sábado, 28 de março de 2015

o precedente Joaquim Barbosa gerou Sérgio Moro


Inês Nassif: Democracia brasileira vai levar décadas para se livrar do pesado legado de Barbosa


Viomundo

publicado em 27 de março de 2015






O pesado legado que Joaquim Barbosa deixou para a democracia brasileira



Em vez de servir para punir exemplarmente culpados, o “mensalão”, com seu domínio do fato, transformou a Justiça em parte do terceiro turno eleitoral


O por Maria Inês Nassif, em Carta Maior


Na briga política com “P” maiúsculo, quando se traça estratégias de disputa com grupos oponentes, define-se um limite além do qual não se deve ultrapassar, por razões éticas ou para não abrir precedentes que, no futuro, possam se voltar contra o próprio grupo que não observou esse limite. Em ambos casos, a preservação dos instrumentos de luta democrática é a preocupação central.

O Supremo Tribunal Federal (STF), a partir do caso chamado Mensalão, arvorou-se em fazer política com “p” minúsculo, sem pensar nos precedentes que abria nos momentos em que jogava para a plateia, escolhia inimigos e relativizava a Constituição. Ao fazer jogo político sem que fosse qualificado para isso, pois não é um poder que decorre da livre escolha popular, não mediu as consequências e deixou uma lista de precedentes com potencial de corroer a democracia brasileira.

O primeiro mal exemplo que deu foi o de que um poder não deve obedecer limites. Ao longo do período pós-ditadura, a Corte maior do país se dedicou a uma crescente militância. A nova composição do Supremo, pós-Mensalão, é muito mais jurista do que política, mas é ela que vai ter que pagar pelo erro dos seus antecessores.

No julgamento do Mensalão, em vez de manter-se acima de um clima de comoção artificialmente criado por partidos de oposição e uma mídia avassaladoramente monopolista, o STF fez parte da banda de música. O que se tocava era um mantra segundo a qual qualquer que fossem as provas, quem deveria pagar com a cadeia era a banda governista envolvida no escândalo. Se as provas não corroborassem, que se danassem as provas. Era uma onda de pânico tão típica de momentos aterrorizantes da história mundial – como a ascensão do nazismo e do fascismo, com a repetição de “verdades” construídas sobre afirmações mentirosas, mas fáceis de atrair ódio sobre grupos políticos adversários – que a inclusão da Corte Suprema do país nesse tipo de armação foi de tirar noites de sono de quem já viveu o pesadelo de ditaduras.

O STF abraçou entusiasticamente a tese do domínio do fato para justificar a condenação, por exemplo, de Henrique Pizzolatto (acusado de desviar um dinheiro da Visanet, empresa privada de cartões de débito, que comprovadamente foi destinado para veiculação de anúncios nos próprios veículos de comunicação que o acusavam de corrupção), ou de José Genoíno (que foi condenado porque assinou um empréstimo bancário que comprovadamente entrou na conta bancária do PT e foi quitado pelo partido), ou de José Dirceu (que se supôs ser o mentor do esquema sem que nenhuma prova disso fosse apresentada à Justiça). Com isso, a Corte deu satisfações a uma parcela da população que advogava a prisão a qualquer custo, mas por este prazer de momento legou ao país a dura herança da condenação sem provas e do espetáculo midiático em vez do julgamento justo. O STF alimentou o senso comum de que lugar de adversário político é na cadeia. A democracia brasileira vai levar anos, décadas, uma era, para se livrar desse legado.

O juiz Sérgio Moro forçou a mão nas suas decisões de indiciamento das pessoas mais ligadas ao PT e ao governo, no curso da Operação Lava Jato, e provavelmente condenará a todos eles, com provas ou, se não consegui-las, por suposição. Mas não se pode acusá-lo de ter inventado a roda. A insegurança jurídica provocada pela teoria do domínio do fato – que aproxima a Justiça da democracia brasileira dos famigerados Inquéritos Policiais Militares (IPMs) da ditadura, responsáveis pela “investigação” e “julgamento” de adversários políticos por suposições de corrupção – é obra do ex-ministro Joaquim Barbosa, corroborada pela maioria do plenário do STF, no bojo de uma histeria coletiva artificial provocada por uma pressão direta da oposição e dos meios de comunicação, on line, na medida em que o julgamento se desenrolava nas telas das TVs. Barbosa continuará produzindo condenações altamente questionáveis mesmo depois de ter ido embora para casa tuitar palpites sobre uma democracia que ele não cuidou quando era ministro do Supremo.

Daí que o precedente Joaquim Barbosa gerou Sérgio Moro, que forçou a mão nas peças jurídicas que levaram ao indiciamento de uns, e deixaram passar culpas de seus oponentes.

O precedente Joaquim Barbosa condenou Pizzolatto por contratos do Banco do Brasil com a Visanet que são anteriores à sua posse na diretoria da Marketing da estatal. O tesoureiro do PT, João Vaccari, foi indiciado por financiamentos legais de campanha feitos ao seu partido pelas empresas implicadas no escândalo Petrobras desde 2008 – sem que Moro tenha se importado com o detalhe de que Vaccari assumiu a tesouraria da legenda a partir de fevereiro de 2010. Se a intenção fosse a de fazer justiça, o juiz teria no mínimo feito referência ao tesoureiro anterior. Usou, todavia, o domínio do fato, para argumentar uma responsabilidade telepática de Vaccari sobre fatos que aconteceram mesmo antes de ele assumir o cargo.

O juiz argumenta, ao aceitar a denúncia, que João Vaccari “tinha conhecimento do esquema criminoso [de pagamento de propinas por empresa fornecedoras da Petrobras] e dele participava”, fiando-se em delações premiadas de participantes do esquema que tinham interesse pessoal em responder aos anseios das autoridades policiais e judiciárias que jogavam para uma plateia – e que fizeram isso de forma mais intensa no período eleitoral, com fartos vazamentos seletivos sobre um inquérito que envolveu Deus e o diabo na terra do sol.

Moro tomou como fato inquestionável – e confundiu isso com prova – que o esquema envolveu exclusivamente os últimos governos, e que o financiamento dado oficialmente ao PT era, na verdade, produto de propina. E traçou uma lógica segundo a qual a cada fechamento de contrato pelas empresas envolvidas resultava numa doação legal para o PT, ou para uma campanha do PT.

Quando se toma a doação dessas mesmas empresas para o PSDB e para o PMDB, todavia, fica um grande vazio. Existem duas ordens de doações privadas para partidos e candidatos, segundo Moro: uma, recebida por determinados partidos, que são propina; outra, captada por outros partidos, que não são crimes.

Se tomados os dados de doação registrados junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as 16 empresas envolvidas no Caso Lava Jato (Galvão Engenharia, Oderbrecht, UTC, Camargo Correa, OAS, Andrade e Gutierrez, Mendes Júnior, Iesa, Queiroz Galvão, Engevix, Setal, GDK, Techint, Promon, MPE e Sranska) contribuíram com R$ 135,5 milhões para as eleições de 2010 e R$ 222,5 para as eleições de 2014.

Nas eleições de 2010, o PMDB, que não tinha candidato presidencial, recebeu a maior parcela, de R$ 32,85 milhões; o PT, R$ 31,4 milhões e o PSDB, R$ 27 milhões. Foram os três maiores agraciados, com 24%, 23% e 20% das doações totais dessas empresas, respectivamente. Todavia, o PSB, o PP, o PRB e o PSC conseguiram também quantias consideráveis: R$ 19,5 milhões, R$ 6,5milhões, R$ 4,95 milhões e R$ 2 milhões, respectivamente. PDT, PC do B, DEM, PTB, PTN, PTC, PTdoB e PMN receberam entre R$ 150 mil e R$ 1,8 milhão.

No ano passado, PT e PSDB mantiveram, de novo, arrecadação muito próxima dessas mesmas empresas. O partido de Dilma conseguiu R$ 56,38 milhões junto a essas fontes, mas o PSDB de Aécio não ficou muito atrás: obteve R$ 53,73 milhões. O PMDB ficou em terceiro em arrecadação, mas rivalizando com os dois partidos que disputaram a Presidência no segundo turno: conseguiu levantar R$ 46,62 milhões dessas empresas. O PSB de Marina Silva ganhou R$ 15,8 milhões; o DEM, R$ 12 milhões; o PP, R$ 10,25 milhões; o PSD, R$ 7,13 milhões; e o PR, R$ 6,85 milhões. Os demais partidos arrecadaram entre R$ 3,3 milhões e R$ 100 mil.

Esses números certamente não querem dizer que todos os partidos que receberam dinheiro dessas empresas tenham, na verdade, recebido propina por serviços prestados a elas. Mas indicam que a simples existência de doações legais ao PT não comprova propina. É preciso que existam provas do ilícito, e que elas sejam mais consistentes do que a delação de implicados que são réus confessos e que foram premiados pela Justiça.

