sexta-feira, 31 de agosto de 2012

violência contra a mulher: Basta!


Caminhada do “Basta de Violência contra a Mulher” vai ser domingo


31/08/2012


Informações do CDES-RS

Marcha é uma reação ao grande número de assassinatos ocorridos neste ano, que já superaram os índices de 2011

A gente geralmente vê estatísticas e não enxerga as pessoas por trás, mas a violência contra a mulher é um problema bem sério da sociedade. O Brasil é o sétimo país do mundo onde mais ocorrem assassinatos de mulheres. Não dá, né? Por isso, domingo (2), vai ter uma caminhada na Redenção, em Porto Alegre, com o lema “Basta de Violência contra a Mulher”, dando início a um conjunto de ações para reduzir as agressões e mortes e promover a igualdade de gênero. A concentração vai ser na frente do Monumento ao Expedicionário, às 10h30.

Durante a caminhada será divulgada uma carta de recomendação contendo sugestões destinadas a diversos órgãos ligados ao Poder Público ou à sociedade civil.

“É inaceitável conviver com estes atos de agressão e morte de mulheres. Convidamos toda a sociedade a somar-se a este movimento”, convoca o secretário do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES-RS), Marcelo Danéris.

A secretária de Políticas para as Mulheres, Márcia Santana, sugere que os participantes vistam alguma peça de roupa lilás ou branca.

Estatística dolorosa

Seis em cada dez brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de violência doméstica. Somente na última década, 43 mil delas foram assassinadas, sendo 70% dessas mortes dentro de casa. O machismo (46%) e alcoolismo (31%) são apontados como os principais fatores que contribuem para a violência e, segundo a ONU, a violência doméstica custa R$ 10,5% do PIB.

Femicídios neste ano já superam 2011

Em todo o ano de 2011 foram assassinadas 46 mulheres no Rio Grande do Sul. De janeiro a agosto deste ano o número chega a 50, revelou a coordenadora das Delegacias de Atendimento à Mulher, Nadine Anflor. Um diagnóstico realizado pela Secretaria de Segurança Pública nos primeiros cinco anos da Lei Maria da Penha (agosto de 2006 a agosto de 2011) apontou o assassinato de 327 mulheres, enquadrado como femicídio pela terminologia da nova lei.

“É mentira que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher. É preciso envolver a família, amigos, colegas de trabalho, parentes e toda a rede de relações das pessoas que sofrem violência para monitorar e denunciar situações de abuso e violência doméstica para alterar este quadro que machuca toda a sociedade”, disse Danéris.

Onde procurar ajuda em caso de violência

Em caso flagrante, primeiro acione a Brigada Militar (Disque 190). Entre em contato com a Rede de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, através do Escuta Lilás – Ligue 0800 5410803, que é o número de utilidade pública do Centro de Referência da Mulher do RS (CRM/RS), ligado à SPM. Você também pode ligar para o 180.

Por telefone ou presencialmente, assistentes sociais, psicólogas/os e advogadas/os do CRM/RS orientam as mulheres em situação de violência sobre seus direitos e sobre os serviços disponíveis para o atendimento de suas demandas. A rede é composta por delegacias, casas-abrigo, Defensoria Pública, Ministério Público, juizados, postos de saúde, centros de perícia, centros de educação, reabilitação e responsabilização dos agressores, organismos de políticas para as mulheres, Núcleos de enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, movimento de mulheres e Centrais de Atendimento à Mulher, como o “Ligue 180″.

o esforço de questionar e desvendar o que está por trás das coisas


Segundas impressões do mensalão


PAULO MOREIRA LEITE



Leio e ouço que a decisão da primeira fase do STF mostra que os tempos estão mudando e que a votação de 9 a 2 contra os réus indica uma opção contra a impunidade.

Confesso que sempre gostei de Bob Dylan e sou daqueles que acreditam e torcem por mudanças. Mas não sei se é isso o que estamos assistindo. Mudança, no Brasil, é

conseguir o básico. No caso da Justiça, garantir direitos iguais para todos, qualquer que seja sua cor, credo, condição social ou opinião política. Será que é isso que estamos vendo?

Estrelado pelo mesmo esquema, com personagens iguais e outros, equivalentes, o mensalão mineiro segue quieto lá nas Alterosas.

O tratamento desigual para situações iguais é constrangedor. Ao dar uma entrevista a Monica Bergamo, o relator Joaquim Barbosa lembrou que a imprensa nunca deu a mesma importância ao mensalão mineiro. Ele até disse que, quando tocava no assunto, os repórteres reagiam com um “sorriso amarelo.”

Eu acho bom quando um ministro do Supremo se refere ao tratamento desigual que parte da mídia dispensou aos dois mensalões. Mostra que isso não é “coisa de mensaleiro petista ” não é mesmo?

Mas há outro aspecto. O fato da imprensa dar um tratamento desigual é um dado da política brasileira e, no fim das contas, diz respeito a um jornal e seus leitores. Como leitor, eu posso até achar que a imprensa deve tratar todos da mesma maneira, deve procurar ser isenta mas a liberdade de expressão garante que todo jornal e todo jornalista tenha suas preferencias, suas prioridades e opções. Salvo patologias criminosas, todos têm o direito o direito de exercitá-las.

A visão que você lê neste blogue é diferente daquela que vai encontrar em outros lugares. É bom que seja assim.

A justiça não. Esta deve ser tão isenta que a querem cega. E aí, data vênia, quem sorri amarelo, neste caso, é quem desmembrou o mensalão (do PSDB) mineiro e unificou o mensalão petista.

Porque estamos falando de um tratamento desigual para situações idênticas, no mesmo país, no mesmo sistema, no mesmo tribunal. O direito de uns foi reconhecido. O de outros, não. Às vezes, chegou-se a uma situação surrealista.

Nos dois casos, o “núcleo operacional”, para usar a definição do procurador geral, é o mesmo. Marcos Valério, Cristiano Paz e os outros. O Banco Rural também. As técnicas de arrecadação e distribuição de recursos eram as mesmas. Só mudou o núcleo político. Então, me desculpem, o problema está na política. Sim.

Por causa do desmembramento, podemos ter sentenças diferentes para o mesmo caso. “Dois pesos, dois mensalões,” já escreveu Jânio de Freitas.

Se o mensalão petista tivesse sido desmembrado, o deputado João Paulo e outros dois parlamentares acusados até poderiam ser julgados em Brasília, como o deputado Eduardo Azeredo será, quando seu dia chegar. (O mensalão mineiro é mais antigo mas anda mais devagar, também. Ainda estão colhendo depoimentos, ouvindo testemunhas…) Ainda assim, teremos outros prazos e, muito possivelmente outras penas.

Mas em caso de desmembramento, José Dirceu e José Genoíno, para ficar nos nomes mais ilustres e simbólicos, teriam sido reencaminhados para a Justiça comum, com direito a várias etapas de julgamento antes da condenação. O Ibope seria menor. E não estou falando só da repercussão nas eleições municipais de 2012. Por favor: a questão não se resume ao novo candidato do PT a prefeitura de Osasco.

Nós sabemos que o troféu principal do julgamento é Dirceu. O número 2, Genoíno. É por isso que o caso se encontra no STF. Ali tem mais holofotes.

No início do julgamento, Gilmar Mendes chegou a sugerir que as chances dos réus serem absolvidos eram maiores num julgamento desmembrado do que num processo unificado. Concordo.

Mas se isso é verdade, por que mesmo se deu um tratamento diferenciado? Não é preciso sofisticar mais o raciocínio. Como perguntou Eduardo Kossmann, advogado. Considerando que a Constituição diz que todos são iguais perante a lei “como explicar para meu filho de cinco anos?”

Uma sentença do Supremo é um acontecimento duradouro. Repercute hoje, amanhã, no ano que vem e daqui a uma década. Destrói uma vida, aniquila uma reputação.

Como disse Pedro Abramoway, que passou os dois mandatos de Lula em posições importantes no área jurídica, o mensalão propriamente não foi julgado. Aquela denúncia, de compra de consciências, que é o centro da acusação do procurador Roberto Gurgel, ficou para mais tarde.

As provas de que os parlamentares colocavam dinheiro no bolso para mudar seu voto não apareceram até agora.

Isso apareceu quando o deputado Ronnie Von Santiago (olha só, mais um roqueiro no debate) confessou que tinha recebido R$ 200 mil para votar a favor da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, há quase 20 anos. Ali foi suborno, foi propina, foi compra de votos. Pelo menos ele disse isso. Os mais de 300 ouvidos no mensalão sempre negaram. Todos.

Até Roberto Jefferson mudou o depoimento na hora em que era para valer.

Mas o caso de Ronnie Von não gerou um processo tão grande. Nada aconteceu com seu núcleo politico, vamos combinar.

E é isso que mostra que tudo pode estar mudando para que nada mude.

O deputado João Paulo Cunha foi condenado a 6 anos de prisão em função de uma prova que pode ser discutida. A de que recebeu uma propina de R$ 50 000 para aprovar um contrato de R$ 10 milhões com as empresas de Marcos Valério. Você pode até dizer que é tudo “parte do mesmo esquema” e dar aquele sorriso malicioso de quem acha todos os argumentos contrários apenas ingênuos ou cúmplices mas vamos combinar que há um pressuposto nessa visão.

O pressuposto é de que não houve nem podia haver outro tipo de pagamento nesta operação. Não podia ser dinheiro de campanha, nem recurso de caixa 2. O problema é que as campanhas costumam ser feitas com caixa 2, que devem ser apurado, investigado e punido. Mas são outro crime.

Caixa 2 não é uma “tese” da defesa. Pode ser “tese” artificial ou pode ser uma “tese” com base na realidade. Mas a sonegação existe, está aí, pode ser demonstrada em vários momentos da vida brasileira, inclusive em campanhas eleitorais. Existem empresas criadas especialmente para ajudar os interessados nesse tipo de coisa.

Acho positivo o esforço de questionar e desvendar o que está por trás das coisas. Mas não sei se neste caso tudo ficou tão demonstrado como se gostaria.

Por exemplo. Os milhões de dólares que Paulo Maluf mandou para o exterior foram comprovados. Funcionários das empreiteiras explicaram, detalhadamente, como o esquema funcionava, como se fabricavam notas frias e como se fazia o desvio dos recursos públicos. No entanto, Maluf hoje em dia não pode viajar por causa de um mandato da Interpol. Mas não cumpre pena de prisão. Foi preso quando havia o risco de fugir.

