terça-feira, 30 de abril de 2013

Elogio da Loucura

Pensamentos soltos e comedidos


baitasar


A mesma imprensa (mídia?) jornalística que julgou e estabeleceu a prisão para José Genuíno, como exemplo, deslocou seu Digno e Irrevente CQC, inclusive usando uma criança, para constranger e humilhar José Genuíno, enquanto o sangue escorria da boca dos comediantes sérios, está comedida, introspectiva, mas jamais furibunda, usa adjetivos como babaca (Genuíno foi/é chamado de ladrão...) para qualificar os políticos experientes do meio-ambiente alojados no Presídio Central.

Acho justo lembrar Erasmo em seu Elogio da Loucura (L&PM p.30):

"Fechar os olhos para os desregramentos dos amigos, iludir-se sobre seus defeitos, imitá-los, amar neles os maiores vícios, admirá-los como se fossem virtudes, não é isso o que se chama entregar-se à loucura?"

Mas que loucura, tchê!!

domingo, 28 de abril de 2013

ANALFABETO É QUEM NÃO TEM O QUE DIZER (em cinza pra não chamar atenção)


LULA, O GRANDE VENCEDOR – por juremir machado da silva /porto alegre.rs

CORREIO DO POVO -ARTIGO – (LULA), O GRANDE VENCEDOR – por Juremir Machado da Silva
ARTIGO - (LULA), O GRANDE VENCEDOR - por Juremir Machado da Silva

ANALFABETO É QUEM NÃO TEM O QUE DIZER
No jornal Correio do Povo do dia 25 de abril, o jornalista e escritor Juremir Machado da Silva, arrebenta com os preconceituosos que não engoliram o fato de Lula ter se tornado colunista do jornal mais influente do mundo, o The New Yor Times. Para Juremir “SABER ESCREVER É MUITO MAIS DO QUE DOMINAR REGRAS GRAMATICAIS. SABER ESCREVER É TER O QUE DIZER E TER UM JEITO PRÓPRIO DE FAZER ISSO…” Lula sabe. Leia, abaixo, a íntegra do texto de Juremir:
O GRANDE VENCEDOR
Minha admiração por vencedores não tem tamanho. Em todas as áreas. Admiro principalmente os que vencem pelas próprias forças contra tudo e todos. Minha admiração por Dunga é incomensurável. Por Felipão também. Já critiquei o atual treinador da Seleção, mas sem perder a admiração. Dunga e Felipão parecem sempre mal-humorados. No caso deles, é qualidade. Vem da sinceridade à flor da pele. Admirei um vencedor até as últimas consequências: o escritor argentino Jorge Luís Borges, que ficou cego. Admiro o mulato Machado de Assis, que se tornou nosso maior escritor. Enfim, admiro os que arrombam a festa. Admiro Roberto Carlos, Caetano Veloso e Chico Buarque.
Aprendi a admirar o maior vencedor do Brasil contemporâneo: Lula.
Que trajetória espantosa! O menino retirante de Pernambuco superou todas as expectativas e continua a nos embasbacar. Lula é um gênio da comunicação e da política. Um Pelé da esfera pública. A minha admiração por Lula acaba de dar mais um salto. Ele será colunista do jornal mais prestigioso do mundo: o americano The New York Times. Nem o sofisticado doutor Fernando Henrique Cardoso, que eu saiba, conseguiu tal façanha. Lula terá como colegas gente do quilate de Paul Krugman, prêmio Nobel da economia. É conto de fadas dos bons. O menino pobre, não pela bola, mas pela inteligência política, galga todos os degraus, torna-se presidente do Brasil, fascina boa parte do mundo e torna-se colunista do jornal mais influente da galáxia. Uau!
É para matar de raiva os preconceituosos que o chamam de analfabeto e para fazer explodir de inveja os elitistas. Tenho minhas decepções com Lula e com muitos daqueles que admiro, mas isso não anula o essencial: as razões para continuar admirando. Jamais gostei das alianças de Lula e acho que em alguns momentos ele foi Lulla. Mas que fera política, que inteligência superior, capaz de, independentemente de educação formal, colocá-lo acima dos seus concorrentes num “mercado” altamente competitivo.
Saber escrever é muito mais do que dominar regras de gramática. Saber escrever é ter o que dizer e ter um jeito próprio de fazer isso. Lula é possivelmente o maior comunicador da história do Brasil. Um monstro. Este Brasil teve na sua história três grandes políticos: Getúlio Vargas, João Goulart e Lula. O primeiro, por mudar o Brasil, saiu morto do palácio. O segundo, por colocar o país em risco de uma melhora substancial, especialmente no campo, foi derrubado, enxovalhado e transformado em homem fraco. O terceiro veio do nada e nada temeu: impôs-se como um revolucionário reformista, aceitou jogar o jogo até quando as cartas se embaralham, não morreu, não caiu, fez sua sucessora e agora vai mostrar suas ideias ao mundo nas páginas do The New York Times. É mole? É simulação? É coisa para quem tem bala na agulha, farinha no saco e fala outra linguagem, não a dos bacharéis, mas a dos transformadores do mundo.
Estou tendo um acesso de lulismo? É uma confissão de petismo? Nada disso. Apenas uma maneira de mostrar o quanto admiro os que vencem pelo talento. Poderia dizer o mesmo do conservador Charles de Gaulle. Ou até da recém-falecida Margaret Thatcher. O talento de uns melhora o mundo, o de outros piora.

sábado, 27 de abril de 2013

Cruzes... porto alegre virô a cidade dos buracos e dos empresários...


O renascimento das ruas de Porto Alegre

Apr 26th, 2013 by Marco Aurélio Weissheimer RS Urgente





Desde o final do ano passado, as ruas de Porto Alegre voltaram a pulsar. Elas não estavam mortas, exatamente, mas digamos que estavam abandonadas aos carros, ônibus, caminhões, à correria desenfreada do dia-a-dia e a diferentes formas de ausência. Virou um lugar-comum falar na tal da sensação de insegurança que nos afetaria a todos e nos recomendaria evitar as ruas sempre que possível. Pois parece que uma das maneiras de enfrentar essa sensação de insegurança não é sair das ruas, mas exatamente o contrário, ou seja, ocupá-las. E isso vem ocorrendo por uma série de motivos.

Um dos pioneiros desse processo de retomada das ruas foi o movimento Massa Crítica, que popularizou na cidade um evento que ocorre tradicionalmente na última sexta-feira do mês em muitas cidades pelo mundo. Neste dia, ciclistas, skatistas e patinadores pedem licença aos veículos motorizados para compartilhar as ruas. Há quem não goste chegando ao cúmulo de lançar o carro sobre os ciclistas, como ocorreu recentemente em Porto Alegre. Mas o movimento tem apoio massivo da população e vem reunindo diferentes tribos. Nesta sexta (26), aliás, é dia de Massa Crítica em Porto Alegre. A concentração inicia às 18h15min, no Largo Zumbi dos Palmares. Como atração extra, o Maracatu Truvão animará um “adesivaço” do evento Conexões Globais com os artistas Trampo, Xadalu, Lídia Bruncher e Tridente. A segunda edição do Conexões Globais – uma promoção das secretarias estaduais da Cultura e da Comunicação e Inclusão Digital – ocorrerá de 23 a 25 de maio, na Casa de Cultura Mário Quintana.

Em outubro de 2012, eclodiu outro movimento formado basicamente de jovens protestando contra a privatização de espaços públicos e culturais da cidade e também contra o cerceamento de espaços e tempos de lazer. O movimentoDefesa Pública da Alegria devolveu um colorido e uma energia que as ruas da cidade tinham perdido. E começou a fazer, de modo mais visível e organizado, um contraponto a uma série de iniciativas de entrega de espaços públicos para o setor privado. Iniciativas como a decisão da prefeitura de Porto Alegre de repassar para a Coca-Cola a tarefa de cuidar do Largo Glênio Peres, uma das áreas mais tradicionais do centro da capital e espaço histórico de manifestações sociais, culturais e políticos. Em troca de algumas “obras” no Largo, como um insólito conjunto de chafarizes, a Coca Cola está explorando publicitariamente o Largo.

Em fevereiro deste ano, centenas de pessoas saíram às ruas em defesa das árvores do Gasômetro, outro ponto tradicional da cidade. O prefeito José Fortunati ajudou a levar as pessoas para a rua quando, ao defender o corte de árvores, disse que as pessoas “não estão utilizam estas árvores do Gasômetro”. O corte promovido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente provocou um protesto quase imediato. Na tarde do próprio dia 6, algumas das árvores ainda não cortadas foram “ocupadas” por jovens que subiram em seus galhos para evitar a destruição. Conseguiram temporariamente.

Mais recentemente, o movimento pela redução do preço das passagens de ônibus levou milhares de pessoas às ruas obrigando a prefeitura
a voltar atrás e provocando outro recuo, pouco comum, no tratamento que a maior parte da mídia da capital vinha dando ao movimento. Diante do caráter massivo do mesmo, os “baderneiros” passaram a receber outro tratamento.

Outro movimento, aliás, que vem ganhando força que é a dos frequentadores das “pracinhas dos cachorros”, um espaço de encontro dos bichos e das gentes. O pessoal que adotou a “pracinha do DMAE” está se mobilizando pela internet, preocupado com a notícia de que a prefeitura estaria planejando repetir ali o que fez no Largo Glenio Peres, ou seja, entregar a “gestão da pracinha” para uma grande construtora. O povo está atento e esse assunto deve ganhar mais força nas próximas semanas.

Protestos e caminhadas nas ruas de Porto Alegre são comuns. A novidade é que eles não se limitam mais às manifestações promovidas por sindicatos, partidos políticos e movimentos sociais como o MST. A Massa Crítica, a Defesa Pública da Alegria, os defensores das árvores e de um transporte público barato e de qualidade são movimentos que se cruzam de diferentes maneiras. Pode ser um fenômeno passageiro, mas está fazendo um bem enorme à cidade. Lembra, por exemplo, que as ruas não são um espaço reservado exclusivamente para automóveis e demais veículos. Lembra que a existência das árvores não depende do seu “uso” por nós, humanos. E lembra também que ideias como espaços públicos, serviços públicos e bens comuns são indispensáveis para qualquer democracia saudável.