É esse legado que o país carrega do caso Mensalão. Em vez de servir para punir exemplarmente culpados, o Mensalão abriu o precedente de incluir a Justiça com parte de um terceiro turno eleitoral. A Justiça brincou de fazer política e não olhou para os precedentes que abria. A insegurança jurídica que isso causa pode levar no mesmo rodo, no futuro, a água dos que encenaram o espetáculo da condenação sem provas.


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sexta-feira, 27 de março de 2015

admita: ocê num tá nem aí pra corrupção

Mensalão tucano
não tem nem juiz !

 
 
Eis aí a obra prima do Presidente Joaquim Barbosa !
 
 
 
                                        




O repórter Paulo Peixoto, da Fel-lha (ver no ABC do C Af), descreve fato espantoso ainda que perfeitamente previsível:

Caso do mensalão tucano está parado na Justiça de Minas


Um ano depois de o Supremo Tribunal Federal determinar que o processo do mensalão tucano contra o ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) deveria ser julgado na primeira instância da Justiça em Minas Gerais, nada foi feito para concluir o caso, que se arrasta há quase uma década.

Além de o julgamento não ter acontecido, desde 7 de janeiro a 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, onde tramita a ação, está sem juiz, porque a titular se aposentou.

(…)









Terá sido exatamente essa a ideia do presidente Barbosa, quando relatou, presidiu e mandou prender no mensalão do PT?
NavalhaAos petistas, a cadeia!
Aos tucanos, a impunidade.
O bem-bom!
É possível que seja essa a jurisprudência que a vara do Dr Moro, no Paraná, segue à risca.
Com a exceção do Anastasia, coitado, feito bode expiatório.
E de um morto, que Deus tenha a sua alma, o ínclito presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, que fazia companhia ao Álvaro Dias na tal CPI do milhão…
Barusco, você está proibido de falar do que fazia no Governo do Príncipe da Privataria!
Não vem ao caso!
No caso do mensalão dos tucanos, não há nem bode.
Quanto mais que expie.

Paulo Henrique Amorim
 








     



 

terça-feira, 24 de março de 2015

vem chegando... o doleiro Adir Assad, ajudante de ordens de Youssef


Ricardo Melo: Por que não uma Constituinte?




março 24, 2015






Leia também:
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Por Ricardo Melo, na Folha de S. Paulo


Quando parecia ser uma semana infernal para o governo, fatos mostraram que o jogo está longe de ter sido jogado.

Um dos alvos da Lava Jato, a Setal, abriu o bico sobre o cartel que cercava a Petrobras. Segundo a empresa, a indústria da fraude vem de longe. Mais precisamente do final dos anos 1990, durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso. E agora, senador José?

Quase ao mesmo tempo, surge vídeo do processo sigiloso mais vazado da história. O criminoso Alberto Youssef delata, em alto e bom som, que o senador Aécio Neves recebia propinas de uma diretoria de Furnas.

Em São Paulo, capitania tucana, avança o processo sobre a roubalheira na CPTM/Metrô; procuradores acham brechas para ressuscitar a Castelo de Areia. (Para quem não se lembra, trata-se de operação sobre negociatas com governos tucanos. Foi impugnada sob o argumento de que os grampos incriminadores eram ilegais… Imagine se o mesmo critério fosse aplicado na Lava Jato.)

Quer mais? Empreiteiros juram de pés juntos que Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB e já morto, embolsou grana pesada para esvaziar investigações na Petrobras. E um novo nome aparece para atormentar vestais de azul: o doleiro Adir Assad, ajudante de ordens de Youssef. O personagem tem muito a falar sobre negócios de Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, governadores tucanos e o ex-prefeito Gilberto Kassab, segundo informa reportagem do sempre atento Fabio Serapião na revista “Carta Capital”.

Resumo da ópera: multiplicam-se as provas de que o Estado brasileiro opera sobre uma base misturando corrupção, conivência do grande empresariado e interesses partidários. Para o governo, isso pode até trazer algum alívio quanto a cálculos políticos. Já para os envolvidos, o PT e todas as suas inúmeras digitais incluídos, são novos elementos a cobrar iniciativas mais convincentes que entrevistas coletivas atabalhoadas, pacotes requentados e dietas alimentares transformadas em termômetro político.

No que a esta altura parece um tempo imemorial, mais de 7 milhões de brasileiros participaram de um plebiscito informal que durou de 1º a 7 de setembro de 2014. Quase 500 entidades organizaram a consulta. Resultado: 97% dos participantes se declararam a favor de uma Constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político.

Detalhe: a proposta foi lançada pela própria administração petista pós-junho de 2013. Teve gente que acreditou nela, tanto que organizou o referendo. Já o Planalto parece nem se lembrar da proposta, embora exista um projeto na Câmara pela convocação de um plebiscito oficial.

Que uma reforma política é mais do que necessária, os fatos se encarregam de mostrar. Que do mato atual não vai sair coelho sadio, disso pode se ter certeza. Esperar que os parlamentares de turno façam alguma mudança séria num sistema que os levou ao poder é como esperar Papai Noel na chaminé.

Num país em que um ministro do Supremo se dá o direito imperial de bloquear um mísero projeto de purificação do financiamento eleitoral, e seus colegas de corte se fingem de mortos, qualquer cenário é possível. Até que o povo e suas famílias percebam o custo da bandalheira institucionalizada.

domingo, 22 de março de 2015

Se sabia e saiu com ele na Avenida Paulista... é igual o vovô metralha


“Vovô Metralha” matava jovens a sangue-frio, sabiam, meninos revoltados?


 
Tijolaço


Fernando Brito





Meu bom companheiro Fernando Molica, colunista de O Dia, publicou ontem, em seu blog, um excelente artigo sobre o vídeo que havíamosmostrado aqui, feito pelos jornalistas da revista Trip na manifestação da Avenida Paulista de domingo.

Rerproduzo o artigo ao final, mas peço licença a Molica para trazer logo para o início a ficha do aparentemente inofensivo “Carlinhos Metralha” louvado pelos manifestante e digno até de uma esdrúxula continência por parte de um policial militar.

Carlos Alberto Augusto, vulgo ‘Carteira Preta’ e ‘Carlinhos Metralha’, o ex-delegado do Dops que discursou na manifestação, levou para a Avenida Paulista um cartaz em que dizia querer ser ouvido pela Comissão da Verdade. Pena que só diz isso agora, quando os trabalhos da comissão foram encerrados. O relatório diz que ele foi convocado a depor, mas não foi localizado. Na hora de prestar contas à história, ele tratou de não aparecer. Segue trecho do relatório sobre ele:

Carlos Alberto Augusto (1944-) Delegado de polícia. Serviu no Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (DOPS/SP), sendo conhecido como “Carteira Preta” e “Carlinhos Metralha”. Integrou a equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury. Teve participação em casos de detenção ilegal, tortura e execução. Convocado para prestar depoimento à CNV, não foi localizado. Vítimas relacionadas: Carlos Marighella (1969); Eduardo Collen Leite (1970); Antônio Pinheiro Salles e Devanir José de Carvalho (1971); Soledad Barrett Viedma, Pauline Reichstul, Jarbas Pereira Marques, José Manoel da Silva, Eudaldo Gomes, Evaldo Luiz Ferreira de Souza e Edgard de Aquino Duarte (1973).

A Pauline Reichstul, apontada no relatório como uma das vítimas do ‘Carlinhos Metralha’, era irmã de Henri Philippe Reichstul, presidente da Petrobras no governo Fernando Henrique Cardoso.

Retomo: Carlinhos Metralha era um dos agentes do DOPS que “administrava” as delações do famigerado Cabo Anselmo. Pauline e outros cinco jovens foram executados não na “Paulista”, mas em Paulista, Pernambuco, no que ficou conhecido como “A Chacina da Chácara São Bento”.

Pauline recebeu uma coronhada na cabeça. Os outros cinco, executados a tiros.

26 tiros, relata o jornalista pernambucano Luiz Felipe Campos, que escreveu um livro sobre o episódio: “14 na cabeça e muitos à queima-roupa. Ao cenário brutal, foram adicionadas armas ao redor dos corpos para sugerir um confronto entre guerrilheiros e militares que nunca houve. As fotos, difundindo a versão oficial de que um “congresso de terroristas” havia sido desbaratado, foi estampada nos jornais três dias depois”.

Já mortos, metralhados.

“Com muito prazer”, talvez, como disse no vídeo o “herói da Paulista”.



