domingo, 8 de abril de 2012

Uma Quantidade Possível de Sonhos


Bancos chiam, mas vão baixar juros

Tijolaço


Há quase três anos, vários meses depois da eclosão da crise de 2008, Lula finalmente conseguiu – após uma intensa pressão sobre o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles – baixar não apenas a taxa Selic como, ao preço de ter de substituir a direção do Banco do Brasil, fazer com que baixassem os juros efetivamente cobrados da população e do setor produtivo da economia, com uma redução do preço do dinheiro nos bancos públicos.

Na ocasião, não faltaram críticas. As de sempre, dos “analistas econômicos” e outras, mais diretas, dos donos dos bancos privados.

Dia 11 de agosto de 2009:

“O presidente-executivo do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, afirmou nesta terça-feira que algumas taxas de juros que estão sendo cobradas por bancos públicos não são sustentáveis.

Em palestra a líderes empresariais, o executivo afirmou que “as taxas que estão sendo praticadas não são sustentáveis em muitos casos”.

“Tem que remunerar o capital”, disse Setubal, ao responder pergunta sobre a chance de o “spread” bancário cair nos próximos meses.

Como se viu, não apenas as taxas eram sustentáveis como os bancos públicos exibiram belos lucros em seus balanços e tomaram parte do espaço da banca privada. O próprio Itaú, então o maior dos bancos brasileiros, teve de amargar a perda da liderança do ranking bancário para o próprio Banco do Brasil.

O crescimento da economia, com isso, chegou a 7,5% em 2010, bem acima do que o Dr. Setúbal previa:

O executivo afirmou ainda que considera que a economia do país está em ritmo de crescimento de quatro por cento ao ano e que deve crescer de quatro por cento a cinco por cento em 2010.

Agora, quando Dilma comanda um processo idêntico de irrigação da atividade econômica, não é nenhuma supresa que a reação dos bancos seja a mesma.

Mas o tom, certamente, será mais baixo.

Afinal, nem eles acreditam que a suposta “fidelidade” de seus clientes vá resistir a uma decisão de manter-lhes taxas muito mais altas que as cobradas pelos bancos públicos.

Naquela ocasião, os bancos privados cobravam um “spread” – diferença entre o custo da captação do dinheiro e o dos empréstimos – que, no mundo, só perdia para o Zimbabue.

Capitalismo selvagem é isso aí.

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