Espaços públicos da cidade estão sendo privatizados. Os espaços de lazer são progressivamente enterrados dentro de shoppings e centros comerciais gigantescos. A especulação imobiliária avança sobre áreas públicas e de preservação ambiental. As “obras da Copa” estão empurrando comunidades mais pobres cada vez mais para a periferia. A capital que inspirou o Fórum Social Mundial está precisando mesmo de um sopro de vida nas ruas.


(*) Coluna publicada hoje no Sul21.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

quarta-feira, 24 de abril de 2013

as 50 piores profissões (pior, por que?)

Amaury e a Privataria imortal
Repórter: pior profissão (para os tucanos)


publicada terça-feira, 23/04/2013 às 16:04 e atualizada quarta-feira, 24/04/2013 às 00:01


Escrevinhador


por Rodrigo Vianna

Leio no Portal Terra que, num levantamento realizado por consultoria dos Estados Unidos, a categoria “repórter (jornal)” aparece no topo da lista das “piores profissões”. Ser repórter é “pior” do que ser “soldado” ou “lenhador”. Não entrei nos detalhes: pior, por que? pelos riscos? pelo estresse? pela cobrança desmedida e o salário em baixa? ou pelo fato de ser obrigado a brigar com os fatos e expor as notícias da maneira que o patrão decide?

Tudo isso pode pesar…

Por coincidência, jantei ontem com um dos maiores repórteres da imprensa escrita brasileira: Amaury Ribeiro Jr. Jantei, em termos. O que fizemos foi secar duas garrafas de bom vinho, enquanto relembrávamos boas histórias do jornalismo e da política brasileira.

Amaury sabe bem dos riscos da profissão: já levou um tiro (literalmente), quando apurava reportagem sobre violência no chamado “entorno” de Brasília; e levou muitos outros tiros quando tentaram transformá-lo no inimigo número 1 do tucanato, durante as eleições de 2010.

Tentaram assassinar a reputação do jornalista. Ex-colegas (de “O Globo”), que o festejavam como repórter “incansável”, passaram a atacá-lo em colunas, manchetes, fotos de primeira página. O jornal em que Amaury fez parte de sua carreira (jornal da família Marinho) tentou transformá-lo num “bandido”. Tudo porque ele apurou os caminhos e descaminhos do dinheiro tucano nas privatizações. E disse que transformaria tudo em livro.

Conheci o Amaury em 1997, apresentado por uma amiga comum no Rio de Janeiro - a ótima repórter (que segue na Globo) Lilia Teles. Amaury acabara de cobrir a busca pelos corpos no Araguaia. Reportagem premiada. Logo depois, ele conseguiria um furo histórico: provou que havia ordens superiores, durante a ditadura, para que não houvesse sobreviventes no Araguaia e na guerrilha em geral. A descoberta do Amaury acabou com a tese de certa gente, que via a violência da ditadura como um “descontrole” ocasional da “tigrada”. Geisel et caterva seriam estadistas nobres, afastados de qualquer crueldade no combate diário. Amaury provou que não.

Depois, eu o reencontrei na TV Record, em 2010, para onde ele se transferiu no momento em que Globo”, “Folha”, “Veja” e “Estadão” tentavam acabar com a carreira do jornalista premiado. Amaury já não é “repórter (jornal)”. Mudou para “produtor especial (TV)”. Mas ele, em suma, é repórter. Dos bons.

Sei o que é a tentativa de assassinar reputação.Tentaram fazer o mesmo comigo, quando saí da Globo em 2006, depois de criticar a cobertura eleitoral na emissora em que trabalhava. A direção da TV colocou os amigos na velha mídia para plantar “notinhas” que me apresentavam como um “descontrolado”. Passavam um recado: “vai enfrentar os patrões? Então se prepare: não haverá lugar pra você no mercado; vai ter que trabalhar na Bulgária”. Não foi necessário.

Amaury, eu dizia, é repórter dos bons. Tão bom, que teve o nome lançado para concorer a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Trata-se de anticandidatura, claro. Um desafio ao príncipe da privataria.

Na imprensa brasileira, o bang-bang é geral. Salários caem, patrões pressionam, adversários tentam matar. E há os assassinatos de reputação.*

Mas há histórias como a de Amaury. O caso dele mostra, sim, que repórter pode ser a pior profissão do mundo: pior, para os tucanos, e para quem achou que podia mandar milhões para o exterior impunemente – contando com a conivência da mídia amiga.

Ainda há juizes em Berlim. E há repórteres no Brasil.

Abaixo, a matéria do portal Terra…

===

Do Portal Terra

A consultoria americana Carreira.com listou as piores e melhores profissões nos Estados Unidos este ano e constatou que ser repórter de jornal é a carreira mais ingrata da atualidade. Dentre outras profissões consideradas ruins destacam-se: lenhador, soldado, ator, trabalhador de refinaria de petróleo, leiteiro, leitor de água e luz, carteiro e carpinteiro.

No ranking das 200 profissões analisadas, os melhores trabalhos são de atuário, engenheiro biomédico, engenheiro de software e fonoaudiólogo. O levantamento teve como critérios o ambiente de trabalho, a renda, o nível de estresse, dentre outros. Confira as melhores e piores profissões:

50 piores profissões:
1- Repórter (Jornal)
2- Lenhador
3- Soldado
4- Ator
5- Trabalhador de refinaria de petróleo
6- Leiteiro
7- Leitor de água e luz
8- Carteiro
9- Carpinteiro
10- Comissário de vôo
11- Agricultor
12- Agente penitenciário
13- Fotojornalista
14- Lavador de pratos
15- Preparador de imposto
16- Garçom/Garçonete
17- Radialista
18- Açougueiro
19- Designer de Moda
20- Doméstica
21- Militar
22- DJ
23- Estoquista
24- Comprador
25- Trabalhador de precisão
26- Trabalhador da indústria automotiva
27- Pintor
28- Costureira/Alfaiate
29- Fotógrafo
30- Operário da construção civil
31- Controlador de tráfego aéreo
32- Caixa
33- Editor de jornais e revistas
34- Bombeiro
35- Policial
36- Recebedor de mercadorias
37- Instalador de carpetes
38- Marinheiro
39- Caixa de banco
40- Engenheiro de operações
41- Lixeiro
42- Gerente de hotel
43- Serralheiro
44- Motorista de ônibus
45- Escritor
46- Executivo sênior
47- Técnico de Engenharia
48- Faxineiro
49- Agente imobiliário
50- Reparador de equipamentos elétricos

50 melhores profissões:
1- Atuário
2- Engenheiro biomédico
3- Engenheiro de software
4- Fonoaudiólogo
5- Consultor financeiro
6- Higienista dental
7- Terapeuta ocupacional
8- Optometrista
9- Fisioterapeuta
10- Analistas de sistemas da computação
11- Quiroprático
12- Fonoaudiólogo
13- Fisiologista
14- Professor universitário
15- Médico veterinário
16- Nutricionista
17- Farmacêutico
18- Matemático
19- Sociólogo
20- Estatístico
21- Físico
22- Oculista
23- Podólogo
24- Desenvolvedor de web
25- Historiador
26- Engenheiro ambiental
27- Oficial de liberdade condicional
28- Engenheiro de petróleo
29- Meteorologista
30- Geólogo
31- Gerente de recursos humanos
32 Engenheiro civil
33- Ortodontista
34- Terapeuta respiratório
35- Técnico de registros médicos
36- Astrônomo
37- Psiquiatra
38- Programador de computador
39- Gerente de mídias sociais
40- Analista de pesquisa de mercado
41- Assistente Paralegal
42- Dentista
43- Dermatologista
44- Reparador de máquina industrial
45- Médico (Clínico geral)
46- Logístico
47- Contador
48- Consultor de gestão
49- Assistente social
50- Médico assistente

===

* No Brasil, há muitos exemplos de que “repórter (jornal)” está entre as piores profissões do mundo. Andre Caramante, da Folha, foi ameaçado pelo coronel Telhada (hoje vereador do PSDB em São Paulo), e vive meio escondido em São Paulo. Em Minas, repórteres são assassinados no Vale do Aço. No Maranhão, colunista (e blogueiro) de política levou um tiro e morreu quando tomava um lanche em quiosque à beira-mar (e olhe que trabalhava pra família Sarney).



Leia outros textos de Palavra Minha

consegue confiar de alguma maneira na Justiça deste país?


Envergonhe-se da Justiça do País

Posted by eduguim on 22/04/13 • Blog da Cidadania





Se contra o STF só pesassem dúvidas sobre o julgamento da Ação Penal 470 – vulgo julgamento do mensalão –, não seria nada. Por embasadas que sejam, pertencem à política. Mas neste texto, leitor, ser-lhe-ão apresentadas razões muito mais concretas para desconfiar do Judiciário como um todo.

Os escândalos que vicejam em uma Corte que julga escândalos dos mortais comuns podem escapar da mídia e dos órgãos de controle da República, mas não escaparão dos livros de história. E você que me lê, cedo ou tarde será atingido por seus efeitos.

Aliás, valerá você refletir que, se na Cúpula do Judiciário os abusos dos ministros do STF são tão descarados quanto lhe serão apresentados, o que devemos imaginar que ocorre nas instâncias inferiores, nas quais a visibilidade é tão menor?

Só neste mês, o país ficou sabendo de festas milionárias organizadas por grandes escritórios de advocacia para ministros do STF que julgam as causas que tais escritórios defendem, de reformas nababescas em imóveis do Estado que os mesmos ministros usam e, pior do que tudo isso, ficou sabendo que esses superadvogados empregam parentes próximos dos juízes aos quais, repito, submeterão suas causas.

Fica difícil escolher por onde começar. Talvez pelo fato menos grave, mas não menos patético: a reforma do apartamento funcional do virulento ministro Joaquim Barbosa, de quem o moralismo sobre dinheiro público não inclui o uso que dá a este.

Ou gastar R$ 90 mil dos cofres públicos para reformar um banheiro não é uma bofetada no povo brasileiro? Imagine, leitor, se fosse um deputado, um senador, um prefeito, um governador ou um presidente.

Ser mal-educado ou viver como um nababo às custas dos nossos impostos, porém, torna-se um mal menor quando vêm à tona as relações de ministros do STF com escritórios multimilionários de advocacia como o do advogado Sergio Bermudes.

E pior ainda é o fato de que as relações de juízes com o advogado milionário ganham um jornal – a Folha de São Paulo, que denunciou festa de aniversário para centenas de pessoas que Bermudes daria para Luiz Fux e que acabou não dando por conta da denúncia –, mas esse mesmo veículo poupou outro juiz que recebe muito mais favores, Gilmar Mendes, quem, por ser amigo do dono do tal jornal, foi poupado.

A Folha denunciou a festa de Bermudes para Fux? Sim, mas omitiu as relações de Gilmar com o mesmo Bermudes e que o mesmo Gilmar e o mesmo Fux têm parentes próximos trabalhando para o advogado milionário – no caso, a filha de Fux e a esposa de Gilmar.

Engraçado que os dois, Fux e Gilmar, consideraram que um empréstimo concedido pelo Banco Rural à ex-mulher de José Dirceu seria prova do envolvimento deste com o escândalo do mensalão.

Claro que Bermudes não está envolvido em nenhum escândalo como o Banco Rural, mas o Código de Processo Civil, em seu artigo 135, é muito claro: “Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes”.

Mas a lei, ora, a lei… No Brasil ela não vale para todos da mesma forma. Inclusive não vale da mesma forma nem para os supremos juízes. A que vale para Fux, por exemplo, não vale para Gilmar.

Fux, intimidado pelo noticiário do jornal amigo de Gilmar, pediu a Bermudes para cancelar a festa – mas não para demitir a filha ou para que fossem anuladas todas as causas do amigo milionário que julgou. Mas Gilmar, esse nem deu satisfações a ninguém.

E olhem que chegou a sair uma notinha de 3 ou 4 linhas no Estadão dando conta de que a mulher de Gilmar trabalha para Bermudes. Mas, claro, não saiu nem um terço dessa missa.

Em 2011, um advogado lá de Brasília chegou a pedir ao Senado o impeachment de Gilmar por suas relações com Bermudes – para ler o pedido completo, clique aqui. Quem adivinhar o que fez o Senado com a bem fundamentada peça, ganha um nariz de palhaço.

A petição do advogado Alberto de Oliveira Piovesan é um primor, segundo jurisconsultos a que este blogueiro recorreu. No mínimo, o Senado deveria ter aberto uma investigação, mas, mesmo diante dos fatos espantosos que a peça revela sobre a relação de Gilmar com Bermudes, arquivou-a sem dó nem piedade.

A peça relata, por exemplo, que em 2009, quando Gilmar era presidente do STF, foi à festa de Bermudes no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, e ficou à porta com o anfitrião do convescote recebendo convidados e que, dentre estes, pululavam grandes empresários.

Não vamos falar nem de mimos milionários como festas para centenas de pessoas ou empregos bem remunerados para filhas e esposas dos que irão julgar as causas de um advogado milionário. Nem de um ministro do Supremo se aproximar desse jeito de pessoas que têm tanto interesse no seu trabalho. Falemos de ficar em situação tão íntima como a descrita no pedido de impeachment citado no parágrafo anterior…

Você, leitor, pode gostar das decisões políticas que o STF tomou em relação a políticos do PT, mas, diante de todo esse escândalo na Cúpula do Poder Judiciário, consegue confiar de alguma maneira na Justiça deste país? Antes de responder, lembre-se de que, se ainda não precisou dela, um dia irá precisar.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

desinformado pelos jornais o vizinho não acredita


Veja, Globo, Estadão e Folha dão início às eleições de 2014: estratégia da oligarquia midiática é desgastar Dilma até lá com desinformações, factoides e baixarias



:

MÍDIA RADICALIZA CONTRA DILMA, MAS PODE PERDER DE NOVO




Jornais e revistas de papel cruzam a fronteira do respeito à presidente da República; de um lado, O Estado de S. Paulo questionou a capacidade cognitiva de Dilma Roussef; Época a condena ao silêncio; antes, Veja forjou uma imagem de capa na qual grosseiramente ela pisa no tomate; campanha orquestrada só encontra paralelo na união da ex-grande imprensa contra Getúlio Vargas; a quais forças ocultas servem as tentativas midiáticas de encilhar e rebaixar a presidente mais popular da história do País?

21 DE ABRIL DE 2013 ÀS 20:50


Marco Damiani - Dois símbolos da mídia tradicional cruzaram a linha da sombra. Um terceiro os empurrou e está junto. O jornal O Estado de S. Paulo, da família Mesquita, e a revista Época, dos Marinho, abondonaram de vez, no final de semana, a zona iluminada da crítica sobre ideias, procedimentos e posturas para fixarem-se no lado obscuro em que, com ares de superioridade, arrogância e prentensão em niveis irrespiráveis, se faz a crítica pessoal mais baixa dos últimos anos 60 anos, o vitupério gratuito, a provocação rasteiral. Foram para lá empurrados pela campanha semanal que a revista Veja instiga contra o governo.

Dirigindo-se a ninguém menos que a presidente da República e querendo dar ordens à legítima representante institucional pelas urnas e em sustentada, sólida e crescente alta nas pesquisas de popularidade, os dois veículos jogaram mais lixo de papel sobre a sociedade. O Estado de S. Paulo e a revista Época jogam no confronto covarde contra a presidente Dilma Rousseff da mesma forma como, em 1954, os donos da ex-grande imprensa atentaram contra o presidente Getúlio Vargas. Dez anos depois, houve 1964. Agora, com o mesmo tipo de ação, os Mesquita quebrados de polainas brancas cheias de manchas marrons e os Marinho que perdem força mas ficam cada vez mais endinheirados, com mais de US$ 20 bilhões na conta, aceleram na radicalização contra a presidente Dilma Rousseff. O movimento já começara com a revista Veja da semana passada, que marcou a estréia de Giancarlo Civita na presidência da Abril. Montar uma cena com a presidente pisando sobre um tomate foi o equivalente, em termos de grosseria editorial e marcação de posição, à capa com o ex-presidente Lula chutado pelas costas. Porque é pelas costas que essa turma age.

Neste final de semana, o jornal O Estado de S. Paulo questiona, em editorial, a capacidade da presidente de concatenar ideias. A revista Época, dos Marinho, usa tinta e papel de capa para fazer uma foto da presidente com o dedo nos lábios, indicando o seu silêncio para a chamada Menos Palavrório, Dilma.

Ali, também em editorial, Época faz um retrato mal acabado do que pode vir a acontecer. Mas não isso de a presidente calar a si própria, e sim a mídia tradicional vir a ter de ficar calada diante do sucesso de Dilma. Lembremos. Os jogadores de futebol vaiados pelo público usam e abusam do gesto de trancafiar os lábios com o dedo indicador ao fazerem um gol. É a melhor forma que eles encontraram para dizer à torcida que, com a superação do adversário real, representado pelo gol, quem tem de ficar quieta em autocrítica é ela, torcida, e não o profissional que está em campo fazendo o seu trabalho.

A capa da revista Época, neste sentido, já é emblemática não pelo que quer dizer – para que Dilma se cale --, mas sim pelo que o público está dizendo à mídia tradicional, que só tem errado em suas avaliações. Foi assim, recentemente, na aposta em conjunto, de praticamente toda a ex-grande imprensa, no racionamento de energia. Perderam e não houve racionamento algum.

Vai sendo assim, igualmente, quanto aos largos espaços concedidos aos que defendem medidas como o desaquecimento do mercado de trabalho – traduza-se: desemprego --, inversamente proporcionais à falta de veiculação a artigos de economistas que enxergam coerência na política anti-cíclica executada com denodo pelo governo federal. Apesar da grita pelo freio ao crescimento, a economia brasileira segue singrando a crise internacional a pleno emprego, com inflação ainda dentro da meta e projeções de retomada de investimentos pesados nos próximos meses. A perda dessa aposta, pode-se também arriscar, é uma questão tempo.

Após colher uma vitória de Pirro no caso do chamado mensalão, uma vez que a sentença de prisão para a primeira geração de chefes do PT correspondeu ao humilhante desnudar das relações promíscuas entre um de seus redatores-chefes, Policarpo Jr., e o rematado bicheiro e contraventor Carlinhos Cachoeira, a revista Veja mantém-se onde sempre esteve. Esse lugar é, especialmente, a oposição ao ex-presidente Lula, com quem o ex-presidente do Grupo Abril, Roberto Civita (afastado do cargo por questões de saúde), se desentendeu. A partir do desencontro entre as duas personalidades, seguem-se, semana após semanas, pautas que cabem na editoria permanente do perseguir a Lula. Novidades que não têm novidades, como o espaço de capa dado esta semana à “rainha Rose”, a partir do qual Veja não conseguiu avançar muito sobre tudo o que já se sabe, a não ser na realização de uma caricatura.

Com a capa de Época, publicação da família Marinho, mas tocada, como toda a área editorial do grupo, pela mão de ferro do filho mais conservador do falecido Roberto Marinho, João Roberto, as Organizações Globo entram de cabeça na oposição pessoal à presidente. Afinal, mandar a democraticamente eleita Dilma Rousseff fechar a boca equivale a registrar que tudo o que a presidente diz não merece registro. Uma asnice do quilate do rasteiro editorial do Estadão. O Globo, por sinal, tem conseguido se posicionar até mesmo contra a política do governo no combate à seca do Nordeste!

O círculo de fogo que a mídia tradicional quer fechar em torno da presidente da presidente do Dilma e do ex-presidente Lula pode, ao sabor da direção do vento que tem soprado nas últimas três eleições, alastrar-se para queimar a própria mídia tradicional. Com falta de cabeças bem pensantes a serviço do conservadorismo, aquelas que sabem marcar posições mais à direita e/ou em confronto com governos, entidades e pessoas sem perder o necessário respeito, a desejável elegância e o fundamental espírito democrático, a mídia conservadora está se rebaixando à linguagem dos antigos jornais sensacionalistas – os que procuravam causar sensação a partir de fatos esdrúxulos, não representativos do todo e sem o peso necessário para serem de fato notícias importantes.

Registrando aumentos sucessivos em sua popularidade, a presidente demonstra que tem, sim, o apoio da população. Acelerando seus caminhões cheios de encalhes contra a figura pessoal de Dilma, o que se tem é que, mais do que uma coleção de divergências ideológicas e quanto ao modus operandi do governo, a mídia tradicional começa a fazer sua aposta no rompimento institucional. Isso já aconteceu em 1964 – e o lado da mídia tradicional, que apoiou o golpe militar de 1º de abril, levou a melhor no primeiro momento e nos 21 anos seguintes. Agora, com a nova aposta, cuja timidez pode ir sendo paulatinamente deixada de lado, os barões da mídia demonstram, a partir de sua posição de minoria em extinção, querer radicalizar outra vez. Eles já estão querendo pagar para ver, mas ao povo esse jogo não interessa. Quanto a própria presidente, espera-se que a baixaria da mídia concentradora, vazia de apoio mas inflada de repercussão, a faça repensar sua posição sobre a importância de uma Lei de Meios para o Brasil.

 Fontehttp://www.brasil247.com/pt/247/poder/99507/M%C3%ADdia-radicaliza-contra-Dilma-mas-pode-perder-de-novo.htm

domingo, 21 de abril de 2013

tudo é uma questão de oportunidade... o vizinho não acredita e faz cara feia


Ao virarem a 'bola da vez', tucanos corruptos engavetam discurso anticorrupção


Terror do Nordeste






Os tucanos hibernaram com todo aquele discurso falso-moralista de combate a corrupção. A pseudo-indignação foi engavetada, talvez por avaliarem que a insistência no tema se volta contra eles mesmos. Há muitas investigações que andam pendentes, como a do "mensalão tucano", a chamada lista de Furnas, o escândalo das propinas da Alstom, a casa "mal-assombrada" do governador Marconi Perillo (PSDB-GO), negociada com Carlinhos Cachoeira.


No Congresso, o deputado Carlos Leréia (PSDB-GO) voltou a ser a bola da vez, também por suas relações com o bicheiro.


Mais de um ano após a divulgação das denúncias – e de o próprio Lereia ter declarado em varias entrevistas ser amigo de Cachoeira - o Conselho de Ética da Câmara começará o processo por quebra de decoro contra Leréia. O relator poderá dar andamento às investigações, ouvir testemunhas e requisitar investigações feitas contra o o tucano pela Polícia Federal e pela CPI do Cachoeira.


O presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar Júnior (PSD-SP), sorteou ontem os deputados do conselho que poderão relatar o processo ; os três deputados sorteados são: Ronaldo Benedet (PMDB-SC), Júlio Delgado (PSB-MG) e Missionário José Olímpio (PP-SP).


Diálogos interceptados pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, revelam que Leréia também negociava com a organização comandada pelo bicheiro Carlos Alberto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O tucano, segundo as investigações, recebeu depósitos bancários e bens - inclusive imóveis - supostamente obtidos com atividades ilícitas.


Entre os valores destinados à Lereia e já rastreados estão um depósito de R$ 100 mil, feito na conta de uma empresa comandada supostamente por laranjas - a Linkmidia Tecnologia da Informação e Editoração Ltda - e uma sociedade com Cachoeira em terreno avaliado em R$ 800 mil, em um condomínio de luxo em Goiânia.


Contra Leréia, segundo o relator na Corregedoria, Jerônimo Goergen (PP-RS), pesam acusações graves: a exemplo do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), também usava um telefone da marca Nextel, habilitado nos Estados Unidos, cedido por Cachoeira para dificultar grampos nas comunicações do grupo. Outro complicador para o tucano é a sociedade com o grupo de Cachoeira em um avião, admitida pelo próprio deputado.


Além disso, o deputado confirmou ter usado um cartão de crédito do bicheiro com a autorização dele. Leréia é aliado do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) , se diz amigo do governador. No governo de Perillo, o deputado usou sua “força” para demitir e nomear servidores do governo de Goiás, inclusive da polícia, a pedido de Cachoeira. Além das gravações e da investigação da polícia, o próprio Leréia usou a tribuna da Câmara várias vezes para deixar claro sua amizade com o bicheiro.


Mais uma vez a imprensa esqueceu de mencionar o PSDB nas manchetes


Na quarta feira (17), o presidente do PSDB-DF, Márcio Machado (que lançou o movimento volta Arruda), foi condenado a 4 anos e 8 meses de prisão e multa de R$ 300 mil, em ação impetrada pelo Ministério Público do DF. O tucano era secretário de Obras do governador José Roberto Arruda (ex-DEM), também condenado a 5 anos e 4 meses de prisão mais uma multa de R$ 400 mil, por ter lesado os cofres públicos em R$ 10 milhões, sem licitação.Os Amigos do Presidente Lula

sem maldade... quando uma coisa é outra coisa


Capa de Zero Hora quer atacar nova lei do trabalho doméstico







A capa do jornal Zero Hora, edição de hoje, é um primor de sutileza. Estampa a bela atriz global, Taís Araújo, com a sua beleza afro, numa pose desafiadora, vestida com esmêro e riqueza de detalhes.


A fotografia de Taís como que ilustra uma matéria sobre a nova lei do trabalho doméstico.


Observem o nexo que o editor quis promover: uma negra bonita e produzida, com ar desafiador e insolente face às novas regras, com mais direitos, às trabalhadoras do ambiente doméstico.

A foto da atriz global ilustra, a rigor, uma matéria sobre o seu trabalho na TV, mas a forma como foi montado o jogo de ilustrações e manchetes da capa, há uma relação direta, embora subliminar, entre Taís e a crítica que o jornal faz à nova lei de direitos de trabalhadores no País.


A matéria de ZH quer criticar a lei de direitos. Para tanto, sugere que está havendo desemprego e insatisfação generalizada no meio: seja no patronato, seja entre as trabalhadoras.


Este é o jornal da RBS: jogando pedra numa lei modernizadora, constituinte de direitos, promotora de dignidade de trabalhadoras que eram tratadas com objetos do lar da classe média, uma lei que retira da servidão cerca de 7 milhões de pessoas que viviam no limiar entre a casa-grande e a senzala.


Quando os últimos sinais do regime escravocrata no Brasil são extintos, a RBS se insurge e faz essa capa da vergonha e do atraso.

Sei não, mas Taís Araújo pode muito bem processar judicialmente o jornal da RBS por uso indevido de sua imagem, racismo velado e danos morais.

sábado, 20 de abril de 2013

a falsa democracia das elites


Folha deixa escapar que todos os mortos eram chavistas

Posted by eduguim on 20/04/13 • Blog da Cidadania





Ao longo da sexta-feira (19), setores da mídia brasileira alinhados aos EUA evitaram noticiar o maciço comparecimento de chefes de Estado e de representes de dezenas de países à posse do novo presidente constitucional da Venezuela, Nicolás Maduro. Só à noite, nos telejornais, que um evento desse porte ganhou alguns segundos de cobertura.

O comparecimento de nada menos do que dezessete chefes de Estado – entre eles, a presidente Dilma Rousseff e quase todos os presidentes sul-americanos – assustou a direita, que não esperava apoio tão decidido à democracia venezuelana.

Nos jornais de sábado (20), o tom sobre a posse de maduro veio literalmente furibundo. Entre vários editoriais e “reportagens” sobre a Venezuela, a forma de seus autores de se vingarem do que não puderam alterar foi mentir desbragadamente.

Talvez o melhor exemplo de mitomania tenha sido o da Folha de São Paulo, jornal que integra um grupo empresarial que se consolidou ao longo do século XX servindo a uma ditadura feroz que encheu de dinheiro público os bolsos do fundador do veículo enquanto ele a ajudava a assassinar os que resistiam ao regime.

Em editorial intitulado “Contraordem chavista”, o jornal dá vazão a uma sucessão de mentiras e distorções sobre a Venezuela que só não é inacreditável para quem sabe que a Folha tem a mitomania encravada em seu DNA.

Já no primeiro parágrafo, além de uma mentira que pode ser desmontada até pela internet visitando o site de algum grande jornal ou tevê do país que se opõem ao governo, a Folha reafirma seu desprezo pela democracia ao relativizar eleições como respaldo único e inalienável a governos.

Diz a Folha que a “realização periódica de votações plebiscitárias” é usada para “emprestar ao caudilho um verniz democrático”. Veja, leitor, que o jornal não chama de eleições, mas de “votações”. Para esse veículo, eleições livres e referendadas por incontáveis observadores internacionais não bastam para legitimar um governo.

Provavelmente o jornal da família golpista acha que um governo só é legítimo se a mídia e os ricos o apoiarem…

Mas foi no segundo parágrafo que o jornal se traiu sem apelação. Confira:

“A morte de Hugo Chávez e a eleição contestada de seu sucessor evidenciam a corrosão desses três pilares. O recurso à força bruta, ao peso dos militares e ao silenciamento explícito da oposição, que antes parecia desnecessário, agora se insinua de modo um tanto preocupante”

Antes de prosseguir, confira aqui, leitor, o que a Folha chama de “silenciamento explícito da oposição”. Trata-se da página de opinião do jornal El Universal, um dos mais ferrenhos opositores do regime venezuelano.

Se não bastar, visite o site do canal de televisão oposicionista e golpista Globovisión e veja como a oposição é “silenciada” na Venezuela – o nome do canal golpista venezuelano é apenas coincidência com o nome do canal golpista brasileiro.

Mas o que choca mesmo é o editorial da Folha acusar o regime venezuelano de se valer de “recurso à força bruta” justo quando se sabe que violência foi exatamente a arma usada pelos seguidores de Henrique Capriles, que assassinaram oito chavistas durante a última segunda-feira (15) durante um “panelaço pacífico” convocado pelo derrotado na eleição de domingo.