O ato, os golpistas e o torturador


Fernando Molica


O vídeo sobre a manifestação paulistana que foi preparado por equipe da revista ‘Trip’ é assustador demais. Não dá para achar razoável ou tolerável que organizadores de ato que diz defender a democracia aceitem a presença de entusiastas de um golpe militar e até liberem o microfone para um ex-torturador, o delegado aposentado Carlos Alberto Augusto. Admitir a participação desses sujeitos seria o mesmo que aceitar a presença de nazistas numa passeata contra a política externa de Israel. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

É razoável imaginar que organizadores da manifestação tomassem a iniciativa de expulsar do ato um grupo de petistas que fosse até lá para condenar a roubalheira na Petrobras e, ao mesmo tempo, defender Dilma Rousseff. Não seria absurdo que eles fossem convidados a se retirar de uma passeata que protesta contra o governo. A eventual presença deles poderia até ser vista como provocação.

O problema é que, pelo que vi e li sobre as manifestações de domingo, não houve qualquer tentativa de expulsão dos pregadores do golpe (o vídeo até mostra mulheres que se revoltaram com a histeria militarista, mas, pelo visto, não passou de um protesto isolado).

É simples, ato que inclui defensores da ditadura, torturadores (havia pelo menos um) e pessoas que não admitem a pluralidade (caso dos que revelam intolerância com comunistas e integrantes de outras correntes de esquerda) não pode ser chamado de democrático. Mais: quem defende a ditadura não tem o direito de dizer que é contra a corrupção. Afinal, na ditadura, casos de corrupção eram censurados ou não geravam qualquer consequência – como as mordomias no escalão federal reveladas pelo ‘Estadão’ e a negociata, publicada pela ‘Folha’, que envolveu o grupo Delfin e o Banco Nacional da Habitação (terrenos no valor de Cr$ 10 bilhões quitaram uma dívida de Cr$ 60 bi junto ao BNH). Quem defende a ditadura defende o direito de quem quer roubar sem ser punido.

Vale também ressaltar o absurdo que foi utilizar a belíssima ‘Canção do Expedicionário’ como trilha sonora da manifestação, isto representou uma ofensa aos pracinhas que foram combater ditaduras na Europa. Um combate que, aqui, acabou provocando a queda de um ditador. A ‘Canção’ (“Por mais terras que eu percorra/ Não permita Deus que eu morra/Sem que volte para lá”) é linda, deve ser o único canto de guerra que não fala em destruição, em morte, mas da vitória e da saudade da pátria amada:


Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Dos pampas, do seringal,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal.


Por último, vale registrar: o Carlos Alberto Augusto, vulgo ‘Carteira Preta’ e ‘Carlinhos Metralha’, o ex-delegado do Dops que discursou na manifestação, levou para a Avenida Paulista um cartaz em que dizia querer ser ouvido pela Comissão da Verdade. Pena que só diz isso agora, quando os trabalhos da comissão foram encerrados. O relatório diz que ele foi convocado a depor, mas não foi localizado. Na hora de prestar contas à história, ele tratou de não aparecer. Segue trecho do relatório sobre ele:

Carlos Alberto Augusto (1944-) Delegado de polícia. Serviu no Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (DOPS/SP), sendo conhecido como “Carteira Preta” e “Carlinhos Metralha”. Integrou a equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury. Teve participação em casos de detenção ilegal, tortura e execução. Convocado para prestar depoimento à CNV, não foi localizado. Vítimas relacionadas: Carlos Marighella (1969); Eduardo Collen Leite (1970); Antônio Pinheiro Salles e Devanir José de Carvalho (1971); Soledad Barrett Viedma, Pauline Reichstul, Jarbas Pereira Marques, José Manoel da Silva, Eudaldo Gomes, Evaldo Luiz Ferreira de Souza e Edgard de Aquino Duarte (1973).

A Pauline Reichstul, apontada no relatório como uma das vítimas do ‘Carlinhos Metralha’, era irmã de Henri Philippe Reichstul, presidente da Petrobras no governo Fernando Henrique Cardoso.

Será? Num acredito!


ARMÍNIO E EMPRESÁRIOS SÃO FISGADOS NA LISTA DO HSBC




Brasil 247






'Nomeado' Ministro da Fazenda pelo presidenciável de 2014 Aécio Neves (PSDB), Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, aparece na lista dos mais de 8 mil brasileiros do caso Swisskeaks ao lado de empresários como Benjamin Steinbruch (CSN); Carlos Roberto Massa (o apresentador Ratinho, do SBT), Alceu Elias Feldmann (Grupo Fertipar) e Cláudio Szajman (Grupo VR); eles e mais 11 nomes citados doaram mais de R$ 50 mil cada na campanha eleitoral de 2014; candidatos tucanos foram os que mais receberam, com R$ 2,925 milhões; proprietário do Gávea Investimentos, Arminio afirma ter declarado os recursos: “Não faço parte desta lama”





247 – ‘Nomeado’ ministro da Fazenda pelo presidenciável de 2014 Aécio Neves (PSDB), Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, aparece na lista dos mais de 8 mil brasileiros com conta no HSBC da Suíça.

Além dele, constam empresários como Benjamin Steinbruch (CSN); Carlos Roberto Massa (o apresentador Ratinho, do SBT); Cláudio Szajman (Grupo VR) e Alceu Elias Feldmann (Grupo Fertipar).

Eles e mais 11 nomes citados no caso Swissleaks doaram mais de R$ 50 mil na campanha eleitoral de 2014 - deram, juntos, R$ 5,824 milhões para políticos de 12 partidos.

Candidatos tucanos foram os que mais receberam do grupo analisado, com R$ 2,925 milhões. Já o PT e seus candidatos tiveram R$ 1,505 milhão de doações.

Proprietário do Gávea Investimentos, Arminio Fraga, afirma ter declarado os recursos e apresentou documentos que comprovam que suas contas estavam em situação legal em 2006/2007. “Não faço parte desta lama”, afirmou.

Outros empresários, como Benjamin Seinbrucht também disseram que bens são legais.

Leia aqui reportagem do ‘Globo’ sobre o assunto.

os donos das empresas jornalísticas não se envergonham...


PiG tem que aprender
a desmamar do Governo



Por que os fâmulos não denunciaram o Aécio em MG?



Conversa Afiada









O Conversa Afiada reproduz artigo de Paulo Nogueira, extraído do Diário do Centro do Mundo:



AS EMPRESAS DE MÍDIA TÊM DIREITO DIVINO A VERBAS MULTIMILIONÁRIAS DA PUBLICIDADE ESTATAL?



As empresas de mídia têm direito divino ao dinheiro da publicidade do governo federal?

Você pode ser levado a pensar isso, se ler as repercussões a uma alegada declaração de Rui Falcão sobre o tema.

Quer dizer: a sociedade está condenada a subsidiar eternamente as famílias Marinhos, Civitas, Frias etc, segundo este raciocínio cínico e anticapitalista.

Entre os colunistas fâmulos dessas corporações, parece ser este o entendimento.

Entende-se apenas por um motivo: o emprego deles depende desse dinheiro. E de outras mamatas feitas com recursos públicos: compra de assinaturas, compra de livros, financiamentos em bancos estatais a juros negativos, complacência no Imposto de Renda e por aí vai.

Para você ver como é torta essa discussão, considere o seguinte. Alguém reclamou, nos anos Aécio em Minas Gerais, da destinação das verbas publicitárias governamentais? Um só colunista fâmulo disse que era inaceitável não colocar anúncios em órgãos críticos a Aécio?

Numa democracia, quem vence a batalha dos votos tem certos direitos, e isso não deve ser esquecido.

Um deles é nomear ministros do STF. FHC nomeou, sem ser questionado, Gilmar Mendes, cuja simpatia militante pelo PSDB foi reconhecida publicamente até pela jornalista Eliane Catanhede.

Outro é dispor dos recursos da publicidade.

A real discussão, aí, é se faz sentido o governo gastar tanto em propaganda. Nos anos do PT, as despesas publicitárias virtualmente dobraram.

Como virtualmente todo o dinheiro vai para as grandes empresas, só elas lucraram com isso – sobretudo diante do fato de que suas mídias, as tradicionais, são todas elas declinantes.

A Globo perdeu um terço da audiência no período, e mesmo assim continua a levar cerca de 500 milhões de reais por ano.

Até o SBT de Sheherazade, uma emissora de segunda ou terceira linha que não produz nada que eleve o espectador, tem sido agraciado com 150 milhões de reais ao ano.

Entendo, e já escrevi, que o mais sensato, para o governo, seria partir de um orçamento base zero em propaganda e, cuidadosamente, refletir sobre cada investimento.

Do ponto de vista lógico, é um erro investir pesadamente em mídias que caminham para o cemitério na Era Digital – como revistas, jornais e, como se sabe agora, televisão, aberta ou paga.

As companhias jornalísticas têm que aprender a desmamar dos seios públicos.

A dependência em que elas vivem gera situações perigosas para toda a sociedade.

A cada eleição, elas se empenham loucamente por colocar no poder alguém – como Aécio – que vá manter todos os privilégios, e talvez até aumentá-los.

