Somos andando
Começou ontem a I Brigada Internacional contra o Terrorismo Midiático, em Cuba. Tem gente de diversos países, muitos brasileiros, vários gaúchos. Quase quase que eu fui. Fora a programação, muito bacana, eu queria ver aquilo que a vida inteira só ouvi falar. E ouvi de muitos jeitos, quase todos visivelmente distorcidos, pra um lado ou pra outro.
Não estou lá agora, infelizmente, vendo a “revolução” com meus próprios olhos, mas tenho informações privilegiadas. A jornalista Stela Pastore garantiu mandar notícias sempre que der, com aquele olhar matreiro de quem quer descobrir a ilha de Fidel enquanto ela ainda é a ilha de Fidel, de quem quer entendê-la, não de quem quer só falar bonito ou vender livros. Ontem chegou a primeira comunicação. Pela rapidez com que foi escrito e pela falta de acentos no teclado, dei uma ligeira editada, mas sem mudar a essência do texto da Stela.
Agora são 20 horas em Caimito, 45 km de Havana. Acabamos de ter a primeira reunião antes da programação oficial que inicia amanhã cedo. Fiz uma pequena nota, apressada, que segue abaixo para o caso de algum aproveitamento por aí.
O que posso dizer é que as impressões são as melhores. É tudo muito arrumado, com paisagismo, cuidado, limpo, as casas pintadas, os prédios em recuperação. Não há nenhuma sensação de velho, de derrubado, de derrocada. Muito, muito pelo contrário. Acho que o convênio com a Venezuela também deve estar ajduando muito. Vou aprofundar as pesquisas nos próximos dias.
Bueno, é maravilhoso. Fomos a Varadero – a 180 km - segunda e hoje a Havana. Fomos com uma van da Cubataxi, ‘empresa governamental’, com quase toda nossa delegação mais um iraniano de 26 anos, um salvadorenho e uma francesa que só fala francês!
A cidade é ótima, o mar do Caribe em Varadero foi a melhor água que já vi e senti. É bonito mesmo. A máquina está sem bateria porque chegamos há pouco de Havana e me gastei em fotos. A sensação ao voltar na van foi um estalo. Aí me dei conta que não havia tido qualquer sentimento de consumo, nenhum apelo, nenhuma lojinha, nada.
Fui à bodeguita do Hemingway e tinha um grupo tocando às duas da tarde. Luxo!
Os cubanos são sérios e gentis, gentlemans.
Agora estou no Cijam (Acampamento Julio Antonio Mella, onde os brigadistas foram recepcionados e onde estão alojados em Caimito), há cinco computadores com internet rápida! Sairemos às 6h da manhã para Holguin.
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Cuba atualiza o socialismo
Por Stela Pastore
A revolução é mudança permanente, disse o professor de História Javier Domingues, no encontro de abertura da I Brigada Mundial contra o Terrorismo Midiático que se inicia nesta quarta-feira, em Cuba. Domingues integra o Instituto Cubano de Amizade com os Povos (ICAP), entidade organizadora da atividade que reúne 64 ativistas de 20 países, dos quais 11 são gaúchos. Argentina, Austrália, Alemanha, Coreia do Sul, El Salvador, Espanha, Ucrânia, Turquia, França, Honduras, México, Peru, Tchecoslováquia, Suíça, Irã, Irlanda, Sri Lanka, Venezuela e Canadá têm delegações.
“Disseminar a verdade sobre o que se passa em Cuba é o propósito desta atividade”, reforçou. Integrante do ICAP há 38 anos, Domingues pontuou que Cuba vive um momento de transformação e é um país em dificuldades. “Estamos atualizando o Socialismo, como diz o presidente Raul Castro”, observou aos participantes.
O bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos desde 1962 causa problemas e prejuízos nas mais diferentes areas. “O presidente Barack Obama não modificou a postura imperialista de destruir o exemplo revolucionário cubano para o mundo”, ressaltou o dirigente.
Nestes dois primeiros dias em Cuba, a delegação gaúcha realizou visitas e contatos em Havana e outros municípios próximos. As impressões são unânimes e altamente positivas. As estradas estão em ótimas condições, a limpeza pública é excepcional, as casas são muito bem cuidadas e arrumadas interna e externamente, há máquinas realizando serviços públicos permanentemente. A frota de veículos, mesmo os antigos que existem por aqui em profusão, é muito bem conservada. A educação e prestimosidade dos cubanos é notável. Há segurança e tranquilidade. Andar pelas ruas da capital cubana é uma experiência incomum – nao há apelo comercial. O consumo não pauta o cotidiano.
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