Todas as televisões comerciais, grandes jornais e grandes portais de internet parecem ter feito um pacto ao tratar do massacre que se abateu sobre nove estados da Venezuela a partir da madrugada de segunda-feira, quando seguidores de Capriles mataram, roubaram, depredaram e incendiaram.

Durante a semana, quando a mídia brasileira falou nos oito mortos, sempre tratou de despersonalizá-los, tentando vender a ideia de que gente dos dois lados havia tombado por conta da violência.

Todavia, em “reportagem” da última quinta-feira (18), a Folha “escorregou” e deixou passar informação que torna incompreensível que se diga que a oposição venezuelana é “silenciada” e que o regime usa “força bruta”.

Abaixo, trecho da reportagem “Chavistas cerceiam deputados da oposição”.

“A Justiça e o Ministério Público, alinhados ao chavismo, responsabilizaram publicamente Capriles por oito mortes de seguidores chavistas que, segundo o governo, foram provocadas por partidários da oposição após a convocação do governador a protestos contra o resultado eleitoral. As circunstâncias das mortes são questionadas por opositores”

Antes de prosseguir, mais uma vez este blog informa, logo abaixo, os nomes e as circunstâncias das mortes dessas oito pessoas.

—–

José Luís Ponce Ordoñez – 45 anos, carpinteiro, militante do PSUV, morto com tiro na cabeça

Rosiris del Valle Reyes Rangel – 44 anos, militante do PSUV, morta com tiro nas costas

Ender José Bastardo – 21 anos, militante do PSUV, morto com quatro tiros

Henry Rangel La Rosa – 32 anos, militante do PSUV, morto a tiros por encapuzados na porta de casa

Johan Antonio Hernández Acosta – Menor de idade, militante do PSUV, morto por caminhão que arremeteu contra multidão que comemorava a vitória de Maduro.

Luis Eduardo García Polanco – 25 anos, militante do PSUV, morto com um tiro no rosto enquanto comemorava a vitória de Maduro em frente à sede do Conselho Nacional Eleitoral no Estado Zulia.

Rey David Sánchez – Menor de idade, militante do PSUV, morto por caminhão que arremeteu contra multidão que comemorava a vitória de Maduro.

Cliver Enrique Guzmán – Ministério Público da Venezuela só divulgou que era militante do PSUV e que foi assassinado em uma manifestação.

—–

Fico tentando entender como se pode questionar as circunstâncias dessas mortes. Com militantes de oposição depredando e queimando tudo que tivesse o logotipo do governo em todo o país, o que há para questionar? A maioria foi assassinada a tiros. Duas das oito vítimas foram atropeladas por um caminhão que investiu contra uma manifestação chavista.

Mas o que não se entende mesmo é que o jornal acuse o governo de usar “força bruta” e de censurar. Quantos oposicionistas foram sequer feridos? Não há um só nome nem de ferido, nem de morto entre os que cometeram os atos de violência logo após o resultado da eleição de domingo.

Alguns dirão que é ingenuidade escrever um texto para pedir reflexão sobre o que faz um grupo de comunicação cuja mitomania vem de mais de meio século de atuação, tendo usado do estupro da verdade para bajular e se locupletar sob os favores de uma ditadura, mas escrevo para as pessoas de bom senso e de caráter, não para a Folha e sua militância.

O importante aqui, portanto, é o reconhecimento por esse jornal de um fato que seus congêneres político-ideológicos e ele mesmo tentaram esconder: oito seres humanos foram mortos por meios violentos na noite que se seguiu à vitória de Nicolás Maduro e todos eram seus apoiadores.

*

Assista, abaixo, a mais um importante e histórico documentário sobre a América Latina. Um trailer do material foi publicado na sexta-feira pelo site Viomundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha. Abaixo, reproduzo o documentário completo por sua extrema importância.

O autor é o jornalista australiano John Pilger. Sua carreira como repórter começou em 1958 e, ao longo dos anos, ele se tornou famoso pelos livros e documentários que escreveu ou produziu.

Apesar das tentativas de setores conservadores de desvalorizá-lo, seu jornalismo investigativo já mereceu vários galardões no jornalismo, tais como ser agraciado por duas vezes com o prêmio de jornalista inglês do ano.

No Reino Unido, Pilger é conhecido por documentários rodados no Camboja e em Timor-Leste. Ele também trabalhou como correspondente de guerra em vários conflitos, como na Guerra do Vietnam, no Camboja, no Egito, na Índia, no Bangladesh e em Biafra.

O documentário “Guerra à Democracia” mostra a atuação dos Estados Unidos na América Latina ao longo do século passado e no início deste, no sentido de estuprar a democracia em vários países da região em nome dos “interesses da América”.




sexta-feira, 19 de abril de 2013

Nus com as mãos nas armas... esses carapááálidas além de cretinos são assassinos


A grande chance de desmascarar a direita midiática brasileira

Posted by eduguim on 18/04/13 • Blog da Cidadania








Na noite de quarta-feira (17), o Jornal Nacional começou personalizando as três vítimas fatais do suposto ataque terrorista em Boston, nos Estados Unidos. Deu-lhes nome, história e rostos. A reportagem de cerca de seis minutos gastou mais tempo do que levaria para relatar apenas os fatos.

Lá pelo fim do telejornal, em trinta e sete segundos o âncora Willian Bonner recitou a seguinte nota sobre quase o triplo de mortes que ocorreram no atentado em solo norte-americano:

—–

“O líder de um partido de oposição da Venezuela afirmou que o governo já tem mandados de prisão contra ele e o candidato derrotado à presidência, Henrique Capriles. Leopoldo López divulgou na internet a suposta ordem de prisão por incitar atos de violência.

O presidente eleito, Nicolás Maduro, não se manifestou. E responsabilizou Capriles pelas oito mortes nos protestos de segunda-feira, depois do resultado da votação.

O Supremo Tribunal de Justiça anunciou nesta quarta-feira (17) que a recontagem manual de votos pedida pela oposição é impossível por causa do sistema eleitoral automatizado”


—–-------

Nenhum professor de jornalismo, em nenhuma faculdade da face da Terra, diria que o Jornal Nacional apresentou uma reportagem. Tratou-se, mais do que tudo, de uma prova pronta e acabada de parcialidade e de verdadeira vigarice que tentou enganar o espectador e ocultar fatos.

Evidentemente que é mentira que o governo venezuelano tenha mandado de prisão contra Henrique Capriles, apesar de que já chegam a 161 os processos sendo abertos contra 90 pessoas que mataram, depredaram e incendiaram pelas ruas da Venezuela na última segunda-feira.

Mas o que chama mesmo atenção é que os oito mortos venezuelanos não mereceram o mesmo tratamento que os três norte-americanos.

O Jornal Nacional e o resto da “grande” imprensa televisiva, radiofônica e escrita não podem falar muito dos mortos por uma só razão: além de nomes, rostos e parentes chorosos, eles têm posição política – eram todos simpatizantes do governo Maduro e alguns deles tombaram por tentarem impedir o vandalismo dos seguidores ensandecidos de Capriles.

Eis a lista daqueles que as hordas caprilistas assassinaram:

José Luís Ponce Ordoñez – 45 anos, carpinteiro, militante do PSUV, morto com tiro na cabeça

Rosiris del Valle Reyes Rangel – 44 anos, militante do PSUV, morta com tiro nas costas

Ender José Bastardo – 21 anos, militante do PSUV, morto com quatro tiros.

Henry Rangel La Rosa – 32 anos, militante do PSUV, morto a tiros por encapuzados na porta de casa

Johan Antonio Hernández Acosta – Menor de idade, militante do PSUV, morto por caminhão que arremeteu contra multidão que comemorava a vitória de Maduro.

Luis Eduardo García Polanco – 25 anos, militante do PSUV, morto com um tiro no rosto enquanto comemorava a vitória de Maduro em frente à sede do Conselho Nacional Eleitoral no Estado Zulia.

Rey David Sánchez – Menor de idade, militante do PSUV, morto por caminhão que arremeteu contra multidão que comemorava a vitória de Maduro.

Cliver Enrique Guzmán – Ministério Público da Venezuela só divulgou que era militante do PSUV e que foi assassinado em uma manifestação.

A linha do Jornal Nacional de tratar como “prisões políticas” as prisões de 161 pessoas – entre as quais estão os assassinos das pessoas nomeadas acima e outras que depredaram sedes de programas sociais como postos de saúde e mercados populares, bem como tudo que levasse o logotipo do governo – foi seguida por todos os grandes jornais e telejornais.

Entretanto, essa linha é muito frágil. Depende, sobretudo, de despersonalizar as vítimas e de esconder as imagens da depredação. Enfim, de censurar tudo que está correndo o mundo.

Até nos Estados Unidos redes de televisão e jornais estão dando conta do que ocorreu na Venezuela na segunda-feira. Na Europa e por toda a América Latina, os fatos estão sendo expostos. A cobertura no Brasil é uma exceção mundial.

Todavia, as vítimas fatais, as centenas de feridos e os próprios públicos depredados ou incendiados não irão desaparecer. Pelo contrário, o caso só vai se tornar mais notório. Assim, a grande mídia brasileira está tentando preparar o terreno para qualificar o terror caprilista como invenção do governo venezuelano para esconder uma “fraude eleitoral”.

A tal “grande mídia”, porém, conta com a covardia da banda esquerda do espectro político brasileiro. Acredita que nenhuma figura pública de peso irá se indignar e denunciar a ocultação de fatos que o mundo inteiro conhece e que, no Brasil, estão sendo censurados.

A veiculação dos fatos pela internet pode atingir um contingente importante de formadores de opinião, mas, claro, ainda irá demorar meses para as ondas digitais chegarem a um contingente maior de pessoas, isso se a blogosfera não desistir de romper o cerco censor.

A “grande mídia” brasileira vem tratando assim a responsabilização dos assassinos e vândalos ligados a Capriles também porque este deverá ser processado como autor intelectual dos massacres. Apesar de ser governador do Estado de Miranda.

