* Miguel Nicolelis é um dos mais importantes neurocientistas do mundo. É professor da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e criador do Instituto Internacional de Neurociência de Natal, (RN). Em 2008, foi indicado ao Prêmio Nobel de Medicina.
O texto acima é anexo de um e-mail com informações falsas dizendo que Dilma Rousseff, se eleita, não poderá assumir por não ser brasileira (ela nasceu em Minas Gerais). Segue na linha do movimento da extrema-direita dos Estados Unidos, chamado “birther”, que alega que Barack Obama não nasceu nos Estados Unidos e, portanto, não poderia ser presidente. Nos Estados Unidos, onde racismo explícito é inaceitável, foi a forma que a extrema-direita encontrou de carimbar Obama como “alienígina”, um negro que não sabe seu lugar, que não pode representar um país “de cristãos protestantes e brancos”. O ataque a Obama veio acompanhado da tentativa de classificá-lo como “muçulmano”. Ou seja, foi não apenas uma tentativa dos republicanos de ganhar a eleição, mas de “deslegitimar” o eleito ao classificá-lo como alguém que não pertence à Nação.
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Uma coisa estranha aconteceu na noite passada em Natal
por Miguel Nicolelis*, especial para o Viomundo
Desde que cheguei ao Brasil, há duas semanas, eu vinha sentindo uma sensação muito estranha. Como se fora acometido por um ataque contínuo da famosa ilusão, conhecida popularmente como déjà vu, eu passei esses últimos 15 dias tendo a impressão de nunca ter saído de casa, lá na pacata Chapel Hill, Carolina do Norte, Estados Unidos.
Mas como isso poderia ser verdade? Durante esse tempo todo eu claramente estava ou São Paulo ou em Natal. Todo mundo ao meu redor falava português, não inglês. Todo mundo era gentil. A comida tinha gosto, as pessoas sorriam na rua. No aeroporto, por exemplo, não precisava abrir a mala de mão, tirar computador, tirar sapato, tirar o cinto, ou entrar no scan de corpo todo para provar que eu não era um terrorista. Ainda assim, com todas essas provas evidentes de que eu estava no Brasil e não nos EUA, até no jogo do Palmeiras, no meio da imortal “porcada”, a sensação era a mesma: eu não saí da América do Norte! Mesmo quando faltou luz na Arena de Barueri durante o jogo, porque nem a 25 km da capital paulista a Eletropaulo consegue garantir o suprimento de energia elétrica para um prélio vital do time do coração do ex-governador do estado (aparentemente ninguém vai muito com a cara dele na Eletropaulo. Nada a ver com o Palmeiras), eu consegui me sentir à vontade.
Custou-me muito a descobrir o que se sucedia.
LEIA NA ÍNTEGRA
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