Ricardo Kotscho, que trabalhou no primeiro governo petista, atribui a raiva da Veja de Lula ao fato de Roberto Civita não haver sido atendido numa reivindicação por mais publicidade federal.

Sim, os donos das empresas jornalísticas não se envergonham de passar o pires em Brasília em momentos de necessidade.

O que não faz sentido é atendê-los obsequiosamente.

Que sejam capitalistas. Que deixem de mamar. Que façam como Murdoch.

E que não recorram a colunistas fâmulos para defender seus interesses indefensáveis.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Em comum acordo com Aécio Neves! Cadê os 30 minutos de Fama do Aecim na grobobo com o vovô e a titia?


Dr Janot, olha o Aécio
na delação do Youssef !



E a irmãzinha também ! Coitado do Anastasia !


Conversa Afiada






Do Rodrigo Vianna, do Escrevinhador:



ASSISTA AO VÍDEO EM QUE O DOLEIRO YOUSSEF ACUSA AÉCIO DE ARRECADAR DINHEIRO EM FURNAS



Muitos dos marchadores e paneleiros que ocuparam a Paulista no último domingo usavam camiseta igual à de Ronaldo: “a culpa não é minha, eu votei no Aécio”.

A hipocrisia nacional ficou mais uma vez exposta.

Dois dias depois, acaba de ser divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o vídeo em que o doleiro Alberto Youssef afirma ter ouvido do ex-deputado federal José Janene e do presidente da empresa Bauruense, Airton Daré, que o tucano Aécio Neves dividiria uma diretoria de Furnas com o PP e que uma irmã dele faria a suposta arrecadação de recursos.

No depoimento acima, Youssef afirmou ter auxiliado Janene e transportado para ele, algumas vezes, propinas pagas pela empresa Bauruense por contratos em Furnas. A propina teria sido paga, segundo o doleiro, entre 1996 e 200 – durante o governo Fernando Henrique Cardoso – do PSDB.

Janene arrecadava entre US$ 100 mil e US$ 120 mil mensais, com pagamentos em espécie, em dólares ou reais.O doleiro disse ter ouvido o então deputado Janene, do PP, afirmar que a diretoria de Furnas seria dividida com o PSDB, mais especificamente com Aécio Neves.

“Ele conversando com outro colega de partido, então naturalmente saía essa questão que na verdade o PP não tinha a diretoria só, e sim dividia com o PSDB, no caso a cargo do então deputado Aécio Neves“, declarou Youssef.O doleiro afirmou ter ouvido algumas vezes que caberia a uma irmã de Aécio fazer a arrecadação de recursos na Bauruense. Em relação ao empresário, o argumento era usado para justificar o motivo de não poder repassar mais recursos a Janene. “Ele (Daré) estava discutindo valores com o seu José (Janene) e dizia: não posso pagar mais porque tem a parte do PSDB. Aí você acaba escutando”, afirmou o doleiro.

Aécio nega as acusações. o procurador Janot, estranhamente, decidiu não levar adiante as investigações sobre o tucano – que agora apóia marchas contra a corrupção no Brasil, e pela derrubada de Dilma.

Deputados de Minas levaram mais documentos a Brasília, para pedir a reabertura da investigação.

Enquanto isso, Ronaldo e Aécio seguem empurrando com a barriga…


Leia também:



LISTA DE FURNAS CAI NO COLO DO JANOT

terça-feira, 17 de março de 2015

A Receita Federal está de olho na relação de nomes

Lista do HSBC tem 22 empresários de comunicação e sete jornalistas



Procurados, os executivos, herdeiros e empresários de mídia e jornalistas que aparecem na lista do banco na Suíça negaram a existência das contas numeradas ou qualquer irregularidade fiscal




por Da Agência Brasil publicado 14/03/2015




Brasília – Matéria publicada hoje (14) no jornal O Globo informa que ao menos 22 empresários do setor e sete jornalistas brasileiros estão entre os correntistas do HSBC suíço, na lista dos 8.667 brasileiros que, em 2006 e 2007, tinham contas numeradas no banco. A Receita Federal está de olho na relação de nomes e já informou que continua trabalhando com o objetivo de aumentar as medidas de cooperação internacional necessárias para obter de autoridades europeias a lista oficial e integral dos contribuintes brasileiros suspeitos de ter contas na subsidiária do banco HSBC na Suíça.

O caso que está sendo chamado de SwissLeaks, em alusão ao WikiLeaks, que publica em sua página na internet dados de governos e organizações que considera de interesse dos cidadãos. A lista do HSBC foi divulgada pelo International Consortium of Investigative Journalism (Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo) e pode indicar fraude fiscal.

A matéria é baseada em levantamento feito pelo próprio jornal, em parceria com o portal UOL, pertencente ao Grupo Folha, com base em documentos oficiais que foram vazados pelo ex-funcionário do banco, Hervé Falciani. A investigação jornalística é comandada pelo ICIJ, sigla em inglês para Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos.

Na lista, divulgada pelo jornal, constam os nomes de proprietários do Grupo Folha. Tiveram conta conjunta naquela instituição os empresários Octavio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho já falecidos. Luiz Frias, atual presidente da Folha e do UOL, aparece como beneficiário da mesma conta, criada em 1990, e encerrada em 1998.

Integrantes da família Saad, dona da Rede Bandeirantes, também tinham contas no HSBC na época em que os arquivos foram vazados. Constam entre os correntistas os nomes do fundador da Bandeirantes, João Jorge Saad e da empresária Maria Helena Saad Barros, também falecidos, e de Ricardo Saad e Silvia Saad Jafet, filho e sobrinha de João Jorge.

Outro nome que aparece na lista obtida pelo jornal é de Lily de Carvalho, viúva de dois jornalistas e donos de jornais, Horácio de Carvalho, ex-proprietário do Diário Carioca, e Roberto Marinho, dono das Organizações Globo. Os dois estão mortos. Lily de Carvalho morreu em 2011.

Na lista do jornal consta ainda Luiz Fernando Ferreira Levy (1911-2002), que foi proprietário do extinto jornal Gazeta Mercantil, e integrantes do Grupo Edson Queiroz, dono da TV Verdes Marese do Diário do Nordeste. Constam na lista do HSBC, Lenise Queiroz Rocha, Yolanda Vidal Queiroz e Paula Frota Queiroz. Edson Queiroz Filho, que morreu em 2008, também surge como beneficiário de uma das contas.

O jornal revela ainda que na lista estão Dorival Masci de Abreu (morto em 2004), que era proprietário das rádios Scalla, Tupi, Kiss, entre outras, e João Lydio Seiler Bettega, dono das rádios Curitiba e Ouro Verde FM, no Paraná.

O levantamento de O Globo e do UOL indica ainda Fernando João Pereira dos Santos, do Grupo João Santos, da TV e da rádio Tribuna (no Espírito Santo e em Pernambuco) e Anna Bentes, que foi casada com Adolpho Bloch (1908-1995), fundador do antigo Grupo Manchete.

O apresentador Ratinho (Carlos Roberto Massa), dono da Rede Massa (afiliada ao SBT no Paraná), foi outro que teve conta no HSBC da Suíça. A lista inclui ainda Aloysio de Andrade Faria, do Grupo Alfa (Rede Transamérica) e sete jornalistas: Arnaldo Bloch (O Globo), José Roberto Guzzo (Editora Abril), Mona Dorf (apresentadora da rádio Jovem Pan), Arnaldo Dines, Alexandre Dines, Debora Dines e Liana Dines. Finaliza a lista divulgada pelo O Globo, o radialista Fernando Luiz Vieira de Mello (1929-2001), ex-rádio Jovem Pan. Alberto Dines, pai de quatro dos jornalistas citados, informou que três dos seus filhos moram há anos no exterior e não são obrigados a declarar ao Fisco brasileiro.
Envolvidos negam irregularidades ou não comentam

Procurados, os empresários de mídia e jornalistas que aparecem na lista do HSBC negaram a existência das contas numeradas na Suíça ou qualquer irregularidade. O Grupo Folha e a família de Octavio Frias de Oliveira informaram “não ter registro da referida conta bancária e manifestam sua convicção de que, se ela existiu, era regular e conforme à lei”. O Grupo Bandeirantes, de João Jorge Saad, informou, por meio de sua assessoria, que “não vai comentar o assunto”.

Sobre a conta de Lily de Carvalho, viúva dos jornalistas Horácio de Carvalho e Roberto Marinho, o Grupo Globo não comenta. Pelo Grupo Edson Queiroz, da TV Verdes Mares, Lenise Queiroz Rocha afirmou desconhecer a existência da conta. Luiz Fernando Ferreira Levy, ex-presidente da Gazeta Mercantil, disse que não tinha conta.

