Amaury e a Privataria imortal
Repórter: pior profissão (para os tucanos)
publicada terça-feira, 23/04/2013 às 16:04 e atualizada quarta-feira, 24/04/2013 às 00:01
Escrevinhador
por Rodrigo Vianna
Leio no Portal Terra que, num levantamento realizado por consultoria dos Estados Unidos, a categoria “repórter (jornal)” aparece no topo da lista das “piores profissões”. Ser repórter é “pior” do que ser “soldado” ou “lenhador”. Não entrei nos detalhes: pior, por que? pelos riscos? pelo estresse? pela cobrança desmedida e o salário em baixa? ou pelo fato de ser obrigado a brigar com os fatos e expor as notícias da maneira que o patrão decide?
Tudo isso pode pesar…
Por coincidência, jantei ontem com um dos maiores repórteres da imprensa escrita brasileira: Amaury Ribeiro Jr. Jantei, em termos. O que fizemos foi secar duas garrafas de bom vinho, enquanto relembrávamos boas histórias do jornalismo e da política brasileira.
Amaury sabe bem dos riscos da profissão: já levou um tiro (literalmente), quando apurava reportagem sobre violência no chamado “entorno” de Brasília; e levou muitos outros tiros quando tentaram transformá-lo no inimigo número 1 do tucanato, durante as eleições de 2010.
Tentaram assassinar a reputação do jornalista. Ex-colegas (de “O Globo”), que o festejavam como repórter “incansável”, passaram a atacá-lo em colunas, manchetes, fotos de primeira página. O jornal em que Amaury fez parte de sua carreira (jornal da família Marinho) tentou transformá-lo num “bandido”. Tudo porque ele apurou os caminhos e descaminhos do dinheiro tucano nas privatizações. E disse que transformaria tudo em livro.
Conheci o Amaury em 1997, apresentado por uma amiga comum no Rio de Janeiro - a ótima repórter (que segue na Globo) Lilia Teles. Amaury acabara de cobrir a busca pelos corpos no Araguaia. Reportagem premiada. Logo depois, ele conseguiria um furo histórico: provou que havia ordens superiores, durante a ditadura, para que não houvesse sobreviventes no Araguaia e na guerrilha em geral. A descoberta do Amaury acabou com a tese de certa gente, que via a violência da ditadura como um “descontrole” ocasional da “tigrada”. Geisel et caterva seriam estadistas nobres, afastados de qualquer crueldade no combate diário. Amaury provou que não.
Depois, eu o reencontrei na TV Record, em 2010, para onde ele se transferiu no momento em que Globo”, “Folha”, “Veja” e “Estadão” tentavam acabar com a carreira do jornalista premiado. Amaury já não é “repórter (jornal)”. Mudou para “produtor especial (TV)”. Mas ele, em suma, é repórter. Dos bons.
Sei o que é a tentativa de assassinar reputação.Tentaram fazer o mesmo comigo, quando saí da Globo em 2006, depois de criticar a cobertura eleitoral na emissora em que trabalhava. A direção da TV colocou os amigos na velha mídia para plantar “notinhas” que me apresentavam como um “descontrolado”. Passavam um recado: “vai enfrentar os patrões? Então se prepare: não haverá lugar pra você no mercado; vai ter que trabalhar na Bulgária”. Não foi necessário.
Amaury, eu dizia, é repórter dos bons. Tão bom, que teve o nome lançado para concorer a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Trata-se de anticandidatura, claro. Um desafio ao príncipe da privataria.
Na imprensa brasileira, o bang-bang é geral. Salários caem, patrões pressionam, adversários tentam matar. E há os assassinatos de reputação.*
Mas há histórias como a de Amaury. O caso dele mostra, sim, que repórter pode ser a pior profissão do mundo: pior, para os tucanos, e para quem achou que podia mandar milhões para o exterior impunemente – contando com a conivência da mídia amiga.