Outro exemplo. As agências de Marcos Valério foram acusadas de embolsar um dinheiro a que não teriam direito nos contratos com o Visanet, o chamado bônus por volume. O problema é que essa prática é muito frequente no mercado publicitário e, em 2008, foi regulamentada em lei no Congresso. O que não era proibido nem permitido foi legalizado. Mas ontem, o ministro Ayres Britto, presidente do STF, disse que a aprovação dessa lei foi uma manobra para beneficiar os acusados do mensalão. É muito possível. Mas eu acho que um ministro do Supremo não deveria fazer uma acusação gravíssima contra uma decisão de outro poder. Ou pode?

extremistas de direita na internet vibram


Pimenta Neves não maculou toda mídia nem João Paulo todo PT

Posted by eduguim on 31/08/12 • Blog da Cidadania




Os jornais O Globo e Folha de São Paulo e uma horda de extremistas de direita na internet vibram com os anátemas despudorados, cínicos e farsescos dessas agências de propaganda política disfarçadas de “imprensa”. Estão tendo orgasmos com a conduta vergonhosa do Supremo Tribunal Federal de se agachar diante de uma mídia que quer mandar no Brasil.

Tanto os jornais quanto os fanáticos, que não representam mais do que uma diminuta fração do povo brasileiro, também tentam vender à sociedade uma teoria delirante, acima de tudo: o Partido dos Trabalhadores, com seu 1,5 milhão de filiados, é que estaria sendo julgado na principal Corte de Justiça do país.

A teoria dessa escória é a de que a condenação de um político do PT – que nada tem de diferente das condenações de políticos de outras legendas – conspurcaria a imagem do partido inteiro e, acima de tudo, do governo Lula.

Entendem-se os desejos desses aspirantes a déspota: como não têm votos, como o povo diz não às suas teses eleição após eleição, o único caminho para voltarem a maltratar o brasileiro humilde em governos alienados dos dramas sociais que afligem o país é o tapetão, seja da mídia ou do Judiciário, pois há muito que deixaram de ser levados a sério.

A prova de que a sociedade brasileira enxerga que o julgamento do mensalão, como está ocorrendo, é uma farsa urdida por empresários de mídia, partidos de direita e considerável parcela de juízes do STF sequiosos por holofotes e covardes demais para exercer o Direito fica visível no processo eleitoral deste ano assim como nas eleições de anos anteriores.

Escrevo logo após a leitura da matéria do jornal O Estado de São Paulo sobre a última pesquisa da corrida eleitoral em São Paulo. Essa pesquisa, segundo informações que obtive, caiu como uma bomba nas redações da imprensa tucana, que estão perplexas.

O candidato do Partido dos Trabalhadores – partido que a mídia e seus bate-paus na internet querem colocar na ilegalidade – a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, acaba de empatar tecnicamente com José Serra, que a direita esperava que fosse o grande beneficiado pelo julgamento do mensalão.

O excesso midiático sobre esse julgamento, porém, finalmente foi longe demais. Ouso dizer que a maioria dos brasileiros está enojada com a diferença de tratamento que esses veículos dão a escândalos dos políticos seus aliados (como Serra) e aos escândalos envolvendo políticos inimigos (Lula, Dilma e o PT).

A desmoralização de Serra é composta por uma miríade de fatores, sendo a queda livre da qualidade de vida em São Paulo a mais decisiva. E olhem que a maioria dos paulistanos sequer sabe da Privataria Tucana, dos milhões de dólares que a filha do tucano e outros parentes dele receberam do exterior durante a venda do patrimônio público pelo governo FHC…

A blindagem de Serra pela mídia, assim, chega ao inimaginável. O eleitorado paulistano o rejeita sem saber que seu governo e o de seu afilhado, Gilberto Kassab, está sendo investigado pelo Ministério Público paulista por fraude em contrato de coleta de lixo celebrado entre a prefeitura e a construtora Delta, contrato que pulou de R$ 300 milhões para R$ 700.

Ainda assim, esses facínoras que se auto-intitulam “jornalistas” e “publishers” pregam, literalmente, que “o PT” inteiro seja criminalizado e até preso, o que é, também, um delírio autoritário forjado na ideologia de uma “imprensa” que já colocou partidos na clandestinidade e o Brasil em uma ditadura de vinte anos.

O povo brasileiro deixou de acreditar nessa gente há quase uma década. De lá para cá, foram inúmeras as tentativas de destruir o Partido dos Trabalhadores e a honra de Lula. Mas a teoria de que todo o partido está sendo julgado no STF, acho que foi a gota d’água.

Neste momento, por conta da tentativa da mídia de criminalizar todo o PT pelo suposto ato de um petista, muita gente está se lembrando do ex-diretor do jornal O Estado de São Paulo Antonio Marcos Pimenta Neves, assassino confesso de uma colega de trabalho com quem mantinha um relacionamento amoroso.

Em 2000, esse jornalista apareceu na chácara da família da vítima, a também jornalista Sandra Gomide, dizendo que viera almoçar, apesar de ela ter rompido o relacionamento com ele. Tinha vindo, na verdade, tentar reconciliação, mas ela recusou. Pimenta Neves, então, sacou uma arma e atingiu Sandra com dois tiros, sendo um pelas costas e outro no ouvido.

Entre 1999 e 2000, por então ser colaborador freqüente da sessão de cartas de leitores do Estadão, recebi algumas chamadas telefônicas de Pimenta Neves em minha residência, pois toda carta que enviava ao jornal tinha que ter nome, endereço, RG e telefone. Ele me ligava para debater minhas posições políticas antagônicas às do jornal.

Pimenta Neves era (?) o reacionário clássico. Chamava a resistência à ditadura de “terrorismo”, demonstrava desprezo pela simples idéia de políticas sociais e, como todo entusiasta daquela ditadura e do ultraconservadorismo que hoje permeia a mídia, julgava-se todo-poderoso.

Quando leio esses colunistas da Folha, do Estadão, da Veja etc., lembro muito do que ouvia de Pimenta Neves ao telefone, inclusive poucas semanas antes de ele matar aquela garota pelas costas. Todavia, nunca propaguei a tese de que seu crime conspurcava toda uma grande imprensa repleta de pessoas com ideologias análogas à sua.

Pimenta Neves, criminoso confesso contra o qual nunca houve dúvida da autoria do crime, não conspurca a imprensa assim como o deputado João Paulo Cunha, cuja culpa decretada pelo STF ficou longe de ter sido provada – decorrendo, apenas, de subjetividade e de interesses outros dos magistrados –, não enlameia o PT.

A tese que tenta macular uma era de ouro que o Brasil viveu ao longo da primeira década do século XXI, portanto, é repudiada pela maioria absoluta dos brasileiros, que as pesquisas mostram que continua apoiando o Partido dos Trabalhadores. E as urnas, neste ano e nos próximos, mostrarão isso a esses aspirantes a ditador da mídia golpista.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Ignorante e presunçosa... lê pouco


A medíocre elite social brasileira

Somos andando




Ignorante e presunçosa, ela lê pouco, ostenta, cultiva o consumismo e tem profundo preconceito em relação às maiorias

Por Henrique Abel, no Observatório da Imprensa, capturado no Outras Palavras

Um dos preconceitos mais firmemente bem estabelecidos no Brasil é aquele que afirma que a culpa de todos os problemas do país decorre da “ignorância do povo”. A elite social da população brasileira, formada pelas classes A e B, em linhas gerais, está profundamente convencida de que o seu status de elite social lhe concede – como um bônus – também o título de “elite intelectual” do país.

Dentro desse raciocínio, a elite brasileira “chegou lá” não apenas economicamente, mas também no que diz respeito às esferas intelectuais e morais – talvez até espirituais. O país só não vai pra frente, portanto, por causa dessa massa de ignóbeis das classes inferiores. Embora essa ideia preconcebida seja confortável para o ego dos que a sustentam, os fatos insistem em negar a tese do “povo ignorante versus elite inteligente”.

O motivo é simples de entender: em nenhum lugar do mundo, a figura genericamente considerada do “povo” se destaca como iluminada ou genial. Por definição, uma autêntica elite intelectual de um país se destaca, precisamente, por seu contraste com a mediocridade (aí entendida como “relativa ao que é mediano”). Ou seja, não é “o povo” que tem obrigações intelectuais para com a elite social, e sim, justamente o contrário: é preferencialmente entre a elite social e econômica que se espera que surja, como consequência das melhores condições de vida desfrutadas, uma elite intelectual digna do nome.

Analfabetos funcionais

Uma elite social que, intelectualmente, faça jus ao espaço que ocupa na sociedade, não apenas cumpre com o seu papel social de dar algum retorno ao meio que lhe deu as condições para uma vida melhor como, ainda, cumpre o seu papel de servir como exemplo – um exemplo do tipo “estude você também”, e não um exemplo do tipo “lute para poder comprar um automóvel tão caro quanto o meu”.

Tendo isso em mente, torna-se fácil perceber que o problema do Brasil não é que o nosso povo seja “mais ignorante”, pela média, do que a população dos Estados Unidos ou das maiores economias europeias. O problema, isso sim, é que o nosso país ostenta aquela que é talvez a elite social mais ignorante, presunçosa e intelectualmente preguiçosa do mundo, que repele qualquer espécie de intelectualidade autêntica precisamente porque acredita que seu status social lhe confere, automaticamente, o decorrente status de membro da elite intelectual pátria, como se isso fosse uma espécie de título aristocrático.

Nenhum país do mundo tem um povo cujo cidadão médio é extremamente culto e devorador de livros. O problema se dá quando um país tem uma elite social que é extremamente inculta e lê/escreve num nível digno de analfabetismo funcional. Pesquisas recentemente divulgadas dão por conta que apenas 25% dos brasileiros são plenamente alfabetizados, e que o número de analfabetos funcionais entre estudantes universitários é de 38%. A elite social brasileira possivelmente acredita que a totalidade desses 75% de deficientes intelectuais encontra-se abrangida pelas classes C, D e E.

