Blindagem dos tucanos inclui promotor em cargo público, diz deputado
publicado em 11 de novembro de 2013 às 22:58
Montagem de Ivan Freitas, no Facebook, com a manchete que saiu (superior) e a que deveria ter saído
por Luiz Carlos Azenha
“O governador Alckmin blindou todos os mecanismos de controle externo e fiscalização de seu governo”, denuncia o deputado federal Renato Simões (PT-SP), numa alusão à maioria governista que freia a abertura de comissões parlamentares de inquérito na Assembleia Legislativa.
Porém, não fica nisso: “Com o Ministério Público do Estado se criou uma situação absolutamente promíscua, com a nomeação de promotores de Justiça e ex-procuradores gerais para cargos de secretários no âmbito do governo do Estado, de modo que existe uma força moral importante, externa ao MP, composta por membros da instituição investidos de poder de governo, que neutralizam também as apurações do ministério público estadual”.
“O fato dessa blindagem não se estender ao Exterior é que permitiu que as denúncias do propinoduto tucano, seja em relação à Alstom, seja em relação à Siemens, tivessem a repercussão que tiveram e nós não podemos permitir que o Ministério Público Federal, que tem a responsabilidade de encaminhar no país a parte referente a essas investigações internacionais, também seja neutralizado pelo governo do Estado”, continua.
É assim que Simões justifica as ações do PT para questionar o comportamento do procurador Rodrigo de Grandis.
Relembrando, da Folha de S. Paulo:
26/10/2013 – 03h22
Sem apoio do Brasil, Suíça arquiva parte do caso Alstom
FLÁVIO FERREIRA
MARIO CESAR CARVALHO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DE SÃO PAULO
Cansados de esperar pela cooperação de seus colegas brasileiros, procuradores da Suíça que investigam negócios feitos pela multinacional francesa Alstom com o governo do Estado de São Paulo arquivaram as investigações sobre três acusados de distribuir propina a funcionários públicos e políticos do PSDB.
Em fevereiro de 2011, a Suíça pediu que o Ministério Público Federal brasileiro interrogasse quatro suspeitos do caso, analisasse sua movimentação financeira no país e fizesse buscas na casa de João Roberto Zaniboni, um ex-diretor da estatal CPTM.
Como nenhum pedido foi atendido, nesta semana autoridades brasileiras foram informadas de que o Ministério Público da Suíça desistiu de contar com a colaboração do Brasil e decidiu arquivar parte das suas investigações.
Segundo o procurador da República Rodrigo de Grandis, responsável pelas investigações sobre os negócios da Alstom no Brasil, houve uma “falha administrativa”: o pedido da Suíça foi arquivado numa pasta errada e isso só foi descoberto anteontem.
O Ministério Público da Suíça havia pedido que Grandis fizesse buscas na casa de Zaniboni porque ele é acusado de receber US$ 836 mil (equivalentes a R$ 1,84 milhão) da Alstom na Suíça.
A procuradoria suíça também pediu que fossem interrogados os consultores Arthur Teixeira, Sérgio Teixeira e José Amaro Pinto Ramos, suspeitos de atuar como intermediários de pagamento de propina pela Alstom.
Para o deputado Simões, é essencial que a investigação na Suiça avance para seguir a trilha do dinheiro, ou seja, para saber se recursos obtidos ilegalmente abasteceram campanhas eleitorais. Ele está certo de que, pela importância dos envolvidos no escândalo na hierarquia governamental, eles não agiram por conta própria, apenas para enriquecimento pessoal — mas isso é uma opinião à espera de fatos que a comprovem sem qualquer dúvida.
Na entrevista abaixo, Simões chega a falar no assassinato de Manfred Richthofen, o alto funcionário da DERSA — empresa encarregada do desenvolvimento rodoviário, inclusive do Rodoanel, controlada pelo governo estadual — morto a mando da filha, Suzane. Suspeitas de que o engenheiro exercia o papel de caixa dois tucano nunca foram comprovadas — a investigação foi arquivada pelo MPE.
O deputado fala também sobre o caso da máfia do ISS, que começou a atuar na Prefeitura de São Paulo durante o governo do ex-prefeito Gilberto Kassab. O PT está interessado em apurar o papel de Mauro Ricardo, o ex-secretário das Finanças de Kassab, braço direito de José Serra – sob o qual atuavam os fiscais presos — independentemente de o partido de Kassab, o PSD, apoiar em plano nacional o governo Dilma, diz Simões.
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Finalmente, o deputado denuncia o papel de certa mídia, que tenta colocar as “crias” de Kassab no colo do atual prefeito, Fernando Haddad.
Leia também:
IstoÉ: A face aparente do propinoduto tucano
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