sábado, 27 de setembro de 2014

Mais razões para votar em Dilma13!


Eduardo Condé: Marina combina mundo bíblico com ecologismo



Viomundo


publicado em 26 de setembro de 2014 às 19:42






Porque voto em Dilma Rousseff



por Eduardo Salomão Condé*, no Facebook, sugerido por Tiago Rattes de Andrade, via Facebook



Nos últimos anos o Brasil iniciou uma rota de desenvolvimento que já produziu efeitos muito fortes no conjunto dos indicadores sociais e macroeconômicos.

Se compararmos o ano de 2002, o último do professor Cardoso, com 2014, não há um índice sequer que possa ser apresentado hoje que esteja em situação inferior àquele triste momento da trajetória brasileira.

Inflação, câmbio, dívida pública, relação dívida/PIB, taxa de investimento, a taxa de emprego, índice de formalização da força de trabalho e alhures, acrescidos do índice de Gini, salário médio, política de salário mínimo, contas previdenciárias e programas sociais, somente um desavisado, cego pela paixão partidária ou ódio, moralista de caserna e/ou indignado seletivo pode imaginar que o Brasil de hoje está em um patamar inferior às aventuras liberais dos anos de 1990 e que Dilma está mostrando um país pior que aquele de seu antecessor, justamente o que iniciou a trajetória de já doze anos de mudança.

Mesmo com velocidade ainda baixa, a educação apresenta melhorias, mas pode avançar muito mais.

A saúde debate-se com o gigantesco projeto de universalizar atendimento, conter o apetite privado e chegar a todos os cantos do país, mesmo importando médicos.

Sim, o PIB vem crescendo pouco, a taxa de juros ainda é muito alta, a questão do câmbio e da poupança interna são temas sim de debate e a velocidade da queda da desigualdade não é mais tão espetacular. Mas o Brasil de 2014 está, em uma trajetória de melhorias, a anos-luz do Brasil de 2002.

O projeto atual de desenvolvimento envolve temas como a constituição de um mercado sólido de consumo de massas, bancos públicos em ação anticíclica e como agentes de provimento de crédito, o BNDES sendo parte de uma estratégia de financiamento de empresas e de empreendimentos aqui e no exterior alavancando negócios e investimentos, a Petrobrás gerenciando a maior parte das maiores reservas de petróleo descobertas nos últimos anos.

Marcos regulatórios importantes como o do setor elétrico, as obras de infraestrutura e a constituição de compras governamentais, incentivos à produção de conteúdo nacional e políticas de concessão de serviços, mais o estímulo à política industrial e aumento dos investimentos em pesquisa, indicam outro patamar de debate.

Houve mudanças na vida social ao ponto de produzir um relevante movimento para cima, trazendo à cidadania e ao próprio mercado um contingente muito apreciável de homens e mulheres. Este grupo agora mudou de patamar e espera mais, ele olha para o espelho e não mais se vê como o pobre ou envergonhado que não via futuro, ou preferia migrar em busca de emprego. Filhos tem trajetória superior às dos pais, e querem mais. Chegaram ao fim da adolescência em outro país. E querem mais. È justo e é da democracia. Agora podem reivindicar: em 2001 ele podia apenas esperar uma migalha ou o desemprego em um país estagnado e com inflação mais alta que os últimos anos.

Dilma não enfrentou o monopólio de mídia, não corrigiu a rota dos juros, perdeu parte da confiança de alguns setores industriais e poderia aprofundar mais sua política de direitos e mesmo avançar mais na universalização de políticas sociais. Mas, os passos dados até aqui não podem cessar.

Aécio Neves pode aprofundar isso e continuar com nossa trajetória de desenvolvimento? De forma alguma: ele inventou a máquina do tempo para 1995 ou 1999, com seu subinvestimento e desmonte estatal.

Marina? Não se sabe direito o que pensa e sua visão de mundo combina mundo bíblico, ecologismo e neoliberalismo, sem que ninguém saiba exatamente como essas forças convivem ou poderão conviver.

Marina não faz campanha: prega. Desconfia da ciência e da política. Se segue seus consultores de economia, retornamos ao tempo de FH, Malan e Armínio com ajuste fiscal draconiano, desemprego, contenção de gastos sociais. Se enveredar pelo campo dos avanços sociais desagrada seus parceiros e apoiadores do mercado. Como vai e vem, terminará indo para algum lugar ruim, pois parece ter a ilusão de que governaria com o “melhor de cada partido” e, ao mesmo tempo, sem negociar pelo que ela vagamente chama de “nova política” (com quem? Onde, de que forma?).

Somente Dilma pode, nessa conjuntura, permanecer à frente de um projeto de desenvolvimento dinâmico e inclusivo, pode seguir aprofundando-o. Quem sabe superar os temores em relação à mídia e aos rentistas, quem sabe aprofundando o diálogo social e com o empresariado, ouvindo as forças sociais e virando seu governo à esquerda,remando contra a maré de um vento que vem do passado e ameaça a todos nós com a receita da ortodoxia, do conservadorismo, de uma economia com inserção passiva no mercado internacional e uma política externa de costas para a América Latina, a Ásia e os novos parceiros estratégicos no G20.

O momento não permite hesitação. A conta é excessivamente alta e o risco altíssimo. Dilma é a esperança de aprofundar o que os governos do PT e das forças progressistas permitiram nos últimos 12 anos, ultrapassando todos os indicadores dos 12 anos anteriores a Lula. Votar Dilma é votar com a esperança de quem quer mais, muito mais, olhando, como disse Roosevelt na década de 30, para o fundo da pirâmide econômica, para a tradição que remonta aos governos trabalhistas de Vargas e os desenvolvimentistas como Celso Furtado, para aquilo que o presidente Lula denominava um novo Brasil para todos os brasileiros.

Aécio ou Marina? Espero que nunca mais. No dia 5 a esperança pode começar a renascer e Dilma carrega seu nome – com aqueles milhões de brasileiros que conseguem enxergar outro horizonte.




*Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP (2004) e Mestre em Ciência Política no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro IUPERJ (1996). É professor associado no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora, onde também atua no programa de Pós-graduação (Mestrado-Doutorado) em Ciências Sociais. É pesquisador associado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Políticas Públicas e Desenvolvimento (INCT PPED), do qual participam UFRJ,UFF, UNICAMP e UFJF. Suas áreas de interesse abrangem a Ciência Política e suas fronteiras com a Economia, destacando-se os seguintes campos: políticas públicas, desenvolvimento,proteção social em perspectiva comparada e integração européia. Vem desenvolvendo projetos de pesquisa sobre bem estar, proteção social e variedades de capitalismo.Foi Diretor do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Juiz de Fora entre 2006 e 2014.



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