Sem diferença

Será mesmo? Outra pesquisa recentemente divulgada noticiava que o brasileiro lê uma média de cerca de quatro livros por ano. Enquanto os integrantes da Classe C afirmavam ter lido 1,79 livro no último ano, os integrantes da Classe A disseram ter lido 3,6. O número é maior, como naturalmente seria de se esperar, mas a diferença é muita pequena dado o abismo de condições econômicas entre uma classe e outra. Qual é o dado grave que se constata aí? Será que o problema real da formação intelectual do nosso país está no fato de que o cidadão médio lê apenas dois livros por ano? Ou está no fato de que a autodenominada elite intelectual do país lê apenas quatro livros por ano? Vou encerrar o argumento ficando apenas no dado quantitativo, sem adentrar a provocação qualitativa de questionar se, entre esses quatro livros anuais, consta alguma coisa que não sejam os últimos e rasos best-sellers de vitrine, a literatura infanto-juvenil e os livros de dieta e autoajuda.

O que importa é ter a consciência de que o descalabro intelectual brasileiro não reside no fato de que o típico cidadão médio demonstra desinteresse pela vida intelectual e gosta mais de assistir televisão do que de ler livros. Ora, este é o retrato do cidadão médio de qualquer país do mundo, inclusive das economias mais desenvolvidas.

O que é digno de causar espanto é, por exemplo, ver Merval Pereira sendo eleito um imortal da Academia Brasileira de Letras em virtude do “incrível” mérito literário de ter reunido, na forma de livro, uma série de artigos jornalísticos de opinião, escritos por ele ao longo dos anos. Ou seja: dependendo dos círculos sociais que você frequenta, hoje é possível ingressar na Academia Brasileira de Letras meramente escrevendo colunas de opinião em jornais. Podemos sobreviver ao cidadão médio que lê dois livros por ano, mas não estou convencido de que podemos sobreviver a uma suposta elite intelectual que não vê diferença literária entre Moacyr Scliar e Merval Pereira.

“Vão ter que me engolir”

Apenas para referir mais um exemplo (entre tantos) das invejáveis capacidades intelectuais da elite social brasileira: na semana passada, o jornal Folha de S.Paulo noticiou que uma celebridade global havia perdido a compostura no Twitter após sofrer algumas críticas em virtude de um comentário que havia feito na rede social. A vedete, longe de ser uma estrelinha de quinta categoria, é casada com um dos diretores da toda-poderosa Rede Globo.

Bem, imagina-se que uma pessoa tão gloriosamente assentada no topo da cadeia alimentar brasileira certamente daria um excelente exemplo de boa formação intelectual ao se manifestar em público por escrito, não é mesmo? Pois bem, vamos dar uma lida nas sua singelas postagens, conforme referidas na reportagem mencionada:

“Almas penadas, consumidas pela a inveja, o ódio e a maledicência, que se escondem atrás de pseudônimos para destilarem seus venenos. Morram!”

“Só mais uma coisinha! Vão ter que me engolir, também f…-se, vocês são minurias [sic] e minuria [sic] não conta.”

Em quem se espelhar?

Não vou nem entrar no mérito da completa falta de educação dessa pessoa, que parece menos uma rica atriz global do que um valentão de boteco. Vou me ater apenas a dois detalhes. Primeiro: a intelectual do horário nobre da Globo escreve “minoria” com “u”, atestando para além de qualquer dúvida razoável que se encontra fora do grupo dos 25% dos brasileiros plenamente alfabetizados (ela comete o erro duas vezes, descartando qualquer possibilidade de desculpa do tipo “foi erro de digitação”).

Segundo: ela acha que “minorias não contam”, demonstrando, portanto, que ignora completamente as noções mais elementares do que vem a ser um Estado democrático de Direito, ou mesmo o simples conceito de “democracia” na sua acepção contemporânea. Do ponto de vista da consciência de direitos políticos, sociais e de cidadania é, portanto, analfabeta dos pés à cabeça.

Com os ricos e famosos que temos no Brasil, em quem o mítico e achincalhado “homem-médio” poderia mesmo se espelhar?

a Seleção da mídia... esse carapááálida só engana quem quer ser enganda...


Pagot acusa a Veja. Silêncio na mídia!



Por Altamiro Borges

Em depoimento nesta semana na CPI do Cachoeira, Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do Dnit, afirmou com todas as letras que o mafioso bancou reportagem na revista Veja para tirá-lo do cargo. “O contraventor [Carlos Cachoeira] mais um representante da Delta [Claudio Abreu] se uniram a um jornalista [Policarpo Júnior] para me derrubar”, desabafou. No Reino Unido, denúncias similares levaram Rupert Murdoch, imperador da mídia, ao banco de réus. No Brasil, o depoimento sequer virou notícia nos jornalões e nas emissoras de tevê.


Pagot deixou o governo em julho de 2011 em decorrência de denúncias contra o Ministério dos Transportes. Uma matéria da Veja foi o estopim da crise e da exoneração. O ex-diretor do Dnit foi acusado de superfaturar obras e receber propinas. “Foi um episódio amargo na minha vida. Sentia-me um morto vivo, um fantasma. Quando começo a me reestabelecer, tive a brutal notícia que um contraventor e um agente de uma empresa seriam os responsáveis pela reportagem que gerou o afastamento e posteriormente a exoneração”.

"Enfiei tudo no r... do Pagot", diz Cachoeira 

Questionado pelo relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), sobre as razões desta trama, Pagot afirmou que ela ocorreu devido a sua postura diante da construtora Delta, braço da quadrilha de Cachoeira. “Era pela atuação que vinha tendo ao Dnit, não dava vida boa a nenhuma empreiteira e prestador de serviço. Era muito exigente. Penso que por isso eles patrocinaram essa matéria jornalística para me tirar do Dnit”. Ele garantiu que a sua queda foi fruto de um complô envolvendo a quadrilha de Cachoeira, a Delta e a Veja!

Gravações da Polícia Federal reforçam esta tese. Numa delas, Carlinhos Cachoeira confirma para o diretor da Delta, Claudio Abreu, que “plantou” informações na Veja para favorecer a construtora. “Enfiei tudo no r... do Pagot”, gaba-se o mafioso ao telefone. Apesar dos fortes indícios da ligação da revista com o crime organizado, nada é feito para apurar os fatos. O depoimento de Pagot sequer aparece no noticiário. Nenhuma linha, nenhuma palavra, nada nos jornalões, revistonas e emissoras de rádio e televisão.

O pacto mafioso da imprensa

De forma seletiva, a mídia pinça apenas o que interessa aos seus propósitos políticos – como a afirmação de Pagot de que participou do esquema de arrecadação de fundos para a campanha de Dilma Rousseff. Ele também disse que a Dersa, então dirigida por Paulo Preto, um dos “arrecadadores” de Serra, tentou desviar dinheiro do Dnit para a campanha tucana. Mas isto não virou manchete. Assim como as denúncias contra a revista Veja também sumiram. Desta forma, os barões da mídia mantêm o seu pacto mafioso!

O contrato inicial era de R$ 172 milhões pulou para R$ 215 milhões... e o carapááálida em silêncio

Homem bomba
Em depoimento na CPMI do Cachoeira, Paulo Preto ataca tucanos


Escrevinhador


Ex-diretor da Dersa ataca tucanos e deixa bomba nas mãos de TCU e MP
Por Vinicius Mansur, na Carta Maior



O ex-diretor da empresa Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa) Paulo Vieira de Souza compareceu para depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira nesta quarta-feira (29) sem advogado e sem ter recorrido a habeas corpus que lhe ratifica-se o direito constitucional de ficar calado. “Tudo que queria era uma oportunidade de me defender”, disse.

Os maiores questionamentos a Paulo Souza – que disse não gostar de ser chamado de Paulo Preto – foram sobre a o adicional de R$ 264 milhões concedidos as empreiteiras que realizaram as obras do trecho sul do Rodoanel, em São Paulo, financiado por meio de convênio entre a Dersa e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), totalizando R$ 3,6 bilhões dos quais cerca de R$ 2,4 deveriam ser custeados pelo governo de São Paulo e R$ 1,2 bilhões pelo governo federal. O projeto foi licitado no modelo empreitada global, que determina que o valor inicial previsto não poderia ser acrescido posteriormente.

Em depoimento na CPMI ontem (28), o ex-diretor geral do Dnit, Luis Antônio Pagot, disse que foi pressionado por Paulo Souza para assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que concederia o aditivo de R$ 264 milhões, mas que não cedeu às pressões. Pagot disse ainda que, “em uma conversa de bêbado”, foi informado de que esse dinheiro seria usado nas campanhas dos tucanos José Serra e Geraldo Alkimin e de Gilberto Kassab (PSD), em 2010.

Hoje, Paulo Souza negou participação em qualquer negociação de verbas para campanha e as supostas pressões sobre Pagot. O ex-diretor da Dersa jogou a responsabilidade do aditivo às obras do Rodoanel para o Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Ministério Público (MP). “Por que teve aditivo no preço global? Por uma postura técnica do TCU, que achava que o preço global tinha que fazer medições, eu dizia que não”, disse antes de explicar que foi o MP o responsável por coordenar as 11 reuniões que decidiram conceder o aditivo mediante o TAC.

Como consequência, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), em nome da CPMI, cobrará explicações do TCU e do MP sobre o caso.

O sumiço de R$ 4 milhões
O ex-diretor da Dersa também voltou a negar que tenha sumido com R$ 4 milhões que seriam destinados por empreiteiras à campanha de José Serra, conforme denunciou a revista IstoÉ em agosto de 2010. Segundo Souza, essa denúncia é obra de “detratores” e “ingratos”, entre eles, tucanos de “alta plumagem que não aparecem por covardia”. Instado a listar os detratores, Souza apontou o vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, o ex-tesoureiro-adjunto do PSDB, Evandro Losacco, o candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRB, Celso Russomano, o ex-deputado José Anibal (PSDB-SP), além das revistas IstoÉ, CartaCapital e Época e o jornalista Paulo Henrique Amorim.

Apesar dos inúmeros atritos com os tucanos, Paulo Souza disse que sua exoneração da Dersa, em abril de 2010, aconteceu porque o então governador Alberto Goldmam (PSDB) não simpatizava com ele.

Relações questionadas
O deputado Candido Vaccarezza (PT-SP) questionou Paulo Souza por ter declarado que era um nome das empreiteiras na gestão da Dersa e por ter afirmado que a ampliação da marginal Tietê foi uma demanda delas. Souza disse que jamais negaria que seu nome é vinculado ao mercado, mas que não trabalhou mais na iniciativa privada desde que assumiu cargos públicos, em 1990, e completou:

“O mercado da construção civil, o que eles necessitam, seja do partido PT, PSDB, PCdoB, qualquer partido, eles precisam de gestor público. Ele é a mola mestra do lucro das empresas, não tendo gestor público dificilmente eles conseguem implementar um obra.”