Como romper o muro de censura que foi levantado no Brasil como em nenhuma outra parte do mundo?

Quantos entendem que se os democratas deste país aceitarem que uma farsa dessa dimensão seja levada a cabo, a porta estará aberta, ano que vem, para fraudes midiáticas muito maiores no âmbito da eleição presidencial?

Alguma autoridade brasileira de peso ou alguma figura pública que não puder ser ignorada precisa denunciar essa farsa. A censura imposta pela Globo e seus tentáculos é uma das maiores ameaças à democracia que já se viu neste país.

Não é possível que não exista alguma autoridade ou figura pública de peso com coragem para desmascarar a “grande mídia”, ainda mais estando ela tão vulnerável a qualquer resquício de verdade que burlar a censura em curso.

Se ninguém criar coragem para denunciar essa vergonha, o Brasil irá se equiparar às ditaduras mais atrasadas e fechadas do planeta, em termos de censura. Que depois, então, ninguém reclame do resultado. A injustiça que se faz a uns é a ameaça que se faz a todos.

*

Assista, abaixo, ao vídeo da denúncia do ministro das comunicações venezuelano em coletiva de imprensa na última quarta-feira.






quinta-feira, 18 de abril de 2013

Nu com a mão no bolso...

Suspeito fica ferido e outro é preso após
perseguição em Porto Alegre


Dupla abordou jovem que saía de caixa eletrônico na noite de terça (16).
Mulher reconheceu um dos homens preso em flagrante na delegacia.



Paulo Ledur
Da RBS TV


Revólver e munições foram apreendidos com os suspeitos
(Foto: Reprodução/RBS TV)

Um suspeito foi preso e outro ficou ferido na noite de terça-feira (16), em Porto Alegre, após perseguição policial. De acordo com a Brigada Militar, a dupla abordou uma jovem que chegou a um banco na Avenida Farrapos de carro para sacar dinheiro de um caixa eletrônico, por volta das 22h.

Segundo a polícia, a dupla entrou com a mulher no carro e a fez dirigir por algumas quadras. Depois, os dois homens pediram para ela descer do veículo. Um motociclista que passava pelo local percebeu a ação suspeita e chamou a polícia, que passou a fazer buscas na região.

Uma viatura da Brigada Militar encontrou o veículo com a dupla na Vila Farrapos, quando começou uma perseguição com troca de tiros. O homem que conduzia o carro roubado perdeu o controle do veículo e bateu na traseira de outro. Ao verificarem a situação da dupla, os policiais perceberam que um dos suspeitos estava ferido por disparos. Ele foi encaminhado a um hospital. O outro foi preso e levado à delegacia.

Os policiais ainda apreenderam um revólver e munições. Na delegacia, a jovem que foi abordada na saída do banco reconheceu o homem preso em flagrante. Ela não se feriu e pediu para não ser identificada.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Por lá e por aqui... esse carapááálida é o mesmo, devia sentar no sol e conversar com o vizinho


Derrotada nas urnas, direita venezuelana tenta golpe de estado


Por Erick da Silva

Menos de 24 horas após a divulgação do resultado oficial das eleições venezuelanas que elegeu Nicolás Maduro presidente com 50,66%, derrotando o candidato da direita Henrique Capriles, por uma diferença de cerca de 200 mil votos, grupos armados ligados a extrema-direita venezuelana cometeram uma série de
atendados violentos e tentam criar um clima de "terror" na Venezuela.

O prenúncio do golpe começou em uma coletiva realizada na manhã de segunda (15), onde o derrotado Capriles afirmava não reconhecer o resultado das eleições, exigindo a recontagem dos votos. Anunciou uma série de ações, como atos e "panelaços", para rechaçar a cerimônia de posse de Maduro.

O histórico golpista da direita venezuelana não é uma novidade, ao longo de todo o século XX, foram muitos os períodos ditatoriais e golpes, o próprio presidente Hugo Chávez foi vítima de uma tentativa frustrada de golpe em 2002 (veja mais aqui). Assim como em 2002, o cenário para um novo golpe conta com a "inspiração" dos EUA.

Os EUA, preparando o terreno para a legitimação de futuras ações "golpistas", declarou ser "necessária e prudente a recontagem de votos na Venezuela", devido a "diferença acirrada" na votação entre os candidatos. Argumento que desconsidera uma eleição legitima, transparente, dentro das regras previstas na Constituição da Venezuela e que contou com mais de 200 observadores internacionais. Quantos aliados "democráticos" dos EUA podem dizer o mesmo de suas "eleições"?

As ações golpistas da extrema-direita já começaram durante o processo eleitoral,. como por exemplo a



tentativa de sabotar o fornecimento de energia elétrica. Ainda mais grave, alguns dias antes da eleição, o governo da Venezuela prendeu mercenários colombianos e salvadorenhos, que haviam entrado no país com armas e explosivos militares. Seria absurdo supor o envolvimento da CIA na contratação destes mercenários?

Após chamado de Capriles, outras lideranças da direita venezuelana adotaram discursos ainda mais exacerbados e abertamente incitando ações extremadas, que não demoraram a acontecer. Além do "panelaço" em bairro rico de Caracas, uma série de ações violentas se sucederam.





Grupos armados atacaram carros e prédios do Governo de Barinas, estado onde nasceu Hugo Chávez. Duas casas que servem de sede para o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) foram queimadas por pessoas ligadas à oposição. As casas ficam nos estados Táchira e Anzoátegui. Em Caracas e no interior, casas de autoridades foram alvo, algumas delas sendo queimadas.

Centros de saúde foram atacados, principalmente onde se concentram médicos cubanos. As sedes da VTV e da TeleSur foram cercadas por grupos violentos. Foram atacados integrantes da Guarda Nacional que faziam segurança no bairro nobre de Altamira, em Caracas, dominado por antichavistas. Civis ligados a coletivos bolivarianos foram atacados e intimidados, já havia registro de pelo menos uma vitima fatal.

Maduro denunciou a tentativa de golpe e alertou “Maioria é maioria e a democracia deve ser respeitada. Não podem buscar emboscadas, invenções para deixar vulnerável a soberania popular (...) isso só tem um nome: golpismo. Quem pretende deixar vulnerável a maioria da democracia o que está é chamando um golpe. Um golpe está a caminho”. Maduro fez um chamado a pacificação, alertando sobre uma tentativa de desestabilização. “Não tenha dúvidas de que nós vamos defender o resultado, a democracia, a Constituição e o legado de Hugo Chávez”, “não caiam nesse chamado à confrontação”, pediu à população.

O apoio popular para uma tentativa de golpe é reduzida, as forças armadas já declararam seu apoio ao processo democrático. No entanto, quais serão os desdobramentos desta ação golpista ainda é difícil de prever, como alerta Maduro, "a direita que há na Venezuela é capaz de tudo".

sexta-feira, 12 de abril de 2013

As razoes são políticas... o resto você debate com o vizinho


60 minutos com José Dirceu

Posted by eduguim on 12/04/13 • Blog da Cidadania






9 de abril de 2013



Cheguei pontualmente às 17:30 hs. da última terça-feira (9.4) ao prédio na Vila Mariana – bairro de classe média de São Paulo – em que reside o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, a fim de entrevistá-lo. Todavia, tive que esperar porque ele estava reunido com assessores.

Enquanto espero no saguão do prédio, reflito que a imagem que vem sendo pintada do “poderoso chefão” através dos anos não combina com o lugar em que reside, muito distante do luxo em que acreditam que possa viver alguém que teria encabeçado “o maior escândalo de corrupção da história”.

Após uns 30 minutos de espera, quatro assessores saem do elevador e ganham o saguão enquanto o porteiro me avisa de que minha subida ao apartamento do ex-ministro está liberada.

Encontro Dirceu de jeans e camisa social azul-clara. Ele fala ao telefone. Enquanto me aproximo, aponta o degrau entre o hall de entrada e a sala de estar do apartamento, sinalizando para que tenha cuidado – o piso claro torna o degrau quase imperceptível.

O Dirceu que me recebe não parece um homem que está prestes a ir para a cadeia. Ao telefone, discute um problema social envolvendo índios, mas não lhe faço perguntas. Seu ar descontraído é o que me desperta a curiosidade.

Nos próximos sessenta minutos, temos uma conversa informal que, sob autorização dele, transformo na entrevista abaixo.

*

BLOG DA CIDADANIA – Como está o seu estado de espírito diante das possibilidades de ser condenado a cumprir pena?

JOSÉ DIRCEU – Estou indignado e revoltado não apenas pela injustiça cometida contra meus direitos e garantias constitucionais, mas principalmente pelo gravíssimo precedente aberto pela maioria do STF ao me condenar sem provas, com base numa interpretação equivocada da teoria do domínio funcional dos fatos, mudando décadas de jurisprudência sobre a exigência de ato de oficio. Um julgamento transmitido pela TV, com uma propaganda opressiva, marcada para coincidir com as eleições municipais e com as vésperas do primeiro e do segundo turno. Há ainda o agravante do julgamento ser antecipado para que um ministro às vésperas da aposentadoria pudesse participar. Algo nunca visto na suprema corte.

BLOG DA CIDADANIA – Em caso de condenação definitiva, qual é o tempo que você efetivamente terá que cumprir em regime fechado?

JOSÉ DIRCEU – Nos termos atuais, sem o julgamento dos recursos a que tenho direito, seriam 1 ano e dez mês de regime fechado e mais 1 ano e dez meses de regime semi aberto. Fui condenado a 10 anos 10 meses de prisão. A pena por formação de quadrilha é de 2 anos e 11 meses, praticamente a pena máxima, que é 3 anos. Por corrução ativa são mais 7 anos e 10 meses, mais uma vez praticamente a pena máxima, que era de 8 anos pela legislação anterior.

BLOG DA CIDADANIA – Se tivesse que escolher entre o período que passou na clandestinidade e um período que poderá passar na prisão, o que preferiria?

