‘Brasileiros devem se sentir extremamente orgulhosos do SUS’, diz americano usuário do sistema
Dylan Stillwood, que operou o maxilar em um hospital público do Sistema Único de Saúde, afirmou que a mesma cirurgia o levaria à falência se fosse realizada nos Estados Unidos
por Portal Planalto
Publicado: 19/06/2015 16h13
Dylan Stillwood contou sua experiência com o SUS na perfil do The New England Journal of Medicine
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O programador de computadores americano Dylan Stillwood, de 34 anos, mora no Brasil há quatro anos e, em junho de 2012, precisou ser submetido a uma cirurgia no maxilar em um hospital do Serviço Único de Saúde (SUS). Na ocasião, ele visitava o município de Caruaru, em Pernambuco, para conhecer os tradicionais festejos juninos da região.
"Eu precisei operar meu maxilar, e passei oito dias no hospital. Foi o meu maior encontro com o SUS. Eu fiquei muito impressionado com o fato de que o Brasil tem saúde pública de graça, que é uma coisa que não existe nos Estados Unidos. E o fato de que essa garantia é um direito constitucional, considerada dever do Estado, e um direito do cidadão", contou Dylan em entrevista exclusiva ao Portal Planalto.
Dylan procurou o Hospital Regional do Agreste e foi prontamente atendido e hospitalizado. Recebeu medicação e, posteriormente, foi operado. “Após sair do hospital, ainda fiquei mais uma semana na cidade para esperar uma consulta final e a liberação do médico”, lembra.
Este mês, Dylan leu um artigo dos pesquisadores James Macinko e Matthew Harris, publicado no The New England Journal of Medicine, uma das mais importantes publicações científicas em todo o mundo na área de medicina, sobre a atenção básica no Brasil e a Estratégia de Saúde da Família. Macinko e Harris, ambos professores de universidades americanas, viveram no Brasil e trabalharam no SUS. Segundo eles, o Saúde da Família é um "poderoso modelo de provimento de cuidados de saúde".
Dylan leu o texto na página do Facebook do veículo americano e contou a experiência que viveu ao ser atendido no SUS. Na ocasião, ele escreveu na rede social: "Os brasileiros devem exigir sempre melhores condições de saúde pública, mas também devem se sentir extremamente orgulhosos do SUS, uma conquista enorme que poucos países no mundo alcançaram".
Cartão do SUS
Segundo Dylan, que vive hoje em São Paulo (SP), o momento de mais orgulho desde que veio ao Brasil foi o dia em que recebeu seu Cartão Nacional de Saúde. "A operação que foi realizada de graça pelo SUS me levaria à falência nos Estados Unidos. Não entendo porque muitos brasileiros acham estranho um americano ficar com orgulho quando tirou um cartão do SUS", contou.
Ele afirmou que viu os defeitos do sistema, e que sabe que existe muita coisa a se melhorar. "Na experiência que tive, vi que os hospitais são menos modernos que os americanos. Mas, por outro lado, mesmo no interior do Nordeste, em uma região que tem muita pobreza, com muitas pessoas sem condições de pagar um plano de saúde, ninguém se preocupa em falir por ter ficado doente. E isso é uma preocupação muito grande nos Estados Unidos. Pessoas que trabalham, mas morrem de medo de ficar doentes porque não tem dinheiro, não têm poupança para pagar centenas de milhares de dólares em contas médicas. Isso no Brasil não existe", afirmou.
"Os brasileiros devem exigir sempre melhores condições de saúde pública, mas também devem se sentir extremamente orgulhosos do SUS, uma conquista enorme que poucos países no mundo alcançaram", finaliza.
Taxa de satisfação do usuário
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada no último dia 3 de junho, 82,6% das pessoas que se internaram em hospitais públicos, por 24 horas ou mais, avaliaram o atendimento recebido como bom ou muito bom.
O levantamento também apontou que 64,4% das pessoas atendidas pelas equipes de saúde receberam prescrição de medicamento, sendo que 82,5% delas tiveram acesso a todos as medicações e 92,4% obtiveram pelo menos uma.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) foi feita em 64 mil domicílios de 1.600 municípios do País, entre agosto de 2013 e fevereiro de 2014. O estudo é considerado o mais completo de saúde do Brasil e traz dados inéditos sobre vários aspectos, entre eles, acidente no trânsito, acesso aos serviços de saúde (atendimento e medicamentos) e violência.
Gratuidade
Os serviços públicos de saúde no Brasil são gratuitos, e de acordo com a Lei Nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, "o estrangeiro residente no Brasil goza de todos os direitos reconhecidos aos brasileiros, nos termos da Constituição e das leis". O estrangeiro que precise de cuidados médicos pode procurar atendimento na rede de atenção básica e urgências do Sistema Único de Saúde (SUS).
Fonte:
Portal Planalto, com informações do Ministério da Saúde e Blog da Saúde
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