As manobras diversionistas com Protógenes
Enviado por luisnassif, qua, 11/04/2012 - 20:11
Do Terra Magazine
Protógenes é autor do requerimento de criação de uma CPI para investigar a ligação de políticos com Cachoeira
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Comentar52
ELAINE LINADireto de Brasília
O deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) - recentemente flagrado em pelo menos seis conversas suspeitas com um dos mais atuantes integrantes do esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira, Idalberto Matias Araújo, o Dadá - disse nesta quarta-feira estar sendo vítima do esquema do contraventor. Ele garante que não tem qualquer vínculo com o grupo.
"Eu sou vítima do sistema Cachoeira; as acusações são levianas, servem para criar uma cortina de fumaça e inclusive atrapalhar a CPI. O diálogo relatado está fora de contexto do esquema criminoso", defendeu-se Protógenes na Câmara dos Deputados.
Delegado licenciado da Polícia Federal, o deputado disse ainda que as acusações contra ele são cortina de fumaça pra tumultuar investigações sobre a rede de jogos ilegais no País e suas ramificações dentro do poder público. Reportagem publicada no jornal O Estado de São Paulotraz trechos das conversas entre Protógenes e Dadá, apontado como auxiliar de Carlinhos Cachoeira, que nos áudios parece receber orientações do deputado acerca dos trabalhos de Cachoeira.
Dadá foi preso juntamente com Carlinhos Cachoeira, em fevereiro. Ele foi apontado pela polícia como o encarregado de cooptar policiais e agentes públicos corruptos para o grupo.
Indagado sobre a relação com Dadá, Protógenes afirmou que foi "unicamente profissional", por demanda da Operação Satiagaha - deflagrada pela PF em 8 julho de 2008, contra crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal, que culminou na prisão do banqueiro Daniel Dantas. "Tão somente profissional e nada próximo à Cachoeira", disse.
Protógenes disse ainda que solicitará os áudios da Operação Monte Carlo ao procurador-geral da República "para analisar algum suposto indício de que o contexto era o de Cachoeira ou qualquer outra operação criminosa". "Eu estou surpreso como pode um quadro tão qualificado da inteligência militar ser contaminado por um esquema de corrupção como esse", disse.
Ainda de acordo com a reportagem do jornal O Estado de São Paulo, nos áudios da Operação Monte Carlo, Dadá trata o deputado por "professor" e "presidente". As gravações indicariam ainda a ocorrência de encontros constante entre os dois em lugares como postos de gasolina e hotéis.
Demóstenes e Carlinhos Cachoeira
Em 6 de março de 2012, o senador Demóstenes Torres (GO) subiu à tribuna para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas. Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulo publicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.
Em 6 de março de 2012, o senador Demóstenes Torres (GO) subiu à tribuna para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas. Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulo publicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.
O jornal O Globo noticiou, em 23 de março, gravações da PF que flagraram Demóstenes pedindo para Cachoeira lhe pagar R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo e vazando informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes. Em 27 de março, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado para "acompanhar a evolução dos fatos". No dia seguinte, o Psol entrou com representação contra o parlamentar no Conselho de Ética do Senado e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandovski autorizou a quebra do sigilo bancário de Demóstenes, solicitando ainda um levantamento sobre as emendas e os projetos relatados por ele para saber se Cachoeira, acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e de corromper policiais e políticos em Goiás, foi beneficiado.
Nas gravações, Demóstenes também aparece acertando um suposto lobby pela legalização dos jogos de azar no Congresso em 2009. Em outra conversa, Cachoeira pede ajuda no processo de um delegado e três policiais de Anápolis (GO) acusados de tortura e extorsão. Os dois ainda conversaram sobre um "negócio" milionário na Infraero. Na ocasião, Demóstenes teria se valido da relatoria da CPI do Apagão Aéreo para levantar informações e sondar contratos de informática na estatal.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido decidiu abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário