Gelcira Teles
2º mito: O disléxico não gosta de ler e escrever
Na verdade, o desinteresse pela leitura e pela escrita está muitas vezes associado às próprias dificuldades da alfabetização. A expectativa equivocada de pais e educadores quanto ao ritmo de aprendizagem e a simples comparação entre os colegas de classe podem criar estigmas. Essa mania de colocar rótulos nos estudantes (bons, esforçados, casos perdidos...) cria o que Giselle Massi chama de aquisição por sentido: “Ao ser carimbada pelo professor e pelos pais, a criança desenvolve uma equivocada noção de si e passa a se ver como incapaz de avançar”. Assim, é natural que perca o interesse pelas atividades ligadas ao que considera ser a sua fragilidade (leia mais na entrevista abaixo).
Além de distúrbios físicos (problemas de visão ou audição, por exemplo que podem interferir nessa dificuldade, pais que não valorizam a leitura ou têm pouco acesso a livros e jornais inf luenciam diretamente o desempenho percebido em sala de aula. Não se pode esquecer que no Brasil, segundo dados do Indicador do Alfabetismo Funcional de 2007, só 28% da população entre 15 e 64 anos é capaz de ler textos longos e fazer relações e inferências. É por isso que, aqui, acreditar que a dislexia seja responsável por esse problema é muito grave e não pode justificar os entraves do atual sistema de Educação.
“Quando a criança é observada com mais atenção, é possível verificar que a maior parte dos problemas não é de origem patológica, mas uma junção de fatores internos e externos à escola que dificultam a aprendizagem”, afirma Telma Weisz. “Não questiono a existência da dislexia, mas seus sinais pedem muita atenção num país como o nosso.”
Fonte: Escola On Line
Nenhum comentário:
Postar um comentário