Ainda há juizes em Berlim. E há repórteres no Brasil.
Abaixo, a matéria do portal Terra…
===
Do Portal Terra
A consultoria americana Carreira.com listou as piores e melhores profissões nos Estados Unidos este ano e constatou que ser repórter de jornal é a carreira mais ingrata da atualidade. Dentre outras profissões consideradas ruins destacam-se: lenhador, soldado, ator, trabalhador de refinaria de petróleo, leiteiro, leitor de água e luz, carteiro e carpinteiro.
No ranking das 200 profissões analisadas, os melhores trabalhos são de atuário, engenheiro biomédico, engenheiro de software e fonoaudiólogo. O levantamento teve como critérios o ambiente de trabalho, a renda, o nível de estresse, dentre outros. Confira as melhores e piores profissões:
50 piores profissões:
1- Repórter (Jornal)
2- Lenhador
3- Soldado
4- Ator
5- Trabalhador de refinaria de petróleo
6- Leiteiro
7- Leitor de água e luz
8- Carteiro
9- Carpinteiro
10- Comissário de vôo
11- Agricultor
12- Agente penitenciário
13- Fotojornalista
14- Lavador de pratos
15- Preparador de imposto
16- Garçom/Garçonete
17- Radialista
18- Açougueiro
19- Designer de Moda
20- Doméstica
21- Militar
22- DJ
23- Estoquista
24- Comprador
25- Trabalhador de precisão
26- Trabalhador da indústria automotiva
27- Pintor
28- Costureira/Alfaiate
29- Fotógrafo
30- Operário da construção civil
31- Controlador de tráfego aéreo
32- Caixa
33- Editor de jornais e revistas
34- Bombeiro
35- Policial
36- Recebedor de mercadorias
37- Instalador de carpetes
38- Marinheiro
39- Caixa de banco
40- Engenheiro de operações
41- Lixeiro
42- Gerente de hotel
43- Serralheiro
44- Motorista de ônibus
45- Escritor
46- Executivo sênior
47- Técnico de Engenharia
48- Faxineiro
49- Agente imobiliário
50- Reparador de equipamentos elétricos
50 melhores profissões:
1- Atuário
2- Engenheiro biomédico
3- Engenheiro de software
4- Fonoaudiólogo
5- Consultor financeiro
6- Higienista dental
7- Terapeuta ocupacional
8- Optometrista
9- Fisioterapeuta
10- Analistas de sistemas da computação
11- Quiroprático
12- Fonoaudiólogo
13- Fisiologista
14- Professor universitário
15- Médico veterinário
16- Nutricionista
17- Farmacêutico
18- Matemático
19- Sociólogo
20- Estatístico
21- Físico
22- Oculista
23- Podólogo
24- Desenvolvedor de web
25- Historiador
26- Engenheiro ambiental
27- Oficial de liberdade condicional
28- Engenheiro de petróleo
29- Meteorologista
30- Geólogo
31- Gerente de recursos humanos
32 Engenheiro civil
33- Ortodontista
34- Terapeuta respiratório
35- Técnico de registros médicos
36- Astrônomo
37- Psiquiatra
38- Programador de computador
39- Gerente de mídias sociais
40- Analista de pesquisa de mercado
41- Assistente Paralegal
42- Dentista
43- Dermatologista
44- Reparador de máquina industrial
45- Médico (Clínico geral)
46- Logístico
47- Contador
48- Consultor de gestão
49- Assistente social
50- Médico assistente
===
* No Brasil, há muitos exemplos de que “repórter (jornal)” está entre as piores profissões do mundo. Andre Caramante, da Folha, foi ameaçado pelo coronel Telhada (hoje vereador do PSDB em São Paulo), e vive meio escondido em São Paulo. Em Minas, repórteres são assassinados no Vale do Aço. No Maranhão, colunista (e blogueiro) de política levou um tiro e morreu quando tomava um lanche em quiosque à beira-mar (e olhe que trabalhava pra família Sarney).
