Síria
Bashar Al-Assad: “Israel deseja a guerra”
publicada quinta-feira, 09/05/2013 às 20:11 e atualizada quinta-feira, 09/05/2013 às 20:53
Escrevinhador
Assad promete: Síria será "o país da resistência"
Na imprensa dita “ocidental”, o presidente da Síria é tratado como um “perigo” para a estabilidade do Oriente Médio. No entanto, é Israel que viola o espaço aéreo e dá cobertura para a oposição síria (bancada pelas potências ocidentais) - atacando instalações militares sírias.
O homem apontado como ”perigoso” responde com sensatez: Israel queria uma retaliação imediata? Queria abrir as portas para um conflito de proporções maiores? Não daremos esse trunfo aos israelenses. Foi o que disse Assad para a imprensa libanesa.
O “perigo”, talvez, não esteja na Síria. Mas num Estado de Israel cada vez mais refém de facções ultra-religiosas, cada vez mais dependente de sua aliança com os falcões de Washington.
Assad é aliado dos russos. E parece ter aprendido com eles a fazer um paciente jogo de xadrez. Os sírios resistem às tropas mercenárias da oposição (nesse caso, a imprensa “ocidental” não se refere aos mercenários como “terroristas”). E resistem a atacar Israel. Mas o governo Sírio faz um outro movimento: aprofunda a aliança com o Hezbollah. Mais que isso: anuncia que a Síria está pronta para virar o “país da Resistência”. Acompanhe no texto abaixo. (Rodrigo Vianna)
do Vila Vudu (traduzido da Al-ManarTV - Beirute)
O presidente da Síria, Bashar Al-Assad, disse que a Síria tem condições de “satisfazer o desejo dos sírios, e disparar meia dúzia de mísseis contra Israel”, em reposta ao ataque israelense contra Damasco. Mas completou: “todos sabemos o quanto Israel deseja uma guerra, e se os sírios retaliassem estaríamos aceitando a provocação e cometeríamos ato de guerra, equivalente ao que fizeram os israelenses.”
Como noticiou o jornal Al-Akhbar, do Líbano, Assad disse a convidados que “a situação internacional não admite mais uma guerra, que nem Israel nem os EUA podem suportar. Se respondêssemos, teríamos no máximo uma vingança tática. E o que queremos é vingança estratégica: abrir as portas à Resistência e converter a Síria em país da Resistência.”
Assad sobre o Hezbollah
“Depois do ataque israelense, tivemos ainda mais certeza de que já estamos combatendo contra nosso único inimigo. Já identificamos seus soldados e agentes infiltrados em nosso país” – disse o presidente Assad. O diário libanês noticia que Assad também voltou a manifestar alta confiança, apoio e admiração pelo Hezbollah, “organização capaz de pensar e agir com racionalidade, com firmeza e com lealdade. Decidimos fornecer tudo de que o Hezbollah precise. Pela primeira vez, sentimos, com convicção profunda, que partilhamos a mesma situação e o mesmo destino, que o Hezbollah não é apenas um aliado e parceiro para cuja resistência os sírios contribuímos. Assim sendo, decidimos nos aproximar e fazer da Síria mais um país da Resistência, similar ao Hezbollah, para defesa da Síria de hoje e das futuras gerações.”
Funcionário sírio na Turquia
Nesse contexto, o jornal Al-Akhbar citou um funcionário sírio de alto escalão, que disse que “a Turquia agiu como moleque hipócrita e mentiroso, no qual não se pode confiar.”
Sobre o Iraque
Por outro lado, disse o mesmo funcionário sírio, não há qualquer problema na relação entre os governos sírio e iraquiano. “Mas o governo do Iraque parece ter bom controle da situação e vai superando as crises, uma depois da outra, como se vê.” A mesma fonte disse também que a chamada ‘oposição’ iraquiana “não tem qualquer profundidade. A Turquia não tem meios nem recursos para reforçá-la. Trata-se hoje, no máximo, de malas de dinheiro, mas mesmo isso está com os dias contados.”
Sobre a Rússia
O mesmo funcionário do governo sírio disse que “os russos são confiáveis, honestos e têm reconfortado os sírios, e não há problema algum com os russos” – o que comprova o que dizem várias outras fontes, segundo as quais a Síria, enquanto vai conquistando posições em campo, também tem sido bem sucedida em vários acordos políticos. “Seja como for”, a fonte fez questão de ressaltar, “as relações entre Síria e Rússia não são o que alguns supõem q sejam. A Síria não espera coisa alguma dos russos. Os russos, sim, é que contam com que o Exército Sírio avance em campo.”
Sobre o Egito
O mesmo alto funcionário sírio disse ao jornal Al-Akhbar que Damasco vê com bons olhos que o Cairo está voltando a desempenhar o papel de liderança que teve na região, deixando de seguir a Arábia Saudita e o Qatar. Segundo o mesmo diário libanês, “Teerã e Damasco parecem convictas de que o Cairo está-se afastando de turcos e qataris, e pronto para reconsiderar velhas posições que assumiu sobre Iraque e Síria. O governo egípcio dá sinais de disposição para reconsiderar suas políticas internas, no que tenham a ver com o relacionamento com o partido Al-Azhar e grupos da oposição. E o Irã está disposto a trabalhar também nesse campo, oferecendo a própria experiência para ajudar a reconstruir o estado egípcio.”
