quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

e o estudante de jornalismo(?) o que pensa disto tudo(?)

O papel das faculdades de Jornalismo



Faça um teste, pergunte o seguinte a qualquer estudante de Jornalismo: o que o levou a procurar o curso de Comunicação Social? De uma forma ou de outra, as respostas serão muito parecidas. Sim, haverá divergências, mas todos concordarão que a universidade deve incentivar o espírito de responsabilidade social. Afinal, poucos que querem ser jornalistas o fazem movidos por interesses individuais, achando que vão ganhar fama e fortuna com o trabalho nas redações - e, se pensam isso, deveriam reconsiderar suas opções de carreira profissional, pois existem outras bem mais atraentes. Quem anseia em exercer o Jornalismo só faz por uma vontade irresistível, resumida na ideia romântica de querer mudar o mundo. Antes mesmo de pisar na faculdade, o calouro mantém viva a esperança de, com suas futuras reportagens, transformar a realidade para melhor. Porém, é triste ver que a Academia se esforça tanto para extinguir tamanha e preciosa disposição dos seus alunos.

Exagero? Talvez, mas existe sim certa “tendência” tecnicista que embasa as faculdades de Jornalismo. Certo, cada instituição se diferencia por suas propostas pedagógicas. Algumas apostam na variedade de conteúdos, oferecendo disciplinas com conteúdos ligados à Antropologia e à Sociologia, enquanto outras enfocam a formação na área administrativa e mercadológica. Só que, em todas elas, persiste a ideia de que o bom profissional é aquele que domina as técnicas jornalísticas, que saiba seguir as regras de redação e consiga manusear as diversas mídias existentes. Sem dúvida, esse panorama originou-se já na primeira escola de Jornalismo, a Columbia University, em Nova Iorque. Financiada por Joseph Pulitzer, ela tinha como objetivo maior a profissionalização técnica: o estudante  precisa aprender a digitar rapidamente, saber como criar um lead perfeito, manter a naturalidade  frente a uma câmera de TV, conhecer a distância correta a se manter do microfone, entre outros pontos.

Sem querer tirar a importância dessa forma de ensino, é preciso observar que o apelo excessivo a essa parcela dos conhecimentos básicos do Jornalismo está, aos poucos, obscurecendo as reflexões mais críticas, que envolvem as teorias de comunicação. Prometendo um adestramento rápido para satisfazer as necessidades do mercado de trabalho, as universidades acabam desiludindo a maioria dos jovens estudantes. E nem sequer isso as escolas conseguem passar direito, pois as técnicas jornalísticas podem muito bem ser passadas em menos de um mês. Certos docentes também contribuem com seu cinismo, mostrando que a imprensa não muda nada. Desse jeito, tendem a ensinar o que já está imposto pela mídia, sem incentivar a criatividade dos alunos. Textos em primeira pessoa, não pode. Retira a objetividade. Escrever colocando seus sentimentos e emoções, então, nem pensar. O ideal é apenas reproduzir as regras direitinho.

 Ora, a universidade não deveria triturar os sonhos e utopias dos estudantes de comunicação dessa forma. Não é o seu papel. Tampouco deve se rebaixar para o mercado – cursos técnicos já cobrem essa função. O ensino universitário deveria ter a capacidade de instigar, estimular o espírito crítico dos alunos, revelando as particularidades e as distorções da mídia. Se esta última frase parecer ingênua, que tal essa: o  Jornalismo deve ser guiado por um sentimento humanístico, voltando-se sempre para aqueles que não têm voz.

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