domingo, 15 de maio de 2011

ambientalistas, ruralistas e um pouco de história

Aldo Rebelo e a História



Texto de Demilson Fortes

Nos anos 60, milhões de pessoas estavam nas ruas de Paris e queriam mudanças. O Partido Comunista Francês (PCF) retraiu-se, não apoiou os movimentos. Juventude, trabalhadores, intelectuais, homens e mulheres, estavam nas ruas, e o PCF tentava entender o que acontecia. A história estava ali, aos olhos de todos, materializada em milhões de pessoas nas ruas, universidades, fábricas e praças, movimentando-se como um rio furioso, arrastando tudo e transbordando às margens, que tentavam inutilmente detê-lo. O PCF e suas velhas fórmulas não entenderam a realidade.

A história e as circunstâncias. É preciso decifrá-la, compreender seus movimentos, conflitos e protagonistas. Na França, do final dos anos 60, a história atropelou o PCF, para os quais a realidade não coube nas suas leis de bronze, no roteiro pré-definido. Queriam que a realidade das ruas nele se encaixasse. O povo na rua atropelou o PCF, que perdeu influência na política francesa e entrou em declínio. Para Marx “os homens fazem a história, mas não escolhem as circunstâncias”, mas, para ele, “é preciso forjar as circunstâncias humanamente”, e assim fazer a história de maneira consciente. Somos nós e nossas circunstâncias dadas ou criadas, com possibilidade de fazer história, ou ser arrastados por ela.

Em Brasília, será votado o Código Florestal. É um encontro dos deputados com a história. Aldo Rebelo é o relator e o maior responsável, mas todos os deputados federais têm responsabilidade. Esperamos que a história seja justa com aqueles que fragilizaram a proteção ambiental e colocaram em risco o futuro, pensando no econômico e no imediato. As próximas gerações saberão da escolha.
O relatório do Código Florestal de Aldo poderia ser chamado de uma traição histórica. Isso seria justo com Aldo Rebelo, com a agricultura familiar, com os ecologistas, com os movimentos sociais, com nossos tantos lutadores sociais do campo e da cidade, alguns mortos nos conflitos, como Chico Mendes e Irmã Dorothy.

Aldo Rebelo entra para a história como o comunista que se tornou ídolo do setor mais reacionário, atrasado e conservador do país, os grandes ruralistas. Na França, a história acertou as contas com os que não a entenderam. Aqui, espero que assim seja!

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