O “não me deixem só” de Cunha, segundo Janio de Freitas
19 de julho de 2015 | 08:23
Autor: Fernando Brito
As décadas de janela na política permitem a Janio de Freitas ver o obvio que a muitos escapa.
Em seu artigo hoje, na Folha, resume a ópera: “Tudo que se passou na política desde a segunda posse de Dilma Rousseff esteve, e está, condicionado pelo retorno ao poder do grupo Collor, ocupante das presidências de Senado e Câmara com Renan Calheiros e Eduardo Cunha”.
A ele acumpliciaram-se a oposição tucana e a mídia, prontos a confraternizar com tudo o que pudesse abalar o resultado eleitoral.
As semelhanças que a leitura de Janio nos provoca, porém, vai mais adiante: a reação patética de Eduardo Cunha nos remete àqueles tempos do “não me deixem só” das bravatas sem sustentação política do ex-presidente, algo que a gente já sabe como termina.
Efeitos de um processo de degradação da política que vem de longe, desde o tempo de Sarney, quando os partidos começaram a ser degradados, até que o quadro parlamentar viesse a se tornar a mixórdia de hoje – e já de muitos anos – com o qual, porém, tem-se de conviver.
A incapacidade dos governos petistas de promover uma reforma política – incapacidade, porém, derivada em parte das reações do conservadorismo, a quem sempre interessa um parlamento corrupto e cúmplice dos interesses do dinheiro, tinham e teriam ainda mais se osp assos para implementá-la fossem para valer.
As décadas de janela na política permitem a Janio de Freitas ver o obvio que a muitos escapa.
Em seu artigo hoje, na Folha, resume a ópera: “Tudo que se passou na política desde a segunda posse de Dilma Rousseff esteve, e está, condicionado pelo retorno ao poder do grupo Collor, ocupante das presidências de Senado e Câmara com Renan Calheiros e Eduardo Cunha”.
A ele acumpliciaram-se a oposição tucana e a mídia, prontos a confraternizar com tudo o que pudesse abalar o resultado eleitoral.
As semelhanças que a leitura de Janio nos provoca, porém, vai mais adiante: a reação patética de Eduardo Cunha nos remete àqueles tempos do “não me deixem só” das bravatas sem sustentação política do ex-presidente, algo que a gente já sabe como termina.
Efeitos de um processo de degradação da política que vem de longe, desde o tempo de Sarney, quando os partidos começaram a ser degradados, até que o quadro parlamentar viesse a se tornar a mixórdia de hoje – e já de muitos anos – com o qual, porém, tem-se de conviver.
A incapacidade dos governos petistas de promover uma reforma política – incapacidade, porém, derivada em parte das reações do conservadorismo, a quem sempre interessa um parlamento corrupto e cúmplice dos interesses do dinheiro, tinham e teriam ainda mais se osp assos para implementá-la fossem para valer.
Na moda de collorir
Janio de Freitas
A direção mudou. Mas não muda o peso de verdade dado a umas poucas palavras acusatórias vindas, sem provas ou indícios, de pessoa com idoneidade inatestável.
E as instituições políticas se abalam, jornalistas falam de futuras retaliações e derrubadas entre Câmara e Presidência, políticos espertalhões pensam em um acordo de compensações com impeachment de Eduardo Cunha e impeachment de Dilma. Claro, Estado de Direito e democracia à brasileira.
Tudo que se passou na política desde a segunda posse de Dilma Rousseff esteve, e está, condicionado pelo retorno ao poder do grupo Collor, ocupante das presidências de Senado e Câmara com Renan Calheiros e Eduardo Cunha, discípulo que encantou PC Farias.
É apenas lógica a volta do próprio Fernando Collor à projeção, acompanhado, entre outros, de Pedro Paulo Leoni Ramos, que foi o seu encarregado de neutralizar a rede de informações e negócios do SNI, para maior tranquilidade das transações colloridas.
Deputados e senadores, com exceções exíguas, outra vez aceitaram bem o domínio e as práticas do collorismo. Associação, e em muitos casos sujeição, bem ilustrada no silêncio de Aécio Neves e do PSDB, capazes de pedir na Justiça a cassação do mandato presidencial com base em uma frase de delação premiada, mas emudecidos quando a mais grave das acusações a políticos cai sobre Eduardo Cunha.
Essa situação de Câmara e Senado não precisará esperar a comprovação ou negação da culpa de Eduardo Cunha para receber efeitos políticos importantes.
Tanto mais que ele sentiu o golpe. Sua resposta de superioridade quando esteve na expectativa de uma visita policial substituiu-se, em apenas 24 horas, por um jorro de agressões patéticas, evidência de tombo e descontrole.
Eduardo Cunha não imaginaria, a sério, que o governo dirija o procurador-geral da República, nem Rodrigo Janot obrigou delator algum a difamar Eduardo Cunha. Nem o juiz Sergio Moro detém indevidamente o inquérito em que Eduardo Cunha é acusado da extorsão de US$ 5 milhões.
O enfraquecimento de Eduardo Cunha é imediato, embora parcial. Se a acusação não for eliminada no recesso parlamentar, a iniciar-se amanhã, os projetos induzidos na Câmara por seu presidente já serão recebidos, no Senado, sem a complacência interesseira ou temerosa dada a Cunha. O PSDB, por exemplo, não será o mesmo da semana passada.
Citar Eduardo Cunha já é meia lembrança de Renan Calheiros. O enfraquecimento de um alcança o outro.
Mas na Câmara é que a provável permanência da acusação tem o maior campo de influência. Cunha adiou para agosto a votação final de alguns projetos, convencido de que os deputados voltarão radicalizados pelos eleitores.
Mas as aprovações obtidas por Eduardo o foram acima de tudo por suas manobras e articulações. No caso de seu enfraquecimento, a esperteza encontrará, no mínimo, um ambiente incerto.
Para completar, a situação de Eduardo Cunha é muito mais complicada do que o enfrentamento a uma afirmação breve de delator bem premiado. Ele o prova, descontrolado a ponto, por exemplo, de desmentir-se em apenas horas. Mal acabara de repetir que passar à oposição -na qual, de fato, sempre esteve- não influiria na conduta de presidente da Câmara, correu a aprovar duas CPIs contra o governo.
Na porta do recesso. Desespero raivoso é isso aí.
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