Chega de intermediário. Neca presidente!
Por Altamiro Borges
A candidata-carona Marina Silva, que sempre atirou pedra na vidraça dos outros com o seu figurino de musa da “nova política”, está irritada com as críticas a sua amiga Neca Setubal, herdeira do Itaú. A mídia rentista também esta indignada com os “ataques rasteiros” – logo ela que sempre foi tão imparcial e civilizada nas suas análises. Todo este chororô só confirma que a campanha de Dilma acertou no alvo e não deve recuar. Pelas suas propostas econômicas e pelas relações que mantém com os “agentes do mercado”, não é exagero afirmar que Marina Silva é a candidata dos banqueiros. Ela até poderia assumir esta posição e propor: "Chega de intermediários. Neca presidente"!
Como afirmou Dilma Rousseff na quinta-feira (11), a candidata do PSB não tem como esconder que a coordenadora do seu programa de governo representa os interesses do capital financeiro em sua campanha. “Não dá para vestir duas ROUPAS... Neca educadora é a Neca educadora. Agora, na medida em que eu sou herdeira do Itaú e defendo uma política que beneficia claramente os bancos, como a independência do Banco Central e a redução do papel dos bancos públicos, eu estou fazendo papel de banqueira e eu não estou falando sobre educação, criança ou creche”. A presidenta até foi cordial, fazendo o debate em alto nível, pela política. Ela também poderia explorar outras evidências desta sinistra relação.
As doações da herdeira do Itaú
Poderia citar, por exemplo, reportagem publicada na Folha tucana no final da semana passada. Segundo a matéria, redigida por Aguirre Talento e Fernanda Odilla, “a herdeira do banco Itaú Maria Alice Setubal, a Neca, doou cerca de R$ 1 milhão em 2013 ao instituto que a candidata Marina Silva (PSB) fundou para desenvolver projetos de sustentabilidade, bancando 83% dos custos da entidade no ano passado. Os recursos dela praticamente bancaram todo o funcionamento do Instituto Marina Silva, que recebeu apenas duas doações em 2013. O repasse feito por Neca cobriu os gastos com funcionários, manutenção, impostos e aluguel, além de um projeto para digitalizar o acervo da ex-ministra”.
Dilma poderia, ainda, questionar a origem dos recursos obtidos por outra empresa da candidata do PSB, criada em março de 2011, para gerir as suas palestras. Em três anos e três meses de existência, a firma teve um faturamento bruto de R$ 1,6 milhão. Até hoje Marina Silva se recusa a identificar os contratantes, mas há suspeitas de que Neca Setubal também tenha desembolsado parte da grana. Além disso, a herdeira do Itaú, a tal educadora, também contribuiu diretamente para campanhas eleitorais. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, até agora ela doou R$ 470 mil a três candidatos a deputado federal (dois do PSB e um do PV) e a um senador (do PDT), além de R$ 200 mil para a campanha presidencial do PSB.
Defesa da pauta dos banqueiros
Estas e outras revelações só vieram à tona quando Marina Silva atropelou o cambaleante Aécio Neves, o candidato antes preferido dos barões da mídia. Elas afetam a imagem da candidata que se apresenta ao eleitor como “santa”, representante da “nova política”, e têm impacto direto nas pesquisas eleitorais, que já apontam aumento da sua taxa de rejeição. No Datafolha, por exemplo, o índice cresceu de 15% para 18% em poucos dias. Com pouco tempo para responder às críticas no programa eleitoral da TV, já que sua coligação é diminuta, ela apela para o chororô. E a mídia oposicionista, temendo um desastre já no primeiro turno, agora lhe dá uma forcinha – como na “reporcagem” da Veja desta semana.
Todo este chororô, porém, é “pura vigarice”, como já denunciou o blogueiro Eduardo Guimarães. Afinal, Marina Silva até agora não recuou em sua defesa da independência do Banco Central – que ficaria acima do governo democraticamente eleito pela sociedade –, da redução do papel dos bancos públicos ou do tripé neoliberal de arrocho monetário, austeridade fiscal e libertinagem cambial. Ao contrário. Ela insiste nestas teses neoliberais, que quase levaram o Brasil ao colapso no triste reinado de FHC. Ela também faz questão de endeusar Neca Setubal. “Por mais que seja satanizada, ela é a elite do país preocupada com educação, tecnologia e inovação”, afirmou nesta sexta-feira ao jornal Estadão.
As vítimas do Itaú – como os bancários demitidos, os clientes assaltados pelos juros escorchantes e os despejados dos seus imóveis – devem concordar plenamente com Marina Silva nesta avaliação tão generosa e rósea sobre a herdeira do maior banco privado do Brasil!
*****
Leia também:
- Vitimização de Marina é pura vigarice
- Dilma pode levar no primeiro turno?