JOSÉ DIRCEU – Evidentemente a clandestinidade, onde apesar de tudo fui feliz, trabalhei, estudei, conheci o Brasil, casei, constitui família, nasceu meu filho Zeca, criei as condições para voltar a atuação política, o que já aconteceu no final de 1977. Apesar do isolamento e do afastamento de minha família por 10 anos nunca perdi a esperança e nunca deixei de lutar.

A questão não é o tempo que vou passar na prisão, mas sim a condenação injusta e a ignomínia e infâmia de me condenarem por corrupção e formação de quadrilha sendo inocente e não há qualquer prova contra mim. Minha indignação é contra a operação política para me transformar num corrupto e quadrilheiro e apresentar à sociedade meu caso como um exemplo de que agora se faz justiça no Brasil com os poderosos indo para a cadeia. É uma farsa, já que sou inocente, não há crime e nem provas de que eu teria cometido qualquer ato ilícito nas minhas funções de ministro e deputado.

BLOG DA CIDADANIA – Após sua condenação, houve especulações sobre a sua segurança numa eventual prisão devido à sua extrema notoriedade. Você tem alguma preocupação nesse sentido?

JOSÉ DIRCEU - Prisão é prisão como todos sabemos, mas cada um sabe se cuidar e se defender, mas é evidente que a responsabilidade é de quem me condena sem provas, sem crime e com evidências claras de uma condenação política e um juízo de exceção.

BLOG DA CIDADANIA – Dizem que, se você fosse condenado, iria para o que chamam de “prisão de Caras”, ou seja, para o sistema prisional de Tremembé (SP). Uma prisão como essa lhe oferece maior segurança?

JOSÉ DIRCEU – Não se pode dizer hoje que estou condenado, já que ainda temos os recursos, temos o bom direito ao nosso lado e há fatos novos como as provas que os recursos da VISANET nem são públicos e nem foram desviados, o que na prática anula o julgamento numa revisão criminal depois de transitado em julgado.

BLOG DA CIDADANIA – Quais as chances que você vê em reverter sua condenação no julgamento dos recursos? Ou, ao menos, em reverter alguma das condenações de forma a que não tenha que ir ao regime fechado?

JOSÉ DIRCEU – Do ponto do vista do direito temos chance real de reverter a condenação por formação de quadrilha e reduzir as penas já que nem a jurisprudência do STF e nem os códigos foram observados nas penas absurdas que foram dadas. Depois do trânsito em julgado temos o direito à revisão criminal e a recorrer à CIDH da OEA e ao TPI de San Jose, Costa Rica.

BLOG DA CIDADANIA – Você considera adequado o prazo de cinco dias para sua defesa apresentar recursos após a publicação do acórdão do julgamento?

JOSÉ DIRCEU – Claro que não. Por isso mesmo meu advogado e os de outros réus entraram com pedidos mais do que razoáveis de um prazo maior. Não é a primeira vez nesse julgamento que nosso direito de defesa é desprezado como uma chicana e assim violado não apenas o direito de defesa mas o devido processo legal.

BLOG DA CIDADANIA – A que você atribui a pressa que se vê para concluir o processo? Só como parâmetro, o julgamento das cotas raciais pelo STF já tem um ano e até hoje não foi publicado o acórdão.

JOSÉ DIRCEU – As razoes são políticas, o que na prática deveria levar à anulação de todo juízo.

BLOG DA CIDADANIA – Qual sua visão sobre a abertura de investigação sobre o presidente Lula pela PF a pedido da Procuradoria de Brasília? Há algum elemento que, na sua visão, justifique esse processo?

JOSÉ DIRCEU – Indevida e ilegal, mais uma abuso de autoridade do MP, mais uma violência exclusivamente por razões políticas. Esse mesmo MP não abriu nenhuma investigação contra o ex-senador Demóstenes Torres mesmo tendo conhecimento dos autos de um inquérito da Policia Federal, chamada operação Las Vegas, que na prática ficou arquivado, engavetado, numa cena explícita de prevaricação até que novos fatos e atos criminosos obrigaram o MP a tomar providências legais contra o então senador, procurador e principal porta voz do MP no Congresso Nacional.

BLOG DA CIDADANIA – O presidente, em caso de abertura de uma ação penal, pode enfrentar um tipo de julgamento como o que você enfrentou, com uso da teoria do “domínio do fato”, ou a AP 470 foi uma exceção que não se repetirá?

JOSÉ DIRCEU – Espero que seja arquivada a investigação e que não tenhamos que analisar essa possibilidade, por absoluta falta de elementos para qualquer nova investigação e porque o próprio STF já recusou mais de uma vez incluir o presidente na AP 470.

BLOG DA CIDADANIA – Como você vê a distribuição de verbas públicas para publicidade do governo federal entre os grandes meios de comunicação? Há um equilíbrio entre as mídias alternativas e as tradicionais? E entre a própria grande mídia, a distribuição lhe parece justa?

JOSÉ DIRCEU – Não é justa, não há equilíbrio. Além disso é preciso respeitar a constituição e estimular a pequena e micro mídia – assim como se faz com a pequena e micro empresa -, o pluralismo e evitar o monopólio. Deve-se garantir a diversidade e a produção e defesa da cultura nacional.

BLOG DA CIDADANIA – Como você vê a acusação da grande mídia ao PT de que o partido quereria censurá-la para que não divulgue escândalos contra si?

JOSÉ DIRCEU – Na entrevista que dei a Folha-UOL [e que será publicada amanhã] respondi a essa questão. Por que o PT quereria censurar a imprensa? Mesmo que quisesse, não teria força. Outra coisa é regular mídia. O que não é possível é um veículo deter 70%, 80% de toda a publicidade do país. Como as organizações Globo, por exemplo.

*

PS: neste sábado viajo a Curitiba para participar de uma mesa de debate em um encontro de blogueiros local. O Blog só voltará a ser atualizado no domingo.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

aos colegas que não entram em sala de aula sem ler sua zh


Rejeitada pelo voto popular, ideologia do déficit zero segue viva na mídia
Apr 3rd, 2013 by Marco Aurélio Weissheimer no RS Urgente



O governo Yeda Crusius (PSDB) foi amplamente rejeitado pela população do Rio Grande do Sul. Ao final de quatro anos, a governadora tucana, candidata à reeleição, amargou um terceiro lugar na disputa eleitoral de 2010. Esse resultado foi, sobretudo, uma rejeição às políticas implementadas pelo governo do PSDB e seus aliados. Considerando que o déficit zero foi a peça programática central do governo Yeda Crusius, a voz das urnas foi uma reprovação da ampla maioria da população a este discurso que procura se apresentar como técnico, mas que está impregnado de uma ideologia fundamentalista do mercado que tem aversão ao Estado, exceto, é claro, quando precisa se socorrer dele como aconteceu recentemente na Europa e nos Estados Unidos.

Rejeitada nas urnas e também nas ruas, isolada politicamente no Brasil e em boa parte da América Latina, essa ideologia segue viva, porém, nos espaços editoriais dos veículos pertencentes às grandes empresas de comunicação. No Rio Grande do Sul, um dos principais defensores da ideologia do déficit zero é o jornal Zero Hora, principal veículo impresso do Grupo RBS. A pregação é sistemática, articulada e permanente. Nesta quarta-feira, a principal colunista política do jornal, Rosane de Oliveira, volta ao tema, estabelecendo um curioso paralelo entre, por um lado, os governos de Germano Rigotto e Tarso Genro, e, por outro, o governo de Yeda Crusius.

O “pecado” dos governos Rigotto e Tarso seria recorrer aos depósitos judiciais para pagar as contas. Esses depósitos, assinala a jornalista, estavam “preservados desde o início do governo de Yeda Crusius”. Na avaliação da colunista de ZH, “o quadro caótico das finanças estaduais é resultado de uma combinação entre excesso de gastos, especialmente com reajustes salariais para servidores, com redução da receita prevista”. Rosane de Oliveira acrescenta: “Com os aumentos já aprovados, os gastos com pessoal neste ano serão 14,5% superiores aos do ano passado – e isso que o governo não está cumprindo a lei do piso do magistério”. Na mesma edição de ZH, uma matéria da editoria de Política trata dos “aumentos em série no Estado”.

O governador Tarso Genro rejeita o rótulo aplicado à situação financeira do Estado:

“Caos financeiro foi o que encontramos com o déficit zero, venda de ativos públicos para pagamento de contas, atraso frequente de pagamento de fornecedores e baixa taxa de investimentos, tanto do orçamento como oriundos de financiamentos. O Governo Rigotto também retirou, corretamente, R$ 2 bilhões de depósitos judiciais para manter um controle das finanças e não paralisar completamente o Estado”.

A crise financeira da maioria dos estados brasileiros é real e só será resolvida quando, entre outras coisas, a Reforma Tributária deixar de ser um mito. Isso implica discutir o modelo de financiamento do Estado brasileiro e o papel do próprio Estado. Para que ele serve mesmo? O problema da ideologia do déficit zero é que ela prega, na prática, o encolhimento do Estado a um nível tão mínimo que ele deixa de ser relevante como instituição. Aí, supostamente, entrariam o deus mercado, a livre iniciativa, o livre comércio e as privatizações para garantir paz e prosperidade a todos. O Brasil e praticamente toda a América Latina viveram esse modelo por cerca de duas décadas. O Rio Grande do Sul, de modo mais agudo, teve a experiência desastrosas do governo Yeda Crusius.

Há um elemento comum a estas políticas (se é que podem ser assim chamadas, uma vez que, no limite, desprezam a política): a rejeição nas urnas. Isso não ocorre por acaso. Aplicar uma política de déficit zero é simples: basta não dar aumento aos servidores, cortar gastos de custeio e políticas públicas, reduzir os serviços públicos prestados do ponto de vista de sua quantidade e de sua qualidade. A partir daí, engendra-se uma lógica argumentativa bizarra: um governo prega as virtudes de gestão do mercado e sucateia o Estado; sucateado, o Estado deixa de prestar adequadamente serviços públicos essenciais; rejeitado pela população, esse governo é varrido pelo voto; o governo que assume tenta recompor a estrutura do Estado e passa a ser cobrado, ao mesmo tempo, por estar gastando demais e também por não estar garantindo a segurança, a saúde e a educação de que a população precisa. Ou seja, o Estado não pode gastar, os servidores não podem ter aumento salarial e a população não pode sofrer com falta de segurança, saúde e educação.