A família de Dorival Masci de Abreu, que era proprietário da rede CBS de rádios, disse, por meio de assessoria, que não se manifestará.

Julieta, mulher de João Lydio Seiler Bettega, da Curitiba e Ouro Verde FMs, afirmou que o casal nunca teve conta na Suíça e que é correntista do banco em Curitiba. Fernando João Pereira dos Santos, do Grupo João Santos, foi procurado por e-mail enviado para sua diretoria dele, mas não respondeu.

Anna Bentes, mulher de Adolpho Bloch, não foi encontrada. O Grupo Massa, de Ratinho, afirmou que todos os bens e valores de Carlos Roberto Massa e Solange Martinez Massa foram devidamente declarados. O Grupo Alfa, de Aloysio de Andrade Faria, afirmou que não tinha “nada a declarar”.

O jornalista Arnaldo Bloch afirmou que nunca teve conta no HSBC, no Brasil ou no exterior. Já o jornalista José Roberto Guzzo disse que “nunca teve conta no HSBC da Suíça em qualquer outra época”. Mona Dorf, da Jovem Pan, foi procurada, por meio de sua assessoria, mas não respondeu.

O jornalista Fernando Vieira de Mello afirmou que nem ele nem o pai foram titulares de conta no HSBC suíço.

o desafio político


Moniz Bandeira: EUA promovem desestabilização de democracias na América Latina; atores muito bem pagos atuam na Venezuela, Argentina e Brasil


Viomundo

publicado em 17 de março de 2015



“EUA promovem desestabilização de democracias na América Latina”, denuncia Moniz Bandeira



Entrevista concedida ao PT na Câmara e publicada no site da liderança do PT



O cientista político e historiador Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira denunciou hoje (17) que os Estados Unidos, por meio de órgãos como CIA, NSA (Agência Nacional de Segurança) e ONG´s a eles vinculadas, continuam na tentativa de desestabilizar governos de esquerda e progressistas da América Latina, como os da Venezuela, Argentina e Brasil. Em entrevista ao PT na Câmara, por e-mail, Moniz Bandeira disse que ‘’evidentemente há atores, profissionais muito bem pagos, que atuam tanto na Venezuela, Argentina e Brasil, integrantes ou não de ONGs, a serviço da USAID, Now Endowment for Democracy (NED) e outras entidades americanas”, para desestabilizar esses países, com a utilização de instrumentos que incluem protestos de rua.

‘’As demonstrações de 2013 e as últimas, contra a eleição da presidente Dilma Russeff, não foram evidentemente espontâneas”, disse o cientista político. “ Os atores, com o suporte externo, fomentam e encorajam a aguda luta de classe no Brasil, intensificada desde que um líder sindical, Lula, foi eleito presidente da República. Os jornais aqui na Alemanha salientaram que a maior parte dos que participaram nas manifestações de domingo, dia 15, era gente da classe média alta para cima, dos endinheirados’’, disse Moniz Bandeira, que reside na Alemanha e é autor de vários livros sobre as relações Brasil—EUA.

No caso do Brasil especificamente, citou iniciativas do PT e aliados que contrariam Washington, como a criação do Banco do Brics , uma alternativa ao FMI e ao Banco Mundial e o regime de partilha para o pré-sal, que conferiu papel estratégico à Petrobras, descocando as petroleiras estrangeiras. Ele lembrou também que a presidenta Dilma foi espionada pela NSA e não se alinhou com os EUA em outras questões de política internacional, entre as quais a dos países da América Latina.

Eis a entrevista:

1)O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), comentou nas redes sociais que a CIA tem atuado nas tentativas de desestabilização de governos democráticos na América Latina . Como o senhor avalia isso, diante de vários episódios históricos que mostram os EUA por trás da desestabilização de governos de esquerda e progressistas?

R – Washington há muito tempo está a criar ONGs com o fito de promover demonstrações empreendidas, com recursos canalizados através da USAID, National Endowment for Democracy (NED) e CIA; Open Society Foundation (OSF), do bilionário George Soros, Freedom House, International Republican Institute (IRI), sob a direção do senador John McCain, etc. Elas trabalham diretamente com o setor privado, municípios e cidadãos, como estudantes, recrutados para fazerem cursos nos EUA. Assim o fizeram nos países da Eurásia, onde de 1989 ao ano 2000 foram criadas mais de 500.000, a maioria das quais na Ucrânia. Outras foram organizadas no Oriente Médio para fazer a Primavera Árabe.

A estratégia é aproveitar as contradições domésticas do país, os problemas internos, a fim de agravá-los, gerar turbulência e caos até derrubar o governo sem recorrer a golpes militares. Na Ucrânia, dentro do projeto TechCamp, instrutores, a serviço da Embaixada dos EUA, então chefiada pelo embaixador Geoffrey R. Pyatt, estavam a preparar, desde pelo menos 2012, especialistas, profissionais em guerra de informação e descrédito das instituições do Estado, a usar o potencial revolucionário da mídia moderna – subvencionando a imprensa escrita e falada, TVs e sites na Internet – para a manipulação da opinião pública, e organização de protestos, com o objetivo de subverter a ordem estabelecida no país e derrubar o presidente Viktor Yanukovych as demonstrações contra o presidente Yanukovych, em fevereiro de 2014.

Essa estratégia baseia-se nas doutrinas do professor Gene Sharp e de Political defiance, i. e., o desafio político, termo usado pelo coronel Robert Helvey, especialista da Joint Military Attache School (JMAS), operada pela Defence Intelligence Agency (DIA), para descrever como derrubar um governo e conquistar o controle das instituições, mediante o planejamento das operações e mobilização popular no ataque às fontes de poder nos países hostis aos interesses e valores do Ocidente (Estados Unidos). Essa estratégia pautou em larga medida a política de regime change, a subversão em outros países, sem golpe militar, incrementada pelo presidente George W. Bush, desde as chamadas “revoluções coloridas” na Europa e Eurásia, assim como na África do Norte e no Oriente Médio. Explico, em detalhes e com provas, como essa estratégia se desenvolve em meu livro A Segunda Guerra Fria, e, no momento estou a pesquisar e escrever outra obra – A desordem mundial – onde aprofundo o estudo o que ocorreu e ocorre em vários países, sobretudo na Ucrânia.

2) Além da CIA, como os EUA atuam contra os governos de esquerda da América Latina?

R – Não se trata de uma questão ideológica, mas de governos que não se submetem às diretrizes de Washington. Uma potência mundial, como os EUA, é mais perigosa quando está a perder a hegemonia do que quando expandia seu Império. E o monopólio que adquiriu após a II Guerra Mundial de produzir a moeda internacional de reserva – o dólar – está a ser desafiado pela China, Rússia e também o Brasil, que está associado a esses países na criação do banco internacional de desenvolvimento, como alternativa para o FMI, Banco Mundial etc. Ademais, a presidenta Dilma Rousseff denunciou na ONU a espionagem da NSA, não comprou os aviões – caça dos EUA, mas da Suécia, não entregou o pré-sal às petrolíferas americanas e não se alinhou com os Estados Unidos em outras questões de política internacional, entre as quais a dos países da América Latina.

3) O governo da Venezuela tem denunciado a participação de Washington em tentativas de golpe. O mesmo poderia estar acontecendo em relação ao Brasil?

R – Evidentemente há atores, profissionais muito bem pagos, que atuam tanto na Venezuela, Argentina e Brasil, integrantes ou não de ONGs, a serviço da USAID, Now Endowment for Democracy (NED) e outras entidades americanas. Não sem razão o presidente Vladimir Putin determinou que todas as ONGs fossem registradas e indicassem a origem de seus recursos e como são gastos. O Brasil devia fazer algo semelhante. As demonstrações de 2013 e as últimas, contra a eleição da presidente Dilma Rousseff, não foram evidentemente espontâneas. Os atores, com o suporte externo, fomentam e encorajam a aguda luta de classe no Brasil, intensificada desde que um líder sindical, Lula, foi eleito presidente da República. Os jornais aqui na Alemanha salientaram que a maior parte dos que participaram das manifestações de domingo, dia 15, era gente da classe média alta para cima, dos endinheirados.

4) Que interesses de Washington seriam contrariados, pelo governo do PT, para justificar a participação da CIA e de grupos empresariais de direita, como os irmãos Koch (ramo petroleiro) , no financiamento de mobilizações contra Dilma? O pré-sal, por exemplo?

R – Os interesses são vários como expliquei acima. É muito estranho como começou a Operação Lava-Jato, partir de uma denúncia “premiada”, com ampla participação da imprensa, sem que documentos comprobatórios aparecessem. O grande presidente Getúlio Vargas já havia denunciado, na sua carta-testamento, que “a campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. (…) Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculizada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente”.

5) Como o senhor interpreta o surgimento de grupos de direita no Brasil, com agenda totalmente alinhada aos interesses dos EUA?

