sexta-feira, 25 de junho de 2010

A volta de Lula Miranda

Postado no blog da Cidadania
A noite estava fria e eu e a esposa saíramos do hospital em que nossa filha estava internada para fazermos um lanche rápido e desfrutar um da companhia do outro, pois já estávamos no meio da noite e havia dias que não tínhamos um tempo só para nós.
Eis que, na estrondosamente barulhenta avenida Paulista, sobrepondo-se ao ribombar dos escapamentos e das buzinas, ouço a voz tonitruante de Lula Miranda.
Magro, quase um metro e oitenta de altura, meia idade (como yo), com seus longos cabelos e seu sotaque de bom baiano, chama-me o nome com pompa e circustância:
Eduardo Guimarães!
Voltamo-nos, eu e a Cristina, e lá estava o meu amigo, quem, da última vez em que nos falamos – e foi ao telefone no fim de 2007, se não me falha a memória –, dissera-me de seu desalento com a política no país, com o “fla-flu”, entre outras razões que alegou para parar de escrever…
Lula Miranda é poeta e cronista, entre outras coisas. É colaborador da imprensa alternativa (publicou, por muitos anos, artigos no site da revista Caros Amigos, no Observatório da Imprensa e na Agência Carta Maior). E é, também (segundo as suas próprias palavras), um “militante da utopia”. Lula me disse, naquele dia na Paulista, há algumas semanas, que se animara de novo a escrever – ele parou por uns dois anos, pelo menos. E disse que decidira que sua volta se daria no blog de Eduardo Guimarães.
Tenho, portanto, o prazer de fazer as honras para a volta de Lula Miranda ao debate político nacional. Abaixo, seu artigo de (re)estréia.

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Os militantes da utopia

Tenho acompanhado na “blogosfera” notícias de reuniões (acho que duas já foram realizadas) que alguns dos chamados “blogueiros independentes” têm participado visando formatar e realizar um encontro nacional que, me parece, será em Brasília no mês de agosto. Está aí uma iniciativa para lá de oportuna e, ousaria dizer, fundamental nesse momento atual que vivemos. Pois é inegável que a “blogosfera” está pouco a pouco colocando uma pá de cal na mediocridade e na “sabujice” da grande imprensa.

Temos mesmo que estar, todos, vigilantes e colocar, com muita paciência e esmero, mais esse pequenino tijolo na construção de uma mídia o mais próxima possível do que seria uma imprensa verdadeiramente livre e democrática – sem o jugo dos empresários, dos partidos ou dos oligarcas dos grandes veículos de comunicação que se travestem de imprensa “livre” e “pluralista”(livre?! pluralista?!onde?!). Uma utopia?

Nós, leitores e militantes da chamada mídia independente (ou alternativa, progressista… o leque de adjetivações é vasto), devemos estar na melhor sintonia possível e devidamente “antenados”, pois, bem sabemos, não devemos nos iludir: os jornalistas, editores e publishers dos “jornalões”, a grande imprensa, o “PIG” [como bem imortalizou um leitor do blog de PHA] estão ”afinadíssimos” e em plena campanha para, nesse primeiro momento, estrategicamente, “encher a bola” da candidatura da Marina enquanto, “no paralelo”, fazem críticas tendenciosas/capciosas ao atual governo (e à sua candidata) e, sem pudor algum, fazem campanha escancarada para o candidato da oposição [o arrogante, o autoritário, o ilusionista, o fadado à derrota, segundo a nossa forma de ver o mundo; e , segundo eles, o "competente", o "preparado"]. Ou até mesmo, ardilosamente, de modo sub-reptício, mudar/inverter a pauta plantando, dia sim dia também, notícias e manchetes sobre supostos “dossiês” gestados nos porões soturnos e fétidos das gestapos daqueles que fazem política de modo sórdido – a mesma máfia que armou as arapucas do caso Lunus (caixa 2 da campanha de Roseana Sarney) e dos chamados “aloprados”.

A desfaçatez, o moralismo e o “denuncismo” seletivos, a arrogância alienada e a falta de pudor (ou seria falta de ética?) da grande imprensa é algo estarrecedor, vergonhoso até.

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