Uma sugestão como forma de respeito e afeto
Eu ia fazer aqui uma declaração de voto e indicar alguns nomes como sugestão de voto para deputado estadual e federal. Aí a Katarina produziu o texto abaixo (já reproduzido pelo Idelber Avelar; “é belo demais para ficar numa caixa de correio”, disse-o bem o Ideber) e o que eu ia dizer tornou-se menor e desnecessário. As indicações de voto da Katarina para deputado (estadual e federal) são também as minhas: três valorosos amigos e companheiros e uma valorosa amiga e companheira que merecem nossa confiança e nos enchem de orgulho. Bem aí vai o texto, que fica como declaração de voto do RS Urgente:
P.S. Para o Senado, voto Paim e Abigail
Por Katarina Peixoto
Tenho muita coisa a dizer e algumas a sugerir, e agora é madrugada e eu tô podre de cansada. Mas este é um pedido de voto, e um compartilhamento de um abraço em cada um e cada uma. Inclusive e bem de muito naqueles meus amigos que não votam em quem eu voto. Também para vocês eu escrevo, não para pedir voto, exatamente.
Mas sabem aquele oboé emendando os movimentos da Pastoral de Beethoven? Aliás, vocês por um acaso já pensaram que aquele maluco fez uma sinfonia em que a imaginação não surrupia a música em nem um milésimo de segundo e nos devolve um mundo como semeadura e colheita, assim, guiados por um oboé? Pelo menos não ultrapassa a fronteira, porque a Pastoral pode ser goiaba, às vezes, mas é linda e hepática. Luminosa, como a primavera, mesmo que eu tenha asma.
Então é o seguinte: sem ufanismo nem lulismo nem petismo, vivemos num outro país. Mas não é de mito que quero falar. Tem um monte de coisas sérias que interpelam o atual estado de coisas, e o meio ambiente (não o da Arca de Noé, obviamente), importa muito. A experiência Lula e as mortes e desaparições do último período produziu cicatrizes que não apenas doem, como fornecem um certo charme sobrevivente. Sobreviver é tão insularmente determinado que ter charme é o mínimo que se exige, enfim.
Se você não vota em Dilma, não tem problema. Isso não o impedirá de sonhar e projetar um futuro. Se você detesta a Dilma e o PT, problema menor ainda. O PT, penso eu, meio que acabou. Tudo tem um custo, o que jamais se reduz a um preço, na vida. Então, isso não impedirá de você confiar que as instituições e o futuro serão mais tranquilos.
A Dilma não é somente séria. Não é somente republicana e workaholic. Não é apenas mineral em termos de caráter e força. Ela é nossa, viu? Ela também é música, numa palavra.
Chega a ser assustador pegar alguns dos artigos e ensaios de intelectuais, agentes da finança global e analistas econômicos heavy a respeito de nosso, brasileiro, futuro. Muitos deles estão na Carta Maior e outros, mais entusiastas, como os do Financial Times, deixariam alguns artigos da Caros Amigos à sua direita. O que não é exagero é que este ano o Brasil tem a escolha mais cara do Planeta a fazer: 20 trilhões de dólares, do Pré-Sal.
Nossos filhos poderão viver num país como aquele que eu, na minha adolescência, via como muito distante.
E isso sem virar a China. E sem a barbárie desigual da Índia. Com SUS (quero crer melhor), com pesquisa, universidade, escolas, IPEA. SEM MISÉRIA.
Pode-se pensar que uma paisagem é objeto de viagem hippie. Minha aversão aos hippies impede essa frase de fazer sentido: o que faz sentido é a paisagem como objeto de vida real. De coisa feita de carne e, agora, cimento. Uma paisagem de palafita virar cimento e saneamento.
Saber que ali, logo ali, naquela parada de ônibus, você não verá um menino com lombrigas saindo pelo ouvido.
Não é um paraíso, mas já é algo menos distante da dignidade.
Quem está contra a Dilma, em termos de relação de força são basicamente as 6 famílias e um setor do PSDB e o Dem – motivo de orgulho para nós, óbvio. O grande capital financeiro, o grande capital industrial e produtivo (agrobusinesse e construção civil), a indústria naval e o universo de pequenos e médios está conosco.
Não é delírio algum dizer que a mídia das 6 famílias assumiu uma posição de vanguarda tão delirante, enquanto delirante, como algumas vanguardas troskas do alasca, na década de 60. Um comportamento meio vulnerável à tal da “moral bolche”, uma flexibilidade comportamental que opera a despeito da realidade e militantemente contra a verdade.