Os defensores desse modelo conseguiram mais uma proeza agora na Europa, onde a ideologia do déficit zero vestiu o disfarce da austeridade. Segundo o Eurostat, órgão estatístico da União Europeia, o número de jovens desempregados na União Europeia é de 5,732 milhões, 264 mil a mais do que há um ano, subindo de 22,4% para 23,6%. 

Isso é que é governar com responsabilidade.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

eita margem de lucro que não para de crescer


Fernanda Melchionna

Onde está a democracia?

A melhor resposta ao artigo do secretário César Busatto na ZH (01/04) foi uma mobilização com mais de 10 mil jovens nas ruas de Porto Alegre. Busatto tentou passar a ideia de que o movimento anticapitalista ao invés de lutar pela ampliação da democracia, buscaria impor a violência de uma minoria.
Sobre esta afirmação, como parlamentar que se considera parte do movimento anticapitalista, afirmo: a luta é justamente pela radicalização da democracia. Os movimentos de massas (indignados da Espanha, Grécia, Portugal) ocupam praças e se organizam por Democracia Real Já. Buscam que a maioria da população controle a política e a economia.
Na verdade quem tem perdido legitimidade são os governos e os partidos que querem defender o interesse de uma minoria privilegiada e utilizam a violência quando o povo se organiza.
O que Busatto não fala é que enquanto as instituições estavam debatendo a redução do aumento da passagem a partir da auditoria do Tribunal de Contas do Estado, o COMTU e o prefeito em exercício deram um canetaço aumentando a passagem para R$ 3,05. Na verdade mais uma vez a prefeitura priorizou os interesses dos empresários do transporte coletivo.
A essência do debate é: por que Porto Alegre tem a segunda tarifa mais cara das capitais do Brasil? Por que a tarifa aumentou quando a auditoria do TCE apontou que esta deveria ser R$2,60 e durante todo o ano de 2012 a população pagou R$ 0,25 centavos a mais por cada viagem feita (totalizando R$ 72 milhões ganhados a mais pelas empresas)? Por que a taxa de lucratividade das empresas está bem acima do previsto em lei? Por que há 24 anos não há licitação em Porto Alegre e o transporte funciona de maneira ilegal e irregular? Por que os ônibus estão cada vez mais atrasados e super lotados? Por que os rodoviários não são ouvidos em suas reivindicações?
É justamente na ausência de democracia por parte do governo municipal que surgem os protestos da juventude. Atos que se realizam há mais de 3 meses na cidade e que seus organizadores nunca foram ouvidos pela prefeitura. Apesar da tentativa do governo de atacar o caráter democrático do movimento e consolidar um aumento abusivo da tarifa de ônibus, que vai contra os interesses do povo, o movimento cresceu exponencialmente. Nesta segunda-feira os jovens fizeram o maior ato contra o aumento da passagem da história de Porto Alegre. Quinta-feira terá outro e será maior.
Não adianta escrever sobre democracia depois de autoritariamente aumentar a passagem e rasgar, na prática, seu principal conceito: representar a maioria.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

a omissão que não me deixa...


Brasil ainda vive uma ditadura, a ditadura da mentira

Posted by eduguim on 01/04/13 • Blog da Cidadania






Comecei a ler jornal aos treze anos. Era 1973 e minha leitura favorita era o primeiro caderno do Estadão, o de política – começara a me interessar pelo assunto porque via a família discuti-lo de uma forma que me intrigava. Mesmo dentro de casa, familiares conversavam sussurrando. E interrompiam o assunto quando eu aparecia.

Lendo o Estadão, percebia que faltavam informações. E quando fazia perguntas à família, não conseguia respostas satisfatórias – jovens da minha idade eram tratados como crianças, àquele tempo.

Naquele ano, assisti a uma reportagem no programa Fantástico – que estreara na Globo no mesmo ano – que me faria entender que aquilo que lia no Estadão não traduzia a verdade do que se passava no Brasil.

Lembro-me com clareza do título da reportagem: “Eleição, um show americano”. Mostrava, se bem me lembro, uma convenção partidária nos Estados Unidos – só não me lembro se era do partido democrata ou republicano.

Não era ano eleitoral nos Estados Unidos, mas a matéria era sobre a forma como funcionava a democracia naquele país.

Vejo, como se fosse ontem, as bandeirolas coloridas, um clima de euforia. Parecia uma festa. Tudo aquilo era para escolher um candidato a presidente do país que produzia os filmes, seriados e revistas em quadrinhos que tanto amava.

Mas o que me intrigava era por que, no Brasil, aquilo não existia. Por que em meu país não elegíamos presidentes? O jornal não me contava.

Perguntei à família, mas me enrolaram e não responderam. Nem minha mãe, que desde que me entendo por gente fazia questão de me doutrinar culturalmente por todos os meios, deu-me uma resposta. Sugeriu-me que parasse com a leitura de política porque, em nosso país, não era “bom” se interessar por aquele assunto.

Ficara muito intrigado. Aliás, sentia uma certa revolta. Vira na televisão um país que, então, era tido como exemplo para o mundo fazendo da sua democracia uma festa. Mas, no meu país, aquilo tudo, que me parecia tão positivo, era proibido.

Por que?

Um ano mais tarde, na escola – estudava no Colégio São Luis, em São Paulo –, então no “ginásio”, travei amizade com um rapaz do “científico” (ensino médio) que me contou em detalhes o que passava no Brasil e que a família não me queria revelar.

Daniel era quatro anos mais velho do que eu – tinha 18 anos. Ele fazia parte do que chamou de “partido” e disse que o Brasil estava sob uma ditadura, que militares nos governavam na marra e, assim, não podiam permitir que votássemos porque a maioria não os queria no poder e, assim, se o povo pudesse votar eles não continuariam governando.

Naquele distante 1973, filho de uma família abastada – vivia com mãe e avós e meu avô era um alto executivo da Mercedes Bens –, descobri que o regime militar era nefasto, uma violência. Mas minha repulsa àquele período de trevas se consolidou de forma indelével em meu espírito quando meu amigo Daniel “sumiu”.

Quando parou de ir à escola, após algumas semanas peguei minha bicicleta e fui à sua casa. Sua irmã me atendeu à porta. Tinha um semblante desolador. Fiquei assustado. Disse que Daniel “viajara” e me mandou embora.

De volta à escola, seus colegas de classe, mais velhos do que eu, não quiseram me dar informações.

Alguns poucos anos depois, já sabia que meu amigo tinha sido tragado por uma repressão que destruía a todo aquele que ousava pensar diferente dos ditadores. Mesmo que fosse um rapazola.

Cheguei a frequentar reuniões no colégio Equipe, na Bela Vista. Falavam em resistência, em enfrentar a ditadura. E falavam dos riscos. Tive medo, muito medo e me omiti. Tinha uns 16 anos e, até o fim dos anos setenta, conformei-me em acompanhar pelo Estadão o processo que levaria o Brasil à abertura política. Mas nunca me envolvi.

Até hoje sinto vergonha disso, e só relato aqui como que para expiar minha culpa. Sempre que posso, confesso minha covardia na juventude.

Hoje, quando me dizem “corajoso” por incomodar os barões da mídia que atiraram meu país naquele horror, dou um sorriso amargo e me lembro de quão covarde eu fui. E reflito que ser “corajoso” hoje, em plena democracia, não tem valor algum.

Mas prometi a mim mesmo que sempre que pudesse confessaria a covardia a que me dei na juventude, quando tantos outros como eu deram sua vida para libertar o Brasil de uma ditadura feroz que – há pouco o país descobriu – chegou a torturar bebês diante de mães militantes políticas para obrigá-las a lhe dar informações.

A ditadura, porém, não terminou. Apesar de a ditadura político-institucional ter acabado há décadas, o país ainda é prisioneiro de uma outra ditadura, a ditadura da mentira.

Vejo na internet, nos jornais e até na tevê, inclusive em editoriais desses veículos, justificativas aos crimes daqueles militares e civis que ceifaram a vida de tantos jovens como meu amigo Daniel. Dizem que as vítimas daquele regime criminoso queriam implantar uma ditadura no país e atribuem a “terroristas” como aquele amigo crimes iguais aos que cometeram.

Mentirosos.

Onde estão as famílias das vítimas dos “terroristas” a bradarem contra os assassinatos ou torturas de país, mães, irmãos, amigos? Por que, como as vítimas da ditadura, não se organizam e levam fotos de entes queridos que os que tentavam devolver a democracia ao Brasil teriam exterminado ou torturado?

Claro que, sim, houve alvos militares. E é claro que alguns soldados da ditadura tombaram em combate com “terroristas”. Mas nada que sequer se aproxime dos meninos e meninas que aquele regime hediondo sequestrou, seviciou e exterminou.

Hoje, 1º de abril de 2013, faz 49 anos que o inferno foi desencadeado no país. Sobreviventes que enfrentaram aqueles psicopatas, assassinos, estupradores, ladrões, pervertidos que colocaram este país de joelhos, chegaram ao poder. Aliás, o Brasil é governado por uma heroína que, altiva, enfrentou aqueles demônios.

Contudo, o Brasil não é livre. Enquanto as mentiras que os autores daquela loucura inventaram não forem desmascaradas, enquanto o nosso povo não souber a verdade do que se passou naquelas duas terríveis décadas, a mentira continuará nos governando. Seremos tão prisioneiros dela quanto fomos da ditadura militar.

Deveria escrever mais, muito mais. Mas a boca está seca e os olhos, molhados. Quem sabe um outro dia termino de dizer tudo o que deveria. Talvez, nesse dia, consiga mergulhar fundo naquelas memórias sem ficar no estado emocional em que estou ao terminar este texto. Sobretudo pela culpa por minha omissão, que nunca me deixou em paz.