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Repórter: pior profissão (para os tucanos)
publicada terça-feira, 23/04/2013 às 16:04 e atualizada quarta-feira, 24/04/2013 às 00:01
Escrevinhador
por Rodrigo Vianna
Leio no Portal Terra que, num levantamento realizado por consultoria dos Estados Unidos, a categoria “repórter (jornal)” aparece no topo da lista das “piores profissões”. Ser repórter é “pior” do que ser “soldado” ou “lenhador”. Não entrei nos detalhes: pior, por que? pelos riscos? pelo estresse? pela cobrança desmedida e o salário em baixa? ou pelo fato de ser obrigado a brigar com os fatos e expor as notícias da maneira que o patrão decide?
Tudo isso pode pesar…
Por coincidência, jantei ontem com um dos maiores repórteres da imprensa escrita brasileira: Amaury Ribeiro Jr. Jantei, em termos. O que fizemos foi secar duas garrafas de bom vinho, enquanto relembrávamos boas histórias do jornalismo e da política brasileira.
Amaury sabe bem dos riscos da profissão: já levou um tiro (literalmente), quando apurava reportagem sobre violência no chamado “entorno” de Brasília; e levou muitos outros tiros quando tentaram transformá-lo no inimigo número 1 do tucanato, durante as eleições de 2010.
Tentaram assassinar a reputação do jornalista. Ex-colegas (de “O Globo”), que o festejavam como repórter “incansável”, passaram a atacá-lo em colunas, manchetes, fotos de primeira página. O jornal em que Amaury fez parte de sua carreira (jornal da família Marinho) tentou transformá-lo num “bandido”. Tudo porque ele apurou os caminhos e descaminhos do dinheiro tucano nas privatizações. E disse que transformaria tudo em livro.
Conheci o Amaury em 1997, apresentado por uma amiga comum no Rio de Janeiro - a ótima repórter (que segue na Globo) Lilia Teles. Amaury acabara de cobrir a busca pelos corpos no Araguaia. Reportagem premiada. Logo depois, ele conseguiria um furo histórico: provou que havia ordens superiores, durante a ditadura, para que não houvesse sobreviventes no Araguaia e na guerrilha em geral. A descoberta do Amaury acabou com a tese de certa gente, que via a violência da ditadura como um “descontrole” ocasional da “tigrada”. Geisel et caterva seriam estadistas nobres, afastados de qualquer crueldade no combate diário. Amaury provou que não.
Depois, eu o reencontrei na TV Record, em 2010, para onde ele se transferiu no momento em que Globo”, “Folha”, “Veja” e “Estadão” tentavam acabar com a carreira do jornalista premiado. Amaury já não é “repórter (jornal)”. Mudou para “produtor especial (TV)”. Mas ele, em suma, é repórter. Dos bons.
Sei o que é a tentativa de assassinar reputação.Tentaram fazer o mesmo comigo, quando saí da Globo em 2006, depois de criticar a cobertura eleitoral na emissora em que trabalhava. A direção da TV colocou os amigos na velha mídia para plantar “notinhas” que me apresentavam como um “descontrolado”. Passavam um recado: “vai enfrentar os patrões? Então se prepare: não haverá lugar pra você no mercado; vai ter que trabalhar na Bulgária”. Não foi necessário.
Amaury, eu dizia, é repórter dos bons. Tão bom, que teve o nome lançado para concorer a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Trata-se de anticandidatura, claro. Um desafio ao príncipe da privataria.
Na imprensa brasileira, o bang-bang é geral. Salários caem, patrões pressionam, adversários tentam matar. E há os assassinatos de reputação.*
Mas há histórias como a de Amaury. O caso dele mostra, sim, que repórter pode ser a pior profissão do mundo: pior, para os tucanos, e para quem achou que podia mandar milhões para o exterior impunemente – contando com a conivência da mídia amiga.
Ainda há juizes em Berlim. E há repórteres no Brasil.