Em entrevista à Folha de S.Paulo, em outubro de 2010, o ex-diretor da Dersa afirmou que “ninguém nesse governo deu condições de as empresas apoiarem mais recursos politicamente do que eu”.

Paulo Souza ainda negou que tenha beneficiado a construtora Delta, empreiteira acusada de pertencer ao esquema de Carlos Cachoeira. De acordo com Vaccarezza, o maior contrato da Delta no Brasil foi firmado junto à Dersa. Entretanto, Souza afirmou que a empresa ganhou apenas 1,9% de todo o montante licitado em sua gestão, correspondente às obras de revitalização da marginal Tietê. O contrato inicial era de R$ 172 milhões, mas com um aditamento de 24,9% – a lei permite até 25% – pulou para R$ 215 milhões.

Cavendish
O ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, também foi convocado para depor na CPMI nesta quarta-feira. Entretanto, munido de habeas corpus, usou o direito de ficar calado.



Leia outros textos de Outras Palavras

Quem é tão burro para acreditar em um jornal como a Folha de São Paulo?


Folha diz na 1ª página que “PT” está “à beira da prisão”

Posted by eduguim on 30/08/12 • Blog da Cidadania




Na verdade, a frase no alto da primeira página da edição da Folha de São Paulo desta quinta-feira (30.08) é atribuída pelo jornal à esposa do publicitário Gilnei Rampazzo, sócio de Luiz Gonzalez, marqueteiro de José Serra e do PSDB há incontáveis eleições. A frase textual que compõe a manchete é a seguinte:

“Eliane Cantanhêde: PT à beira da prisão é motivo de constrangimento”

Fico imaginando o tamanho da prisão que terá que ser construída para abrigar um partido com 1.549.180 filiados caso “o PT” seja preso. Aliás, segundo essa manchete delirante, mal-intencionada, criminosa, a presidente Dilma Rousseff já pode ir preparando sua malinha para esperar o camburão vir recolhê-la, certo?

Quem é tão burro para acreditar em um jornal como a Folha de São Paulo? Aquilo nem um partido político é – nenhum partido seria tão burro de acusar um partido adversário inteiro por um escândalo que envolve seus filiados simplesmente porque todos os partidos têm membros envolvidos em escândalos.

Assim sendo, quando o mensalão do PSDB for a julgamento no STF – se é que as penas não prescreverão antes – e surgirem condenações, será que essa militante tucana travestida de jornalista dirá que “o PSDB” está “à beira da prisão”? E se escrevesse, será que a Folha colocaria essa cretinice na primeira página?

Esse esforço dessa imprensa criminosa para atingir todo um partido político pelo envolvimento de alguns poucos membros seus em um escândalo em que fatos e invenções convivem lado a lado, de acordo com a história recente está fadado ao fracasso.

Quem tem um pingo de memória sabe que o mensalão “petista” foi julgado no tribunal popular em 2006 e o partido foi amplamente absolvido. Neste ano, não se percebem efeitos eleitorais dignos de nota, do que é prova a ascensão do candidato Fernando Haddad em São Paulo mesmo com o dilúvio midiático sobre o mensalão.

A primeira página da Folha de São Paulo de 30 de agosto de 2012 equivale às primeiras páginas desse panfleto partidário tucano que reproduziram ficha policial falsa da hoje presidente Dilma Rousseff, acusação ao ex-presidente Lula de ter assassinado as vítimas do acidente com o avião da TAM e a acusação a ele de ser “estuprador”.

De resto, espera-se que o PT processe a Folha de São Paulo e represente à Procuradoria Geral Eleitoral contra uma jogada política baixa, suja, mesquinha e burra como só uma família que lambeu as botas da ditadura militar e a serviu com vassalagem inaudita, como fez a família Frias, sabe produzir.

O que um co-réu diz só vale se for prestado diante de um Juiz


AYRES NÃO ACEITA DELAÇÃO
DE JEFFERSON CONTRA DIRCEU


No julgamento desta quinta-feira, o Ministro-Presidente Ayres Britto – sem se referir a Dirceu ou Jefferson – reforça a tese deste ansioso blogueiro de que Dirceu não será condenado.

Conversa Afiada






O Conversa Afiada já tinha tratado da única “prova” de que José Dirceu era “o chefe da gang do mensalão” – para usar o que o PiG (*) diz ou quer dizer.

Foi ao reproduzir excelente artigo de Wálter Mayerovitch, na Carta Capital:
http://www.conversaafiada.com.br/politica/2012/08/23/barbosa-vai-aceitar-a-delacao-de-jefferson/

No julgamento desta quinta-feira, o Ministro-Presidente Ayres Britto – sem se referir a Dirceu ou Jefferson – reforça a tese deste ansioso blogueiro de que Dirceu não será condenado.

Ayres Britto, em resumo, disse que não aceita o que um co-réu diz, já que co-réu não tem a obrigação de dizer a verdade.

O que um co-réu diz só vale se for prestado diante de um Juiz, com a presença do acusado, com direito a se defender.

E se a denúncia se confirmar nos fatos.

Ou seja, Ayres Britto absolveu o Dirceu.

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

indícios, probabilidades, estranhezas, coincidências ou presunções, areia movediça na qual afunda a própria justiça


Movimentos Sociais devem ir à rua denunciar rendição do STF

Posted by eduguim on 29/08/12 • Blog da Cidadania




O visível nervosismo da ministra do STF Rosa Weber ao proferir seu voto pela condenação do ex-presidente petista da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha denuncia um fato inédito na República – ao menos ocorrendo de forma tão desabrida: a Suprema Corte de Justiça do país se transformou em marionete de meia dúzia de mega empresários do setor de comunicação.

A perplexidade dos meios jurídicos com os motivos alegados pelos ministros que condenaram João Paulo com base em “verossimilhança” que dizem enxergar nas acusações que lhe foram feitas é tão grande que na edição de hoje (29.08) da Folha de São Paulo saiu artigo de um professor de Direito Penal que assinala “risco à Justiça” por conta dessa condenação.

Antes de prosseguir, reproduzo artigo do professor de Direito Penal da FGV do Rio Thiago Bottino

—–

FOLHA DE SÃO PAULO

29.08.2012

Relativizar exigência de prova põe justiça em risco

OS CRITÉRIOS QUE ORIENTAM ESSA ANÁLISE PROVÊM DA FORMAÇÃO JURÍDICA E DA TRAJETÓRIA DE CADA JULGADOR

THIAGO BOTTINO

ESPECIAL PARA A FOLHA

O Código de Processo Penal diz que o juiz deve condenar um acusado com base nas provas. No caso do mensalão há uma gama enorme de provas: documentos, depoimentos, perícias e laudos. Todos os julgadores olham o mesmo enorme mosaico de elementos e a partir dele tomam uma decisão. Esse processo é feito em etapas.

Em primeiro, buscam provas que tenham um “certificado de origem” (não podem ser obtidas de forma ilícita, devem ser produzidas segundo as regras processuais).

Uma vez admitidas, podem passar à próxima etapa. Ainda assim, são milhares de provas de consistência e natureza diferenciadas.

A segunda etapa é da seleção. Alguns ministros terão seu olhar atraído para determinadas provas e nesse processo não verão outras. Daí os debates entre eles acerca de um fato ter sido provado ou não. Foi o que aconteceu quando o ministro Ricardo Lewandowski mudou seu voto ao considerar o que Joaquim Barbosa arguiu quanto ao bônus de volume.

Na terceira etapa, as provas são confrontadas. Entre aquelas selecionadas, ainda há contradições. As provas “brigam”: testemunhas dizem coisas opostas.

Desse confronto sai uma decisão: a versão convincente para o julgador. Os critérios que orientam essa análise são ocultos, provêm da formação jurídica e da trajetória profissional e pessoal de cada julgador, de sua avaliação sobre a força de cada prova.

Mas a decisão está sempre apoiada em provas. Barbosa escolheu o laudo dos peritos do TCU. Lewandowski, a decisão dos ministros do TCU.

Não se deve condenar com base em indícios, probabilidades, estranhezas, coincidências ou presunções. São como areia movediça na qual afunda a própria justiça da decisão. Diminuem a impunidade, mas aumentam o risco de condenações injustas.

O processo do mensalão comprova isso. O ministro Luiz Fux disse que é possível flexibilizar garantias. Mas dizer que é preciso relativizar a exigência de provas é diminuir o esforço que relator e revisor fizeram para indicar as bases de sua convicção.

Cada um selecionou, valorou e escolheu elementos diferentes, pois há provas para todos os gostos. Mas ambos apontam exatamente quais depoimentos, laudos e decisões servem de apoio para as decisões. E assim legitimam e explicitam suas posições.

THIAGO BOTTINO é professor de direito penal da FGV Direito, do Rio


—–

A perplexidade que vai se espalhando com a rendição escancarada da maioria dos ministros do Supremo aos ditames midiáticos deriva não apenas da condenação de João Paulo Cunha. Antes, vêm a escandalosa ultrapassagem do julgamento do “mensalão tucano” (mais antigo) pelo julgamento do “mensalão petista” e a negativa de desmembramento do processo “petista” que foi concedido pelo STF ao processo “tucano”.

Vai se confirmando acusação que o ministro Ricardo Lewandowski fez em privado ao STF em 2007 e que acabou se tornando pública porque o juiz estava sendo espionado pela Folha de São Paulo em sua intimidade. Repórter daquele jornal o ouviu dizer ao telefone em um restaurante que a Corte aceitou indiciar José Dirceu porque a mídia lhe pôs “faca no pescoço”.

Temos então no Brasil, hoje, uma Justiça para petistas e outra para tucanos. Ou, melhor dizendo, uma Justiça para os amigos e outra para os inimigos da Globo, da Folha, do Estadão e da Veja.

No caso dos amigos da mídia, a Justiça concede tudo, amacia, absolve, engaveta; no caso dos inimigos, condena sem provas e inverte o instituto In Dubio Pro Reo (na dúvida, a favor do réu). Como se sabe, o Direito reza que se só existem indícios contra alguém não se pode condená-lo com base no que parece que fez, com base em subjetividade absoluta.

A voz trêmula e hesitante de Rosa Weber ou o malabarismo retórico de Luiz Fux deixaram claro que eles sabiam o que estavam perpetrando e tentaram, clara e excessivamente, explicar o inexplicável.

