segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

cotidiano frustrante(?)

A violência no Corinthians e a frustração do cotidiano

 
Sou palmeirense praticante (fazer o que, né? Ninguém é perfeito…) e, sobretudo, amante de um bom futebol, não importa de quem. Não comento sobre o tema neste espaço porque o UOL tem jornalistas e blogueiros com competência infinitamente maior do que este que vos tagarela para discorrer sobre ele. Mas gostaria de fazer uma pergunta discreta: o que leva alguém a deixar o conforto do seu lar, em um sábado de manhã, para ir atirar pedras em um ônibus de um time de futebol?

a) Completa e retumbante falta do que fazer.
 
b) Reafirmação exacerbada da masculinidade, potencializada pelo sentimento de proteção da manada, quer dizer, da torcida organizada.

c) Incapacidade de manter-se de forma pacífica, contundente e organizada ao exprimir sua insatisfação.

d) Frustração por não conseguir protestar com a mesma intensidade por temas que afetam mais profundamente sua dignidade que um campeonato de futebol, como a corrupção na administração pública, as filas em hospitais, o aumento na passagem de ônibus, um salário mínimo ridículo, a falta de locais de lazer, a educação pífia que seus filhos recebem, as moradias precárias que desabam com o vento, o caldo de merda que sobe dos córregos a cada chuva e lava a tudo e a todos. Seja por não ter se conscientizado para tanto, seja por ter sido sistematicamente alienado sobre tudo isso.

Isso não é só com o Corinthians, não. Ocorre com frequência com a torcidas de muitos times, inclusive aquele pelo qual já tomei muita chuva nas bancadas da rua Turiassu (lembrando que não há monopólio da idiotice, há espaço para todas as torcidas). Dá uma preguiça do ser humano nessas horas… Quanta energia gasta nesse tipo de coisa que poderia ser melhor aproveitada se canalizada para algo melhor.

A violência é um instrumento de revolta, da mesma forma que a não-violência também o é – cada um com sua pertinência de acordo com o contexto. Usar a força física pode ser legítimo (ai meus sais, o blogueiro é um bárbaro!) como último recurso do explorado quando o explorador já a usa para manter uma relação de jugo, degradação e exploração e quando as demais formas de protesto pacífico não surtiram efeito. Vemos isso, por exemplo, em processo de independência de nações (que nem sempre ocorre por plebiscito…), contra ditaduras ou no combate à desigualdade social crônica.

Desconfio que não seja o caso do que ocorreu hoje de manhã na Zona Leste de São Paulo…

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