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Bashar Al-Assad: “Israel deseja a guerra”
publicada quinta-feira, 09/05/2013 às 20:11 e atualizada quinta-feira, 09/05/2013 às 20:53
Escrevinhador
Assad promete: Síria será "o país da resistência"
Na imprensa dita “ocidental”, o presidente da Síria é tratado como um “perigo” para a estabilidade do Oriente Médio. No entanto, é Israel que viola o espaço aéreo e dá cobertura para a oposição síria (bancada pelas potências ocidentais) - atacando instalações militares sírias.
O homem apontado como ”perigoso” responde com sensatez: Israel queria uma retaliação imediata? Queria abrir as portas para um conflito de proporções maiores? Não daremos esse trunfo aos israelenses. Foi o que disse Assad para a imprensa libanesa.
O “perigo”, talvez, não esteja na Síria. Mas num Estado de Israel cada vez mais refém de facções ultra-religiosas, cada vez mais dependente de sua aliança com os falcões de Washington.
Assad é aliado dos russos. E parece ter aprendido com eles a fazer um paciente jogo de xadrez. Os sírios resistem às tropas mercenárias da oposição (nesse caso, a imprensa “ocidental” não se refere aos mercenários como “terroristas”). E resistem a atacar Israel. Mas o governo Sírio faz um outro movimento: aprofunda a aliança com o Hezbollah. Mais que isso: anuncia que a Síria está pronta para virar o “país da Resistência”. Acompanhe no texto abaixo. (Rodrigo Vianna)
do Vila Vudu (traduzido da Al-ManarTV - Beirute)
O presidente da Síria, Bashar Al-Assad, disse que a Síria tem condições de “satisfazer o desejo dos sírios, e disparar meia dúzia de mísseis contra Israel”, em reposta ao ataque israelense contra Damasco. Mas completou: “todos sabemos o quanto Israel deseja uma guerra, e se os sírios retaliassem estaríamos aceitando a provocação e cometeríamos ato de guerra, equivalente ao que fizeram os israelenses.”
Como noticiou o jornal Al-Akhbar, do Líbano, Assad disse a convidados que “a situação internacional não admite mais uma guerra, que nem Israel nem os EUA podem suportar. Se respondêssemos, teríamos no máximo uma vingança tática. E o que queremos é vingança estratégica: abrir as portas à Resistência e converter a Síria em país da Resistência.”
Assad sobre o Hezbollah
“Depois do ataque israelense, tivemos ainda mais certeza de que já estamos combatendo contra nosso único inimigo. Já identificamos seus soldados e agentes infiltrados em nosso país” – disse o presidente Assad. O diário libanês noticia que Assad também voltou a manifestar alta confiança, apoio e admiração pelo Hezbollah, “organização capaz de pensar e agir com racionalidade, com firmeza e com lealdade. Decidimos fornecer tudo de que o Hezbollah precise. Pela primeira vez, sentimos, com convicção profunda, que partilhamos a mesma situação e o mesmo destino, que o Hezbollah não é apenas um aliado e parceiro para cuja resistência os sírios contribuímos. Assim sendo, decidimos nos aproximar e fazer da Síria mais um país da Resistência, similar ao Hezbollah, para defesa da Síria de hoje e das futuras gerações.”
Funcionário sírio na Turquia
Nesse contexto, o jornal Al-Akhbar citou um funcionário sírio de alto escalão, que disse que “a Turquia agiu como moleque hipócrita e mentiroso, no qual não se pode confiar.”
Sobre o Iraque
Por outro lado, disse o mesmo funcionário sírio, não há qualquer problema na relação entre os governos sírio e iraquiano. “Mas o governo do Iraque parece ter bom controle da situação e vai superando as crises, uma depois da outra, como se vê.” A mesma fonte disse também que a chamada ‘oposição’ iraquiana “não tem qualquer profundidade. A Turquia não tem meios nem recursos para reforçá-la. Trata-se hoje, no máximo, de malas de dinheiro, mas mesmo isso está com os dias contados.”
Sobre a Rússia
O mesmo funcionário do governo sírio disse que “os russos são confiáveis, honestos e têm reconfortado os sírios, e não há problema algum com os russos” – o que comprova o que dizem várias outras fontes, segundo as quais a Síria, enquanto vai conquistando posições em campo, também tem sido bem sucedida em vários acordos políticos. “Seja como for”, a fonte fez questão de ressaltar, “as relações entre Síria e Rússia não são o que alguns supõem q sejam. A Síria não espera coisa alguma dos russos. Os russos, sim, é que contam com que o Exército Sírio avance em campo.”
Sobre o Egito
O mesmo alto funcionário sírio disse ao jornal Al-Akhbar que Damasco vê com bons olhos que o Cairo está voltando a desempenhar o papel de liderança que teve na região, deixando de seguir a Arábia Saudita e o Qatar. Segundo o mesmo diário libanês, “Teerã e Damasco parecem convictas de que o Cairo está-se afastando de turcos e qataris, e pronto para reconsiderar velhas posições que assumiu sobre Iraque e Síria. O governo egípcio dá sinais de disposição para reconsiderar suas políticas internas, no que tenham a ver com o relacionamento com o partido Al-Azhar e grupos da oposição. E o Irã está disposto a trabalhar também nesse campo, oferecendo a própria experiência para ajudar a reconstruir o estado egípcio.”
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