R – Grupos de direita estão no Brasil como em outros países. E despertaram com a crise econômica deflagrada em 2007-2008 e que até hoje permanece, em vários países, como o Brasil, onde irrompeu com mais atraso que na Europa. E a direita sempre foi fomentada pelos interesses de Wall Street e do complexo industrial nos EUA, que é ceivado pela corrupção, e onde a porta giratória – executivos de empresas/secretários do governo – nunca deixa de funcionar, em todas as administrações.

6) Há, entre os organizadores dos protestos, gente francamente favorável à privatização da Petrobras e das riquezas nacionais, com um evidente complexo de vira-latas diante dos interesses estrangeiros. Como analisar esse movimento à luz da história brasileira?De novo o nacionalismo versus entreguismo?

R– Está claro que, por trás da Operação Lava-Jato, o objetivo é desmoralizar a Petrobras e as empresas estatais, de modo a criar as condições para privatizá-las. Porém, estou certo de que as Forças Armadas não permitirão, não intervirão no processo político nem há fundamentos para golpe de Estado, mediante impeachment da presidenta Dilma Rousseff, contra a qual não há qualquer prova de corrupção, fraude eleitoral etc., elemento sempre usado na liturgia subversiva das entidades e líderes políticos que a USAID, NED e outras entidades dos EUA patrocinam.

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Depois de um show de intolerância, para Dilma ouvir as ruas tem de aceitar a guilhotina

segunda-feira, 16 de março de 2015

Impeachment, golpe de Estado e ditadura de 'mercado'

É possível ser livre?







As imagens falam por si!
Mas este artigo é muito lúcido, nos ajudando a compreender e agir!

Impeachment, golpe de Estado e ditadura de 'mercado'

Samuel Pinheiro Guimarães

Aqueles que defendem hoje o impeachment são os mesmos golpistas de ontem: as classes privilegiadas que temem o progresso e os resultados da democracia

O impeachment é a tentativa de anular, por via legislativa, pelo voto de 513 deputados e 81 senadores, os resultados das eleições de novembro de 2014 que refletiram a vontade da maioria do povo brasileiro ao eleger a Presidenta Dilma Rousseff, por 53 milhões de votos.

Desde 2003, as televisões, em especial a TV Globo; os maiores jornais, como o Estado de São Paulo, a Folha de São Paulo e o Globo; e as principais revistas, quais sejam a Veja, Isto É e Época, se empenham em uma campanha sistemática para desmoralizar o Partido dos Trabalhadores e os partidos progressistas e para tentar “provar” a ineficiência, o descalabro e a corrupção dos Governos do PT, inclusive de seus programas sociais, que retiraram 40 milhões de brasileiros da miséria e da pobreza.
Agora, com a ajuda providencial de membros do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal, os meios de comunicação, tendo seu candidato perdido as eleições, tentam criar um clima político e de opinião que venha a derrubar ou imobilizar a Presidenta e, assim, anular a vontade da maioria do povo brasileiro.
Fazem isto divulgando dia a dia as declarações de delatores, criminosos confessos, e de procuradores, policiais e juízes que as “vazam”, seletivamente, para os meios de comunicação, cometendo notória ilegalidade, e publicando notícias sobre o extraordinário descalabro e corrupção em que viveria o país.

Diante da instabilidade política gerada por esta campanha, a Presidenta Dilma, com o objetivo de conter as manobras golpistas (recontagem de votos, acusações de fraude, ameaças diversas, etc.) e de apaziguar o “mercado”, anunciou um programa de austeridade, de equilíbrio orçamentário, de contração de gastos do Estado, de redução de investimentos, na esperança de conquistar a “confiança dos investidores”, seu principal objetivo, e de “acalmar” seus opositores políticos.

É preciso notar que o “mercado” não é uma entidade da sociedade civil, mas sim, na realidade, um ínfimo grupo de multimilionários, investidores, especuladores e rentistas, e seus “funcionários”, quais sejam os chamados economistas-chefe de bancos e fundos, os jornalistas e articulistas de economia, e seus associados no exterior.

Há economistas e jornalistas que são notável exceção a esta afirmação, mas são eles pequena minoria.
Quando foi apresentado o Plano Levy, declarou-se, com ênfase, que ele não iria afetar as conquistas dos trabalhadores (a legislação sobre horário de trabalho, férias, aposentadoria, seguro desemprego etc.), mas que iria ele equilibrar o orçamento através do contingenciamento, da contenção de despesas e do aumento de impostos, com o objetivo de fazer um superávit primário que permitisse pagar os juros da dívida pública e conquistar a “confiança do mercado, a confiança dos investidores”.

Conquistar a “confiança dos investidores” significa fazer com que tomem a decisão de realizar investimentos (para obter lucros) e assim ampliar a capacidade instalada, gerar empregos, condição essencial para a retomada do desenvolvimento.

A “confiança dos investidores”, todavia, tem a ver com a expansão da demanda, pois só com essa expansão (sustentada) podem surgir oportunidades de investimentos lucrativos.

A construção de “confiança” e a realização de investimentos são improváveis em uma conjuntura em que se elevam os juros dos títulos públicos e das aplicações financeiras para torná-los os mais altos do mundo, o que atrai os capitais para o setor financeiro, especulativo ou rentista, e os afasta do setor produtivo e, portanto, dos investimentos.

Outros fatores que afetam negativamente a “confiança” dos investidores são a competição predatória e destrutiva das importações; taxas cambiais inadequadas; a redução dos investimentos públicos em infraestrutura; o aumento das taxas de juros dos financiamentos de longo prazo do BNDES; a redução da demanda e o eventual aumento do desemprego (que alguns saúdam como a oportunidade para criar um clima favorável ao impeachment) devido à redução da atividade econômica.

Há um mantra, repetido sem cessar, sobre competitividade e produtividade, entoado por autoridades públicas, acadêmicos, jornalistas “especializados”, economistas-chefe de consultoras, de empresas, de bancos, que são, na realidade, empregados do “mercado”.

Segundo esses “especialistas”, a solução dos problemas internos, isto é a retomada do crescimento, e o afastamento para diante da crise externa latente e cada vez mais ameaçadora, dependeriam do aumento da produtividade (isto é, da produção por trabalhador) e do aumento da competitividade das empresas brasileiras diante das chinesas, americanas e europeias, e da redução do “Custo Brasil”.
No caso da produtividade, alguns afirmam que seu aumento resultaria de um grande investimento sustentado em educação, como teriam feito os países desenvolvidos, tais como os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a Coréia e que teria sido, segundo eles, uma razão importante, e talvez a principal, para explicar o seu desenvolvimento.

Os paladinos da educação defendem a educação primária geral, a atenção especial à primeira infância, a inclusão de todas as crianças e jovens (e os adultos?) no sistema. Não se fala muito na preparação de professores nem no horário integral nem nos efeitos, negativos, da televisão e da internet sobre o sistema de ensino em seu cerne, que é o tempo dedicado aos estudos pelos jovens. Pode-se perguntar quando estes brasileiros, hoje infantes e jovens, entrariam no mercado de trabalho para tornar a mão de obra mais produtiva e o Brasil mais competitivo: daqui a 10 anos? Daqui a 15? E até lá?

Outros argumentam que os “custos do trabalho” no Brasil seriam muito elevados (em comparação com os “custos” em que países? Na China? Nos Estados Unidos? Na Alemanha?) e que, portanto, seria necessário reduzir esses “custos”, impedindo aumentos “artificiais” do salário mínimo (já que não haveria escassez de mão de obra), reduzindo os benefícios da legislação trabalhista, estimulando a rotatividade da mão de obra, etc.

Quanto ao “Custo Brasil”, argumentam com os altos custos de transporte e de energia, com a carga tributária elevada, com a multiplicidade de impostos, com a burocracia “infernal”.

Reclamam, também, da intervenção “excessiva” do Estado (empresas estatais e regulamentação) e pedem, ainda que até agora apenas insinuem, a privatização dessas empresas e a “desburocratização”, isto é, menos lei e mais liberdade para o capital.

Segundo os defensores do programa de austeridade, em decorrência do aumento da produtividade interna, a competitividade internacional seria alcançada, com todas as suas vantagens, tais como um superávit comercial estável, a diversificação dos mercados e o aumento das exportações de manufaturados.

Assim, a crise atual seria superada. Todavia, a verdade é outra.

Toda a crise atual, em parte verdadeira e em parte fabricada, decorre da revolta conservadora devido ao fato de a Presidenta Dilma ter cometido dois “pecados mortais” à luz dos interesses do “mercado”, isto é, daqueles indivíduos beneficiários da concentração de riqueza, de renda e de poder político no Brasil, que são os grandes multimilionários, os latifundiários rurais e urbanos, os rentistas, os banqueiros e os grandes industriais, e seus representantes na mídia, no Congresso, no Judiciário.
O primeiro “pecado” foi a redução, ainda que temporária, das taxas de juros; o segundo “pecado” foi o apoio, ainda que tímido, à democratização dos meios de comunicação.

