sexta-feira, 20 de julho de 2012

Justiça, acusações, testemunhas...


Yeda no tribunal: “um bom começo”


Após diversas ausências injustificadas, ao longo de vários meses, que levaram o Ministério Público a pedir sua condução coercitiva ao tribunal, a ex- governadora Yeda Crusius finalmente prestou depoimento na tarde da última terça-feira (17), perante a 5ª Vara Criminal do Foro Central de Porto Alegre.
Como já era previsto, Yeda pouco acrescentou para o esclarecimento de denuncias de ações ilegais envolvendo seus assessores diretos, o ex-chefe de Gabinete do Governo do Estado, Ricardo Lied e sua “assessora especial” Walna Vilarins Menezes.
O depoimento de Yeda Crusius foi tomado dentro de uma ação de Exceção da Verdade, pela qual o ex-Ouvidor-Geral da Segurança Pública, Adão Paiani, se defende de acusações de “Crimes contra a Honra” contra o também ex-Secretário da Transparência e Probidade Administrativa de Yeda Crusius, Procurador de Justiça aposentado Francisco Luçardo.
Paiani acusou Luçardo de cometer crimes contra a administração pública, como prevaricação, advocacia administrativa e condescendência criminosa, ao deixar de apurar, administrativamente, irregularidades praticadas pelos então assessores da ex-governadora.
Em seu depoimento, Yeda negou a existência de irregularidades em seu governo, afirmando, no entanto, que a responsabilidade de apurar eventuais desvios era de seu “Secretário da Transparência”, Francisco Luçardo, que tinha delegação para tal e gozava de sua total confiança, e que “se nada foi apurado é porque nada havia a apurar”, segundo a ex-governadora.
Yeda Crusius negou ainda desconhecer a existência de processos contra Ricardo Lied, como uma Ação Civil Pública instaurada para investigar sua interferência em uma operação policial que deveria realizar a prisão do filho do ex-Presidente do DETRAN, Sérgio Buchmann, e a Ação Penal do Ministério Público de Canoas que denunciou o ex-chefe de gabinete e outros integrantes do Governo do Estado na violação do Sistema de Consultas Integradas, a partir de um esquema de espionagem operado dentro de uma sala do próprio Palácio Piratini. Nos dois processos, Ricardo Lied tornou-se réu ainda enquanto exercia suas funções na antessala do gabinete de Yeda.
Ainda segundo a ex-governadora, não existiram irregularidades em seu governo, e as denúncias havidas não teriam fundamento, sendo parte de ações políticas de uma oposição disposta a desestabiliza-la.
Segundo Adão Paiani, “o depoimento da ex-governadora foi emblemático. Pela primeira vez Yeda sentou frente a um juiz para falar sobre denúncias de irregularidades ocorridas durante sua gestão, mesmo que na condição de testemunha. Acredito que já é um bom começo”.
Ainda na terça-feira, foi ouvido também o sargento da Brigada Militar César Rodrigues de Carvalho, réu, juntamente com Ricardo Lied e o Coronel da Reserva da Brigada Militar, Frederico Breitenschneider, na ação penal que denunciou a arapongagem no Piratini. Rodrigues manteve silencio sobre a maioria dos questionamentos feitos, que buscavam esclarecer sua participação, juntamente com Lied, no esquema de espionagem denunciado por Paiani e depois comprovado pela ação do Ministério Público de Canoas.
A instrução do processo segue agora com novos depoimentos em audiência marcada para 28 de agosto, quando deverão ser ouvidos o jornalista Marco Weissheimer, o ex-assessor jurídico da Casa Civil durante o governo tucano, Bruno Miragem, e Ricardo Lied. Segundo fontes do próprio PSDB, Lied atualmente reside em Brasília, onde assessora a direção nacional do partido.

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