Pouco antes de começar o julgamento do mensalão, houve troca de presidente da Central Única dos Trabalhadores. O presidente que assumiu, o sindicalista Wagner Freitas, naquela oportunidade afiançou que a CUT e outros movimentos sociais iriam às ruas caso o STF cedesse à mídia e fizesse um julgamento político. Pois bem: a mídia acaba de se assenhorar da Justiça brasileira, adquirindo, assim, o poder de condenar seus inimigos e absolver seus amigos, como se vê nos mensalões “petista” e “tucano”.

É óbvio que não se vai conseguir mudar os votos do STF. Está claro que, à exceção de Lewandowski e de José Antônio Dias Tóffoli, os outros ministros vão atuar como marionetes das famílias Marinho, Frias, Civita e Mesquita e não haverá manifestação que os recoloque na trilha do Direito.

Para que ir à rua, então? Simples: para denunciar. CUT, MST, UNE e tantos outros movimentos sociais têm meios de fazer explodirem manifestações por todo país. Nesses atos, deve-se explicar à sociedade nas ruas o casuísmo do STF e por que ele está ocorrendo.

Mas não é só. Esse deve ser o primeiro passo de um amplo movimento político de reação ao verdadeiro golpe de Estado que está em curso no Brasil.

As condenações sem provas de cidadãos pela mais alta Corte de Justiça do país têm que gerar uma reação política de peso, do contrário se instalará no Brasil a primeira ditadura midiática formal de que se tem notícia, onde inimigos da mídia são mandados para a cadeia por determinação de editorialistas, colunistas e âncoras de telejornal.

Como assim? essa dúvida atroz


HERALDO, GILMAR E A
JUSTIÇA EM BRANCO E PRETO


Se ser professor do IDP macula a imagem de Heraldo Pereira, por que ele chamou para testemunhar a seu favor, justamente, o dono do instituto?

Conversa Afiada





O IDP e Roriz, símbolos de uma certa Brasília


O Conversa Afiada reproduz artigo de Leandro Fortes na Carta Capital:

JUSTIÇA EM BRANCO E PRETO



Por Leandro Fortes

O juiz Valter André de Lima Bueno Araújo da 5ª Vara Criminal de Justiça do Distrito Federal, cuja sentença deve ser lida por todos, abortou uma temerária tentativa de criminalizar opiniões e ideias no Brasil, a partir de um processo absolutamente sem sentido aberto contra Paulo Henrique Amorim.

Quando foi noticiado que o jornalista Heraldo Pereira, da TV Globo, iria processar Paulo Henrique por racismo por ter sido chamado de “negro de alma branca”, escrevi um artigo com uma argumentação central que repito agora: PHA errou ao insultar Heraldo, e agiu certo ao se desculpar e fechar um acordo na área cível. Mas, ao ser chamado de racista e processado por isso, revelou-se uma ação de má fé explícita, uma óbvia tentativa de vingança do jornalista da Globo que nada tinha a ver com racismo. Heraldo irritou-se, na verdade, porque Paulo Henrique o havia ligado ao mal falado Instituto Brasiliense de Direito Público, o IDP, de propriedade do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

Construído com dinheiro do Banco do Brasil destinado a produtores de alimentos e assentado sobre um terreno praticamente doado a Mendes (80% de desconto!) pelo ex-governador Joaquim Roriz, de péssima reputação e memória, o IDP está, ainda por cima, numa situação financeira difícil. Para calar um ex-sócio que o acusou de desfalque e sonegação fiscal, Mendes foi obrigado a pagar-lhe 8 milhões de reais, no ano passado.

Estranha situação, esta. De fato, Heraldo Pereira chegou a ser anunciado no site do IDP como professor, embora alegue, e os fatos confirmem, jamais ter concretizado a experiência do magistério. Curiosamente, nos autos do processo contra PHA, Heraldo chega a dizer que, ao ligá-lo o IDP, o jornalista da TV Record e titular do blog Conversa Afiada havia lhe maculado a reputação.

Como assim?

A assertiva se mostra surreal e representa, dentro do processo, um paradoxo difícil de ser explicado. Isso porque a principal testemunha apresentada por Heraldo Pereira foi, justamente, Gilmar Mendes. O ministro do STF apresentou-se voluntariamente para falar no tribunal, embora isso não fosse necessário, e o fez em grande estilo: com carro oficial e seguranças, segundo relato de PHA, certo de que sua presença suprema iria mudar os rumos da ação judicial. Foi, como se percebe agora, um tiro pela culatra.

Restou apenas essa dúvida atroz: se ser professor do IDP macula a imagem de Heraldo Pereira, por que ele chamou para testemunhar a seu favor, justamente, o dono do instituto?

Na ânsia de transformar um insulto em crime e, de quebra, dobrar a espinha crítica de Paulo Henrique Amorim a pedido de terceiros, o jornalista da TV Globo recorreu também a outra testemunha intrigante: o jornalista Ali Kamel, chefão do jornalismo global, autor do livro “Não somos racistas”. A obra de Kamel parte da premissa de que, como, cientificamente, não há raças, também não pode haver racismo. É o tipo de discurso baseado em descolamento social que faz muito sucesso no Baixo Leblon e no Posto 9 de Ipanema, mas se torna uma piada de mau gosto quando se trata de analisar a vida dos negros pobres apinhados nas periferias das grandes cidades.

Que Kamel, feliz morador da Avenida Vieira Souto, acredite em uma bobagem dessas, é compreensível. Que Heraldo Pereira a corrobore, é lamentável.

Abaixo, o link para o post do Conversa Afiada a respeito, com a íntegra da sentença do juiz Valter Bueno Araújo:


PHA NÃO É RACISTA. QUEIJO OBTÉM VITÓRIA NA JUSTIÇA !

Sejam discretos, por favor!


PHA vence na Justiça. Chora Kamel!


Por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada:

A brilhante Maria Elizabeth Queijo e sua impecável equipe – de Eduardo Zynger a Daniela Almeida e Aline Amoresano - obtiveram na 5ª Vara Criminal de Brasília, do Juiz Valter Bueno Araujo, vitória insofismável sobre a acusação de que este ansioso blogueiro é racista.


A qualidade técnica de Queijo se impôs de forma devastadora sobre a argumentação do Ministério Público.

O ansioso blogueiro agradece também a seu advogado no Cível, Cesar Marcos Klouri, que, antes, conduziu a um acordo em que o acusador reconhecia, em Juízo, que não tinha sido vítima de ato de racismo.

Clique aqui para ler “O acordo que PHA e Heraldo fizeram na Justiça”.

Clique aqui para ler “Como PHA se defendeu de Gilmar e de Ali Kamel”.

Esta era, provavelmente, a mais engenhosa armadilha que se tentou armar contra o ansioso blogueiro na Justiça.

Não é por outro motivo que, por trás dela, o ansioso blogueiro pressentiu redonda a inspiração daquela a quem se refere como ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo.

Gilmar Dantas lá estava ao lado da suposta vítima, no banco das testemunhas, na companhia de renomados jornalistas globais, Monica Waldvogel e Ali Kamel, cuja contribuição, lamentavelmente, tornou-se irrelevante.

O ansioso blogueiro aproveita para agradecer ao depoimento de suas generosas testemunhas: Marcos Rezende, Tonha, Branca, Luiz Felipe de Alencastro, Luiz Claudio Cunha, Edson Santos, Antonio Paim e Jean-Willys.

(Foi uma pena que, por motivo de força-maior, o reitor José Vicente, da Universidade Zumbi dos Palmares, não pudesse depor.)

O ansioso blogueiro agradece também ao deputado Vicentinho recusar o convite para considerá-lo racista.

Por fim, o ansioso blogueiro informa que não espera de nenhum de seus devotados admiradores a divulgação de que a Justiça o absolveu.

O ansioso blogueiro espera que o Jornal da Bahia, a Folha, o Globo; membros doSistema Daniel Dantas de Comunicação, especialmente um Bajulador Jurídico; o geógrafo que traz no rosto a marca do talento que a USP lhe conferiu; o cronista que realiza o melhor Proust que Brasília é capaz de produzir; e uma colonista Ilustre que acompanha os trend topics do twitter com a mesma eficácia com que capta palpites – de todos eles o ansioso blogueiro espera discrição.

A propagação dessa notícia pode aumentar a audiência de seu Conversa Afiada de forma perigosíssima.

É melhor evitar.

Sejam discretos, por favor!

o sujeito oculto do mensalão


WEBER VAI ATRÁS
DO “VALERIODANTAS” ?


Quer dizer, então, amigo navegante que a Ministra Weber vai tirar o sono do banqueiro duas vezes condenado ?

Conversa Afiada




Saiu no Valor reportagem de título “Publicitários são os primeiros condenados”:

(…)

Rosa Weber deixou para o fim do julgamento a votação sobre as acusações sobre lavagem de dinheiro, mas o fez com uma advertência que preocupou os advogados de defesa dos réus. “Como a ocultação ou dissimulação da lavagem é nada mais do que um iceberg, a ponta de um esquema criminoso de proporções mais amplas, penso que o exame das imputações do crime de lavagem há que ser deixado para um segundo momento”, disse a ministra.

(…)


NAVALHA







Quer dizer, então, amigo navegante que a Ministra Weber vai tirar o sono do banqueiro duas vezes condenado ?

Dantas bate insistentemente na porta para entrar no julgamento do mensalão.

Bate em duas portas, pelo menos.

A primeira porta é a do Pizzolato, que teve a sorte – provisória – de ver o mensalão abafar sua participação na equipe de Daniel Dantas.

(E se o Pizzolato abrir o bico, hein ? Pizzolato está numa situação difícil …)

A outra porta é a do Marcos Valério, que recebia mais dinheiro do Dantas do que o Pizzolato.

Está tudo lá na CVM.

Ou a CVM não presta, como o TCU também não ?

O banqueiro apanhado no ato de subornar um agente da Policia Federal – como comprova vídeo do jornal nacional– sabe que tem um encontro marcado com o Ministro Joaquim Barbosa.

Será no julgamento do mensalão dos tucanos, quando Barbosa será devidamente enforcado numa árvore do Projac.

Vote no “Não e Sim”- o amor do PiG por Barbosa é sincero ?

Mas, esse encontro pode ser antecipado e se realizar num voto da Ministra Weber.

A Folha (*), que diz qualquer coisa, conseguiu ofender a presidenta Dilma e a Ministra Weber em três linhas e poderá fazer agora um novo raciocínio.

