O texto abaixo foi retirado do jornal O Timoneiro, publicado no dia 03/04/2009, sobre os desdobramentos das investigações da Polícia Federal na Operação Solidária, na administração Ronchetti(PSDB), em Canoas/RS.
Chico Fraga, o ex-secretário de Governo da administração Ronchetti, terminada em dezembro de 2008, é alvo de nova investigação sobre lavagem de dinheiro da Polícia Federal (PF).
A nova operação nasceu da Operação Solidária, que apontou irregularidades em contratos da merenda escolar em municípios gaúchos e indícios de fraude de R$ 300 milhões em obras públicas. O nome da operação se refere ao slogan de Ronchetti: Administração Solidária.
A PF descobriu, nesta nova operação, mais de 60 imóveis e veículos em nome de Fraga ou de parentes ou laranjas ligados a ele, somando mais de R$ 8 milhões, que foram bloqueados a pedido dos federais pela 1ª Vara Federal Criminal de Porto Alegre, especializada em crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro, que considerou incompatível com os ganhos do ex-secretário.
A nova operação foi requerida pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza e Fraga foi intimado para depor pela PF. O Detran e os cartórios de registro de imóveis foram informados do bloqueio dos bens, que não poderão ser negociados para que possam ressarcir o erário público em uma possível condenação de Fraga. Além desta nova operação, Fraga é peça importante em diversas outras fraudes investigadas pela PF, como as Operações Solidária e Rodin.
Patrimônio
O patrimônio descoberto pela PF já é de conhecimento dos canoenses, pelas denúncias de OT ao longo dos anos da administração manchada pela corrupção do ex-prefeito Ronchetti: dezenas de imóveis em Canoas, Porto Alegre e Litoral, principalmente em Tramandaí, onde a reportagem de OT contou como era a vida luxuosa de Fraga e família em duas casas que, juntas, formam uma mansão que valeria cerca de R$ 2 milhões, a beira do rio Camarão, no Marina Park Residence, onde ele ainda possui mais seis terrenos, avalia¬dos em cerca de R$ 200 mil cada, além de lancha e jet ski.
Neste paraíso privado, o jardim tem lindas e caras palmeiras se juntam às folhagens criteriosamente distribuídas. Nos fundos, uma grande piscina e um quiosque com churrasqueira a cerca de cinco metros do rio, tudo também cercado por palmeiras e bananeiras, que dão um ar caribenho.
Do outro lado do rio, a pobreza de centenas de famílias que vivem da pesca e de onde eram vistas as festas de virada de ano regadas a muito champanhe importados.
Saindo do condomínio, mas junto a ele, na RS 030, um largo espaço de terra foi comprado por Fraga. São seis sítios com 80 metros de fundo onde o agora empresário pretendia um dia construir um posto de gasolina. A área fica entre a RS 030, o residencial e o rio Camarão. Em alguns sítios, algumas casas já foram imediatamente reformadas. Em outros, o mato derrubado. Num deles, cerca de R$ 25 mil foram gastos somente para deixá-lo plano.
Ele teria ainda, conforme OT apurou, apartamentos quase à beira mar e estabelecimentos comerciais em Tramandaí, e casas em Imbé, praia vizinha.
A vida na cobertura
Em Porto Alegre, uma cobertura na rua Quintino Bocaiúva serviu de moradia da família Fraga durante o ano de 2007, até que as primeiras denúncias em nível estadual, no caso Detran, eclodiram. Segundo a PF, Fraga teria recebido esta cobertura de uma empresa como pagamento por benefícios obtidos em contratos públicos.
OT conversou com uma frequentadora da residência nesta época, que não quer ser identi¬ficada. Ela contou que o período foi marcado por extravagâncias da família. Os membros tinham camionetes e os genros de Fraga ganhavam automóveis novos do sogro. “Uma verdadeira frota”, conta.
A casa tinha cerca de 10 aparelhos de ar condicionado do tipo ‘split’ e outro número parecido de tevelisores de plasma, com telas de cinema. Um grande time de empregados servia a família. Foi neste período, também, que o casal Fraga se divertiu em cruzeiros marítimos, inclusive o do rei Roberto Carlos.
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