domingo, 15 de maio de 2011

ambientalistas X ruralistas (1)

Só os verdes param a locomotiva de Mato Grosso


    A lavoura, a proteção ambiental, a margem do rio e a granja. O que mais a BláBláRina quer ? (Foto de Georgia Pinheiro)

    A cidade de Sorriso é a maior produtora de soja do mundo em quantidade e qualidade.

    Sorriso fica a 420 km ao Norte de Cuiabá.

    Foi fundada há 25 anos, tem 60 mil habitantes e o melhor IDH de Mato Grosso.

    Para chegar dali ao Porto de Paranaguá, é preciso percorrer 2.300 km.

    E olha que, desde o início do ano, a BR-163 esta ótima, até Corumbá.

    O problema é em direção ao Norte, na direção do ponto extremo no Pará, o porto fluvial de Santarém.

    Falta asfaltar 400 km.

    E a presidenta Dilma se comprometeu a concluir a obra até dezembro do ano que vem.

    Corre ao lado de Sorriso um rio afluente do Tapajós: o Teles Pires.

    O sonho do produtor da região – que inclui, por exemplo, a dinâmica Sinop – é fazer o transporte fluvial: Teles Pires, Tapajós, Amazonas, e o mundo.

    Seria trocar os 2.400 km até Paranaguá, em cima de um caminhão – que queima óleo e polui – por 1.300 km em chatas.

    O Ministério dos Transportes – o DNIT – contratou técnicos para estudar a hidrovia.

    O balanço energético seria impressionante.

    A mesma carga custa a metade na ferrovia do que custa na rodovia.

    E na hidrovia custa 1/10 do que custa na rodovia.

    Essa hidrovia não está no PAC.

    Mas enfrenta desde já a oposição dos ambientalistas.

    Segundo o produtor Claudio Zancanaro, os ambientalistas temem pelo equilíbrio da fauna e da mata ribeirinha.

    ( É mais ou menos assim: o tráfego de chatas no rio pode despertar os macacos.

    Como a Blá-BláRina, que quase impede a construção de Santo Antonio e Jirau por causa do acasalamento dos bagres.)

    Num passeio sobre a região de Sorriso, num Navajo do Zancanaro, é possível perceber, com facilidade:

    Nao há mais espaço disponível para plantar.

    Os empresários tem que investir em produtividade, em equilíbrio ecológico e naquilo que os economistas chamam de “agregar valor”.

    Além de produzir e esmagar soja e milho, empacotar soja e milho sob a forma de aves e suínos.

    E, progressivamente, peixes.

    Lá de cima é fácil perceber como se respeita ali o equilíbrio ambiental.

    As áreas de proteção ambiental, a beira dos rios totalmente preservada.

    A Blá-BláRina, ali, não abriria o bico.

    Não sei como foi a ocupação, quando os gaúchos de Passo Fundo começaram a chegar ali nos anos 70 do século passado.

    Devem ter feito um estrago.

    Mas, aprenderam, segundo Zancanaro, que preservar o meio ambiente é preservar a si próprio, o seu negócio, o patrimônio da família.

    Hoje, Sorriso é o maior produtor de suínos de Mato Grosso.

    E é um negócio em expansão acelerada.

    Conheci Paulo Lucion, presidente da Associação dos Criadores e Suínos de Mato Grosso, Acrismat.

    Ele é pioneiro na produção de suinos com total auto-suficiência energética.

    Do próprio suíno sai o metano que faz a fazenda, a criação e a indústria girarem.

    Neste domingo, ele embarca para a China – a presidente acabou de abrir o mercado de suinos brasileiros para a China – com a intenção de vender suinos – e o conceito de auto-suficiência energética.

    ( E ainda dizem que o Brasil vai ser, apenas, um exportador de commodity. Se os colonistas (*) do PiG (**) soubessem o que tem de tecnologia e pesquisa e PhD num pernil – magro – de porco com uma cervejinha estupidamente gelada … !)

    Sorriso aprendeu rapido: dez caminhões de milho equivalem a três caminhoes de carne.

    Tudo isso se passa no cerrado, onde há duas safras por ano, por obra de brasileiros anônimos da NASA nacional, a Embrapa.

    E, agora, lá de cima ja é possível ver os tanques de viveiros de peixe – tambaqui, pintado, pirarucu -, tudo alimentado à base de soja e milho.

    E muita tecnologia da Embrapa.

    O que falta ?, pergunto ao Lucion e ao Zancaro.

    Radicalizar a produtividade com um ganho significativo no transporte.

    E qual o maior obstáculo, agora que as obras do PAC I e II começam a se materializar ?

    São as ONGS , dizem os dois.

    O raciocínio é de Zancanaro:

    O que sai mais barato para o estrangeiro ?

    Aumentar a produtividade de seu produtor ou gastar meia dúzia de trocados com as ONGS?

    Financiar as ONGs e reduzir a competitividade do produtor brasileiro – claro !

    É mais barato construir uma moringa de água fresca na porta do Congresso do que atualizar a agricultura americana.

    O subsidio dói, aumenta o déficit americano.

    Ainda mais que, progressivamente, a agricultura brasileira se torna mais competitiva que a americana.

    Ali, Sorriso está em cima de uma mesa de bilhar – o Chapadão do Parecis, que vai de Paranatinga a Rondônia – o maior chapadão agriculturavel do mundo, em que apenas 23% das terras estão plantadas.

    Tem terra, água, sol e empresário competente.

    Para abater esse pessoal de Sorriso só a golpes de chá verde.

    Clique aqui para ler “Aldo Rebelo vai ganhar” e Luis Hafers quando diz: “as ONGs querem entregar a agricultura brasileira”.


    O ansioso blogueiro e Zancanaro: é mais barato financiar as ONGs



    Paulo Henrique Amorim


    (*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, agora, contra Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

    (**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

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