Com o adiantamento do exame “das imputações do crime de lavagem” para um segundo momento, quem sabe a Presidenta Dilma não queira esclarecer o que o Dantas tanto queria conversar com ela, na montagem da trampa da BrOi ?

(BrOi é aquela operação do BNDES, aqui chamada de trampa, que resultou na compra da Brasil-Telecom pela Oi, com um cala-a-boca de R$ 2 bilhões para Dantas.

Como se sabe, a engenharia empresarial do BNDES deu com os burros n’água, apesar de todo o apoio da Folha.)

Será que a Folha fará essa avaliação sobre o alcance da autonomia da Ministra Weber, ou a Folha também tem medo do Daniel Dantas ?

Em tempo: Entre as celebrações com a vitória diante da acusação de racismo – clique aqui para ler “PHA não é racista” e aqui para ler “Como PHA se defendeu contra Gilmar e Ali Kamel” – o ansioso blogueiro recebeu de presente de amigo navegante um endereço no Youtube que traça a trajetória daquele que Fernando Henrique Cardoso chama de “foi brilhante !”:

http://www.youtube.com/watch?v=2dNWNP6DZvU

Ai, o amigo navegante encontrará Dantas de corpo e alma, desnudo. Em reportagens – a maioria da Globo – exibidas em rede comercial do país para milhões de espectadores. Aí estão Gilmar Dantas, Naji Nahas, Celso Pitta – e ele, Marcos Valério, o do Valeriodantas”.

Num gesto de colaboração, o ansioso blogueiro sugere que o Presidente Ayres Britto exiba esse video – é curto – no intervalo da sessão desta quarta feira.

Para reavivar a memória dos Ministros do Supremo.

E para que todos – ou quase todos – morram de vergonha da Justiça do Brasil !

Já que, como se sabe, o Dantas é o sujeito oculto do mensalão.

Do PT e dos tucanos.

Em tempo2: e o banqueiro condenado ainda se atreve a manipular a Justiça para acusar este ansioso blogueiro de macular sua imaculada imagem. Por que ele nao processa o Ali Kamel, que manda exibir essas reportagens infamantes do Cesar Tralli ? Ele acha que o ansioso blogueiro tem medo dele ? O Gilmar sabe que o ansioso blogueiro é do “enfrentamento”…

Paulo Henrique Amorim

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Ainda há quem compre essa porcaria.


Colunista de O Globo desmente a Veja


Por Antônio Mello, em seu blog:

É natural que com seus "repórteres investigativos" presos na Papuda e seu diretor de Brasília em silêncio retumbante, não só pelo que já foi publicado, como pelo que teme que venha por aí; é natural, dizia, que a revista partisse para matérias importadas ou para faturar algum fazendo jornalismo-merchandising, mas inventar entrevista...


Pois foi o que fez a Veja, segundo denuncia o colunista de O Globo Renato Maurício Prado:

*****

Pingo nos is

Não dei entrevista alguma à Veja Rio. Ao atender, educadamente, ao telefonema da jornalista que me procurava, com insistência, há duas semanas, disse-lhe, com clareza, que não queria falar, até por entender que nós, jornalistas, não somos notícia. Expressões a mim atribuídas, tais como “mundinho da TV”, “já deu” e “o que passou, passou”, jamais saíram da minha boca. O falso “pingue-pongue” publicado na coluna “Beira-Mar”, assinada por Carla Knoplech, na última edição, me coloca dizendo até que continuarei fazendo “o meu programa na CBN” — algo que nunca tive. Apenas participava do CBN Esporte Clube, comandado por Juca Kfouri, e extinto há mais de dois anos! Hoje em dia, faço comentários na Rádio Globo. Para finalizar, usaram, dando a impressão de que eu posara para a Veja, uma das fotos que fiz para a minha coluna no GLOBO. Em suma, um engodo...
*****

Ainda há quem compre essa porcaria.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

já se inscreveu na FIFA?


Trabalhar de graça pra Fifa?
27/08/2012

Somos andando


Em algum momento decidiu-se que trabalhar de graça pro pessoal que mais ganha dinheiro no mundo e sem ajudar ninguém que precise de ajuda era legal. Daí se criou o programa de voluntariado durante grandes eventos esportivos, que virou notícia no Brasil semana passada com a seleção do grupo de desapegados do mundo material que vão contribuir para que mais dinheiro da Copa do Mundo de 2014 migre para os bolsos de quem já não tem mais bolsos para enfiar tanto dinheiro.


Virou até capa de jornal por aqui o pessoal que se inscreveu para ser voluntário da Copa em todo o Brasil, principalmente os gaúchos (claro), e que ainda nem foi selecionado. Nas redes sociais, a galera comemora o simples fato de ter feito a inscrição. A galera já está feliz só por ter se inscrito.

Juro, não consigo entender o que os motiva. Os jornais, sim, estão atrás de lucro, como sempre. Mas os inscritos, sério, não entendo. É para ver um jogador de futebol de perto? Se sim, pra quê? Se é pra conhecer gente nova, interagir, não precisava entregar tua força de trabalho de graça, convenhamos.

O grande negócio é que o pessoal vai estar trabalhando de graça pro COL (Comitê Organizador Local) e pra Fifa. É um mundo em que circula muita grana. Futebol é legal, esporte é ótimo e até nem sou radical em dizer que Copa e Olimpíadas não deveriam ter vindo pro Brasil. Mas trabalhar de graça pra esse povo?

Em quê esse trabalho voluntário vai ajudar o Brasil? Por que ele não é pago, considerando toda essa grana de que falei aí em cima?

O que eles fazem é explorar a mão de obra do trabalhador e transformar isso em uma coisa legal. Vergonhoso é os jornais esquecerem o jornalismo e o espírito crítico (será que ainda têm algum?) e aderirem a essa publicidade, comemorando junto. Sem em nenhum momento se perguntar por que isso é bom para o Brasil e para a cidadania.

Israel no Tribunal de Haifa


Israel no banco dos réus


Enviado por Rita Casaro:

O Tribunal de Haifa anunciará, em 28 de agosto, o veredito sobre a morte da ativista estadunidense Rachel Corrie, assassinada em 16 de março de 2003, aos 23 anos de idade, em Gaza. Um buldôzer da Caterpillar, guiado por um militar israelense, passou três vezes por cima de seu corpo quando ela se colocava como escudo humano para tentar impedir a demolição de uma casa palestina no campo de refugiados de Rafa, na Faixa de Gaza.

Apesar dos tribunais israelenses demonstrarem repetidamente que colocam a impunidade do Estado de Israel e seu exército acima do respeito aos direitos humanos e das leis internacionais, os pais da ativista, Cindy e Craig Corrie, iniciaram em 2005 um longo processo criminal contra o ministro da Defesa israelense, à época, e contra o Estado de Israel. Quinze audiências e dezenas de testemunhas ajudaram a manter viva a memória de Rachel e o valor da solidariedade com o povo palestino.

Compartilhando essa visão, o FSM Palestina Livre será um espaço para quebrar a impunidade, promover o respeito do direito internacional e reforçar a solidariedade global.

Limpeza étnica

A ação que matou Rachel Corrie, ativista do ISM (International Solidarity Movement), foi noticiada um dia depois, pelo jornal israelense Haaretz, como “rotineira”. Infelizmente, são rotineiros o assédio militar, a tortura e os assassinatos cometidos pelo exército israelense contra o povo palestino. Milhares de casas continuam a ser demolidas arbitrariamente nos territórios ocupados, como parte da estratégia do Estado israelense de dar sequência a um plano deliberado de expulsão de palestinos, iniciado, segundo historiadores palestinos e israelenses ainda antes de sua criação, em 15 de maio de 1948. Naquele ano, em seis meses, foram destruídas 530 aldeias e cidades palestinas e expulsos de suas casas e terras 800 mil habitantes nativos.

As políticas de expulsão dos palestinos de suas próprias casas, nunca mais pararam. Neste mês de agosto Israel anunciou a destruição de 12 comunidades palestinas e a expulsão de seus mais de 1.500 moradores. Desde o início de 2012 mais de 2 mil pessoas foram afetadas pelo deslocamento forçado, imposto por Israel. Esses crimes objetivam tornar impossível o estabelecimento de um Estado Palestino livre e soberano.

Rachel Corrie não é uma vítima isolada nem mesmo entre ativistas. Outros já foram assassinados e feridos por prestar solidariedade à luta palestina. Embora não tenha conseguido impedir que mais uma casa palestina se somasse à triste estatística das demolições, Rachel, com seu gesto heróico, fez com que o número de ativistas internacionais aumentasse, e com que crescesse a solidariedade à Palestina. A luta de sua família por justiça tem alertado o mundo para a situação dos palestinos, engrossando as fileiras daqueles que exigem o fim da política de ocupação, apartheid e limpeza étnica.

Além de sua batalha nos tribunais israelenses, os pais de Rachel Corrie lutam para que governos e empresas rompam contratos com a Caterpillar, marca do buldôzer que assassinou sua filha. Recentemente obtiveram uma vitória por meio do movimento BDS – que reivindica boicote, desinvestimento e sanções a Israel enquanto a ocupação, o apartheid e a limpeza étnica da Palestina se mantiverem –, quando a Caterpillar perdeu os investimentos da poderosa TIAA-CREF, fundo de investimentos estadunidense.

A família de Rachel Corrie dará entrevista logo após o anúncio do veredito.

Fórum Social Mundial Palestina Livre

O Fórum Social Mundial Palestina Livre (FSMPL), programado entre 28 de novembro e 1 de dezembro de 2012, será uma demonstração mundial de solidariedade ao povo palestino, com muitas atividades autogestionadas, com palestrantes e personalidades internacionais que virão falar dos caminhos para pôr fim à ocupação das terras palestinas.

O FSMPL contará com grandes conferências distribuídas em cinco eixos centrais:

1. autodeterminação e direito de retorno;

2. direitos humanos e direito internacional;

3. movimentos sociais e formas de resistência;

4. por um mundo sem muros e sem racismo;

5. BDS e estratégias de luta.

Também estão programados espetáculos artísticos e mostras culturais. Em 29 de novembro, está prevista uma grande manifestação para celebrar o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino.

