Será a Pedagogia uma traição?
Fiquei com a traição na cabeça...
Sinceramente, não sei se a Pedagogia é uma traição, ou seu uso ou desuso ( e com quê intencionalidade...) desvela as diferentes concepções de mundo que cada pedagogo carrega consigo.
Somos pedagogos? O que é ser um pedagogo? O que é afinal a pedagogia? Qual seu objeto de estudo? Na verdade é uma ciência pensada para dar conta de muitas ciências dentro de uma instituição chamada escola. E aí começa o emaranhado, o "lio"... Como podemos dar conta de todo o saber científico para ensiná-lo na escola? Começa os programas, os conteúdos, os métodos, as estratégias, etc, etc... Começará aí a traição?
Acredito que através dos tempos, de acordo com os diferentes momentos históricos, tivemos construções importantes no campo da pedagogia no sentido de transformar as práticas escolares coercitivas, disciplinadoras, autoritárias. Podemos pensar em Gramsci com sua pedagogia crítica, Frenet, com a escola nova, Makarenko, com a pedagogia socialista, Paulo Freire com a Pedagogia libertadora e alguns outros... Será que foram traidores? Todos eles pensaram em uma nova escola a partir da utopia da construção de sociedade baseada em princípios solidários e socialistas. Ou seja, uma sociedade com justiça social, onde a pedagogia estaria a serviço da construção desse ideário.
O que deu errado? Olhamos para o mundo!!!! Basta olhar para a África, para a América Latina, para a fome, as favelas, as entrevistas dos Marcolas, para Samuel e a sua morte prematura, para as desigualdades extremas e, talvez, teremos uma resposta. Estarão os pedagogos preocupados com justiça social?????
Ou talvez tenhamos que mudar a pergunta: O que deu certo? Ou o que poderá dar certo?? Queremos fazê-lo?? E, talvez, teremos uma Pedagogia da Esperança...
O que é possível fazer em uma sociedade onde a praga do neoliberalismo avança até nos projetos de governos de esquerda??? Como pensar em solidariedade e, principalmente, como construir os conceitos de justiça e ética numa sociedade dominada pelo consumismo e individualismo??? Não basta fazermos a leitura da realidade para que possamos ter conhecimento de que saberes de experiência existem em determinada comunidade. Precisamos compreender como aquela gente interpreta a sua própria realidade.
Não há outra saída, creio, a qual seja estar junto do povo, falar, dialogar, aceitar metas a colher, mudar nosso modo de vê-los, deixar que nos ensinem... Tentar ensinar-lhes... Ai, sei lá!!!!
Fazer, não para teorizar em cima, fazer relatos em seminários, mas para mudar a nossa vida, muito mais que as deles/as...
Não, a pedagogia não é uma traição. Ela pode ser uma ferramenta de mudança, desde que assim o façamos, ou melhor, desde que assim o entendamos! Mas tudo isso exige disciplina e método. Dialético, é claro!!!
Chega!! Eu me confesso covarde. Talvez com medo das traições... Da pedagogia, é evidente!!!!
Bem, acho que estamos todos na escola ou no abismo, esperando o último vôo do flamingo ou um cavaleiro inexistente!!!
"Quem acha doce a terra natal ainda é um tenro principiante:
aquele para quem toda a terra é natal já é forte;
mas é perfeito aquele para quem o mundo inteiro é um lugar estrangeiro." ( St Victor, monge saxão do séc. XII)
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