Abaixo, a matéria do portal Terra…
===
Do Portal Terra
A consultoria americana Carreira.com listou as piores e melhores profissões nos Estados Unidos este ano e constatou que ser repórter de jornal é a carreira mais ingrata da atualidade. Dentre outras profissões consideradas ruins destacam-se: lenhador, soldado, ator, trabalhador de refinaria de petróleo, leiteiro, leitor de água e luz, carteiro e carpinteiro.
No ranking das 200 profissões analisadas, os melhores trabalhos são de atuário, engenheiro biomédico, engenheiro de software e fonoaudiólogo. O levantamento teve como critérios o ambiente de trabalho, a renda, o nível de estresse, dentre outros. Confira as melhores e piores profissões:
50 piores profissões:
1- Repórter (Jornal)
2- Lenhador
3- Soldado
4- Ator
5- Trabalhador de refinaria de petróleo
6- Leiteiro
7- Leitor de água e luz
8- Carteiro
9- Carpinteiro
10- Comissário de vôo
11- Agricultor
12- Agente penitenciário
13- Fotojornalista
14- Lavador de pratos
15- Preparador de imposto
16- Garçom/Garçonete
17- Radialista
18- Açougueiro
19- Designer de Moda
20- Doméstica
21- Militar
22- DJ
23- Estoquista
24- Comprador
25- Trabalhador de precisão
26- Trabalhador da indústria automotiva
27- Pintor
28- Costureira/Alfaiate
29- Fotógrafo
30- Operário da construção civil
31- Controlador de tráfego aéreo
32- Caixa
33- Editor de jornais e revistas
34- Bombeiro
35- Policial
36- Recebedor de mercadorias
37- Instalador de carpetes
38- Marinheiro
39- Caixa de banco
40- Engenheiro de operações
41- Lixeiro
42- Gerente de hotel
43- Serralheiro
44- Motorista de ônibus
45- Escritor
46- Executivo sênior
47- Técnico de Engenharia
48- Faxineiro
49- Agente imobiliário
50- Reparador de equipamentos elétricos
50 melhores profissões:
1- Atuário
2- Engenheiro biomédico
3- Engenheiro de software
4- Fonoaudiólogo
5- Consultor financeiro
6- Higienista dental
7- Terapeuta ocupacional
8- Optometrista
9- Fisioterapeuta
10- Analistas de sistemas da computação
11- Quiroprático
12- Fonoaudiólogo
13- Fisiologista
14- Professor universitário
15- Médico veterinário
16- Nutricionista
17- Farmacêutico
18- Matemático
19- Sociólogo
20- Estatístico
21- Físico
22- Oculista
23- Podólogo
24- Desenvolvedor de web
25- Historiador
26- Engenheiro ambiental
27- Oficial de liberdade condicional
28- Engenheiro de petróleo
29- Meteorologista
30- Geólogo
31- Gerente de recursos humanos
32 Engenheiro civil
33- Ortodontista
34- Terapeuta respiratório
35- Técnico de registros médicos
36- Astrônomo
37- Psiquiatra
38- Programador de computador
39- Gerente de mídias sociais
40- Analista de pesquisa de mercado
41- Assistente Paralegal
42- Dentista
43- Dermatologista
44- Reparador de máquina industrial
45- Médico (Clínico geral)
46- Logístico
47- Contador
48- Consultor de gestão
49- Assistente social
50- Médico assistente
===
* No Brasil, há muitos exemplos de que “repórter (jornal)” está entre as piores profissões do mundo. Andre Caramante, da Folha, foi ameaçado pelo coronel Telhada (hoje vereador do PSDB em São Paulo), e vive meio escondido em São Paulo. Em Minas, repórteres são assassinados no Vale do Aço. No Maranhão, colunista (e blogueiro) de política levou um tiro e morreu quando tomava um lanche em quiosque à beira-mar (e olhe que trabalhava pra família Sarney).
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