesso de alta qualidade em todo o território nacional.
O PNBL e a regulamentação das comunicações vão doer no fígado do PIG. O porco vai berrar e estrebuchar. Mas é uma ação necessária para conquistarmos a liberdade de expressão verdadeiramente democrática.
Num cenário assim, José Serra – que atualmente é o exemplo mais desonesto da política brasileira – não valeria um tostão furado.
Fonte: O que será que me dá?
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