Mais informações sobre o caso Rachel Corrie press@rachelcorriefoundation.org
Telefones: +972-52-952-2143 e +972-54-280-7572 (falar com Stacy Sullivan)
Website: http://rachelcorriefoundation.org/trial

Siga o julgamento no Twitter: @rcfoundation
Siga e participe das manifestações no twitter
#wsfpalestine #rachelcorrie
Divulgue em sua rede social

Mais informações sobre o FSM Palestina Livre

domingo, 26 de agosto de 2012

o dinheiro, ao invés de tornar a pessoa melhor, freqüentemente pode torná-la bem pior


Quanto mais rico, pior

Posted by eduguim on 26/08/12 • Blog da Cidadania




O título do texto não é só uma provocação e um exagero completo. Agora mesmo surgiu indício científico de que o dinheiro, ao invés de tornar a pessoa melhor, freqüentemente pode torná-la bem pior – ao menos do ponto de vista intelectual.

Muitos ficarão surpresos. Ora, como o dinheiro pode tornar alguém mais burro se permite ao endinheirado pagar por educação de melhor qualidade?

Burrice e inteligência são conceitos vagos. Quem já não julgou “burro” alguém com enorme bagagem de diplomas acadêmicos? Quem já não se espantou com a sagacidade e com clarividência de alguém sem instrução formal e de origem pobre?

Em termos de inteligência política, ao menos, ter dinheiro parece danoso. É o que mostra pesquisa Datafolha recém divulgada pelo jornal Folha de São Paulo. A sondagem quis saber a opinião do eleitor sobre o horário eleitoral na TV e no rádio.

Apesar de o Datafolha mostrar que 64% dos paulistanos apóiam a propaganda eleitoral “gratuita” nos meios eletrônicos e que apenas 32% querem que seja extinta, entre os que têm renda acima de dez salários mínimos o percentual contrário à propaganda chega a 43%.

Ao ler sobre essa pesquisa me veio à mente um amigo que tem instrução formal e muita grana no banco, sem falar do vasto patrimônio. Para ele, política é uma brincadeira, um fla-flu. Discute o assunto seriíssimo sem qualquer compromisso com a seriedade.

Como quase todo paulistano de classe média alta, esse amigo é antipetista até a raiz dos cabelos – meu filho é mesário há várias eleições em um bairro desse estrato social e relata que, ali, a direita costuma ganhar com até 90% dos votos. Serra, em 2010, teve 93%.

Até aí, tudo bem. Por óbvio, não se sugere, aqui, que só quem tem inteligência política são os simpatizantes do PT. O problema do sujeito é outro, é o seu descompromisso com fatos e com a seriedade que o assunto requer.

Anda sempre com um jornal da direita midiática a tiracolo (Estadão ou Jornal da Tarde ou Folha de São Paulo), quando não carrega a Veja. Sai por aí vomitando acusações contra o PT e, quando perguntado se não vê corrupção nos partidos que apóia, muda de assunto.

Liguei para o amigo após ler a tal pesquisa Datafolha. Perguntei, sem falar da pesquisa, sua opinião sobre o horário eleitoral. A resposta era previsível: quer acabar com ele, pois decide seu voto pela orientação que recebe da “imprensa”.

Perguntei se não era melhor, então, acabar com as eleições e delegar à imprensa a prerrogativa de escolher parlamentares e chefes do poder Executivo (prefeitos, governadores e presidentes). A resposta foi a de que “Até que não seria má idéia”.

Poucos dias antes, o amigo foi me visitar em meu escritório. Já entrou cantarolando o jingle de José Serra. Fitei-o demoradamente enquanto refletia sobre sua postura. Decidi ir mais fundo em seu ideário político.

Quis saber se estava satisfeito com São Paulo. Respondeu que adora a cidade. Expliquei que não me referia a isso, que o que perguntara fora se estava satisfeito com a administração da cidade. Resposta: “No meu bairro, sim”.

Então lhe perguntei se achava que os outros bairros estão bons. Respondeu-me que os da periferia continuam uma porcaria, mas que, para ele, o que interessa é onde vive.

Decidi, então, aferir seus conhecimentos sobre seu próprio bairro – de fato, um bairro dito nobre.

Quis saber sobre a limpeza. Começou dizendo que era boa. Como meu escritório fica no bairro em que mora, pedi que viesse à janela e lhe mostrei a rua emporcalhada. A resposta foi a esperada: a sujeira em seu bairro “maravilhoso” é culpa da “baianada”.

Então perguntei sobre a educação pública. Respondeu que nunca precisou da educação pública para os seus filhos, apesar de ter estudado em escola pública. Mas como tem mais de sessenta anos, cursou-a à época em que servia a poucos, mas tinha qualidade.

Agora, pergunto sobre a saúde pública. A resposta é a de que nunca precisou de saúde pública e que seu plano de saúde familiar é “top de linha” – paga inacreditáveis 3,7 mil reais por um plano de saúde para si, a mulher e duas filhas.

E a segurança pública em São Paulo, é boa? Claro que sim. Só não é melhor por culpa de quem mesmo? Adivinhe, leitor, se puder…

Pergunto como a segurança pode ser boa se a sua casa parece um campo de concentração – fica em uma vila particular em que um portão enorme fecha o espaço público, além de grades, fios elétricos e câmeras por toda parte. Mais uma vez, a “baianada” levou a culpa.

Burrice, preconceito, irresponsabilidade… Tudo isso na boca de um ex-juiz do Trabalho, contador formado e que tem conta bancária com quase sete dígitos. Que desculpa tem esse homem para suas opiniões cretinas?

É tudo bem simples: vivemos em um país que está entre os 12 mais socialmente desiguais em um planeta que tem cerca de duas centenas de países. Essa minúscula elite que concentra renda, como ficou demonstrado acima, não precisa do Estado.

Criou-se, entre esse segmento microscópico – e influente – da sociedade, uma fé fervorosa no mais legítimo fascismo. Quer, no mínimo, deportar os nordestinos excedentes aos que necessita como empregados domésticos, garçons, manobristas, porteiros etc.

Alguns devem ter visto, aliás, entrevista que uma socialite chamada Anna Maria Corsi deu à mesma Folha de São Paulo, entre outras congêneres que também se manifestaram. A mulher disse, com todas as letras, o que afirmo no parágrafo anterior.

A mesma coisa é o meu amigo supracitado – que é infinitamente menos rico, mas igualmente preconceituoso. Aliás, mais radical, pois prega que coloquem todos os nordestinos “no paredão” e “passem fogo”.

“Horário eleitoral pra quê?”, diz o amigo reacionário. Segundo ele, os jornais já dizem quem é o candidato que “vai defender a gente dos comunistas que querem dar aos baianos indolentes o que conseguimos com nosso suor”.

Quis perguntar como ele pode ter “suado” para conseguir seu patrimônio se herdou tudo do pai, mas desisti. Vivo em um bairro de classe média alta – apesar de não ser dessa classe – e não posso brigar com a vizinhança toda.

o PIG é pela Liberdade de Expressão? então vai se manisfestar? com veemência?

Liberdade de expressão
Moore e Stone: por que defendemos o Wikileaks e Assange


Escrevinhador


“Por que defendemos o Wikileaks e Assange”
Por Michael Moore e Oliver Stone, no Outras Palavras

Tradução: Daniela Frabasile

Passamos nossas carreiras de cineastas sustentando que a mídia norte-americana é frequentemente incapaz de informar os cidadãos sobre as piores ações de nosso governo. Portanto, ficamos profundamente gratos pelas realizações do WikiLeaks, e aplaudimos a decisão do Equador de garantir asilo diplomático a seu fundador, Julian Assange – que agora vive na embaixada equatoriana em Londres.



O Equador agiu de acordo com importantes princípios dos direitos humanos internacionais. E nada poderia demonstrar quão apropriada foi sua ação quanto a ameaça do governo britânico, de violar um princípio sagrado das relações diplomáticas e invadir a embaixada para prender Assange.

Desde sua fundação, o WikiLeaks revelou documentos como o filme “Assassinato Colateral”, que mostra a matança aparentemente indiscriminada de civis de Bagdá por um helicóptero Apache, dos Estados Unidos; além de detalhes minuciosos sobre a face verdadeira das guerras contra o Iraque e Afeganistão; a conspiração entre os Estados Unidos e a ditadura do Yemen, para esconder nossa responsabilidade sobre os bombardeios no país; a pressão do governo Obama para que outras nações não processem, por tortura, oficiais da era-Bush; e muito mais.

Como era de prever, foi feroz a resposta daqueles que preferem que os norte-americanos não saibam dessas coisas. Líderes dos dois partidos chamaram Assange de “terrorista tecnológico”. E a senadora Dianne Feinstein, democrata da Califórnia que lidera o Comite do Senado sobre Inteligência, exigiu que ele fosse processado pela Lei de Espionagem. A maioria dos norte-americanos, britânicos e suecos não sabe que a Suécia não acusou formalmente Assange por nenhum crime. Ao invés disso, emitiu um mandado de prisão para interrogá-lo sobre as acusações de agressão sexual em 2010.

Todas essas acusações devem ser cuidadosamente investigadas antes que Assange vá para um país que o tire do alcance do sistema judiciário sueco. Mas são os governos britânico e sueco que atrapalham a investigação, não Assange.

Autoridades suecas sempre viajaram para outros países para fazer interrogatórios quando necessário, e o fundador do WikiLeaks deixou clara sua disposição de ser interrogado em Londres. Além disso, o governo equatoriano fez uma oferta direta à Suécia, permitindo que Assange seja interrogado dentro de sua embaixada em Londres. Estocolmo recusou as duas propostas.

Assange também comprometeu-se a viajar para a Suécia imediatamente, caso o governo sueco garanta que não irá extraditá-lo para os Estados Unidos. Autoridades suecas não mostraram interesse em explorar essa proposta, e o ministro de Relações Exteriores, Carl Bildt, declarou inequivocamente a um consultor jurídico de Assange e do WikiLeaks que a Suécia não vai oferecer essa garantia. O governo britânico também teria, de acordo com tratados internacionais, o direito de prevenir a reextradição de Assange da Suécia para os Estados Unidos, mas recusou-se igualmente a garantir que usaria esse poder. As tentativas do Equador para facilitar esse acordo entre os dois governos foram rejeitadas.