O sistema financeiro e bancário é o principal instrumento de concentração de riqueza no Brasil. Ao reduzir as taxas de juros dos bancos públicos e ao forçar a redução dos juros dos bancos privados (que foi logo compensada pelo aumento das “taxas” de administração) a Presidenta diminuiu a transferência de riqueza da sociedade e do Estado para os bancos privados, seus acionistas e os detentores de títulos públicos e, assim, a Presidenta atingiu o cerne do mecanismo de concentração do sistema econômico e provocou a ira dos setores conservadores que hoje pedem a privatização dos bancos públicos.

O sistema de comunicações no Brasil é o instrumento das classes dominantes para construir o imaginário do povo, para manipular as informações e para justificar o sistema econômico e social vigente e desmoralizar aqueles que lutam por mais igualdade, mais liberdade, mais fraternidade e pelos direitos das minorias, em um contexto de desenvolvimento.

A concentração do poder midiático “condena” os que ele acusa ao difundir e repetir incansavelmente “informações” antes do julgamento e transformou o mensalão em julgamento prévio contra o qual não soube resistir o STF ao aceitar a conduta imprópria de seu Presidente e a campanha de imprensa.
O mesmo ocorre com a operação Lava Jato. Não há nenhuma iniciativa do Poder Judiciário para impedir a formação de uma opinião pública contra os acusados, gerada pelas denúncias sem provas feitas por criminosos confessos que denunciam a torto e a direito quando, no caso dos procedimentos de delação premiada, as investigações deveriam ser feitas sob o maior sigilo, já que se trata de denúncias feitas por criminosos em busca de vantagens pessoais.

Ao ameaçar esses dois fundamentos da ordem conservadora, o sistema financeiro e a mídia, a Presidenta Dilma se tornou “culpada” e a oposição insiste em que deve ser punida pela destituição do cargo por um processo de impeachment.

Seria importante que o Governo compreendesse que o que está de fato ocorrendo é uma manobra política cujos objetivos são pela ordem:

- fazer o Governo adotar o programa econômico e social do “mercado”, isto é, da minoria multimilionária e de seus “associados” externos;
- ocupar os cargos da administração pública (Ministérios, Secretarias executivas, agências reguladoras) com representantes do “mercado”;
- enfraquecer política e economicamente o Governo;
- enfraquecer o PT e os partidos progressistas;
- aprovar leis de interesse do “mercado”;
- e, se nada disso ocorrer, fazer o Governo “sangrar” e aí, então, se necessário e possível, exigir o impeachment da Presidenta.

Contra esta enorme e múltipla ofensiva econômica, midiática e política do “mercado”, de seus “funcionários” e representantes somente há uma estratégia possível: a ação política intensa junto aos movimentos populares, junto às organizações da sociedade civil, junto ao Congresso, junto à Administração Pública e aos Governadores, enfim, a mobilização da sociedade pelo seu esclarecimento para a defesa da democracia em toda sua integridade.

É indispensável que, na distribuição de suas verbas de publicidade, o Governo leve em consideração a existência de televisões comunitárias, universitárias, educativas, de rádios comunitárias, de blogs e sites, e dos pequenos e médios jornais e emissoras regionais e deixe de concentrar a distribuição de verbas e anúncios na grande mídia, o que fortalece os oligolipólios que atuam de forma ostensivamente partidária e contra a enorme maioria do povo, estimulando inclusive antagonismos violentos.

O impeachment é o golpe de Estado do “mercado”. Aqueles que defendem hoje o impeachment e criam o clima de instabilidade e de radicalização são os mesmos golpistas históricos de 1954 e de 1964: as classes privilegiadas que temem o progresso e os resultados da democracia e não os aceitam, apesar de ter o Brasil uma concentração de renda que se encontra entre as dez piores do mundo, enquanto seu PIB é um dos dez maiores do mundo, e de ser urgente deter o processo de concentração de renda (que a crise acentua) para que seja possível construir uma sociedade mais justa, mais democrática, mais próspera, mais estável.

Para que este objetivo possa ser alcançado, é preciso que a sociedade brasileira não se submeta à ditadura do “mercado”, cujos integrantes tem sido os grandes beneficiários da crise, que se iniciou em 2008 e não apresenta sinais de fim.

sábado, 14 de março de 2015

não tão na lavajato, mas pode ser levatreta

SWISSLEAKS FISGA BARÕES DA MÍDIA E JORNALISTAS



Imprensa brasileira completamente desmoralizada. Para entender o golpismo contra Dilma: além dos donos da Globo, Bandeirantes, da Folha/UOL e do apresentador Ratinho do SBT, lista do HSBC ainda inclui jornalista da rádio Jovem Pan e um membro do conselho editorial da Abril, editora da revista VEJA







SWISSLEAKS FISGA BARÕES DA MÍDIA E JORNALISTAS


Entre os personagens que mantêm ou mantiveram contas numeradas no HSBC da Suíça estão nomes como Otávio Frias, que fundou a a Folha de S. Paulo, Johnny Saad, dono do grupo Bandeirantes, Lily Marinho, viúva de Roberto Marinho, do Globo, José Roberto Guzzo, colunista e membro do conselho editorial da Abril, Ratinho, apresentador do SBT, e Mona Dorf, jornalista que atua na Joven Pan ao lado de Reinaldo Azevedo; todos alegam que não cometeram irregularidades; presença de barões da mídia na lista também revela seletividade do jornalista Fernando Rodrigues, do Uol, que foi escolhido pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, do qual faz parte, para divulgar o material; afinal, seu empregador, Otavinho Frias, não teve o nome divulgado por ele.

do Brasil 247




14 DE MARÇO DE 2015 ÀS 07:02




O escândalo Swissleaks, das contas numeradas secretas mantidas na Suíça, fisgou alguns dos mais poderosos barões da mídia brasileira, assim como influentes jornalistas da imprensa nacional.


Na lista vazada por Hervé Falciani, ex-funcionário do HSBC, estão nomes poderosos como Otávio Frias, fundador já falecido da Folha de S. Paulo, e João Jorge Saad, o Johnny Saad, dono do grupo Bandeirantes – ambos tinham contas zeradas em 2007, ano dos registros obtidos por Falciani. A conta de Otávio Frias, depois, passou a apontar seu filho Luís Frias, um dos donos do Uol, como beneficiário.

Outro personagem curioso que aparece na lista é José Roberto Guzzo, ex-diretor de Veja e Exame e hoje conselheiro editorial da Abril, além de um dos colunistas mais mal-humorados da imprensa brasileira.

A lista também fisgou Carlos Massa, o Ratinho, do SBT, com US$ 12,4 milhões, e Lily Marinho, viúva de Roberto Marinho, da Globo, com US$ 750,2 mil.

A maior soma na lista é a de Aloysio de Andrade Faria, dono da Rede Transamérica, com US$ 120,5 milhões. Depois dele, aparecem Yolanda Queiroz, Lenise Queiroz Rocha, Paula Frota Queiroz e Edson Queiroz Filho, do grupo Verdes Mares, afiliado da Globo no Ceará, com US$ 83,9 milhões. Fernando João Pereira dos Santos, da Rádio Tribuna, do Espírito Santo, mantinha US$ 9,9 milhões.

Além deles, aparece ainda Luiz Fernando Levy, que quebrou a Gazeta Mercantil, deixando um rastro de dívidas tributárias e trabalhistas.

Entre os jornalistas assalariados, além de Guzzo, destaque para Mona Dorf, que apresenta um programa na Joven Pan ao lado de Reinaldo Azevedo, com US$ 310 mil. Arnaldo Bloch, colunista do Globo, também foi correntista do HSBC de Genebra, assim como a família Dines, que, à época manteve US$ 1,3 milhão no banco suíço.

Todos os personagens citados alegam manter contas regulares e declaradas – o que deve ser verificado pela Receita Federal. A divulgação da lista de barões da mídia, no entanto, coloca em xeque o trabalho de Fernando Rodrigues, jornalista do Uol que foi escolhido pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos para receber o material. Não foi Rodrigues quem divulgou o nome de seu patrão, Luís Frias, mas sim os repórteres Chico Otávio, Cristina Tartáguila e Ruben Berta, do jornal O Globo.



Fonte:http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/173221/Swissleaks-fisga-bar%C3%B5es-da-m%C3%ADdia-e-jornalistas.htm

domingo, 8 de março de 2015

ei! ocê aí, vovo... fundamentalista, heim! faz cara de nojo, mas no fundo


Quem é o “Exército Islâmico” do Chico Caruso?