- A oposição entra em "alerta vermelho"
- A polarização e a derrocada tucana
- Marina Silva e o "discurso do medo"
- Ibope confirma a irrelevância da mídia
- As queixas da oposição e o manchetômetro
- A "desconstrução" de Marina Silva
- O partido de Neca Setubal
A candidata-carona Marina Silva, que sempre atirou pedra na vidraça dos outros com o seu figurino de musa da “nova política”, está irritada com as críticas a sua amiga Neca Setubal, herdeira do Itaú. A mídia rentista também esta indignada com os “ataques rasteiros” – logo ela que sempre foi tão imparcial e civilizada nas suas análises. Todo este chororô só confirma que a campanha de Dilma acertou no alvo e não deve recuar. Pelas suas propostas econômicas e pelas relações que mantém com os “agentes do mercado”, não é exagero afirmar que Marina Silva é a candidata dos banqueiros. Ela até poderia assumir esta posição e propor: "Chega de intermediários. Neca presidente"!
Como afirmou Dilma Rousseff na quinta-feira (11), a candidata do PSB não tem como esconder que a coordenadora do seu programa de governo representa os interesses do capital financeiro em sua campanha. “Não dá para vestir duas ROUPAS... Neca educadora é a Neca educadora. Agora, na medida em que eu sou herdeira do Itaú e defendo uma política que beneficia claramente os bancos, como a independência do Banco Central e a redução do papel dos bancos públicos, eu estou fazendo papel de banqueira e eu não estou falando sobre educação, criança ou creche”. A presidenta até foi cordial, fazendo o debate em alto nível, pela política. Ela também poderia explorar outras evidências desta sinistra relação.
As doações da herdeira do Itaú
Poderia citar, por exemplo, reportagem publicada na Folha tucana no final da semana passada. Segundo a matéria, redigida por Aguirre Talento e Fernanda Odilla, “a herdeira do banco Itaú Maria Alice Setubal, a Neca, doou cerca de R$ 1 milhão em 2013 ao instituto que a candidata Marina Silva (PSB) fundou para desenvolver projetos de sustentabilidade, bancando 83% dos custos da entidade no ano passado. Os recursos dela praticamente bancaram todo o funcionamento do Instituto Marina Silva, que recebeu apenas duas doações em 2013. O repasse feito por Neca cobriu os gastos com funcionários, manutenção, impostos e aluguel, além de um projeto para digitalizar o acervo da ex-ministra”.
Dilma poderia, ainda, questionar a origem dos recursos obtidos por outra empresa da candidata do PSB, criada em março de 2011, para gerir as suas palestras. Em três anos e três meses de existência, a firma teve um faturamento bruto de R$ 1,6 milhão. Até hoje Marina Silva se recusa a identificar os contratantes, mas há suspeitas de que Neca Setubal também tenha desembolsado parte da grana. Além disso, a herdeira do Itaú, a tal educadora, também contribuiu diretamente para campanhas eleitorais. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, até agora ela doou R$ 470 mil a três candidatos a deputado federal (dois do PSB e um do PV) e a um senador (do PDT), além de R$ 200 mil para a campanha presidencial do PSB.
Defesa da pauta dos banqueiros
Estas e outras revelações só vieram à tona quando Marina Silva atropelou o cambaleante Aécio Neves, o candidato antes preferido dos barões da mídia. Elas afetam a imagem da candidata que se apresenta ao eleitor como “santa”, representante da “nova política”, e têm impacto direto nas pesquisas eleitorais, que já apontam aumento da sua taxa de rejeição. No Datafolha, por exemplo, o índice cresceu de 15% para 18% em poucos dias. Com pouco tempo para responder às críticas no programa eleitoral da TV, já que sua coligação é diminuta, ela apela para o chororô. E a mídia oposicionista, temendo um desastre já no primeiro turno, agora lhe dá uma forcinha – como na “reporcagem” da Veja desta semana.
Todo este chororô, porém, é “pura vigarice”, como já denunciou o blogueiro Eduardo Guimarães. Afinal, Marina Silva até agora não recuou em sua defesa da independência do Banco Central – que ficaria acima do governo democraticamente eleito pela sociedade –, da redução do papel dos bancos públicos ou do tripé neoliberal de arrocho monetário, austeridade fiscal e libertinagem cambial. Ao contrário. Ela insiste nestas teses neoliberais, que quase levaram o Brasil ao colapso no triste reinado de FHC. Ela também faz questão de endeusar Neca Setubal. “Por mais que seja satanizada, ela é a elite do país preocupada com educação, tecnologia e inovação”, afirmou nesta sexta-feira ao jornal Estadão.
As vítimas do Itaú – como os bancários demitidos, os clientes assaltados pelos juros escorchantes e os despejados dos seus imóveis – devem concordar plenamente com Marina Silva nesta avaliação tão generosa e rósea sobre a herdeira do maior banco privado do Brasil!
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