Em conjunto, as ações dos governos britânico e sueco sugerem que sua agenda real é levar Assange à Suécia. Por conta de tratados e outras considerações, ele provavelmente poderia ser mais facilmente extraditado de lá para os Estados Unidos. Assange tem todas as razões para temer esses desdobramentos. O Departamento de Justiça recentemente confirmou que continua a investigar o WikiLeaks, e os documentos do governo australiano de fevereiro passado, recém-divulgados afirmam que “a investigação dos Estados Unidos sobre a possível conduta criminal de Assange está em curso há mais de um ano”. O próprio WikiLeaks publicou emails da Stratfor, uma corporação privada de inteligência, segundo os quais um júri já ouviu uma acusação sigilosa contra Assange. E a história indica que a Suécia iria ceder a qualquer pressão dos Estados Unidos para entregar Assange. Em 2001, o governo sueco entregou à CIA dois egípcios que pediam asilo. A agência norte-americana entregou-os ao regime de Mubarak, que os torturou.

Se Assange for extraditado para os Estados Unidos, as consequência repercutirão por anos, em todo o mundo. Assange não é cidadão estadunidense, e nenhuma de suas ações aconteceu em solo norte-americano. Se Washington puder processar um jornalista nessas circunstâncias, os governos da Rússia ou da China poderão, pela mesma lógica, exigir que repórteres estrangeiros em qualquer lugar do mundo sejam extraditados por violar suas leis. Criar esse precedente deveria preocupar profundamente a todos, admiradores do WikiLeaks ou não.

Conclamamos os povos britânico e sueco a exigir que seus governos respondam algumas questões básicas. Por que as autoridades suecas recusam-se a interrogar Assange em Londres? E por que nenhum dos dois governos pode prometer que Assange não será extraditado para os Estados Unidos? Os cidadãos britânicos e suecos têm uma rara oportunidade de tomar uma posição pela liberdade de expressão, em nome de todo o mundo.



Leia outros textos de Geral, Outras Palavras

sábado, 25 de agosto de 2012

o contraponto do outro jeito...

Complexidade do julgamento
Lewandovski sob pressão


Escrevinhador

Por Paulo Moreira Leite, no Vamos Combinar

Quem pensava que o julgamento do mensalão seria um pelotão de fuzilamento já deve estar com as barbas de molho depois do voto de Ricardo Lewandovski.



Você pode pensar o que quiser de Lewandovski. Pode até lembrar que dona Marisa Lula da Silva teve grande influência em sua nomeação para o STF. E pode até achar que isso desqualifica sua escolha e seus votos.

Mas Lewandovski deu um voto claro e bem pensado, com argumentos e com fatos relevantes. Os especialistas dizem isso. Não eu.

Na véspera, ele condenou Henrique Pizzolato, Marcos Valério e outros envolvidos em desvio de verbas do Visanet. Parecia que ontem iria repetir a dose, condenando João Paulo Cunha, que era presidente da Câmara de Deputados e foi acusado por Joaquim Barbosa de um desvio de pelo menos R$ 10 milhões em verbas de publicidade da Câmara de Deputados.

Lewandovski questionou essa acusação com dados obtidos por auditores do TCU. Mostrou que o dinheiro supostamente desviado foi usado aonde deveria e por quem deveria.

Também mostrou dados que sugerem que os 50 000 reais –a única vinculação conhecida de João Paulo com o esquema de Marcos Valério-Delúbio Soares — que a mulher do deputado foi buscar no Banco Rural foram usados com despesas de campanha. Citou vários testemunhos para sustentar isso. Citou peritos e se apoiou em vários documentos. Você pode, é claro, duvidar dessa interpretação. Mas é recomendável encontrar fatos para apoiar o que pensa. A tese da acusação é que os 50 000 foram usados como propina para Valério conseguir o contrato de R$ 10 milhões. Verdade? Mentira? Apenas com fatos novos é possível sustentar uma outra visão.

Após o voto de Lewandovski já não vale ficar falando que tudo é “pizza” e clamando contra a impunidade sem que se saiba, com clareza, o que deve ser punido, quem, por que, com base em que.

E agora?

É certo que teremos nova confusão. Depois de deixar a definição do sistema de votação para o plenário, Ayres Britto terá de se haver com um conflito anunciado. Na segunda feira Barbosa quer responder ao voto do revisor.

Lewandovski, por sua vez, já disse que se houver replica do relator, ele vai querer uma tréplica. E aí ninguém sabe como a coisa vai continuar.

Só é preciso lembrar que vai ficar feio se surgirem tentativas — insinuadas entre comentaristas e observadores do julgamento — interessadas em enquadrar Lewandowski. Já começam a dizer que ele falou demais, que extrapalou…Agora se diz que o papel

de revisor não pode ser contestar o relator, contrapor-se, apresentar outra visão. Conhecemos essa conversinha.

As regras do fatiamento foram apresentadas na última hora para o tribunal. Se outros juizes já tinham conhecimento delas, o próprio Lewandovski deixou

claro que era o último a saber. A defesa fez o possível para convencer Ayres Brito a voltar atrás. A resposta foi um sorriso antes da explicação de que a matéria estava (ou era) preclusa…

Não é conveniente, agora, mudar as regras de novo.Vai ficar feio. Vai dar a impressão de que as regras só servem quando ajudam uma das partes.

E só estamos no primeiro item do voto de Barbosa. São oito. Se tivermos réplicas e tréplicas todas as vezes, vai ser difícil dizer que a defesa é que está fazendo tudo para prolongar o julgamento e impedir um veredito antes das eleições para prefeito.

E os demais ministros, quando começam a votar? Ninguém sabe. E o Cezar Peluso, cuja aposentadoria motivou tantas mudanças no calendário e até no sistema de votação, como fica? Muito menos. Se der empate no final, como fica o voto de Ayres Brito? Votará duas vezes?

Essa é a dura realidade do julgamento. Já tinha sido um pouco exagerado definir claramente as regras de votação — o fatiamento — quando todos estavam certos de que seria um debate convencional, com o ponto de vista do relator, depois do revisor e assim por diante.

O voto de Lewandovski foi importante por causa do conteúdo. Mostrou que é possível apontar fragilidades na denúncia.

Deixou claro que a tese da “organização criminosa” que comandava uma rede de assalto ao Estado, com seus núcleos e uma divisão de trabalho de estilo mafioso é muito fácil de descrever mas difícil de demonstrar com provas consistentes. É fácil falar em “compra de consciência” para quem acredita que todos os políticos são corruptos.

Mas é difícil sustentar que isso aconteceu quando as pessoas têm o direito de se defender, de dar sua versão e usufruir de todas as garantias de um regime democrático. São centenas de testemunhas que negam a denúncia. Não custa lembrar. Há muito tempo a testemunha principal parou de dizer aquilo que disse.

Lewandovski foi ouvir o outro lado, foi perguntar aquilo que ninguém sabia e não queria saber.

Não inocentou ninguém por princípio. Tanto que na véspera ele deu um voto igual ao do relator.

Mas ele deixou claro que enxerga a denúncia de uma forma mais sofisticada, diferenciada, numa visão que se encaminha para negar que todos estivessem envolvidos na mesma atividade, fazendo as mesmas coisas, porque todos fariam parte de uma “organização criminosa, “sob comando de um “núcleo político”, e outros “núcleos” estruturados e organizados. É claro que Lewandovski enxerga o crime, o roubo, a bandalheira. Mas sabe que há casos em que é legítimo falar em corrupção. Em outros, há crime eleitoral.

Mas não quer fingir que tem o domínio de fatos que não conhece por inteiro. Por isso ele diferencia a “verdade processual”, aquela que se pode conhecer, da “Verdade,” aquela que se pode até imaginar, conceber, descrever, mas não cabe nos autos.

Vamos falar de vida real.

É complicado imaginar que José Dirceu e Luiz Gushiken pudessem participar de uma mesma organização. Mesmo quem quer acreditar que ambos são personagens sem uma gota de escrúpulo — é uma hipótese — deveria saber que é difícil imaginar que os dois pudessem ficar mais de 5 minutos em qualquer tipo de organização, mesmo que fosse uma inocente tropa de escoteiros – muito menos uma quadrilha, que exige um grau de confiança, de intimidade e lealdade que os dois nunca tiveram. Eles passaram boa parte da vida pública, da campanha e do governo conspirando um contra o outro, falando mal um do outro, disputando e até se sabotando. Como é que poderiam se unir para uma ação comum, clandestina, arriscadíssima? Como é que o Gushiken, aliado e padrinho de Palocci no início do governo, iria subordinar-se a Dirceu, adversário e concorrente?

A visão que ignora as verdades duras da política não combina com essa denúncia. É coisa de quem pretende acreditar que todos são criminosos comuns, 100% despolitizados.

Voltando a Lewandovski. Ele deixou claro que, para acreditar na tese de que Joáo Paulo desviava recursos públicos da Câmara – isso é sempre importante para caracterizar corrupção – seria preciso acreditar que ele envolveu as principais empresas de comunicação do país nessa empreitada.

Se fossem verdadeiras, as célebres falsas despesas que teria declarado para desviar dinheiro envolviam os principais grupos de midia do país, as emissoras de maior audiência, os jornais de maior circulação e etc. Imagine o surrealismo: os mesmos grupos que faziam a denúncia do mensalão durante o dia estariam se locupletando com Joáo Paulo à noite pelo mesmo crime que denunciavam. Me desculpem. Se isso fosse verdade, o “maior escândalo da história” teria de ser chamado de “mensalão do português”, com todo respeito, apenas como uma homenagem aos tempos em que nossos humoristas se vingavam de nossa experiência colonial. Mais uma vez, está tudo lá, com recibo, perícia e assim por diante. Ou seja: ao menos neste caso não houve desvio, nem terceirização suspeita. Os veículos de comunicação receberam pagamentos legítimos para veicular publicidade definida em campanhas da Câmara. Ponto. Parágrafo.

O voto de Lewandovski tem a modéstia de quem admite que está diante de uma realidade mais complexa e compreende que ela só é compreensível a partir de uma visão sofisticada, sem simplismos nem frases de efeito. Não sei qual efeito seu voto terá sobre os demais ministros. Também não faço ideia de seu posicionamento nos próximos itens do julgamento.

Mas está na cara que sua intervenção, que teve de ser reescrita à última hora para se adaptar as regras a que só foi apresentado com o debate já em andamento, representou uma contribuição lúcida ao debate. Ninguém precisa estar de acordo com ele. O julgamento só começou e ainda há muito para ser debatido. Algumas das vozes mais experientes da casa sequer se posicionaram e terão muito a dizer.

Mas acredite: todos terão a ganhar com isso.



Leia outros textos de Outras Palavras