Sonhar esperança é pensar a vida
Mauro Marques
Eis a Dilma, em insistência suave, mas decidida. Não se deixa influir por caras feias, vozes aterradoras anunciando o fim da história e que tudo já está decidido, enquanto só nos resta o sonho da cruz. Não busca desacreditar qualquer reflexão crítica sobre a maneira de conduzir nossos acertos e erros com as crianças, jovens ou adultos. Mas o dragão do mal ou do bem, pronto para matar, precisa ser olhado de frente, pois não nos acabamos no sonho de uma cruz, nem no desespero das cicatrizes que carregamos pela nossa existência, precisamos sem medo olhar adiante e aprender da malícia. Necessitamos enfrentar o sorriso falso, o elogio venéfico, a conduta meretriz e afrontar a sua desumanidade.
A mulher é encantada por dentro, esperando uma filha, brotando um filho e florescendo afluída ao sabor da maré, com novos sabores, a refletir a luz que se liberta da opressão, da ignorância, fazendo desaparecer a escravidão humana.
A mim parece importante chamar a atenção para quantas e quantas vezes sucumbimos frente a falas destrutivas e desesperançadas, que nos fragmentam e nos implodem em pequeninos pedaços voadores, transformando em poeira nossas tentativas íntimas. Nas muitas e mais tantas oportunidades em que isto acontece, não o sabemos se ocorre por intenção deliberada ou por não sabermos pensar e sentir diferente. Guardamos silêncio para o enfrentamento final quando o bem vencerá definitivamente o mal. Eis o imobilismo na crença que haverá somente um embate e que todos os desgastes dos afrontamentos anteriores se dão sem razão. Ao assumir uma posição critica e não lírica deixamos de assumir os defeitos e dificuldades dos outros para estabelecer parcerias razoáveis de comprometimento com a esperança, dentro de uma aceitação libertadora do outro em mim que retorna ao outro que está fora de mim.
Somos energizado ao ouvir Lula e Dilma!
Superamos dia-a-dia estes papéis mágicos e autoritários, descobrimos que precisamos de novos olhares sobre o nosso quê fazer, sacudindo a poeira do tempo e descobrindo aos poucos um novo eu que já existia, permanecia escondido pela poeira da imperturbabilidade ingênua ou solércia medrosa.
A esperança no homem e na mulher, independentemente da maneira como se manifesta e se diz pertencente e querendo a humanidade que nos habita, é permanentemente mobilizada para recriar as condições humanas de ser mais. Esperar o que se deseja é o natural, a necessidade que transcende a biologia e vem se assentar em nossa condição humana, no desejo que existe na palavra e na reflexão que impregna nossa ação. E é esta palavra carregada com nossos desejos que aviva a vida voltada para o humano que se quer sendo mais humana, recriadora das possibilidades e oportunidades que nos aproximam.
Sonhar esperança é pensar a vida com um chá refrescante de hortelã na xícara, em nossas mãos, quentinho e aconchegante, que necessita ser sorvido, tomado delicada e decisivamente, sem esperar que amorne ou esfrie. A esperança do chá está na sua delicadeza e na sua maneira diferente de observar e influir na vida, na saúde da existência, na ausência de agressões e resultados inflamados por fármacos tirânicos e imediatistas.
A receita antibiótica se revela eficaz para acabar com o analfabetismo porque acaba com o analfabeto. Antes das receitas está o amor capaz de nos aliviar aos poucos um pouco mais, antes que o tempo veloz nos engula e nos impeça de estarmos juntos, novamente, descobrindo que o amor não é paz, mas a contradição do outro e da outra em mim mesmo. Assim, na diversidade, deveríamos ajudar o mundo a mudar.
Por isso eu voto Dilma neste domingo!
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