sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

a medicina “de mercado” dá muito dinheiro


Tudo é negócio na Saúde. Não só a carne; agora, também o osso




16 de janeiro de 2015 | 19:26 
Autor: Fernando Brito






Seus ossos do braço valem entre R$ 2.500 e R$10.ooo.

O mesmo que o crânio ou uma vértebra do pescoço.

Já os da mão ou do pé, de R$ 500 a R$ 2.000, valor igual ao de cada costela.

Não sou eu quem diz, mas a “Tabela de Fratura Óssea” do Banco Itaú.

Ela acompanha o plano de “Seguro de ossos protegidos” que o banco dos Setúbal está vendendo a clientes e não-clientes.

Mais uma criativa invenção do sistema de mercantilização da saúde.

Não apenas um seguro de vida ou de invalidez, compreensível para quem tem filhos pequenos e teme o desamparo.

Ou um seguro de acidentes pessoais, para cobrir os gastos de tratamentos médicos.

Não, é um “vale-fratura”.

Cômico, aliás, se não fosse mórbido, o “perguntas e respostas” que acompanha a propaganda:

Contratei o plano Completo e fraturei três dedos do pé. Qual o valor da indenização que vou receber?
A indenização será de R$4.500,00, pois cada dedo do pé possui indenização de R$1.500 no plano Completo.

Contratei o plano Essencial e fraturei todos os dedos da mão. Qual o valor da indenização que vou receber?
A indenização será de R$5.000,00 pois cada dedo da mão possui indenização de R$1.000,00 e o valor contratado máximo do plano Essencial é de R$5.000,00.

Contratei o plano Super e fraturei o crânio, a costela e todos os dedos da mão. Qual o valor da indenização que vou receber?
A indenização será de R$10.000,00

Ainda bem que isso não é para os pobres, mas para a classe média a quem fizeram a entender que saúde é uma mercadoria.

Porque senão iam dizer que os pobres estaria martelando os dedos só para receber o seguro, como dizem do Bolsa-Família.

Mas como é negócio, é só uma “oportunidade” oferecida pela “livre iniciativa”.

Para a qual vamos caminhando aqui, com a “demonização” do SUS, do qual tiram o dinheiro e a credibilidade e com a transformação da atividade médica apenas num lucrativo negócio pessoal e empresarial, sem aquela ideia “comunista” de que todas as pessoas têm igual direito à saúde, possa ou não pagar por ele.

Saúde é para quem pode pagar, como registrou há poucos dias o jornal inglês The Guardian, numa reportagem sobre os britânicos que não trabalhar nos EUA e descobre que a única forma de enfrentar problemas de saúde é tomar um avião de volta para sua terra, onde o National Health System torna pública, essencialmente, toda a atividade de saúde no Reino Unido.

Há um trecho particularmente curioso na matéria, o que descreve a visão da “liberdade de escolha” em algo que todos deveriam oferecer com a mesma qualidade:

“Onde os americanos dizem ” eu quero escolher o meu médico,” os ingleses perguntam: “por que diabos você quer escolher um médico?”

Normal o que dizem os americanos?

Como, se um dedo quebrado ou uma pneumonia devem ser curados com a mesma competência seja o médico o Doctor John ou o Doctor James?



Porque essa é a medicina “de mercado” e dá muito dinheiro.

As 125 maiores seguradoras de saúde dos EUA arrecadaram US $ 744 bilhões em 2013.

O mesmo que o PIB o equivalente ao 15° PIB do mundo.

Quanto vai se tomar aqui da classe média segurando os nossos pobres ossinhos?

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