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domingo, 27 de dezembro de 2009
Ex-cortador de cana comemora aprovação no curso de Medicina da UPE
Jonas Lopes da Silva venceu o sofrimento, o sol escaldante e a pobreza ao ser aprovado no Vestibular 2010 da Universidade de Pernambuco
Da Redação do pe360graus.com
Ex-cortador de cana comemora aprovação no curso de Medicina da UPE
A história de Jonas Lopes da Silva poderia ser contada nas marcas que carrega nas mãos, com as cicatrizes deixadas pelo trabalho nos canaviais. Mas ele decidiu acreditar num sonho que se concretizou este ano ao ser aprovado no curso de Medicina no vestibular da Universidade de Pernambuco.
O passado deste ex-cortador de cana ainda está bem próximo da porta de casa, de onde é possível enxergar os canaviais da Zona da Mata de Pernambuco, onde Jonas trabalhou dos 7 aos 15 anos de idade. “Esse cenário é um cenário onde cortei cana quando era criança e saia da aula”, recorda.
Do tempo de sacrifícios, o jovem de 24 anos, guarda o facão, algumas cicatrizes e muitas lembranças. “Sofrimento, sol escaldante e ter que ver as pessoas sofrendo.”
Jonas é filho de um pedreiro e de uma cortadora de cana (foto 4). Eles não terminaram o ensino primário e comemoram a maior conquista da família: Jonas é o primeiro a entrar na universidade. “Eu via minha realidade logo cedo, aí foi que eu disse: eu não vou trabalhar aqui, eu não vou sofrer. Eu quero outra coisa. E aí quando criança já sonhava muito.”
Os conselhos do pai, José Lopes da Silva, foram fundamentais para Jonas continuasse os estudos. “Queria que ele seguisse um mundo diferente do meu, com uma vida de estudo porque o campo não daria certo para ele. E o sonho de realmente ver o meu filho estudando medicina, isso aí é uma alegria que não tem nem como me expressar.”
A mãe, Edileusa Lopes, acompanhou todo o esforço de Jonas para superar as lacunas do ensino público. Dos sete filhos, três não estudaram. O mais velho é pedreiro em São Paulo. Jonas é o orgulho da família. “Eu não sei nem dizer a felicidade que eu estou. Estou tão feliz que dá vontade de correr pelos quatro cantos gritando.”
Para chegar até lá, não foi fácil. Jonas teve que trabalhar para juntar dinheiro e pagar os estudos. Durante quatro anos ele tentou o vestibular. Morou num alojamento para estudantes, deixou de lado a diversão e chegou a passar fome. “Eu ia para casa dos meus parentes, da minha irmã e da minha tia, para almoçar.”
Agora, o ex-canavieiro quer ser cardiologista porque considera a profissão mais nobre que se pode ter. Para quem saiu dos canaviais, ele sonha grande. Quer ser pesquisador e fazer pós-doutorado em Harvard, nos Estados Unidos.
Com os pés no presente, ele foi conhecer a Universidade de Pernambuco, onde vai estudar em 2010. Jonas tem como filosofia um lema de um programa que procura humanizar a medicina, levando alento aos pacientes.
Um dos principais defensores desta alternativa terapêutica é o médico Wilson Freire (foto 5). O que Jonas não sabia é que este doutor em medicina também tem um passado parecido com o dele. “Eu tive uma vida muito parecida com a sua. Você veio da Zona da Mata e eu vim do Sertão. Para estudar, fui morar na casa dos estudantes”, relembra o médico.
Infância pobre, trabalho precoce, superação. Dois personagens ligados pela medicina. Quem recebe da vida uma oportunidade como esta, sabe a melhor maneira de aproveitá-la. “Nos que viemos de situação difícil, temos por obrigação lutar para que essas coisas mudem e que outras pessoas não tenham que passar pelo que nós passamos”, finaliza Freire.
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Cordialmente,
Francisco Alexandrino de Oliveira Neto
Esp. História da Arte e Ciência das Religiões
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