8 de março de 2015
Fernando Brito






A charges de Chico Caruso deram um passo para frente, de ontem para hoje.

A de ontem, parece que trocas as bolas e põe como cozinheiros os dois principais ingredientes do “Caldeirão do Janot”, onde Cunha e Renan não estão sendo cozinhados propriamente em fogo brando.

Na de hoje, a qual muitos vão criticar pelo mau-gosto da cena de decapitação, justo no Dia Internacional da Mulher, eu prefiro ver outra coisa.

Quem é o “Exército Islâmico” do cartunista?

A midia, inclusive seus patrões, os Marinho?

O “mercado financeiro”?

O PSDB e seu arquivado neolíder, Aécio Neves?

A Justiça não é, porque Chico sabe que nem sequer pedido de arquivamento há em relação a Dilma.

Mas a gente poderia citar outros ou imaginar ali, atrás do capuz preto o velho Fernando Henrique Cardoso, aquele que diz que Dilma “não deve ser salva”, talvez porque tenha sido eleita, coisa que os tucanos já não conseguem faz quase 20 anos, desde 1988 e mereça morrer.

São tantos e tão graúdos os que querem passar o facão na goela de Dilma que Chico poderia inaugurar ali o turbante árabe padrão “camisa do Botafogo”, com seus patrocínios tipo “classificados”.

Baita ato falho, hein, Caruso?

Você acabou de mostrar que os pretendentes a algozes de Dilma são fundamentalistas, intolerantes, violentos, sanguinários.

Retratou-os como quem quer se impor no poder abaixo de ameaças, facadas, terrorismo.

Acabou dando concretude àquilo que seu muito mais talentoso parceiro de humor e de rodas de jazz, o iluminado Luís Fernando Veríssimo, escreveu hoje, no mesmo O Globo:

Às vezes, as melhores definições de onde nós estamos e do que está nos acontecendo vem de onde menos se espera.

Você mostrou quem é mesmo que quer degolar a Presidenta eleita pelo voto.

Parabéns, Chico, você foi verdadeiro na sua morbidez.

o santo google...


O Globo correu atrás do Tijolaço no caso da “laranja” de Eduardo Cunha?



8 de março de 2015
Fernando Brito





Não é vaidade, porque – além de vaidade ser uma tolice – a informação está na internet e não exigiu nenhum esforço senão procurar da maneira correta no Google, mas não deixa de ser curioso que a manchete de O Globo, hoje, seja aquilo que este modesto blog publicou, ontem à tarde, sobre o deputado Eduardo Cunha ter usado uma “laranja”, a suplente de deputado em exercício Solange Almeida, para apresentar o requerimento com que, segundo relato de Alberto Youssef, o empresário Julio Camargo e a empresa Mitsui, japonesa, foram forçados a retomar pagamentos de propinas ao hoje Presidente da Câmara.

Pode ser mera coincidência, mas é sintomático que a matéria – ao menos na internet – não esteja assinada, como é praxe.

Se é coincidência, desde já minhas homenagens à boa, embora fácil, apuração. Paro por aí, porque – como já disse – a informação é de fácil acesso e, além do mais, Cervantes já ensinou pela boca de D.Quixote que “louvor em boca própria é vitupério”.

Pode ter sido mera coincidência, repito por necessário respeito aos bons profissionais da empresa, que são muitos.

Mas, se não é, leva a uma reflexão curiosa sobre aqueles que o jornal chama de “blogs sujos”.

Quando a informação que publicamos interessa ao jornal – os que nos acompanham há mais tempo lembram do vazamento de óleo da Chevron – os blogs sujos são seguidos.

Fora daí, somos considerados apenas “propaganda governista” e os tostões que alguns deles recebem – este não recebe – de publicidade são um favor escuso, enquanto os seus milhões em anúncios são “limpinhos”.

Nem um mísero crédito nos dão, embora queiram que a gente pose para fotos, mostrando as canjicas, quando nos acusam de financiados pelo Governo.

Lembra a historinha de Ary Barroso, quando apresentava seu programa de rádios e o calouro, à pergunta de “vai cantar o quê?” respondia: “um sambinha”.

E Ary:

- Acho engraçado: se fosse um mambo, não era um mambinho; se fosse uma rumba, não era uma rumbinha, mas como é um samba…

Pois é, aqui somos um “sujinho”…

Mas está ótimo e meus aplausos a O Globo por ter publicado a história.

Notícia não tem dono, apesar de eles pensarem o contrário.

PS. Se O Globo quiser “suitar” a matéria, vai ver que O Dia publicou, no final do ano passado, matéria com a tal Solange Almeida, agora prefeita de Rio Bonito, no interior do Rio, terra de laranjais. E, lendo até o final, verá que ela está cassada por uma sentença judicial, ainda não executada, por desvio de recursos na contratação de transporte escolar. É relevante saber – porque a condenação se refere ao seu primeiro mandato de prefeita (2001 a 2004) e Solange excerceu, ao que parece, o cargo de deputada com uma espada pendurada sobre a cabeça. Gentileza de coleguinha velho, que começou aí no velho prédio da Rua Irineu Marinho, há 37 anos, no tempo das grandes máquinas Olivetti, a “batucar nas pretinhas”.

Um raio x da grobobovovo... e ocê achando que eles compram alguma briga por ocê, inocenti


Globo: três meses
sem anúncio do Governo


Se o Governo não anuncia,​ apanha. Se anuncia, também apanha


Conversa Afiada









O Conversa Afiada não é como essas suaves – e feiíssimas – repórteres e colonistas daFel-lha, que sustentam as reportagens em fontes anônimas.

Em cima de fonte anônima se constrói a verdade – e a mentira – que se quiser.

É anônima, dane-se, leitor !

O Conversa Afiada não participa desse vaudeville que faz do PiG o pior jornalismo das oito maiores economias do mundo.

Até a imprensa chinesa é mais plural que a Globo e a Fel-lha.

(A ombudsman da Fel-lha, nesse domingo (8/3), ressalta o caráter “plural” dos colonistas do jornal. É uma das peças mais hipócritas que o ombundismo pátrio já produziu. Como se sabe, “ombudsman da Fel-lha” é um oximoro.)

O Conversa Afiada é de outra categoria.

Aqui tem fonte: o Valdir Macedo, por exemplo !

O Valdir Macedo contou ao ansioso blogueiro que desde primeiro de janeiro o Governo Federal não anuncia na Rede Globo.

Por quê?

Segundo o preciso informante, o Governo Federal renegociou os valores para 2015 com as outras redes de televisão e obteve gordos descontos.

Por quê?

Porque diminuiu o número de aparelhos ligados.

Porque há uma fuga da rede aberta de televisão em direção ao celular, ao computador e à tevê por assinatura.

E, especialmente, porque a Globo não entrega mais a audiência, o Globope – olha o GfKque chega aí ! – de antes.

A tabela de preços da Globo reflete uma hegemonia que foi pro saco.

O jornal nacional, anabolizado pelo massacre contra a Dilma, consegue manter um Globope em torno de 25 pontos.

Não paga as contas.

Nem justifica o que cobra.

(O break-even deve estar em 40 pontos. É o que a Globo deve, provavelmente, precisar para pagar o salário e os bônus de profissionais de incomparável gabarito, como doGilberto Freire com “i” )

O Fintástico está na casa dos 18, 20 pontos.

Não paga as contas.

(Valdir Macedo disse e repete que não tem interesse na Globo – o passivo trabalhista é impagável …)


Por que a Globo ainda consegue vender por preços inchados, acima do que consegue entrega ?

Por causa do BV.

A Globo paga as agências e os mídia das agências no inicio do ano, pela programação do ano inteiro.

Garante o bônus da rapaziada.

E o BV da Globo é a maior fonte de renda das maiores agências de publicidade do Brasil !

O Supremo Tribunal Federal considerou o BV ilegal e, por isso, condenou o Pizzolatto.

Mas, como se sabe, o BV da Globo é tão imaculado quanto o cadastro bancário do Eduardo Cunha

O Governo Federal – mesmo sem incluir a Caixa, o BB, a Petrobras -, só o Governo Federal é uma das maiores contas de publicidade do Brasil: chega perto de R$ 1 bilhão.

E o Governo Federal exige, em 2015, que a Globo dê um desconto gordo.

A Globo resiste.

Resiste e responde no jornal nacional !

A “politica editorial” da Globo é essa: se o Governo Federal não anuncia, apanha !

Se anuncia, apanha do mesmo jeito !

E massacra.

Ainda mais que a revisão da politica de desoneração tomou da Globo a bagatela de R$ 300 milhões por ano.

O massacre não vai parar !

Com anuncio e sem anuncio.

Como dizia o Tancredo: você vende a mãe, mas não vende os interesses.

Quem manda bernardizar o Berzoini ?




Traz o Lula pra Brasília, Dilma !


Paulo Henrique Amorim