Eu, Katarina, do auge de minha relevância impressionante, acho isso ruim. Preferiria que as forças político-partidárias fossem mais orgânicas e programáticas. A experiência Lula desarrumou as coisas e nós estamos no meio da bagunça.
É por isso que eu escrevo, afinal, pedindo uma certa paciência. Se você não tem candidato a proporcional, seguem as minhas sugestões, de gente que sobreviveu à bagunça, com charme, coluna vertebral da moralidade e dos compromissos de pé, clareza sobre quem é o inimigo e um amor que beira o incompreensível, pela militância e pelo equilíbrio das relações injustamente desiguais que marcaram o Brasil antes dos 20 trilhões.
São eles meus amigos, alguns mais, outros menos. E nós, aqui, e nossas famílias, votarão neles.
Henrique Fontana (1313) – Moço que abdicou do caminho mais fácil da família para obedecer ao seu coração e a sua mente privilegiadamente inteligente. Eu não acredito que inteligência é mérito, mas a inteligência de Henrique é assustadoramente real. E ele não a vendeu e não a vende. Ele respeita e não lava. Ele negocia e defende. Não vende, não compra, não tira onda da minha cara. Além disso ele é patologicamente apegado à praça. Uma coisa assustadora, mas necessária, enfim. É um deputado federal que merece ser reeleito, para o bem, a construção e não o melhor do mundo, mas o melhor do congresso nacional. Isso já é muita coisa. Para mim é necessário e suficiente.
Elvino Bohn Gass (1320) – Moço de família alemoa de Santo Cristo, católico não reacionário nem das libertaçã. É o sujeito mais decente e sério que conheci e conhecerei. Compromissado com a agricultura familiar, a justiça tributária, o republicanismo e a democracia. Ele é tão sério que chego a pensar que seu futuro gabinete terá de contratar um psiquiatra, caso ele chegue a Brasília. Sofrerá no congresso, mas sua determinação e seriedade não deixam, senão os psicopatas e sicopantas, indiferentes. Eu tenho orgulho também de ele ter se mantido de pé, quando sentia dor e perplexidade ouvindo os áudios e lendo as transcrições das peças judiciais vinculadas à corrupção do Detran e da então prefeitura de Canoas. Ele sofria, não celebrava. E muitas vezes não conseguia a agressividade toda para inquirir, dada a perplexidade diante da bandidagem. Ele é raro. E necessário.
Stela Farias (13113): candidata a estadual, que com Elvino enfrentou a turma que andou assaltando o governo do estado nos últimos 7 anos. Sob vários aspectos ela dispensa apresentações, porque foi prefeita, porque é bastante conhecida. Mas este pedido de voto reside na confiança nela. Pelo seguinte: Stela é uma guerreira, uma companheira, uma mente e uma energia da natureza operando na política. Ela, junto ao Elvino, são quadros miraculosamente republicanos, cuja falta de maldade chega a preocupar. Mas isso não é elogio de inocência: ela é um puta quadro nosso. Professora, mãe, militante, workaholic, corajosa contra os que ladram e mordem.
Raul Pont (13400): O político sem qualidades, porque só as tem como virtudes. Então, não carece de qualidades, mas de voto na urna, para ser consagrado. Raul é uma honra e um orgulho, uma confiança e uma alegria. Sujeito que, assim como o Henrique, gosta tanto dessa loucura que a transforma numa história. E que, de uma maneira só sua, desta vez, respeita a história e a leva a sério em cada gesto e em cada combate. Poder votar em Raul Pont é uma das razões para acreditar que faz sentido viver em sociedade, apostar na generosidade, escutar e respeitar.
Tenho o maior orgulho e confiança nesses 4 companheiros. E acho que eles são todos os 4 figuras de que todos nós, e sobretudo aqueles que votam nos PTB e quetais da vida, necessitamos, em nome da república, da democracia e dos compromissos.
E como eu sou trabalhadeira mas não sou boba, seguem alguns vídeos animados para nós.
Um do último programa do Tarso. Eu peço encarecidamente que vocês o vejam todo, até o final. Estamos todos ali, desta vez não como oboé, mas como flauta transversa, informal, convicta.
Depois, o primeiro e definitivo programa da Dilma. O programa em que é tudo verdade, e nada mais nem menos que a integridade dela.
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